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…….. V - SATANISMO —
MAGIA — FEITIÇARIA ATÉ AQUI VIMOS a interferência espontânea do
demônio na vida dos homens, seja pela sua ação ordinária — a tentação, seja
pela ação extraordinária — infestação local e pessoal e possessão. Cabe agora estudar a sua intervenção a
convite do próprio homem: a magia ou feitiçaria, os pactos satânicos, as
práticas supersticiosas em geral. É certo que o homem, por sua natureza, não
tem nenhum poder sobre o demônio, não podendo, portanto, obrigá-lo a atender
às suas solicitações, nem a cumprir o que foi pactuado com ele. Porém, não é menos certo que o demônio — sempre à
espreita de uma ocasião para fazer mal aos homens e perdê-los - não deixaria
escapar a oportunidade única de atuar quando convidado por eles próprios.
Assim, se Deus o permitir, ele pode atender aos pedidos que lhe são feitos e
obter, para os homens que a ele recorrem, riquezas, poder político,
satisfação de paixões e ambições, e mesmo prejudicar outras pessoas. Em
outros termos, o homem não pode ser a
causa da interferência do demônio, mas pode muito bem ser a ocasião dessa
interferência. De modo que a magia, se entendida no sentido de
arte pela qual o homem adquire um poder sobre o demônio, não existe e é
impossível; se entendida, no entanto, como a arte de operar prodígios por
obra do demônio, a magia não só é possível teoricamente, mas existe e é
largamente praticada, desde as mais remotas eras até o dia de hoje. É fora de dúvida que o malefício é teoricamente
possível. Ele não comporta o menor
absurdo em si, nem da parte do homem, nem da parte do demônio, nem da parte
de Deus. Com efeito, o homem animado de um ódio satânico e abusando da sua
liberdade, pode praticar as ações mais perversas, sem excetuar a de invocar e
adjurar os espíritos infernais, para que eles apliquem seus poderes maléficos
sobre uma pessoa determinada, O demônio, por sua vez, pode atormentar os
homens das maneiras mais estranhas e mais inexplicáveis, e ele encontrará aí
sua própria satisfação; e nada impede que ele faça depender sua intervenção
do emprego de um ritualismo simbólico, que seria uma manifestação concreta de
culto ao demônio, da parte do homem, coisa muito agradável a Satanás, sempre
desejoso de macaquear a Deus. E Deus pode permitir o malefício, nos seus
desígnios de justiça, assim como permite os casos de possessão. O feiticeiro não desenvolve, no malefício, as
suas forças. A intervenção de Satanás é aí evidente e Deus a permite, como
permite a tentação, as infestações e mesmo as possessões. As provas dessa
intervenção demoníaca são tão abundantes nas Sagradas Escrituras e na
História religiosa, que a ninguém é legítimo duvidar dela. Quando se crê no
demônio, no que os Livros Sagrados e a História dizem dele, rejeitar essa
possibilidade é irracional. Na verdade, diante de testemunhos tão
irrefutáveis, não se pode não crer na existência de feiticeiros e na eficácia
de seus feitiços, por obra do demônio, sempre que Deus o permitir. Capitulo 1 Da superstição à
adoração do demônio “Os que se
apegam às superstições enganosas
abandonam a graça que lhes era
destinada". (Jonas 2, 9,
Vulg) A superstição A superstição é um arremedo indigno do verdadeiro
culto a Deus, por depositar a confiança em fórmulas e ritos empregados para
forçar Deus a atender o que Lhe é pedido, e para desvendar o futuro. Chama-se
também superstição a veneração de caráter religiosos tributada a “forças”
reais ou imaginárias, em lugar de Deus. A superstição procura aprisionar o
sobrenatural mediante fórmulas ou ritos para pô-lo ao seu serviço. O
supersticioso quer servir-se da religião para proveito próprio e não para
cultuar desinteressadamente a Deus. Por isso Deus, através do Profeta Jonas,
adverte: "Os que se apegam às superstições enganosas abandonam a graça
que lhes era destinada” (Jn 2, 9). O supersticioso põe uma confiança indevida em
práticas às quais nem Deus, nem a Igreja (por concessão divina), nem a
natureza conferiram o poder de obter certos efeitos. Sempre que se procuram determinados efeitos por
