….
.
…….. . Anjos & Arcanjos Espaço dedicado aos Anjos Arcanjo Gabriel e a Virgem Maria Author : Beato Tiago de Varazze Pelo anjo São Gabriel foi
anunciada a Encarnação do Verbo à Virgem Maria. Esse importante momento da
História da Redenção é apresentado pelas belas e profundas palavras da
piedade medieval, eternizadas na Legenda Áurea (ou Legenda Dourada).
A Anunciação
1) Para que a ordem da reparação
correspondesse à ordem da prevaricação. Assim como o diabo tentou a mulher
para levá-la à dúvida, da dúvida ao consentimento, e do consentimento à
queda, o anjo anunciou à Virgem para estimular sua fé e levá-la da fé ao
consentimento e do consentimento à concepção do Filho de Deus. 2) Por causa do ministério do
anjo, porque sendo o anjo ministro e escravo do Altíssimo, e tendo a
bem-aventurada Virgem sido escolhida para mãe de Deus, era sumamente
conveniente que o ministro servisse à senhora e era justo que a Anunciação
fosse feita à bem-aventurada Virgem pelo ministério de um anjo. 3) Para reparar a queda do anjo.
Se a Encarnação não teve como único objetivo reparar a queda do homem, mas
também reparar a ruína do anjo, os anjos não deveriam ser dela excluídos.
Como a mulher não está excluída do conhecimento do mistério da Encarnação e
da Ressurreição, o mesmo deveria ser do conhecimento do mensageiro angélico.
Por isso Deus anunciou ambos os mistérios à mulher por intermédio de um anjo:
a Encarnação à Virgem Maria, e a Ressurreição a Maria Madalena. A bem-aventurada Virgem ficou dos
três aos quatorze anos de idade no Templo, junto com outras virgens, e fez
voto de castidade até que Deus dispusesse de outro modo. Conforme está
detalhadamente relatado na história da natividade da bem-aventurada Maria,
José tomou-a como esposa após ter recebido uma revelação divina e após seu
ramo ter florescido. A fim de tomar providências para seu casamento, José foi
a Belém, onde nascera, enquanto Maria retornava para a casa de seus pais, em
Nazaré, nome que significa "flor". Comenta São Bernardo: "a
flor quis nascer de uma flor, em uma flor, e na estação das flores". Foi lá, portanto, que o anjo
apareceu a ela e a saudou dizendo: "Salve, cheia de graça, o Senhor
está contigo, bendita entre as mulheres". São Bernardo explica:
"o exemplo de São Gabriel e o movimento de São João [Batista]
convidam-nos a saudar Maria, para nosso benefício". Mas convém agora buscar os motivos
pelos quais o Senhor desejou que sua mãe se casasse. São Bernardo dá três
razões: "foi preciso que Maria se casasse com José porque assim o
mistério ficava oculto aos demônios, porque o esposo comprovava a virgindade
dela,e porque o pudor e a reputação da Virgem ficavam resguardados".
A isso podemos acrescentar outras razões: 4) Para fazer com que fosse
apagada a desonra nas mulheres de qualquer condição, solteiras, casadas e
viúvas, tríplice condição pela qual a própria Virgem passou. 5) Para que pudesse receber
serviços de seu esposo. 6) Para ser uma prova da importância
do casamento. 7) Para estabelecer para o filho a
genealogia do marido. Por isso o anjo disse: "Salve,
cheia de graça". São Bernardo, explicando tais palavras, diz que
"a graça da divindade está em seu seio, a graça da caridade em seu
coração, a graça da afabilidade em sua boca, a graça da misericórdia e da
generosidade em suas mãos". E acrescenta que "Ela é
verdadeiramente cheia de graça, pois de sua plenitude todos os cativos
recebem redenção; os doentes, cura; os tristes, consolação; os pecadores,
perdão; os justos, graça; os anjos, alegria; enfim, toda a Trindade, glória;
o Filho do homem, a natureza humana". "O Senhor está contigo"
- explica São Bernardo - significa que "contigo está o Senhor
enquanto Pai, que gerou Aquele que concebeste, enquanto Espírito Santo, do
qual concebeu, enquanto Filho, que se revestiu de tua carne".
