MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIA
CELTA
Dicionário da Mitologia Celta ABNOBA
-Deusa da Floresta Negra (Forêt-Noire, Schwarzwald). AIFF~
-V. Cuchulainn. AMAETHON -Filho
de Dôn; presidia a Agricultura. AMERGIN -Druida.
""- V. Cessair. ANDARTA -Deusa
guerreira. ANDRASTA -Deusa
guerreira. Aparece com a rainha Budica. Tinha um esposo que foi identificado
com Marte (deus da guerra) romano. ARDUINA -Deusa
de Ardennes. Foi identificada pelos romanos com Diana, a Artemis grega. ARIANROD
-Filha única de Dôn, divindade tutelar da constelação Corona borealis
("Coroa boreal"), que os gauleses chamavam Caer Arianrod
("'Castelo de Arianrod"). ARTIO -:
Deusa adorada pelos helvécios das cercanias de Berna. A palavra artio
significa "urso". ARTUR -Quase
todas as personagens, deuses e heróis, da mitologia céltica, e mais
particularmente gaulesa (os gauleses eram c.eltas), se encontram fortemente
evemerizadas nos romances do ciclo medieval de Artur, que constitui a massa
principal da "matéria da Bretanha". A Historia Regtlm Britanniae
("História dos Reis da Bretanha"), de Geoffroi de Monmouth foi concluída
por volta de 1136; as lendas heróicas da "Bretanha a Grande" se
constituíram em romances arturianos nos séculos XII e XIII; em 1470 Sir
Thomas Malory compôs a "':forte de Artur, traduzido ou inspirado em
fontes francesas. .0 Ltvro Vermelho de Hergest (Livre rouge d'Hergest),
manus.cnto do século XIV, contém, também, algumas façanhas do ReI Artur.. Artur
é semideus, semi-rei, cujo protótipo, tálvez, tenha VIvido por volta do
século V ou VI. Sua mulher, Gwenhwyar BALOR -Gigante
irlandês de "mau olho"; tinha as pálpebras caídas sobre os olhos e
era mister um forcado para erguê-las; seu congênere gaulês chamava-se
Yspaddaden. BANBA -V.
Cessa ir. BARR-FIND -o
mesmo deus Manannân, rei da ilha de Man, onde ainda se vê seu tÚInulo
gigantesco, nas imediações do castelo de Peel; parece que tinha três pernas;
Barr-Find é nome irlandês: "Cabeça Branca"; transformou-se no
piloto Barin do Rei Artur; na hagiografia cristã tornou-se São Barri,
padroeiro dos pescadores irlandeses, em particular dos de Man. Barr-Find era
filho do deus Uyr, no início, provavelmente considerado deus do Mar, das
Vagas ou das Tempestades. BELENOS -"O Brilhante': ou "Aquele Que Reluz", divindade
que pelos romanos foi identificada com o ApoIo latino; os autores chamam
Belenos o "ApoIo gaulês". BELISAMA -"Semelhante à Chama", espécie de deusa Vestal,
padroeira das indústrias que dependiam do fogo. BIL~
-V. Cessa ir. BORMANO -"Aquele
Que Borbulha", deus das fontes termais. -V. Bormo e Borvo. BORMO -V.
Bormano. BORVO -V.
Bormo. BRESS -V.
Cessair. BRIGIDA -V.