meios desproporcionados, os quais de nenhum modo podem conduzir ao resultado
desejado, se confia na atuação de forças misteriosas, ao menos
implicitamente, para obter esse resultado. Como essas forças vêm de Deus nem
de seus anjos, só podem provir do espírito das trevas. E assim, a partir da
superstição, se chega, facilmente, ainda que de forma não inteiramente
consciente, ao recurso implícito ao demônio. Daí, para a invocação explícita,
não há senão um passo. Em suma, o desejo de subjugar as forças superiores e
de as instrumentalizar para proveito próprio, e dessa maneira chegar a
"ser como deuses” (cf. Gen 3, 5), é o fundamento de toda a superstição,
de toda a magia. Pacto com o
demônio Possibilidade
de pacto com o demônio Sabemos pela Revelação que os homens podem entrar
em comunicação voluntária com os demônios e pedir que eles façam ou concedam
coisas que superam as forças humanas. Está fora de dúvida que o demônio
intervém espontaneamente, de um modo sensível, na vida dos homens; porque não
haveria ele de intervir diante da solicitação de uma vontade humana? Não há
nisto nada que seja contrário á ordem das coisas, nem da parte de Deus, nem
do demônio. Da parte de Deus, Ele pode permitir à ação do demônio como
castigo para o homem por causa de suas faltas,* ou como provação para a
vítima, ou para algum outro efeito que Ele conhece, nos Seus desígnios de
sabedoria e justiça. Do lado do demônio, está bem de acordo com a sua
psicologia atender a uma solicitação que tanto lisonjeia seu orgulho,
gratifica seu ódio a Deus e do homem, e satisfaz seu desejo de fazer o mal. *É o que pensava santo Agostinho, o qual afirma
que os homens que se dedicam à superstição "são entregues, como suas
vontades más merecem, aos anjos prevaricadores, para serem escarnecidos e
enganados". O homem pode entrar em relação com os anjos e com
os demônios, uma vez que uns e outros são seres inteligentes e livres. Nessa
condição, tanto o homem quanto os anjos e os demônios podem fazer uso de sua
liberdade e unir-se para a obtenção de um fim comum. Mas, para isso, é
preciso haver um ponto de contacto entre uns e outros; quer dizer, é preciso
que uns e outros tenham disposições análogas. Quando as relações são
estabelecidas entre seres de natureza diversa, é evidente que o ser de
natureza superior impõe as suas disposições ao inferior: é a lei do mais
forte. Se o ser mais elevado é um espírito bom (isto é, um anjo) o acordo se
faz para o bem; se, ao contrário, o ser mais elevado é um espírito maligno, o
acordo não pode fazer-se senão para o mal. Pois o demônio, espírito
pervertido, não visa senão o mal. Como todo contrato, cada parte procura
atender aos seus interesses. Se, de um lado, o espírito maligno aceita o
acordo unicamente para o mal, a outra parte, o homem, poderá exigir que esse
mal lhe traga alguma vantagem, ao menos subjetiva: dinheiro, honras,
vingança, prazer; do contrário, não haverá razão para haver acordo. Por sua
inteligência e seu poder, os demônios são superiores aos homens. Eles
conhecem os segredos da natureza e os agentes físicos bem melhor que os
sábios jamais chegarão a conhecer. Eles são capazes de produzir resultados
surpreendentes e mesmo, quando isso serve a seus pérfidos desígnios, obter
vantagens materiais que recorrem a eles. Como é evidente, o homem não tem poder sobre os
demônios e estes não são obrigados a atender aos desejos do homem, não o faz
porque esteja a isso obrigado; seja forçado a isso pelo homem, mas sim porque
satisfaz à sua soberba ver-se solicitado pelo homem, e até venerado por ele,
em lugar de Deus; de outro lado, atendendo a esses pedidos, ele pratica o
mal, quer em relação a terceiros, como se dá com freqüência, quer em relação
ao próprio solicitante, cuja alma conduz à perdição, que é o que ele tem em
vista ao aceitar o pacto. Espécies de
pacto: explícito e implícito É certo que pode haver, que houve e ainda há
pactos com o demônio. 1º Pacto explícito O pacto com o demônio consiste num acordo entre
uma pessoa e o demônio, pelo qual essa pessoa se obriga a algo em relação ao
demônio, em troca da ajuda deste para conseguir aquela vantagem que deseja.
