.
…….. I. OS PRÍNCIPES
DOS EXÉRCITOS DO SENHOR Capítulo 1 O admirável mundo angélico AS NOÇÕES que correm entre os fiéis, mesmo dentre
os mais fervorosos, a respeito dos santos anjos são muito vagas e
superficiais. Meras reminiscências e imagens da infância, na maioria dos
casos, não muito diferentes de entidades fictícias e de algum modo
mitológicas, como as fadas e os duendes. A iconografia corrente, infelizmente, não ajuda a
dar a conhecer a verdadeira fisionomia dos anjos, apresentando-nos seres
alados, com vestes e aspecto feminino; ou, então, anjinhos bochechudos, com
cara infantil e tola, brincando despreocupadamente sobre nuvens que mais
parecem flocos de algodão doce... Esses anjos não existem, nem é deles que tratamos
aqui. A partir dos dados da Sagrada Escritura e da
Tradição, dos escritos dos Santos Padres, do ensinamento do Magistério
eclesiástico, da lição dos Doutores e teólogos, queremos apresentar a
verdadeira natureza dos santos anjos: seres puramente espirituais, dotados de
uma inteligência agudíssima e de uma possante vontade livre dominando abaixo
de Deus sobre todas as demais criaturas, racionais e irracionais, bem como as
forças da natureza, os elementos da atmosfera e subjugando para sempre os
espíritos infernais. Eis os santos anjos, príncipes dos exércitos do
Senhor, mas também nossos amigos e protetores. O admirável
mundo angélico "E ouvi a
voz de muitos anjos em volta do
trono... e era o número
deles milhares de
milhares". ( Ap 5,11) ALÉM DO MUNDO VISÍVEL e material, criou Deus
também o mundo invisível e espiritual, o admirável mundo angélico. A existência dos anjos foi negada na Antiguidade,
entre judeus, pela seita dos saduceus (cf. At 23, 8). Mais tarde, por certas
seitas protestantes, como os anabatistas. Em nossos dias ela tem por
adversários os ateus, materialistas e positivistas, que não crêem senão
naquilo que seus olhos vêem e seus sentidos apalpam. Os racionalistas, para
encontrar uma excusa aparentemente racional à sua incredulidade, alegam que
os anjos foram inventados pelos judeus no tempo do cativeiro da Babilônia,
por imitação das entidades ali cultuadas; ou, então, consideram os anjos como
simples modo poético e simbólico de referir-se às virtudes divinas e aos
vícios humanos... Contra todos esses, falam os dados da razão, a
crença comum dos povos e a revelação divina. Os anjos
existem Pela simples razão, independentemente da
revelação, o homem pode chegar de algum modo ao conhecimento da existência
dos anjos. Com efeito, a existência de seres puramente espirituais não
repugna à razão. E um exame da criação, à mera luz do intelecto pode
levar-nos à conclusão de que a existência de criaturas puramente espirituais
convém à harmonia do Universo, pois assim estariam representados os três
gêneros possíveis de seres: os puramente espirituais, acima do homem; outros,
puramente materiais, abaixo do homem; por fim, seres compostos, dotados de
matéria e espírito — os homens. E a
crença comum dos povos, constante em todos os lugares e em todas as épocas,
sempre afirmou a existência desses seres de natureza superior aos homens e
inferior à divindade. Uma coisa, porém, é a mera possibilidade da
existência de seres puramente espirituais, e outra é a sua realidade
objetiva. A existência dos anjos (e dos demônios, anjos decaídos) seria para
nós um problema insolúvel, não houvesse a tal respeito especial revelação
divina por meio da Escritura e da Tradição,* que nos garantem a certeza da existência
dos anjos. * Tradição, em sentido amplo, é o conjunto de
idéias, sentimentos e costumes, como também de fatos que, numa sociedade, se
transmitem de maneira viva de geração a geração. Em sentido
estrito teológico, chama-se Tradição o conjunto de verdades reveladas que os
apóstolos receberam de Cristo ou do Espírito santo, e transmitiram,
independentemente Sagradas Escrituras, à Igreja, que as conserva e transmite
sem alteração. Essa revelação foi feita a nossos primeiros pais, e se
conservou na Humanidade, por via de
transmissão oral pelos Patriarcas. Com o tempo (e também por obra do demônio,
sem dúvida), essa revelação primitiva foi-se corrompendo, restando dela meros
vestígios no paganismo antigo e no atual. Nas brumas desse paganismo
encontramos seres incorpóreos, ora malfazejos ora benignos, quase sempre
cultuados como divindades ou quase-divindades. Para preservar o povo judeu da
contaminação por essa deformação politeísta pagã, os Autores sagrados,
durante largo período, evitaram mencionar nominalmente o espírito das trevas.
E, pela mesma razão, não se encontram muitos pormenores no Antigo Testamento
sobre a natureza dos anjos e dos demônios, embora sejam mencionados a cada
passo. A revelação definitiva só se verifica Nosso Senhor Jesus Cristo.