Cessair. BRIGIT -Irmã
do deus Oengus, o Cupido irlandês, divindade .do _Amor. Brigit é uma deusa
tríplice, a menos que haja tres lrmas com o mesmo nome. ~ venerada ao mesmo
tempo pelos poetas (que inspira), pelos ferreiros (que ela enriquece) e pelos
médicos (os quais ela assiste, pois preside os partos). Enquanto deusa das
estações do ano, seu culto se celebrava no primeiro dia de fevereiro, dia do
Imbolc, grande festa de purificação. Cristianizada, Brigit tornou-se Santa
Brígida, padroeira da cidade de Kildare. V. Brígida no verbete Cessair. BRON -O
deus marítimo Llyr tinha dois filhos: Bron ou Brân (Bron é irlandês e Brân é
gaulês) e Manannân ou Manawydano O irlandês Bron mac Llyr é figura apagada;
mas Brân ab Llyr da Grã-Bretanha é temível herói. Era um enorme gigante que
nenhum palácio ou nenhum navio podia abrigar; atravessou a vau o mar da
Irlanda para combater e destruir um rei e seu exército; estendido através de
um rio, seu corpo gigantesco serviu de ponte para o exército passar. Possuía
uma caldeirinha mágica com a qual ressuscitava os mortos. Harpista e músico,
era o protetor dos lili e dos bardos. Rei das regiões infernais, lutou para
defender os tesouros mágicos que o filho de Dôn queria J;'oubar. Ferido por
uma flecha envenenada, ordenou que lhe cortassem a cabeça, a fim de abreviar
seus padecimentos; e esta cabeça decepada continuava a conversar e a dar
ordens durante 87 anos, que tantos foram necessários para levar o corpo à
sepultura, uma colina de Londres, talvez a moderna Tower Hill. A cabeça
cortada de Brân, voltada para o Sul, prevenia a ilha de toda e qualquer
invasão; o Rei Artur cometeu a imprudência de exumá-la, tornando possível,
destarte, a conquista saxônia. Há
um outro Brân (ou Bron), viajante intrépido, que navegou até às regiões do
Além; é o navegador das regiões misteriosas; sob o nome de São Brandão (Saint
Brandan) este deus canonizado é a piedosa personagem que difundiu o
cristianismo na Grã-Bretanha. CAIRBR~
-V. Cessair. CALLATIN -V.
Cuchulainn. CARVALHO -Venerado
por toda a Gália, o carvalho pôde ser considerado por alguns cronistas como o
deus supremo dos gauleses; assegura-nos Plinio o Antigo (Hist. Nat., XVI,
249) que 'é nos bosques de carvalhos que os druidas têm os seus santuários";
não celebravam nenhum rito sagrado sem as folhas ou ramos dos carvalhos;
criam que a presença do visgo revelava a do deus sobre a árvore no qual se
encontrava; colhiam esse visgo com solenes cerimônias; depois de terem
sacrificado dois touros brancos, um sacerdote, revestido de manto branco,
trepava na árvore e cortava o visgo com uma foice de ouro o qual era
recolhido em um pano ou tecido de cor alvinitente. Ainda hoje os franceses
consideram o carvalho como árvore que traz felicidade. -V. Arvores (culto
das) CESSAIR -Depois
do grande dilúvio universal, a ilha que se tornaria a Irlanda foi invadida
pela rainha-mágica-feiticeira Cessair, acompanhada de numeroso séquito;
parece que essa feiticeira é uma reencarnação da Circe de Homero. Mas
Cessair pereceu com toda a sua raça. Por volta de 2640 a.C. o Príncipe Partholon,
vindo da Grécia, desembarcou na Irlanda com 24 casais; ao cabo de 300 anos
eram 5000; mas uma misteriosa epidemia matou a todos no curso das festas que
se realizavam em honra de Beltine; a sepultura colectiva desse povo é a colina
de Tallaght, perto de Dublim. Entretanto, por volta de 2600, a raça dos
"Filhos de Nemed" (cujo nome significa "sagrado"),
originária da Cítia, pusera pé na ilha, então deserta; outro grupo de invasores
nela desembarcou em 2400, no dia de Lugnasad (primeiro de agosto), o terceiro
grande dia festivo do ano celta. Os Fir Bolg ("Homens belgas"?)
