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…….. V - SATANISMO —
MAGIA — FEITIÇARIA PARTE 2 Magia negra ou
feitiçaria: aspectos históricos "Não vos
dirijais aos magos, nem interrogueis os adivinhos, para que vos não contamineis por meio
deles". (Lev 19,31) Antiguidade da
magia negra ou feitiçaria “A magia negra ou diabólica, ou simplesmente
feitiçaria, consiste em um poder oculto, que permite ao mago obter efeitos
superiores à eficiência dos meios realmente empregados” — define o Pe. Leonardo Azzolini S.J. (Pe. Leonardo
AZZOLINI S.J., A feitiçaria é encontrada em todas as culturas e
em todas as épocas; apresenta-se sob aspectos diversos, mas sempre com
característica em comum que é o recurso a fórmulas e rituais mágicos,
cabalísticos, para curar doenças, prever coisas futuras, assegurar o sucesso
de empreitadas, etc. Mais particularmente, a capacidade de fazer o mal, de
prejudicar outros. A magia estava tão difundida na Antigüidade, que consistia
um perigo para o Povo Eleito, o qual era tentado a imitar vos vizinhos. A Bíblia ressalta essa prática no Egito. O livro
do Êxodo (7, 11 ss), narra como, tendo Moisés e Arão feito prodígios diante
do Faraó (transformação de uma vara em serpente e as águas do rio em sangue)
os magos do Faraó, pela ação do demônio fizeram o mesmo. O livro de Isaías
(47, l2ss) e o de Daniel (1, 20; 2, 2ss) mostram a importância da magia entre
os babilônios. Também os gregos romanos nada faziam de importante sem antes
consultar as pitonisas e os oráculos. Por isso Deus estabeleceu a mais severa das
punições para quem recorresse a mágicos e adivinhos, ou invocasse os
espíritos: a pena de morte (Ex 22, 18; Lev 20,27; 19,26-31; 20,6; Deut 18,
9-14). Mesmo depois da Redenção tais práticas,
infelizmente, não cessaram (cf. At 13, 6-10; 16, 16-18). Aliás o próprio
Divino Mestre havia predito que se levantariam falsos profetas, os quais fariam
prodígios e milagres que enganariam até os bons (Mt 24, 24). Nos primeiros
tempos do Cristianismo os Padres da Igreja combateram muito a feitiçaria; e
na Idade Média, os grandes Doutores - como João de Salisbury (1120-1180), São
Tomás de Aquino (1225-1274) e São Boaventura (1221-1274), entre outros,
continuaram o mesmo combate, estudando a fundo a feitiçaria. A época, entretanto, em que o problema se tornou
mais vivo, foi o começo dos Tempos Modernos, em virtude da enorme decadência
religiosa que se seguiu ao declinar da Idade Média, com a explosão de orgulho
e sensualidade do Renascimento e, finalmente, a crise de revolta contra a
Igreja, que deu no Protestantismo. De fato, sobretudo nos séculos XV ao XVII,
inúmeros Papas e Concílios provinciais promulgaram documentos alertando
contra a prática da feitiçaria. É nessa época que surge um dos documentos mais
autorizados sobre a ação de bruxos e feiticeiras, a bula Summis desiderantes, do Papa Inocêncio VIII (1484-1492). Documentos
pontifícios contra a feitiçaria A bula de
Inocêncio VIII A bula Summis desiderantes, de 6 de dezembro de
1484, descreve a perversa ação dos feiticeiros em certas regiões da Alemanha.
O Papa começa manifestando o seu sumo desejo de que “toda depravação herética
seja varrida de todas as fronteiras e de todos os recantos dos fiéis”. A feitiçaria é aí tratada como depravação
herética. E a razão é porque, em geral, as pessoas que se entregam à
feitiçaria acabam por ter urna concepção herética a respeito do demônio,
atribuindo-lhe qualidades divinas, ou substituindo-o ao próprio Deus. A bula
passa então à descrição das muitas práticas de feitiçaria, tal como constava
ocorrer na Alemanha: “Chegou-nos recentemente aos ouvidos, não sem que
nos afligíssemos na mais profunda amargura, que em certas regras da Alemanha
... muitas pessoas de ambos os sexos, negligenciando a própria salvação e
desgarrando-se da Fé Católica, entregaram-se a demônios íncubos e súcubos
(Íncubo é a forma masculina e súcubo a forma feminina tomada pelo espírito das
trevas para manter relações com feiticeiros de um e outro sexo) e pelos seus
encantamentos, pelos seus malefícios e pelas suas conjurações, e por outros
encantos e feitiços amaldiçoados e por outras também amaldiçoadas
monstruosidades e ofensas horríveis, têm assassinado crianças ainda no útero materno, além de novilhos, e têm
arruinado os produtos da terra, as uvas da vinha, os frutos das árvores, e
mais ainda: têm destruído homens, mulheres, bestas de carga, rebanhos,
animais de outras espécies, parreirais, pomares, prados, pastos, trigo e
muitos outros cereais; estas pessoas miseráveis ainda afligem e atormentam
homens e mulheres, animais de carga, rebanhos inteiros e muitos outros
animais com dores terríveis e lastimáveis e com doenças atrozes, quer internas,
quer externas; e impedem os homens de realizarem o ato sexual e as mulheres
de conceberem, de tal forma que os maridos não vêm a conhecer as esposas e as
esposas não vêm a conhecer os maridos; porém, acima de tudo isso, renunciam
de forma blasfema à Fé que lhes
pertence pelo Sacramento do Batismo, e por instigação do Inimigo da
Humanidade, não se excusam de cometer e de perpetrar as mais sórdidas
abominações e os excessos mais asquerosos para o mortal perigo de suas
próprias almas, pelo que ultrajam a Majestade Divina e são causa de escândalo
e de perigo para muitos”. (In H. KRAMER-J. 5PRENGER, O Martelo das
feiticeiras, pp. 43-46.) Em seguida, o Papa se refere aos dois
inquisidores que nomeou para essa região, professores de teologia e membros
da Ordem dos Dominicanos, os Padres Henrique Kramer e Jacó Sprenger, aos
quais pede todo o apoio para que “as abominações e atrocidades em questão não permaneçam sem punição”.
