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…….. III - AÇÃO
ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA DO DEMÔNIO Capitulo 3: A possessão “E pela tarde
apresentaram-Lhe muitos
possessos do demônio". (Mt 8, 16) A POSSESSÃO é a mais espetacular das
manifestações diabólicas e a que mais impressiona as imaginações; a tal
ponto, que deixa na penumbra o trabalho constante do demônio que, por meio da
tentação, procura seduzir os homens ao pecado. Realidade da possessão diabólica No que se refere à possessão diabólica, há duas
posições erradas que é preciso evitar: a primeira, consiste em acreditar com
facilidade que uma pessoa está possessa, sem maior exame, pela impressão
causada por sintomas que podem bem corresponder a outros estados, não sendo
de si suficientes para caracterizar a possessão; a segunda posição está em
negar que hoje ocorram casos de possessão; chega mesmo a negar que alguma vez
se tenham dado. Esta posição extremada se choca com uma verdade claramente
ensinada pela Sagrada Escritura, pela Tradição e pela prática da Igreja. Os
racionalistas pretendem que os casos de possessão diabólica relatados na
Escritura não passam de casos patológicos — mania, loucura, histeria e
epilepsia. Dizem que Jesus não pretendia que esses infelizes enfermos,
chamados endemoniados, estivessem realmente possessos, mas tratava-os de
acordo com as convicções dos seus contemporâneos, os quais acreditavam na
ação demoníaca. Nada mais falso, e os Evangelistas distinguem bem
entre a doença e a possessão. Assim, São Marcos escreve: “E de tarde, sendo já
posto o sol, traziam-lhe (a Jesus) todos os que estavam doentes e os
possessos do demônio E curou muitos que se achavam oprimidos com varias
doenças e expeliu muitos demônios” (Mc 1, 32-34). E É evidente nestas passagens que os Evangelistas se
referem à cura de doentes e à expulsão de demônios como dois casos
diferentes. De resto, o próprio Salvador afirma que expulsava os demônios dos
possessos. Por exemplo, aos judeus incrédulos disse Jesus: “Se eu, porém
lanço fora os demônios pela virtude do Espírito de Deus, é chegado a vós o
reino de Deus” (Mt 12, 28). “Se eu, pelo dedo de Deus lanço fora os demônios,
certamente chegou a vós reino de Deus”(Lc 11,20). E Ele mesmo distingue bem os casos de doença dos
de possessão, ao dizer: “Eis que eu expulso os demônios e opero curas” (Lc
13, 32). A Liturgia e a prática da Igreja, com a instituição dos exorcismos,
bem como o ensinamento dos teólogos, indicam que Ela crê na possessão
diabólica. Ao mesmo tempo, estabelecendo que os exorcismos sobre possessos
não sejam feitos senão depois de maduro exame e mediante especial
autorização, a Igreja indica que não se deve crer levianamente nos casos de
possessão. Em resumo, que se tenham dado alguns casos, pelo
menos de verdadeira possessão diabólica, como os relatados nos Evangelhos, é
verdade de fé; que depois se tenham dado outros, é doutrina comum dos
teólogos, que não pode ser negada sem temeridade. Natureza da
possessão A possessão consiste em um domínio que o demônio
exerce diretamente sobre o corpo e indiretamente sobre a alma de uma pessoa.
Esta se converte em um instrumento cego, dócil, fatalmente obediente ao poder
perverso e despótico do demônio. O indivíduo em tal estado é chamado justamente
possesso, endemoniado, enquanto instrumento, vitima do poder demoníaco, ou
energúmeno, porque mostra uma agitação insólita. Características A possessão se caracteriza por dois elementos: a)
presença do demônio no corpo do homem; b) exercício de um poder por parte
demônio sobre o mesmo. Quanto â presença demoníaca, ela não significa
uma presença física, como anjo (decaído), o demônio é puro espírito; sua
presença se dá pelo contacto operativo, isto é, o demônio está onde atua
desse modo, o demônio pode desenvolver sua atividade por toda a parte, tanto
fora como dentro dos corpos humanos. Sendo assim, um indivíduo pode estar possuído por vários demônios (os
quais operam simultaneamente sobre ele, embora sob aspectos diversos), como
um só demônio pode possuir várias pessoas (atuando sucessivamente sobre cada
uma delas). O modo como se opera a possessão é explicado por
São Tomás de Aquino: "Os anjos bons e os maus têm o poder, em
virtude de sua natureza, de modificar nossos corpos, como qualquer outro
objeto material. E como eles estão presentes num lugar na medida em que
operam nele, assim eles penetram em nossos corpos. Do mesmo modo, ainda, eles
impressionam as faculdades ligadas a nossos órgãos: às modificações dos
órgãos respondem as modificações das faculdades. Mas a impressão não chega
até à vontade, porque a vontade, nem seu exercício, nem em seu objeto,
depende de um órgão corporal; ela recebe seu objeto da inteligência, na
medida em que esta desentranha, do que ela percebe, a noção de bondade do
ser”. (In 2dum Sent., Dist. VIII, q. un. a. 5, sol.