constituíam o elemento principal dessa invasão, aos quais se misturavam
diversas tribos, Gaileóin (gauleses?), Fir Dommann (os Dummonni da
Grã-Bretanha?) e outros mais; finalmente, vindos das Ilhas do Oeste, onde
estudavam a Magia, chegaram os membros da Tuatha Dê Danann, que eram de raça
divina; trouxeram seus talismãs: a espada de Nuada, a lança de Lug, a
caldeirinha de Dagda e a "pedra do Destino" de Fâl, que gritava
quando se sentava sobre ela o rei legítImo da Irlanda. Todos esses invasores
foram obrigados a lutar com os Gigantes monstruosos que habitavam o pais; uns
tinham somente um olho e uma mão, outros eram providos de cabeça de animal,
comumente de cabra; esses monstros eram os Fomóiré (de lo, "sob" e
moiré ou mahr, "demónio fêmea"). Os Tuatha Dê ~anann e os Fir Bolg
começaram, então, uma terrível guerra, cuJos combates vêm relatados num
manuscrito do século XV. Os Tuatha Dê Danann vencem; no curso da batalha, seu
rei, Nuada, perde a mão direita; essa mutilação acarreta sua queda do trono;
o hábil curador Diancecht a substitui por uma mão de prata articulada;
constrangido a abdicar, Nuada "com mão de prata" é substituído por
Bress ("Belo"), filho de Elatha (O Saber), rei dos Fumóiré, e da Dé
Danann Eriu; Bress desposa Brígida, filha de Dagda, e os dois povos inimigos
se aliam; Cian, filho de Diancecht, desposa Ethniu, filha de Balor.Mas Bres
(ou Bress) é um odioso tirano e sobrecarrega seUs súditos /com pesados
impostos e taxas; zomba de Cairbré, filho de Ogma, o maior filé (bardo) dos
Dê Danann; e o insolente Bress é obrigado a abdicar por um prazo de sete
anos; então Nuada assume o poder e o trono, pois sua mão decepada foi
milagrosamente reposta no lugar graças às encantações de Miach, outro filho
de Diancecht; esse feito valeu a morte ao bom Miach, cujo pai, invejoso, não
podia admitir um competidor na arte de curar. Bress,
entretanto, reúne-se com seu conselho numa morada submarina. Persuade os Fomóiré
a que o ajudem a expulsar da Irlanda os Dê Danann; os preparativos da guerra
duram sete anos, período durante o qual cresce o famoso Lug, o menino prodigioso,
"senhor de todas as artes", nascido de Cian e de Ethniu; Lug
organiza a resistência dos Dê Danann, enquanto Goibniu lhe forja as armas e
Diancecht faz jorrar uma fonte maravilhosa que cura as feridas e reanima os
guerreiros mortos; mas alguns espiões dos Fomóiré a descobrem e a tornam
ineficaz lançando-lhe pedras malditas. Após algumas pequenas batalhas e
duelos trava-se a luta decisiva, na Moytura do Norte, planicie de Carrowmore,
perto de Sligo (os alinhamentos de Sligo, juntamente com os de Carnac, são os
mais imponentes grupos de pedras ergui das que existe), onde morrem inúmeras
personagens de ambos os partidos: Indech, filho da deusa Domnu, é morto por
Ogma, que por sua vez também cai moribundo; Balor "de mau olho"
fere Nuada com seu olhar fatal; mas Lug, com a sua funda mágica fura os olhos
de Balor; dizimados e desmoralizados, os horrendos Fomóiré recuam e são
expulsos até o mar; Bress é feito prisioneiro e a hegemonia dos gigantes foi
quebrada para sempre. O
poder dos Dê Danann, contudo, conheceu rápido declfnio. Duas divindades do
Império dos Mortos, Ith. e Bilé, desembarcaram na embocadura do Kenmare e
começaram a intervir nos conselhos políticos dos vencedores. Mil, filho de
Bilé, vai ao encontro do pai que já se acha na Irlanda; com ele vão seus oito
filhos e o seu séquito; como os invasores precedentes, também estes
desembarcam num primeiro de maio. Na direção de Tara encontram sucessivamente
três deusas epônimas: Banba, Fodla e Eriu. Cada uma delas pede ao druida
Amergin, conselheiro-adivinho de Mil, que dê seus nomes à ilha; esta, então,
fica sendo chamada Erinn (genitivo de Eriu), porque Edu fez seu pedido em