Bendita entre as mulheres significa que: "acima de todas as mulheres,
porque sereis mãe e virgem, e mãe de Deus". As mulheres estavam sujeitas a uma
tríplice maldição: a da desonra, a da maldição, e a do suplício. A da desonra
atingia as que não concebiam, e assim Raquel dizia: "O Senhor me
tirou do opróbrio em que estive"; a do pecado recaía nas que
concebiam, daí o salmo dizer que "fui concebido em iniqüidade";
a do suplício afligia as parturientes, conforme está no Gênesis: "terás
filhos com dor". Somente a Virgem Maria é bendita entre todas as
mulheres, pois sua virgindade está unida à fecundidade, sua fecundidade à
santidade na concepção e sua santidade à alegria no parto. Ela é cheia de
graça, pelo que diz São Bernardo, por quatro razões que fulguravam em seu
espírito a devoção da humildade, o respeito ao pudor, a grandeza da fé e o
martírio do seu coração. O anjo acrescentou: "o
Senhor está contigo" por quatro razões, que do Céu resplandeceram em
sua pessoa, ainda conforme São Bernardo: a santificação de Maria, a saudação
angélica, a vinda do Espírito Santo, a Encarnação do Filho de Deus. Disse
também: "Bendita entre as mulheres" por quatro outros
privilégios que, segundo São Bernardo, resplandeceram em sua carne: rainha
das virgens (virgindade absoluta), fecundidade sem corrupção, gravidez sem
incômodos, e parto sem dor. "Ao ouvir tais palavras do
anjo, ficou perturbada e refletiu sobre o significado daquela saudação".
Ao ouvir o elogio, a Virgem ponderou sobre ele; afetada na sua modéstia,
ficou calada; tocada no seu pudor, pensou com prudência o que significava
aquela saudação. Ela ficou perturbada pelas palavras do anjo, não pela sua
aparição, porque a bem-aventurada Virgem vira anjos com freqüência, porém
nunca os tinha ouvido falar daquele jeito. Pedro de Ravena comentou: "a
anjo era de aparência doce mas de palavras impressionantes, daí ela o ter
visto com júbilo e ouvido com apreensão". Segundo São Bernardo,
"a perturbação que ela sentiu foi resultado de seu pudor virginal, e
se ela não ficou mais perturbada isso deveu-se à força de alma, que a levou a
calar e refletir, dando prova de prudência e discrição". E então o anjo tranqüilizou-a,
dizendo: "não temas, Maria, tu encontraste a graça junto ao Senhor".
São Bernardo comenta: "encontrou graça de Deus, a paz dos homens, a
destruição da morte, a reparação da vida". "Eis que tu
conceberás e darás à luz um menino a quem chamarás Jesus isto é, Salvador,
pois Ele salvará o povo de seus pecados. Ele será grande e será chamado Filho
do Altíssimo". Diz São Bernardo que "isso significa que
aquele que é grande como Deus será também grande homem grande doutor, grande
profeta". Então Maria perguntou ao anjo: "Como será
isso possível, se não conheço homem?", isto é, se não me proponho a
conhecer? Ela foi virgem de espírito, de carne e de intenção. No entanto Maria interroga; ora,
quem interroga tem dúvida. Por que então ela não foi, como Zacarias,
castigada pela mudez? A esse respeito Pedro de Ravena dá quatro razões: Quem conhece os pecadores
considera não apenas as palavras, mas o fundo de seus corações, julga não o
que disseram, mas o que sentiam. A causa que os levou a interrogar foi
diferente, e o que esperavam não eram a mesma coisa. Maria acreditou no que
ia contra natureza, Zacarias duvidou pela natureza. Ela quis saber como as
coisas aconteceriam, ele negou serem possíveis as coisas que Deus queria
fazer. Ele, apesar de existirem exemplos anteriores, não teve fé; ela, sem
tais exemplos, a teve. Ela ficou admirada de uma virgem dar à luz, ele
contestou a concepção. Portanto ela não duvida do fato, mas apenas indaga
sobre seu modo e suas circunstâncias, porque como há três modos de concepção
- o natural, o espiritual e o maravilhoso - ela se pergunta sob qual deles
conceberia. E o anjo respondeu: "o
Espírito Santo virá sobre ti, e Ele mesmo te fará conceber". Diz-se que Cristo foi concebido do
Espírito Santo por quatro razões: 1) Mostrar que é pela inefável
caridade divina que o Verbo de Deus se fez carne, conforme diz João:
"Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único". Esta
explicação nos é dada pelo Mestre das Sentenças. 2) Mostrar que foi uma graça
concedida sem que para isso houvesse algum merecimento por parte dos homens.
