BIBLIA
O decálogo
Gianfranco
Ravassi
“Decálogo” è o termo grego usado para definir aquelas “dez palavras”
fundamentais que regem a moral bíblica, mas que contêm também os valores
éticos gerais e naturais. Claro que o fato que essas “palavras” sejam Palavra
de Deus comunidada sobre o Sinai, o monte da
aliança entre o Senhor e Israel, dá ao decálogo uma qualidade religiosa
radical, confirmada sobretudo pelo primeiro mandamento que tem três fórmulas: teológica
(Não terás outros deuses…),
pastoral (Não farás para ti ídolos nem
alguma imagem…) e litúrgica (Não
ti prostrarás diante deles e nem lhes servirás).
A seqüência dos preceitos contém imperativos diretos e negativos, tais como: “não faças!”. Na verdade,
este è um modo para sublinhar também o conteúdo
positivo que essas leis possuem e assim podemos ver aa
moral bíblica não unicamente como uma ética do proibido.
Poderíamos comentar o primeiro mandamento, sobre o qual todos os outros se
apoiam, com as palavras do “Shema”, o “Ouve”, a
profissão de fé que todo judeu tem dentro de si: Ouve, ó Israel: Iahweh nosso Deus è o único Iahweh” Portanto,
amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração,
com toda a tua alma e com toda a tua força (Deuteronômio
6,4-5).
O segundo mandamento
- não
pronunciar em vão o nome do Senhor teu Deus - è
mais do que a blasfêmia e condena a idolatria,
sendo o ídolo uma coisa “vã”. Regeita-se, assim,
toda degeneração religiosa. O sábado, terceiro
mandamento, è o oásis espiritual do
culto, no meio do período ferial: através dele se
entra no repouso divino, a eternidade, e se descobre a harmonia com a criação
e se exalta a liberdade. O quarto mandamento è a
essência da vida social; isso è provado pela bênção
que segue: no pai e na mãe, que são os fundamentos da família, espelham-se
todas as relações sociais.
O “não matar” presente no quinto mandamento celebra, de modo positivo, o
direito à vida. È claro que no Antigo Testamento existem excessões
reguladas pela lei do Talião ou pelo “anátema”, o massacre sagrado, ou pelo
pena capital. Será Cristo que recordará a radicalidade autêntica desse
mandamento (veja mateus 5,21-22).
O “não cometer adultério”, sexto mandamento, sublinha o direito ao matrimônio e propõe
um uso humano e correto da sexualidade.
O sétimo mandamento
não só preserva o direito à propriedade, mas fala da liberdade pessoal. De
fato, o “não roubar” tem a intenção de proibir o saquejo com o consequente sequestro de pessoas.
A verdade, principalmente em âmbito processual, fundamental numa sociedade de
tipo oral, è o objeto do oitavo mandamento, que ataca a “falsos testemunhos” nos processos.
Os dois últimos
mandamentos acenam ao direito da propriedade familiar: entre os bens (casa, escravos, bois, burros) è
colocada também a mulher, considerada, numa sociedade patriarcal e
machista, um tesouro não só em sentido afetivo, mas
também como produtora de filhos.
È este o sentido da incarnação da Palavra de Deus que não nos deixa esquecer
os valores intrínsicos a fórmulas que muitas vezes
são vinculadas à épocas históricas determinadas. O décalo permanece, de qualquer forma, como dizia o próprio
Lutero, o melhor espelho no qual você
pode ver aquilo que lhe falta e aquilo que deve buscar.
(Fonte: internet.)
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