apud L. ROURE, Possession Diabolique, col.) Em outro lugar o Santo Doutor explica que o diabo
não pode penetrar diretamente na alma do homem, pois isto somente a
Santíssima Trindade pode fazer. (Suma Teológica, 3,q. 8,a.8) Isto quer dizer que, na possessão, embora o
demônio domine o corpo, sobretudo o sistema nervoso, e possa impedir o uso
das potências da alma, ele não pode penetrar nela e obrigar sua vítima a
cometer um pecado, ou aceitar as doutrinas diabólicas. O possesso não é
moralmente responsável por seus atos, por piores que sejam, uma vez que não
tem plena consciência deles, nem
existe colaboração da vontade. Efeitos da ação
do demônio sobre o possesso A presença operante do demônio no endemoniado não
é contínua, mas se manifesta por períodos de crise. Não falta ao demônio
poder nem vontade de atormentar
ininterruptamente sua vítima, tal o ódio ao homem; Deus é que não o permite,
pois a pessoa não resistiria. A influência do demônio sobre os possessos não
é simplesmente indireta ou moral, como, por exemplo, nas tentações, mesmo as
mais fortes; ela é uma ação direta e física, exercida pelos espíritos das
trevas sobre os órgãos corporais do infeliz submetido ao seu império. De onde
resulta para este último um estado doentio, estranho, que sai das leis
ordinárias das afecções mórbidas, embora freqüentemente acompanhado de
fenômenos de ordem puramente natural, que o demônio determina nele,
simultaneamente com aqueles que ultrapassam a esfera própria aos agentes
físicos. Esses fenômenos são habitualmente uma super-excitação geral e
profunda de todo o sistema nervoso. Outras vezes, ao contrário, o demônio
comunica à sua vítima um crescimento extraordinário da força muscular. O
infeliz entra em fúria a ponto de espumar de raiva, ranger os dentes, soltar
gritos espantosos, precipitar-se na água ou no fogo. Ele se torna então
perigoso para aqueles que se aproximam dele; destrói, como simples pedaço de
palha, as cadeias de feno com as quais o querem prender; e, se ele não puder
atingir os outros, volta conta si mesmo o seu furor, arranhando-se com as
unhas, machucando-se com as pedras do caminho. Essa ação perturbadora e nociva do demônio sobre
os órgãos corporais expande-se sobre as faculdades mistas, como a imaginação,
a memória, a sensibilidade. Estende-se mesmo mais longe e mais alto no ser
humano, porque ela tem sua repercussão até na inteligência. As operações
intelectuais apresentam, às vezes, um tal caráter de incoerência, que os
demoníacos parecem atingidos de alienação mental. Não é raro também ver-se
produzir, no domínio do espírito, um fenômeno análogo àquele que se passa no
seus órgãos. Assim como o demônio, em lugar de paralisar as energias
corporais do demoníaco, aumenta seu poder, do mesmo modo, em vez de diminuir
suas luzes naturais, ele comunica à sua inteligência conhecimentos que
ultrapassam de muito seu poder. Possessão e
infestação: fenômenos da mesma espécie A infestação pessoal (ou obsessão) e a possessão
constituem fenômenos da mesma espécie, variando apenas em grau, e são
classificadas pelos teólogos como ações extraordinárias e diretas do demônio,
enquanto a tentação é indicada como ordinária e indireta. Observa o Cardeal
Lepicier que a diferença entre a infestação pessoal e a possessão não é um
diferença de espécie, mas somente de grau, visto que estas formas diferem
mais ou menos, conforme for maior ou menor o grau do poder exercido pelo
demônio sobre o corpo do indivíduo a quem ele resolveu atormentar. Os
fenômenos de infestação pessoal não são, por vezes, menos graves do que os de
possessão. De fato, o Ritual Romano não estabelece diferença alguma entre
eles, e as línguas latina e italiana têm apenas uma palavra clássica para
designar ambas as formas, isto é, obsessão diabólica. (Cf. Card. A. LEPICIER,
O Mundo Invisível, p. 277.) É verdade — explica o Pe. Roure — que a possessão
não penetra até o íntimo da alma; conseqüentemente ela não pode ditar, impor
ao possesso um ato pessoal de inteligência ou de vontade; mas a ação
diabólica chega a neutralizar, a impedir o exercício da inteligência e da
vontade, de modo que o possesso torna-se incapaz de conhecer, de julgar e de
querer tudo o que se passa e se agita nele. Na infestação tal não se dá; a
vítima conserva o domínio de suas faculdades superiores (a inteligência e a
vontade), e pode mesmo servir-se delas para enfrentar os assaltos do Maligno.