Essa razão é dada por Santo Agostinho. 3) Mostrar que foi por poder e
obra do Espírito Santo que Ele foi concebido. Essa explicação é da autoria de
Ambrósio. 4) Hugo de São Victor diz que
o motivo da concepção natural é o amor do marido pela esposa, e da esposa
pelo marido: "ocorreu o mesmo com a Virgem, pois o amor que ela tinha
ao Espírito Santo ardia singularmente em seu coração, enquanto o amor do
Espírito Santo a ela operava maravilhas em seu corpo". "E a virtude do Altíssimo
te cobrirá com sua sombra". Segundo a Glosa, isso quer dizer que a
sombra é naturalmente formada por um corpo colocado no caminho da luz, e como
a Virgem, por sua natureza humana, não podia receber a plenitude da
divindade, "a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra"
significa que nela a luz incorpórea da divindade assumiu a humanidade do
corpo a fim de que Deus pudesse sofrer. São Bernardo parece aceitar esta
explicação quando diz: "Como Deus é espírito e como na verdade somos
o corpo de sua sombra, Ele veio entre nós para que por meio da carne
vivificada víssemos o Verbo na carne, o sol na nuvem, a luz na lâmpada, a
vela no castiçal". São Bernardo, ainda comentando a mesma passagem,
afirma: É como se o anjo dissesse que o
modo pelo qual tu conceberás Cristo do Espírito Santo será ocultado pela
sombra do poder de Deus em seu asilo mais secreto, para que seja conhecido
apenas por Ele e por ti. É como se o anjo dissesse: "Por que me
perguntas o que saberás por experiência própria? Tu saberás, saberás,
felizmente saberás, mas por intermédio daquele que ao mesmo tempo será teu
professor e teu autor. Fui enviado para anunciar a concepção virginal, não
para criá-la". Aquela frase pode ainda indicar que ele a cobrirá com
sua sombra, isto é, extinguirá o ardor do vício. "Eis que tua prima Isabel
concebeu um filho na velhice". O anjo disse isso para contar que
ocorrera uma grande novidade na vizinhança. Segundo São Bernardo, a concepção
de Isabel foi anunciada a Maria por quatro motivos. O primeiro, aumentar sua
alegria; o segundo, aperfeiçoar seu conhecimento; o terceiro; melhorar sua
doutrina; o quarto, possibilitar sua misericórdia. Sobre tudo isso, São Jerônimo
disse: A gravidez da prima estéril foi
anunciada a Maria para que um milagre somado a outro milagre juntasse alegria
a uma outra alegria. Ou então, porque era conveniente que a Virgem soubesse
pela boca de um anjo, e não pela de um homem, a novidade que devia estar
sendo divulgada por toda parte, a fim de que a mãe de Deus não ficasse
afastada das coisas de seu filho, não permanecesse na ignorância de
acontecimentos tão próximos. Ou ainda, porque sabendo da vinda tanto do
Salvador quanto do Precursor, sabendo do momento e do encadeamento dos fatos,
poderia posteriormente revelar a verdade a escritores e pregadores do
evangelho. Ou, por fim, para que conhecendo a gravidez de sua prima já idosa,
a jovem a pudesse ajudar, e permitir ao pequeno profeta João prestar
homenagem ao Senhor, ocorrendo, diante de um milagre, um milagre ainda mais
admirável. Mais adiante São Bernardo
acrescentou: "Ó Virgem, respondei logo. Ó minha senhora, dizei uma
palavra e recebei a Palavra, proferi uma palavra e recebei a palavra divina,
dizei uma palavra transitória e recebei a eterna. Levantai-vos, correi, abri.
