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Histórias & Historinhas

 

Anita vai ás aulas

 

Segunda-feira de manhã a Anita vai às aulas:

As conversas são animadas no pátio da escola.

Este fim-de-semana demos um grande passeio de bicicleta.

- Eu fiquei em casa; mascarámo-nos com os vestidos velhos da mamã enquanto o papá via a televisão.

Mostra o que tens dentro do teu cesto - pediu a Anita à Estefânia.

- É um ratinho branco que ganhei na feira.

- Um ratinho verdadeiro?

A Anita não tem tempo de perguntar mais nada à sua amiga. A professora chama com insistência os retardatários. Anita vem para as aulas.


Cada um arruma as suas coisas no vestiário.

- Vou esconder o meu ratinho em cima do armário diz a Estefânia.

- Devias era guardar esse bichinho em casa. Aqui, arriscas-te a arranjar sarilhos.

- Não posso, por causa do meu gato. Mas esta tarde vou levá-lo para casa do meu primo Nicolau.

- És tu a nova aluna? - pergunta a Anita.

- Sou, sim; chamo-me Cíntia… Estou um pouco desnorteada, sabes? - A aula é ao fundo do corredor. A professora é simpática. Vais ver… Vem comigo. Eu vou guiar-te.

- Esta é a Cíntia - diz a Anita entrando na sala de aula com a nova aluna.

A turma quase entra em festa. Já esperavam a Cíntia com impaciência. Uns dias antes a professora tinha anunciado a sua chegada.

- É indiana - diz o Francisco ao ouvido do Lourenço.

- Estás a inventar!

- Vê-se bem! … A professora falou-nos dela há dias. Evidentemente, não prestaste atenção!

- Cíntia, estes são os teus novos companheiros: Anita, Estefânia, Francisco, Lourenço… toda a turma - diz a professora.

- A Cíntia pode ficar sentada ao pé de mim?

- Pode. Mas é preciso que lhe expliques um pouco como é a vida na aula… Agora voltem para os vossos lugares. Vamos começar pela lição de Geografia e continuar a nossa descoberta do Mundo. Quem sabe onde fica a índia?

- A índia fica na Ásia, senhora professora.

- És capaz de nos indicar esse país no mapa-múndi? - É aqui, perto da Birmânia.

- A índia é muito longe? - pergunta a Anita.

- Claro que sim! É preciso ir de avião para lá chegar.

Perto da escola fica a Biblioteca Pública. A professora leva lá regularmente os alunos. Aqui ninguém se aborrece. Na sala de leitura há álbuns ilustrados, romances, livros científicos e revistas. Todas estas obras estão numeradas, registadas e arrumadas em prateleiras.

Quem quer ler inscreve-se à entrada, falando com a bibliotecária.

- Todos ao mesmo tempo não, por favor… Um pouco de paciência!

A Anita gostaria de levar todos os livros da biblioteca.

- Aquele ali é giro. É uma enciclopédia.

- Este eu já li. Tenho a certeza de que vais gostar.

Os alunos encontram-se todos no recreio.

Olha, um menino a chorar! - Que te aconteceu? Caíste?

- Perdi a minha senha. Não posso almoçar na cantina.

- Não te preocupes. Hás-de achá-la. Vais ver… E tu, Sebastião, dói-te a cabeça?…

- Tenho o barrete na cabeça porque estou sempre com frio.

- Está bem! Mas não fiques aí, pateta! Vai brincar com os teus companheiros. Assim, já aqueces. O recreio é para isso!

- Vem para a roda, vem depressa, Anita! - chama a Cíntia.

- Francisco, David, Estefânia, dêem as mãos. Vamos passar por debaixo da ponte. Ó senhor barqueiro, deixe-nos passar…

Acabou-se o recreio!

 

A Anita e os colegas vão para as aulas.

A professora explica às crianças o novo trabalho que terão de fazer:

- Vamos escrever uma carta ao director do jornal a pedir autorização para visitarmos a sua tipografia.

- Acha que ele nos vai responder?

- E vamos ver como se imprime o jornal?

- Isso dependerá da maneira como redigirem o pedido. Devem explicar-lhe com clareza o que desejam: esse é o assunto da vossa carta. Não se esqueçam de acabar com uma fórmula de delicadeza. Preparem o rascunho em grupos. Quando acabarem, escolheremos os melhores textos.

Combinado?

Escrever uma carta não é assim tão simples. Apesar disso, não faltam ideias, mas o Francisco e a Valéria não estão de acordo na escolha das palavras.

- Não vale a pena amuares, Francisco! Se todos amuassem, nunca se poderia trabalhar em conjunto - diz a professora.

A professora examina os rascunhos e corrige as frases pouco correctas. Terminada a carta, é preciso passar a limpo o texto. A Valéria, que tem uma bonita caligrafia, vai fazer isso muito bem. Depois só é preciso escrever correctamente o endereço no sobrescrito, sem esquecer o código postal.

Claro que nas aulas aprende-se Aritmética, História, Geografia e fazem-se ditados, mas também há Trabalhos Manuais, e, duas vezes por semana, Ginástica.