terceiro lugar; depois de novos e sangrentos combate's, no último dos quais
intervém Manannân, filho de UY,r ("O Oceano"), os reis Tuatha são
mortos pelos filhos sobrevIventes de Mil. Conclui-se um pacto de paz; os
Tuatha cedem .a "verde Erin"( Erinn) e se retiram do país para o
Além, não eXIgindo mais que um sacrifício celebrado anualmente em sua lembrança. CIAN -
V. Cessair. CONCHOBAR -
Conahar; pronuncia-se Conor. -V. Cuchulainn. CONLACH -
V. Cuchulainn. CORMAC -
V. Fionn. CUCHULAINN -
As aventuras de Cuchulainn (pronuncia-se Cu-hu-lim) constituem a epopéia
central do ciclo heróico de Ulster; são contemporâneas dos inícios do
cristianismo; de feito, a tradição refere que no ano 30 a.C. surgiu o jovem
Rei Conchobar mac Nessa e que em 33 da nossa era morreu; e toda a breve
carreira do famoso Cuchulainn se desenrola sob o reinado deste soberano. Cuchulainn,
ao nascer, chamava-se Setanta; era filho de Dechtiré, irmã do Rei Conchobar,
casada com o profeta Sualtan; mas seu pai verdadeiro era o deus Lug "de
.longos braços", mito solar dos Tuatha Dê Danann; criado entre os demais
filhos dos vassalos e guerreiros do rei, valentes campeões do Ramo Vermelho
de Ulster (provavelmente nome de uma milícia ou ordem primitiva de cavalaria),
Setanta, com a idade de sete anos matou o terrível cão de guarda de Culann,
chefe dos ferreiros de Ulster; daí lhe adveio o nome de Cuchulainn, "Cão
de Culann"; o menino possuía força monstruosa; quando se deixava dominar
pela cólera, irradiava intenso calor e suas feições ficavam transtornadas e
pavorosas; logo depois massacrou três gigantes, guerreiros mágicos, que
tinham desafiado os nobres do Ramo Vermelho; finalmente mandam-no para junto
da feiticeira Scâthach, "Rainha das Trevas", epônima da ilha Skye,
onde deverá concluir sua educação; a feiticeira reside em Albu, na Escócia e
ensina a Cuchulainn toda a sua ciência mágica; o discípulo, reconhecido,
antes de partir resolve destruir a Amazona Aiffé, mortal inimiga de Scâthach;
não só a derrota mas também a deixa grávida, e volta para Ulster rico de
sortilégios e munido de armas prodigiosas. Pouco tempo depois o jovem se
apaixona pela formosa Emer (pronuncia-se Avair), filha de Forgall Manach,
mágico poderoso e solerte; este recusa dar a mão da filha ao jovem herói;
Cuchulainn.. então, rapta-a, depois de ter matado a guarnição e o pai da
loira donzela, a qual estava presa num castelo mágico. Segue-se longa e
fastidiosa narração de combates e duelos onde se justifica plenamente o
título de "campeão" outorgado ao herói. Suas mais notáveis
façanhas' são aquelas que leva a cabo no curso da gaziva dos bois de Cooley
(Táin bo Cuailngé), a sangrenta história da longa guerra que os quatro
reinos da .Irlanda desencadearam contra Ulster, à instigação da temível
rainha de Connaught, a pérfida Medb (pronuncia-se Méve), que aparece como
"rainha Mab" em Shakespeare; o objeto dessa guerra é a posse de um
animal mágico, o Touro castanho-escuro de Cooley. Ora, Medb teve o cuidado de
travar a guerra numa época em que os Ulates (habitantes de Ulster) estavam
paralisados por uma estranha fraqueza periódica que os tornava incapazes de
guerrear ou mesmo de se movimentarem; esta misteriosa doença lhes havia sido
infligida como castigo pela deusa Macha, da qual, certa feita, haviam
zombado. Então, quando o reino de Ulster parecia estar prestes a cair sob os
golpes do inimigo, Cuchulainn, que, em razão da sua origem divina, escapara à
maldição comum, parte sozinho para enfrentar a horda inimiga; há inúmeras
lutas e combates singulares; Lug, verdadeiro pai de Cuchulainn, todas as
noites, por meio de ervas mágicas e de bebidas misteriosas, cura as feridas
do filho; Morrigan, deusa da guerra, auxilia-o e o aconselha, salvando-o mais
