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Histórias & Historinhas

 

 Rosa Branca e Rosa Rubra

 

Era uma vez...

Uma pobre viúva que vivia numa casa onde cresciam duas roseiras; uma dava rosas brancas e a outra rosas rubras. As suas duas filhas pareciam-se tanto com essas duas roseiras que lhes pôs o nome de Rosa Branca e Rosa Rubra. As duas gostavam muito uma da outra e iam sempre juntas para todo o lado. 

Um dia, ao entardecer, enquanto a mãe lia um livro às meninas junto à lareira, alguém bateu à porta.

- Vá lá, Rosa Rubra, vai abrir! - disse a mãe.

A Rosa Rubra foi ver quem era pensando que seria um viajante em busca de abrigo. Mas afinal era um enorme urso que, ao ver a menina, disse:

- Não vos quero fazer mal. Só peço que me deixem aquecer um bocadinho à lareira.

- Entra, entra e vem para ao pé de nós! - gritou a mãe, lá de dentro.

As meninas, pouco a pouco, foram ganhando confiança e o urso também, e estiveram os três entretidos a brincar até já bem entrada a noite.

Quando chegou a hora de ir dormir, a mãe e as suas filhas foram-se deitar e o urso ficou ao pé do lume. A partir daquele dia, todas as tardes ia a casa das meninas para brincar com elas e passar ali a noite. Mas uma manhã, quando chegou a Primavera e começaram a brotar as primeiras flores, o urso dirigiu-se à Rosa Branca e à Rosa Rubra e disse-lhes:

- Agora não me vão ver até ao próximo Inverno. Tenho de tomar conta dos meus tesouros, pois com o bom tempo os anões maus saem dos seus abrigos e apoderam-se de tudo o que encontram.

Que triste foi a despedida! As crianças choravam inconsoláveis e o urso, muito emocionado, saiu a correr pela porta, mas com tanto azar que se feriu na maçaneta. Rosa Branca pareceu ver brilhar ouro debaixo da sua pele, mas não deu importância. O urso começou a correr até desaparecer no bosque.

Um dia, enquanto as meninas passeavam pelo bosque, ouviram uns gritos. Era um anão que tinha a barba presa no tronco de uma árvore e que gritava: 

- De que é que estão à espera? Tirem-me daqui!

- O que é que te aconteceu? - perguntou a Rosa Rubra.

- Mas que grande curiosa! Afinal vais ajudar-me ou não? - replicou o anão.

As meninas, por mais que se esforçassem, não conseguiram soltar a barba, e a Rosa Branca pegou numa tesoura e cortou a parte que estava presa.

O anão, ao ver que estava solto, agarrou num saco cheio de ouro que estava escondido entre as raízes da árvore e foi-se embora a resmungar:

- Cortaram-me a ponta da minha linda barba!

Noutro dia, as duas meninas foram pescar; junto ao riacho viram outra vez o mesmo anão. A sua barba tinha-se embaraçado no fio de pesca que tinha nas mãos. Rosa Branca voltou a pegar na tesoura e cortou-lhe outro bom bocado de barba.

- São malucas! Não ficaram satisfeitas com a ponta da barba? - disse o anão a refilar. Depois, agarrou num saco de pérolas que tinha escondido entre uns juncos e foi-se embora.

No dia seguinte, a mãe mandou as filhas à cidade comprar linha. No caminho, viram o anão balançar-se no ar, capturado por uma águia.

Depois, foram ajudá-lo. Agarraram-no pelo casaco e cortaram até o enorme  pássaro o soltar. Como sempre, o anão foi-se embora sem agradecer, desta vez com um saco de pedras preciosas.

As meninas já estavam habituadas à sua pouca simpatia, por isso seguiram o seu caminho e fizeram as suas compras na cidade.

No regresso, surpreenderam o anão a abrir os sacos de pedras preciosas no meio do campo, pensando que a essa hora não ia passar ninguém por ali. O sol fazia as brilhantes pedras reluzirem ainda mais. As crianças, ao passar, ficaram deslumbradas a olhar para elas.

- O que é que estão aqui a fazer paradas? - gritou o anão.

Já estou farto das meninas o quererem ajudar.

Vermelho de raiva, começou a insultá-las e a ameaçá-las, quando, de repente, um enorme urso saiu do bosque em direcção ao anão.

Este, assustado, deu um salto e desatou a correr à procura de um esconderijo. Demasiado tarde. O urso interceptou-o e pôs-se à frente dele, ameaçador.

- Senhor urso, não me faça mal! - exclamou o anão. Dou-lhe todos os meus tesouros se me poupar a vida!

O urso, sem nenhuma piedade, avançou sobre a malvada criatura e, de um só golpe, acabou com a sua vida. As meninas ficaram tão assustadas que fugiram dali a correr.

O urso foi atrás delas a gritar:

- Esperem! Não tenham medo!

As meninas reconheceram logo a voz do seu amigo e pararam. Ao chegar junto delas, o urso abraçou-as, contente de as tornar a ver. Então, libertou-se da pele de urso e disse:

- Eu sou um príncipe que o malvado anão tinha enfeitiçado, depois de roubar todos os meus tesouros. Só quando os recuperasse e o anão desaparecesse é que se quebraria o feitiço e eu recuperaria o aspecto humano...

E assim foi.

Quando o anão recebeu o seu castigo e as pequenas souberam que o urso bom, na realidade, era um jovem príncipe, foram contar à mãe. 

Depois de algum tempo a Rosa Branca casou-se com o príncipe e a Rosa Rubra com o seu irmão. Foram todos viver para o palácio e a velha mãe levou consigo as roseiras, que ainda oferecem todos os anos umas bonitas rosas brancas e rubras.

 

Vitória, vitória, acabou-se a história!

 

Livro "Os teus contos clássicos", Rita Bruno, RBA Editores

 

 

 

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