- Apanha a bola, Anita! Não, assim não. Com as duas mãos. Hás-de conseguir, basta treinares um pouco.

E agora, uma cambalhota no plinto:

- Vamos, vamos, o que se segue! Este exercício exige agilidade.

O Manuel não participa nos exercícios esta semana porque partiu um braço.

Foi atropelado por uma motocicleta.

 

Ao meio-dia, a Anita sai das aulas, almoça-se na cantina. Cada um vai buscar o seu tabuleiro ao balcão: o prato já servido, os talheres, o pão… não esquecendo o copo nem a palhinha para beber um sumo de fruta.

- Tens uma nova colega?

- Chama-se Cíntia - responde a Anita. - E a senha?… Encontraste-a, Frederico?

- Encontrei. Estava nos meus calções de ginástica.

- Que aconteceu àquele rapaz?

- Fracturou um braço. E não consegue cortar a carne sozinho.

Depois do almoço, há grande entusiasmo na turma. A Anita e os colegas voltam às aulas.

Miúdos e graúdos reúnem-se na sala de Trabalhos Manuais.

- Vamos estudar uma poesia de Fernando Pessoa - propõe a professora - e depois ilustrá-la com desenhos. Quem a quer explicar? Ninguém? …

- Eu gostava de tentar - diz a Anita.

- Muito bem. Vamos ouvir…

- É a história de um menino que tinha um caracol de estimação. Guardava-o dentro de um chapéu enquanto ia para casa; o menino usava chapéu por causa do Sol…

- Estás a ir muito bem, Anita. E depois?

- O caracol fazia cócegas ao menino! E ele andava tão depressa quanto podia para chegar a casa e tirar o chapéu e soltar o caracol. - E quando o menino chegou a casa?

- Tirou o chapéu… mas o caracol não caiu, nem fugiu, nem isso tinha importância nenhuma… porque o caracol… era um caracol do cabelo!

Assim acaba a história do menino e do seu caracol. Só falta meter mãos à obra. Onde estão as aguarelas para colorir as ruas, o menino, o seu cabelo encaracolado?

Atenção, cautela com as nódoas!

Os pequenos artistas improvisam aventais com sacos de plástico. Desta forma, as suas roupas ficam limpas…

Uma aluna desenha o cabelo do menino com muitos caracóis castanhos, cheios de voltas.

A Cíntia desenha a casa do menino. É azul e a mãe do menino está à porta à espera dele.

O Francisco recorta imagens de um folheto: uma casa de telhado vermelho com um pomar em redor. As folhas caem: amarelas, cor de cobre, castanhas.

A Anita prefere a Primavera por causa das flores e dos passarinhos.

- Podemos levar os desenhos para casa, senhora professora?

- Eu também quero; gostava de mostrar o meu à minha mamã.

- Com certeza! … Vamos expor os trabalhos na aula. Depois podem levá-los para casa.

- Arrumem tudo nas pastas e lavem os pincéis. Está um tempo magnífico. Vamos aproveitar para descer até ao rio. Veremos o que se passa à beira da água. Vocês tomarão notas nos cadernos de redacção…

- Podemos apanhar peixinhos, senhora professora? - pergunta o Francisco.

- E rãs? - acrescenta o Frederico. - Vi-as noutro dia no canavial. Têm olhos que parecem berlindes. Fazem bolhas e mergulham para apanharem os insectos… pluf!

- Está bem, mas depois atiram-nas outra vez à água. Senão acabam-se os ovos e acabam-se as rãs - diz a professora.

- Contanto que encontremos girinos! Podemos levá-los para a escola, metê-los no aquário e, quando crescerem, deitamo-los outra vez ao rio!

Os girinos são engraçados. Fazem ziguezagues.

Agitam-se. Nunca estão sossegados.

- Quem vai limpar o aquário? Quem vai mudar a água regularmente? Se ninguém o fizer, os girinos ficam sem oxigénio e morrem - lembra a professora.

- Faremos o que for necessário: está prometido - diz a Anita.

A campainha toca: por hoje, as aulas terminaram. As crianças arrumam rapidamente as suas coisas.

- Não se esqueçam de nada, sobretudo do caderno diário; senão, não podem fazer os trabalhos de casa. Nada de ser cabeça-no-ar!

Os mais apressados já estão cá fora. À saída da escola, os pais esperam-nos, os automóveis fazem bicha.

- Então, como passaste este primeiro dia? - pergunta a mãe da Cíntia.

- Olha, mamã, esta é a Anita, a minha nova amiga - diz a Cíntia.

Outros esperam o autocarro. As pastas amontoam-se no pátio da escola. A Estefânia traz o cesto com o ratinho branco.

- Espero que o Nicolau queira ficar com ele e não o deixe fugir!

Cá está o autocarro! O condutor reúne os alunos tocando a buzina.

A Anita, de pasta às costas, monta na sua bicicleta:

- Boa tarde! … Até amanhã, Cíntia. Sente-se feliz. A sua nova colega é verdadeiramente simpática.

- Adeus, Anita! Não te esqueças de deitar a carta no correio… a carta para o director do jornal.

 

E assim a Anita acaba as aulas com um dia em cheio.

 

 

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