de uma vez; por fim oferece-lhe seu amor e daí provém o ódio impotente que
terá contra o herói até o fim deste. Mais tarde, num barco mágico, dirige-se para Mag Mell
("A Planície da Alegria"), onde se apaixona pela deusa Fand, esposa
abandonada de Manannân mac Llyr, que se entrega ao herói; Cuchulainn retoma
para Ulster, e Fand, ao cabo de um ano, fiel ao prometido, apresenta-se na
margem para que ele a possua; mas ambos são surpreendidos por Emer; os
lamentos da jovem comovem a deusa que abandona o herói à sua esposa e volta
para junto do marido que a viera buscar. Pouco mais tarde, sem saber quem era, Cuchulainn mata seu
filho, o jovem Conlach, que ele tivera com a Amazona-feiticeira Aiffé. Por fim, a odiosa rainha Medb consegue seu intento: matar o
herói. Três feiticeiras, filhas de Callatin, que tinham no Oriente aprendido
todas as ciências maléficas, revestem-se da forma de corvos e arrastam o
jovem para a planície de Muirthemné, onde fazem com que ele viole o tabu em
lhe oferecendo carne de cão, que não poderia aceitar; tiranl-lhe a lança mágica
e Cuchulainn, afinal, despojado de todos seus poderes sobrenaturais,
amarra-se a um pilar de pedra (menir) para morrer de pé; recebe a homenagem
do seu cavalo negro e exala o derradeiro alento. DAGDA
-Dagda ou Dagdé, contração de Dagodevos, "o Deus Eficaz", é o nome
pelo qual era conhecido o deus-chefe Eochaid Ollathair. Outro nome que lhe
davam, Ruad Ro-fhessa, "Senhor da Ciência Completa", proclama bem
alto sua onipotência; com efeito, Dagda é bom para tudo: dos mágicos é o
primeiro e o mais poderoso, temível guerreiro, habilíssimo artífice e o mais
esperto de todos quantos "possuem a vida e a morte", Possui uma
caldeirinha maravilhosa, na qual se podem alimentar todos os homens da terra.
Chama sucessivamente as estações do ano tocando a harpa divina. Vestido com
uma túnica curta, traz na cabeça um capuz e na mão uma enorme maça, que
transporta montado sobre rodas; é o senhor da vida e da morte, dispensadqr da
abundância.Parece que seu equivalente gaulês é Math, o irmão da deusa Dôn. DANA -
A mãe do panteão celta insular é a deusa Dana (ou Donu), na Irlanda, e Dôn na
Grã-Bretanha; é a companheira de Bilé (em irlandês) ou Béli (em bretão), que
parece corresponder ao Dis pater dos romanos, do qual, no dizer de César,
pretendiam os gauleses descender. A sua descendência chama-se Tuatha Dê
Danann (tribos da deusa Dana) na literatura gaélica, ou Filhos de Dôn nos
documentos de origem bretã. -V. Cessair. DECHTIRÊ -V,
Cuchulainn. DÊ DANANN
-V. Cessa ir. DÊ DANANN ERIU -Deusa epônima da Irlanda. Erinn (Erin
em português, "a verde Erin" dos antigos navegadores) é genitivo de
Eriu e nome comum para designar a Irlanda. DIANCECHT -Deus goidélico da Saúde
e da Cura, espécie .de Esculápio irlandês -V. C essair. DIARMAID -
V. Fionn, DOM NU
- V, Cessair. DON -
V. Duan. DONU -V.
Dana. DRUIDAS -
Havia druidas gauleses e irlandeses. Comumente se ouve e se lê que os
"druidas eram a casta sacerdotal dos antigos celtas"; se por
sacerdotes se designam pessoas especialmente consagradas, com carácter
profissional, para executarem ritos religioso-culturais, nomeadamente o ato
do sacrifício, em nome da comunidade ou em nome próprio — os druidas não
foram sacerdotes, Se tivessem sido sacerdotes do antigo culto céltico,
encontrá-los-íamos, sem dúvida, ocupando lugar de destaque entre os celtas
da Itália, da Espanha, da Europa central e da península dos Bálcãs assim como
da Asia Menor; mas, nestas regiões, os druidas parece diferirem profundamente
dos da Gália e da Irlanda. Havia, na Gália, uma classe denominada gutuatri,
palavra que em geral se interpreta como "os que invocam" ou
"os que interpretam vozes", da raiz gutu, "voz"; é bem
possível que os gutuatri exercessem, entre os celtas, as funções sacerdotais.