Porém, a Bíblia não traz toda a revelação sobre o mundo angélico, sendo
necessário recorrer à Tradição, Esta, como se sabe, encontra-se recolhida nos
documentos dos Santos Padres* e escritores eclesiásticos dos primeiros tempos,
assim como nos documentos do Magistério - Papas e Concílio - na Liturgia e
nos monumentos da Antiguidade cristã (catacumbas cemitérios, etc.). *Chamam-se Santos Padres ou Padres da Igreja
certos escritores eclesiásticos antigos, que se distinguiram pela doutrina
ortodoxa e santidade de vida e são reconhecido Igreja como testemunhas da
tradição divina. A existência dos anjos é uma verdade de fé,*
provada pela Escritura e pela Tradição. A Sagrada Escritura refere-se
inúmeras vezes a seres racionais, inferiores a Deus e superiores aos homens;
logo, segundo ela, esses seres, que nós denominamos anjos, existem. * Verdade de fé é aquela que se encontra na
Revelação e é proposta pela Igreja aos fiéis como verdade que se deve crer. A
negação pertinaz de uma verdade de fé constitui a heresia. Essa verdade foi definida solenemente como dogma
pelo concílio IV de Latrão (1215): “Deus.., desde o princípio do tempo criou
do nada duas espécies de seres — os espirituais e os corporais, isto é, os
anjos e o mundo”. De forma igual se expressa o I Concílio do Vaticano (1870). Os nove coros
angélicos Existem diferenças entre os anjos, mas não consta
na Revelação qual sua origem nem seu modo preciso. É questão de livre
discussão se os anjos são todos da mesma espécie, ou se existem tantas
espécies quantos são os coros, ou se cada indivíduo constitui uma espécie por
si (opinião de São Tomás). De acordo com uma tradição que remonta ao
Pseudo-Dionísio Areopagita,* os teólogos costumam agrupá-los em nove ordens
ou coros angèlicos, distribuídos em três hierarquias ( os nomes são tomados
da Sagrada Escritura):** *Renomado escritor eclesiástico dos primeiros
séculos, cuja identidade não se estabeleceu ainda ao certo, durante muito
tempo confundido com o sábio convertido por São Paulo no Areópago de Atenas
(cf. At 17, 34). Uma de suas obras mais célebres é De coelesti hierarquia — Sobre a hierarquia celeste, na qual
estabelece a ordem dos Anjos, deteminada pelo seu grau de assimilação a Deus,
de união com Deus, do dom de luz divina que recebem e transmitem aos Anjos
inferiores. ** Por exemplo: Serafins ( Is 6,2); Querubins (
Gen 3,24; Ex 25, 18; 3 Reis 6,23; Sl 17, 11; Ez 10,3; Dan 3,55); Arcanjos ( 1
Tes 4,15; Jud 9); Anjos, Potestades, Virtudes (1 Ped 3,22); Principados, Dominações
( Ef 1,20-21); Tronos (Col 1,16). Primeira hierarquia - Serafins, Querubins,
Tronos; Segunda hierarquia - Dominações, Potestades,
Virtudes; Terceira hierarquia - Principados, Arcanjos e
Anjos. Os anjos dos três primeiros coros ou primeira
hierarquia - Serafins, Querubins e Tronos contemplam e glorificam
continuamente a Deus: " Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado
trono... Os Serafins estavam por cima do trono ... E clamavam um para o outro
e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is 6, 1-3
). " O Senhor reina ... está sentado sobre querubins" (Sl 98,1); os
três coros seguintes - Dominações, Virtudes
e Potestades - ocupam-se do governo do mundo; finalmente, os três últimos
- Principados, Arcanjos e Anjos - executam as órdens de Deus: "Bendizei ao Senhor, vós todos os seus
anjos, fortes e poderosos, que executais as suas ordens e obedeceis as suas
palavras" (Sl 102, 20). Todos eles podem entretanto ser chamados genericamente
anjos, estando à disposição de Deus para executar suas vontades. Embora o Evangelho, na Anunciação a Maria,
se refira ao anjo Gabriel ( Lc 1,26), isto não quer dizer que ele pertença à
última das hierarquias angélicas, pois a sublimidade dessa embaixada leva a
supor que se trate de um dos primeiros espíritos que assistem diante de Deus. Os três arcanjos - como são conhecidos comumente
São Miguel, São Gabriel e São Rafael - pertencem, provavelmente, à mais alta
hierarquia angélica. Falaremos deles
mais adiante. Embora não conheçamos, o número exato dos anjos,
sabemos, pelas Escrituras e pela Tradição, que são muitíssimos,. É o que lemos no livro do Apocalipse:
"E ouvi a voz de muitos anjos em volta do trono ... e era o número deles
milhares e milhares" (Apoc 5, 11). E no livro de Daniel: “Eram
milhares de milhares de milhares (os anjos) que o serviam, e mil milhões os
que assistiam diante dele” (Dan 7, 10). Muitos teólogos deduzem que o número dos anjos é
superior ao dos homens que existiram desde o princípio do mundo e existirão
até o fim dos tempos. A razão disso é dada por São Tomás ao dizer que, tendo
Deus procurado principalmente a perfeição do universo ao criar os seres,
quanto mais estes forem perfeitos, Deus os terá criado com maior prodigalidade.
Ora, os anjos são mais perfeitos que os homens, logo foram criados em maior
número. (Fonte: internet.
Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo
Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo) Para VOLTAR A: Apostila de angeologia e demonologia
PARA: Voltar a: Veja também:
Não perca: mais temas relacionados |
....…..
|
Portal
a&e © - Enciclopédia e motor de busca em língua portuguesa