Levantai-vos para demonstrar vossa fé, correi para mostrar vossa devoção,
abri para exibir uma marca de vosso consentimento". Então Maria, estendendo as mãos e
erguendo os olhos para o Céu, disse: "Eis aqui a escrava do Senhor,
que se faça comigo segundo tua palavra". São Bernardo explica:
"Conta-se que uns receberam o Verbo de Deus no ouvido, outros na
boca, outros na mão. Quanto a Maria, recebeu-a no ouvido pela saudação
angélica, no coração pela fé, na boca pela confissão, na mão pelo tato, no
ventre pela Encarnação, no seio pelo sustento, nos braços pela
oferenda". "Que se faça comigo segundo tua palavra". São
Bernardo continua: "Que ele seja feito em mim não como palavra vazia
e declamatória, nem como alegoria, nem como sonho imaginário, mas como
inspiração silenciosa, personalidade encarnada que habita corporalmente em
minhas entranhas". Imediatamente o Filho de Deus foi concebido no
seu ventre como Deus perfeito, homem perfeito e, desde o primeiro dia de sua
concepção, tinha a mesma sabedoria e o mesmo poder de quando alcançou a idade
de trinta anos. "Então Maria partiu, foi
para a casa de Isabel nas montanhas, e ao ouvir sua saudação João [Batista]
estremeceu no ventre da mãe". Diz a Glosa que como ele não podia fazê-lo
com a língua, demonstrou por movimento sua alegria e começou assim sua função
de Precursor. Ela ajudou sua prima durante três meses, até o nascimento de
São João [Batista], que ela ergueu com suas mãos, como se lê no Livro dos
Justos. Ao longo tempos Deus sempre realiza nesse dia grande número de
maravilhas, contadas por um poeta nos belos versos: Salve, dia festivo, remédio de nossos males, O lírio com as palavras "Ave
Maria"
Efeito protetor da saudação a
Maria
Quando todos estavam reunidos, o
religioso disse: "Não estão todos aqui: ainda falta alguém".
Como lhe assegurassem de que todos já estavam ali, ele insistiu: "Olhem
bem, e verão que falta alguém". Então um deles percebeu que o
camareiro não viera. O religioso disse: "Sim, é ele quem está
faltando". Logo mandaram buscá-lo, mas ao ver o homem de Deus ele
virava os olhos de forma horrível, agitava a cabeça como louco e não ousava
aproximar-se. O santo homem falou: "Eu te conjuro, em nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo, a nos dizer quem és e a revelar diante de todos o motivo
de ter vindo aqui". E o camareiro respondeu: Ai de mim! É por ter sido
conjurado e forçado que revelo que não sou um homem, mas um demônio que tomou
o aspecto humano, permanecendo assim catorze anos sob este senhor. Nosso
príncipe mandoume aqui para observar com atenção o dia em que ele não viesse
a recitar a saudação à sua Maria, a fim de então me apoderar dele e
estrangulá-lo sem demora, pois morrendo sob o efeito de suas ações más ele
seria nosso. Mas como todos os dias ele dizia a saudação, não pude exercer
poder sobre ele. Dia após dia eu o vigio com cuidado, e ele não passou sequer
um dia sem saudá-la. Ouvindo isso, o cavaleiro foi
tomado de grande pavor, jogou-se aos pés do homem de Deus, pediu perdão, e a
partir desse dia mudou seu modo de viver. O santo homem disse ao demônio:
"Eu te ordeno, demônio, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, sai
daqui e nunca mais vá a um lugar onde alguém invoque a gloriosa mãe de Deus".
Imediatamente o demônio desapareceu, e com respeito e gratidão o cavaleiro
deixou o santo homem partir. (Fonte-http://www.arautos.org/view/show/8603-a-anunciacao-sao-gabriel-conversa-com-a-virgem-maria) VOLTAR: Anjos & Arcanjos HOME: Portal
a&e Veja também:
Não perca: mais temas relacionados |
....…..
|
Portal
a&e © - Enciclopédia e motor de busca em língua portuguesa