O termo druida é derivado de duas raízes, dru, "a fundo" ou
"completamente" (advérbio) e vid, "conhecer"; portanto,
druidas seriam "aqueles que têm conhecimento profundo (ou completo
)"; por outras palavras, eram "mestres" ou "filósofos".
Formavam ordem, não casta fechada, Outra etimologia da palavra, mais concorde
com a filologia, afirma que provém do celta deru, "carvalho". Os
druidas se dividiam em três classes: 1) os druidas propriamente ditos,
possessores, no início, do supremo poder que mais tarde cederam aos brenns
(daí o nome que os romanos davam ao general celta que invadiu a Itália e
conquistou Roma, Breno), "os chefes" ou "generais dos
guerreiros": 2) os eubages, adivinhos e sacrificadores; e 3) os bardos,
que cantavam hinos e celebravam as façanhas dos heróis. Os druidas criam na
imortalidade da alma e na metempsicose; cultuavam vários deuses mas não
possuíam templos: reuniam-se nas sombrias florestas; a sua assembleia geral
era perto de Chartres; tinham uma célebre escola em Dreux; nas grandes
calamidades os druidas imolavam vítimas humanas. O druidismo atribuía
misteriosas virtudes a certas plantas, à verbena, à selagina, ao sâmolo e, de
modo especial, ao agárico ou, melhormente, ao visco ou visgo -;v. Carvalho —
que era cortado, em certos dias, com grandes cerimónias, sobre velhos
carvalhos. Os druidas eram, ao mesmo tempo, médicos, astrónomos, físicos e
conselheiros; toda sua ciência se continha em versos que não eram escritos
mas que aprendiam de cor. As druidisas, feiticeiras e profetisas, tinham seu
principal santuário na ilha do Sena, sobre a costa de Finisterra. As
invasões dos romanos.. depois as do bárbaros e o cristianismo puseram fim à
religião dos druidas, os quais se refugiaram na Armórica (Bretanha) e depois
na Irlanda; desapareceram definitivamente por volta do século VII; as
práticas do druidismo foram condenadas pelo concílio de Nantes, em 618. Há
uma teoria que afirma ter sido o druidismo, juntamente com certo número de
práticas de magia, ensinado aos celtas irlandeses pelos pictos, que não
seriam de origem céltica. A teoria da origem não-céltlca do druidismo foi
defendida por J. Pokorny (Celtic Review, julho de 1908). Os
monumentos chamados druídicos, dólmen, menir, cromlech etc., são considerados
como bem anteriores à época gaulesa. DUMIAS -Deus
tutelar da montanha de Dôme; mais tarde
tomou-se simples epíteto aplicado ao Mercurius latino (Mercúrio). EMER -
Emer (pronuncia-se Avair) era esposa de Cuchulainn e filha de Forgall
Manach, o mágico. - V. Cuchulainn. ÉPONA -"A
Cavaleira" ou, para usar um termo grego, "A Amawna ". J?, uma
das divindades celtas que melhor conhecemos e que parece não ter sofrido o
sincretismo romano. J?, representada sempre a cavalo, sentada de lado, como
as amazonas do século passado; na cabeça traz um diadema; ao seu lado vê-se
uma jumenta ou um poldro, que às vezes a deusa alimenta; seus atributos eram
o como da abundância (cornucópia), uma pátera e frutos. Divindade tutelar,
Épona presidia, também, à fecundidade do solo, fertilizado pelas águas;
desse aspecto surgiu a extravagante teoria de alguns pseudomitólogos que
querem ver em Épona a exacta contrapartida da fonte Hipocrene, a "fonte
cabalina" ou "as águas cabalinas" de Camões (Soneto, 21),
fonte beócia famosíssima na mitologia grega. Era muito popular na Gália,
segundo atestam as numerosas representações que chegaram até nós; mais
tarde, isto é, depois de César, o culto .de Épona foi levado para Roma; os
romanos perderam o sentido primitivo do culto de Épona (deusa tutelar e deusa
da fertilidade), e ela se tomou apenas a protectora da raça equina; punham
sua imagem nas cavalariças. A divindade gaulesa Rhiannon, ..A Grande
Rainha", tem alguma afinidade com J?,pona; como esta, parece que foi uma
"deusa-égua". ERIU - V.
