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…….. . Histórias & Historinhas O alfaiate
valente Era uma vez... Há muito, muito
tempo, um alegre alfaiate de quem todos gostavam, porque era muito bom e
generoso, ainda que as pessoas não o levassem muito a sério, porque era um
grande gabarolas e tinha o hábito de exagerar quando contava as suas
aventuras. Um certo dia, o alfaiate
estava a coser, muito contente porque lhe tinham oferecido um bolo, que ia
comer quando acabasse o que estava a fazer, mas o cheiro do bolo atraiu
várias moscas que se puseram a voar à sua volta. O alfaiate tentou
enxotá-las com um pedaço de tecido, mas os insectos só se afastavam por
alguns segundos, voltando de imediato a pousar em cima do bolo. Por fim, o
rapaz fartou-se e, com um terrível golpe, matou as sete moscas de uma só vez. Como era um bocadinho
gabarolas, o alfaiate bordou num cinto a palavra «MATASETE», com letras bem
grandes, e pô-lo. Foi para a rua e a todas
as pessoas com quem se cruzava dizia: - Matei sete! Matei sete
de uma vez! As pessoas olhavam e
sorriam, porque todos sabiam que era um bom rapaz, apesar de ser um pouco
gabarolas. Alguns até lhe deram os parabéns, e o alfaiate acabou por
acreditar de tal forma que decidiu ir por todo o mundo, pois o ofício de
alfaiate não era para um valente como ele. E foi assim que o alfaiate
saiu da cidade e entrou no bosque, decidido a viver grandes aventuras. Quando se estava a
preparar para comer um bocado de queijo, apareceu um gigante, que para o
assustar partiu uma rocha com as próprias mãos. Mas o alfaiate, que era um
rapaz muito valente, não se assustou e disse ao gigante: - Pensas que podes
assustar o famoso MATA sete com esses disparates? - Disparates? - rugiu o
gigante, furioso. - Achas um disparate
partir uma rocha com as mãos? Porque é que não tentas tu, pequenote? O alfaiate, que além de
valente era muito esperto, fingiu que tinha apanhado uma pedra do chão e
mostrou ao gigante o bocado de queijo que ia comer; depois, com cara de quem
estava a fazer muita força, esmagou-o. - O que é que achas? Com
uma só mão! - disse ao gigante, mostrando-lhe o bocado de queijo
esborrachado. Então o gigante, furioso
mas impressionado, arrancou uma grande árvore pela raiz e disse: - Vamos ver se me
consegues ajudar a levar lenha para casa. - Claro que sim! -
respondeu o alfaiate. - Vai tu à frente, que sabes o caminho, e eu vou atrás.
O gigante pôs o grande tronco às costas, e o alfaiate, fingindo que o estava
a ajudar, agarrou-se a um ramo. Chegaram a uma caverna
onde vivia o gigante com outros gigantes como ele. Ofereceram-lhe uma enorme
cama, e o alfaiate fingiu que se ia deitar. Mas de seguida escondeu-se
debaixo desta, e foi graças a isso que salvou a sua vida, pois o gigante
bateu com uma moca no sítio onde pensava que o alfaiate estava a dormir. A cama rangeu com a
terrível pancada, e por um momento o alfaiate pensou que se ia partir e o ia
esmagar, mas felizmente resistiu. Como estava às escuras e tinha ouvido um
ruído que lhe parecia de ossos a partir, o gigante pensou que tinha acabado
com o alfaiate e foi dormir. No dia seguinte, o rapaz
saiu do seu esconderijo e foi procurar o gigante e os seus amigos. Ao
vê-lo são e salvo, os gigantes pensaram que era um ser invencível e ficaram
assustados. A extraordinária proeza do
rapaz com os gigantes começou a correr de boca em boca e chegou aos ouvidos
de um rei. Este mandou chamar o alfaiate e disse-lhe: - No meu reino há dois
gigantes que fazem todo o tipo de maldades e aterrorizam os meus
súbditos. Se conseguires ver-te livre deles, nomear-te-ei meu herdeiro e
dar-te-ei metade das minhas riquezas. - Não vos preocupeis,
majestade - disse o alfaiate -, os gigantes são a minha especialidade.
Dizei-me onde posso encontrá-los e não vos tornarão a incomodar. Com as indicações que o
rei lhe deu, o rapaz não tardou a encontrar os gigantes que dormiam debaixo
de uma árvore. O alfaiate subiu à árvore
e de lá de cima atirou uma pedra a um dos gigantes que, ao pensar que tinha
sido o seu companheiro, deu-lhe uma violenta pancada. O outro gigante acordou e
bateu-lhe em resposta à pedrada, e assim, pancada após pancada, os dois
gigantes acabaram por se envolver num combate mortal. Arrancaram árvores para
usar como mocas, atiraram um contra o outro pedras tão grandes que conseguiam
destruir uma casa, gritaram, deram pontapés... e no fim acabaram por morrer os
dois. Então o alfaiate desceu da
árvore e foi chamar os soldados do rei, que não podiam acreditar no que os
seus olhos viam. E, tal como tinha
prometido, o rei nomeou o rapaz seu herdeiro e encheu-o de honras e riquezas. Assim, graças à sua
astúcia, o alfaiate valente transformou-se em príncipe. Vitória, vitória,
acabou-se a história! Livro "Os teus contos
clássicos", Rita Bruno, RBA Editores Para: - Continuar a leitura em: Histórias - Voltar
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