Muitas vezes o pacto é feito por escrito, e o demônio exige que o homem o
assine com o próprio sangue. Para estabelecer o pacto não é necessário que as
duas partes estejam presentes pessoalmente: elas podem atuar por meio de
procuradores. O demônio quase sempre é representado pelo feiticeiro,
pai-de-santo, médium etc. E isto já nos encaminha para o estudo da
feitiçaria, da magia, da macumba, que será feito a seguir. Outras vezes o pacto se faz por meio de
sociedades secretas iniciáticas e com certas formalidades ou ritos
estabelecidos. Por fim, há ocasiões em que o pacto se faz com a aparição real
do demônio. Há casos de feiticeiros que têm um comércio habitual com o
Espírito das trevas, o qual vêem sob as mais variadas formas: humana, animal,
fantástica. 2º Pacto implícito Mas, ao lado do pacto explícito, há o pacto
implícito com o demônio. É fácil, sobretudo para os cristãos, compreender
que um pacto formal, um recurso explícito ao demônio é contrário à lei de
Deus. Mas o recurso implícito, mediante práticas supersticiosas nem sempre
aparece claramente como um recurso ao Maligno e choca menos o senso moral. Para que se possa dizer que há pacto implícito
com o demônio é preciso, bem entendido, que se tenha uma esperança mais ou
menos firme de que o efeito pretendido realmente será obtido; também é
preciso que se trate de práticas feitas com seriedade e não por mera brincadeira
(embora seja muito perigoso brincar nessa matéria, pois o demônio pode tomar
a coisa a sério). Como esse efeito não pode ser esperado dos meios empregados
(que evidentemente não são aptos para conduzir a esse resultado), ao menos
implicitamente, se crê na presença de certas forças misteriosas,
extra-naturais, para obter aquele resultado. Que forças são essas? Se não vêm
de Deus (seja diretamente ou indiretamente, através dos seus anjos ou da
Igreja), de onde procederão? A resposta não pode ser outra: vêm do Maligno. Em muitos casos o homem se dá conta disso; porém,
cego por suas paixões desregradas, já não cogita de averiguar a origem do
resultado obtido: o que lhe interessa é alcançá-lo. Assim, vai-se acostumando
aos poucos a ver o demônio não como o espírito do mal, que ele é, mas apenas
corno urna ser poderoso, que ele pode utilizar em seu proveito; como uma
espécie de divindade conivente com suas paixões, a quem convém cultuar. A superstição, em qualquer de suas formas, por
conter sempre um recurso claro ou velado, explícito ou implícito ao demônio,
constitui um pecado gravíssimo, contra a virtude da religião, que nos
prescreve prestar culto somente a Deus, e só a Ele recorrer e nunca ao poder
das trevas — "Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a Ele servirás" (Lc
4,8). Adoração do
demônio: sacrifícios humanos Culto
idolátrico do espírito das trevas A credulidade indisciplinada, soltando o freio da
fantasia no campo duplamente misterioso das forças sobre-humanas e do mal, adultera o conceito
de Satanás — inimigo de Deus e dos justos, porém mera criatura limitada —
para fazer dele uma espécie de divindade malfazeja, a que se deve servir e
agradar no interesse pessoal. De onde, alguns ritos, como na macumba, umbanda
e candomblé, se fazerem ofertas de alimentos e sacrifícios de animais para
aplacar o diabo e tomá-lo propício a quem recorre a ele. Essa postura pode