Dessa forma acontece que a efervescência diabólica pode deixar o fundo da
alma em paz. (Cf. L. ROURE, Possession Diabolique, cols. 2645-2646.) Causas da possessão Punição,
provação... A permissão dada por Deus ao demônio de, na
possessão apoderar-se assim dos órgãos corporais e das faculdades espirituais
de uma criatura humana, é, às vezes, punição de certos pecados graves
cometidos pelos possessos, em particular os pecados da carne. Entretanto não
é sempre assim. Um endemoniado não é necessariamente culpado. Algumas vezes,
Deus permite esse estado para ressaltar sua glória pela intervenção ostensiva
de seu poder absoluto (cf. Jo 9, 1-8), ou para provar os possessos. São
Boaventura explica que Deus permite a possessão “seja em vista de manifestar
sua glória, obrigando o demônio pela boca possesso a confessar, por exemplo,
a divindade de Cristo, seja para punição do pecado, seja para nossa
instrução. Mas, por qual dessas causas precisamente ele deixa o demônio
possuir um homem, é o que escapa à
sagacidade humana: os julgamentos de Deus são escodidos aos homens. O que é
certo, é que eles são sempre justos” (In 2dum Sent. dist. VIII. part II. q. 1
art único apud L. ROURE, Possession Diabolique., col. 2644.) O caráter espetacular da possessão acaba por
apresentar um efeito apologético e ascético benéfico, pois torna patente e
quase visível a existência do Espírito das trevas. Esta é uma das razões
pelas quais Deus permite a possessão diabólica, pois obriga o Maligno a agir
como que a descoberto, dando mostras públicas da sua maldade, do seu ódio
contra o homem e a criação. Práticas
supersticiosas, espiritismo, macumba Não devemos esquecer, entre as causas das
infestações e da possessão, as práticas supersticiosas, o recurso a magos,
pais-de-santo, cartomantes, adivinhos, etc. "O demônio, quando um homem colabora com ele
em práticas superticiosas, facilmente exerce sobre esse indivíduo a mais
cruel e implacável tirania” — observa o Cardeal Lepicier. Ele chama a atenção
para as práticas espíritas: “Não pode haver dúvida de que atuar como médium é
o mesmo que expor-se aos perigos da obsessão diabólica... Recorrer a um médium
é, pois, equivalente a cooperar na obsessão de uma pessoa”. (Card. A.
LEPICIER, O Mundo Invisível, pp. 222-223.) Uma das causas muito comuns da ação
extraordinária do demônio sobre pessoas é o malefício, a respeito do qual
falaremos adiante. O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da Diocese de Roma,
afirma que os casos mais difíceis de infestação e de possessão diabólica que
ele tem encontrado são os resultantes de macumbas realizadas no Brasil e na
África. (Cf. G. AMORTH, Un esorcista
racconta, pp. 116 e 157.) Existem ainda casos de possessão voluntária, em
que a pessoa que recorreu ao diabo e fez um pacto com ele pode agir como um
instrumento do Maligno para levar avante os desígnios dele. A figura típica
do médium de Satanás, foi Hitler, segundo julga o teólogo e demonólogo
beneditino austríaco Dom Aloïs Mager.("Não há nenhuma outra definição
mais breve, mais precisa, mais adaptada à natureza de Hitler que esta tão
absolutamente expressiva: Medium de Satã” (D. Aloïs MAGER O.S.B., Satan de
nos jours, p. 639).) Poderiam ser
mencionadas igualmente as figuras sinistras de Lenin, Stalin, e tantos
outros... Freqüência da
possessão Após o estabelecimento da Igreja, o número dos
endemoniados diminuiu, de muito, nas nações tomadas cristãs. E que, pelo
Batismo e demais Sacramentos, os fiéis são preservados desses ataques
sensíveis do demônio. Este perdeu seu império, mesmo sobre aqueles que,
embora batizados, vivem de maneira pouco conforme com à Fé de seu Batismo.
Membros da Igreja, embora membros mortos, eles encontram nessa união,
entretanto imperfeita, ao Corpo Místico de Cristo, um socorro em geral
suficiente para que o demônio não possa apoderar-se deles, como faria, se se
tratasse de pagãos. “Entretanto — observa o Pe. Ortolan — não somente nas
regiões que não receberam o Evangelho, mas também naqueles em que a Igreja
está estabelecida, encontram-se ainda demoníacos. Seu número aumenta na
proporção do grau de apostasia das nações que, outrora católicas, abandonam
pouco a pouco a Fé, e retornam ao paganismo teórico e prático” (T. ORTOLAN, Demoniaque, col.410.) Para avaliarmos corretamente a presença e atuação
do demônio no mundo atual é preciso considerar que o estado de apostasia a
que se referia o Pe. Ortolan há mais de quarenta anos — chegou em nossos dias
a um grau inimaginável. E que, mais ainda do que os casos de possessão, o
número dos infestados é sem conta. (Fonte: internet.
Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo
Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo) Para VOLTAR A: Apostila de angeologia e demonologia
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