Sendo necessário, recomenda a busca do auxílio do braço secular, isto é, das
autoridades civis. Têm-se comentado que esta bula não tem valor doutrinário,
mas apenas de constatação de fatos. Mas é significativo que tanto ela como as
demais bulas de outros Papas tomam com toda a naturalidade a existência de
feiticeiras e os resultados de suas artes mágicas. Outros documentos Em 1500, o Papa Alexandre VI escreveu ao Prior de
Klosterneubourg e ao inquisitor Kramer para se informar dos progressos da
feitiçaria na Boémia e Morávia. Alguns anos mais tarde, o Papa Júlio II
ordenava ao inquisitor de Cremona que tomasse medidas contra aqueles que
abusavam da Eucaristia num sentido maléfico ou que adoravam o diabo. O Papa
Leão X, pela Bula Honestis petentium votis, de 1521, elevava um protesto
contra a atitude do Senado veneziano, que se opunha à ação dos inquisitores
de Brescia e de Bérgamo contra os feiticeiros. O Papa fazia ameaças de
excomunhão e de interdito. Pouco depois, Adriano VI adotava atitude
semelhante com a Bula Dudum uti nobis, dirigida ao inquisitor de Cremona. Seu
sucessor Clemente VII escreveu no mesmo sentido ao governador de Bolonha. É verdade que Urbano VIII (1623-1644), chamou a
atenção dos juízes para que não se deixassem levar por uma repressão
inconsiderada em relação à feitiçaria. (Cf. Émile BROUTTE, O número de documentos de Concílios provinciais,
sobretudo da Alemanha, nos séculos XVI e XVII é excessivo para ser citado
aqui. Em todos eles as autoridades eclesiásticas insistem na repressão das
práticas de feitiçaria e no julgamento dos culpados. As leis civis As leis civis da época proibiam igualmente tais
práticas e os magistrados leigos instruíam os processos de feitiçaria: “Os
juristas opuseram a rigidez do Direito ao fanatismo da superstição, a
serenidade da legislação ao ódio dos camponeses cheios de prevenção. ... Os
processos se fazem cuidadosamente, com um desejo profundo de conhecer a
verdade. Sua duração não é, com freqüência, senão um sinal a mais do desejo
de evitar todo erro judiciário... O feiticeiro tido como culpado é condenado
ao fogo. E a única pena que conhece a lei. Mas essa sentença tem numerosas
suavizações". (Émile BROUTTE, op. cit., p. 379.) Que possa ter havido excessos e erros
judiciários, não há dúvida. Mas estamos muito longe do quadro arbitrário
pintado pelos historiadores românticos e anticlericais do século passado, de
um fanatismo cego, fruto de uma ignorância estúpida. É preciso lembrar que os
magistrados dos séculos XVI e XVII eram conhecidos pelo seu espírito de
erudição verdadeira universal, abarcando quase todos os campos do saber, e
sua independência de julgamento. As campanhas desencadeadas contra a bruxaria
no começo dos tempos modernos, em uma época de grande tensão religiosa, que
culminou com a explosão protestante, não foram privilégio das regiões
católicas, mas, se deram — e até com mais intensidade - nos países que passaram para a heresia.
Porém, mais do que o problema histórico, sempre difícil de precisar, o que
importa aqui é a questão de doutrina: a possibilidade, segundo a teologia
católica, da existência de feiticeiras e bruxos. Consenso dos teólogos e moralistas
católicos A referida bula de Inocêncio VIII deu ocasião a
que dois teólogos, nomeados inquisidores pelo Papa — os já citados Padres
Henrique Kramer e Jacó Sprenger — escrevessem um livro para analisar, do
ponto de vista teológico, a prática da feitiçaria: Malleus Malleficarum — O
Martelo das Feiticeiras, continuamente traduzido e publicado nas várias
línguas do Ocidente. (Heinrich KRAMER e James SPRENGER, O Martelo das
Feiticeiras Malleus Maleficarum, tradução de Paulo Fróes, Editora Rosa dos
Tempos, Rio de Janeiro, 2° edição,1991. Cf. J. Paquier, Inocent
VIII, DTC, VII, 2ême partie, cols. 2002-2005.) Numa argumentação escolástica, eles recorrem aos
grandes Doutores da Igreja — em especial a Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino — para mostrar como Deus pode permitir ao demônio que atenda às
solicitações de homens e mulheres pérfidos que recorram à sua ajuda; que os
fatos extraordinários, atribuídos em geral aos bruxos e feiticeiras, não
estão acima da capacidade angélica do demônio sobre a matéria. A existência
de bruxos e feiticeiras tem sido aceita pacificamente por todos moralistas
católicos. Ademais de todas as provas que se podem tirar das Sagradas
Escrituras e do Magistério da Igreja, a prática da bruxaria é confirmada
“pela opinião de todos os teólogos, cuja unanimidade traz uma certeza
absoluta em matéria de doutrina. Ora, não existe um manual de teologia moral
que não fale da magia e da feitiçaria como tendo sempre existido e existindo
ainda”. ("L´Ami du clergé”, Le demonisme, n°44 (1902) p. 978.) (Fonte: internet.
Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”, Gustavo
Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo) Para VOLTAR A: Apostila de angeologia e demonologia
PARA: Voltar a: Veja também:
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