levar, e muitas vezes leva, o supersticioso a fazer uma autêntica
substituição de Deus pelo demônio e a realizar paródias blasfemas do culto
divino como nas Missas negras. Chega-se então ao satanismo pleno, que se
caracteriza pela vontade de praticar o mal, pelo ódio ativo, em nome da
liberdade absoluta, que investe contra toda lei religiosa e moral. Esse ódio
não é explicável pela psicologia humana, participando do mistério do mal, do
“mistério da iniquidade", de que fala São Paulo (cf. 2 Tes 2, 7). E assim se passa do pacto implícito ao pacto
explícito com o demônio, e se chega ao culto idolátrico do espírito das
trevas, invocado às vezes sob nomes bárbaros como orixás, xangôs, exús e
outros, sobretudo nos ritos da macumba, da umbanda, do candomblé, e nas
práticas de magia em geral. O sacrifício:
ato de culto de adoração De acordo com a doutrina católica, só se pode
oferecer sacrifícios a Deus, por se tratar de ato essencial do culto de
adoração, pelo qual reconhecemos o poder absoluto que o Criador tem sobre
nós. Todo sacrifício oferecido a outrem que não a Deus reveste-se de um
caráter idolátrico, pecado gravíssimo de lesa-majestade divina. O sacrifício
consiste no oferecimento e na imolação de uma vítima (sacrifício propriamente
dito) ou no oferecimento e entrega de um bem em honra da divindade
(sacrifício impropriamente dito), com a finalidade de proclamar que Deus é o
Senhor de todas as coisas e que nós não ternos nada de próprio, mas tudo
pertence a Ele. Por causa do pecado, nós mesmos é que deveríamos
ser imolados a Deus; mas o Criador não permite a imolação cruenta do próprio
homem, corno faziam as religiões pagãs (cf. Lev 18, 21; 20, 1-5; Deut 12, 31;
18, 9ss).* Assim, não pode haver um sacrifício de imolação cruenta de seres
humanos. Não podendo fazer a imolação de nossa vida a Deus, imolamos nossa
vontade, que é no que consiste o sacrifício interno. O sacrifício externo
consiste no ato de oferecimento de uma vítima ou de uma coisa a Deus, e deve
ser apenas um sinal do sacrifício interno, do oferecimento de nós mesmos. *Quando
alguns judeus, no Antigo Testamento, por imitação dos povos pagãos vizinhos
imolaram vítimas humanas (cf. 1 Reis 16,34), Deus, por meio dos Profetas
proferiu severas condenações a esses atos (cf. Jos 6, 26; SI 105, 37ss; Miq
6, 7; Jer 7, 31; 19,5; 32, 35; Ez 16, 2Oss; 20, 26). Sacrifícios
humanos O demônio, em sua soberba demencial, quer se pôr no
lugar de Deus e ser adorado: “Tudo isto eu te darei se, prostrado, me
adorares" (Jo 6, 9), ousou ele dizer ao próprio Salvador, oferecendo-lhe
os reinos deste mundo E este é o convite que ele faz aos homens, sobretudo
aos que o procuram: “Adorem-me que eu lhes darei tudo!" "Homicida desde o princípio" como o
caracterizou Nosso Senhor (Jo 8, 44), o demônio não se satisfaz apenas com as
oferendas de animais, alimentos, velas, cachaça, etc., segundo se pratica
correntemente nos cultos de macumba. Sempre que pode, ele exige sacrifícios
humanos. Isto não é algo que se tenha dado apenas na Antiguidade, ou entre os
povos bárbaros, mas ocorre ainda em nossos dias. E entre nós, conforme
veremos adiante. (Fonte: internet.
Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo
Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo) Para VOLTAR A: Apostila de angeologia e demonologia
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