Cessair. ESUS -
O deus Esus chegou até nós através dos romanos; o próprio nome já parece ser
uma adaptação latina. Lucano, no seu poema Farsalia refere-se ao
"horrível Esus de ferozes altares" (1,444 e seguintes). Era o deus
do Trovão, do Raio e dasTempestades; equivalia, portanto, a Júpiter. O deus
sanguinário de Lucano, segundo um comentador da Idade Média, exigia no seu
culto vítimas humanas, que eram suspensas de uma árvore. Em Treves e em Paris
encontraram-se monumentos onde Esus aparece como derrubador de árvores; o
monumento de Paris, de origem galo-romana, apresenta numa face "O Touro
com oS Três Grous", e pa outra o deus lenhador que corta os ramos com
seu machado; sabemos que se trata de Esus, mas ignoramos os mitos que
simboliza. Os filólogos querem ver na palavra Esus a deturpação de erus,
"senhor" ou "dono de casa". ETHNIU -
V. Cessair. FAND -
V. Cuchulainn. FILI -
Poeta. FINN - V.
Fionn. FINN MAC CUMHAIL -Herói e mágico do ciclo feniano ou de Ossian. -V. Fionn. FIONN -
Chefe dos Fianna de Leinster, o herói Fionn ou Finn mac Cumhail é o fanfarrão
que mata monstros e é mágico ao mesmo tempo. J?" também, poeta, e vive
principescamente; seu caráter principal é a desconfiança e a astúcia;
aparentado aos Fir Bolg e aos Tuatha Dê, assim como a Sualtam; pai putativo
de Cuchulainn, não obstante a sua idade casou-se com a formosa Grainné, filha
de Cormac, que logo o abandonou seduzida pelo jovem e encantador guerreiro
Diarmaid (Dermat). Finn
é pai de Ossian (Oissin) e avô de Oscar (Osgur); são seus inimigos o altivo e
orgulhoso GoII e seu irmão Conan, filhos de Môrna e chefes do clã temível dos
Connaught. O nome Finn significa "Branco" ou "Louro".
Morreu numa batalha, em Ghabra, onde seu inimigo era Cairbré Lifec4air,
bisneto do Rei Conn. FODLA - V. Cessair. FOMóIRÉ -
V. Cessair. FORGALL MANACH -V.
Cuchulainn. GOBANNON -
Deus do fogo, espécie V. Gavannotz. GOIBNIU -V.
Cessa ir. GOV ANNON -Govannon é nome bretão; a forma irlandesa é Goibniu e
significa "ferreiro". Este deus é o Vulcano das tribos celtas
insulares; fornece armas aos membros do clã e aos aliados. Forjou a
cervilheira que conferia a imortalidade. Consideram-no, na Irlanda, o
arquitecto das altas torres redondas c: das primeiras igrejas cristãs. GRAINNl?
-Filha de Cormac e esposa de Fionn ou Finn mac Cumhail; abandonou o esposo
seduzida pelo jovem e brilhante Diarmaid. -V. Fionn. GWYDION -Deus
civilizador, dispensador dos benefícios e propagador das artes. Suas
aventuras lembram as de Odin (Wotan-Woden), deus teutônico. Nasceu misteriosamente
de pais mal conhecidos; ilustrou-se na eloqüência, na magia e na arte dos
combates: foi temível guerreiro. Quando Gwydion perdeu seus filhos, pôs-se a
criar seres humanos, dando vida a vegetais. Seu culto floresceu, sobretudo,
no país de Gales. ICAUNO -Deus
tutelar de Yonne. INDECH -Filho
da deusa Domnu; foi morto por Ogma. ITH -Divindade
do Reino dos Mortos. Junto com Bilé desembarcou na Irlanda e pôs fim ao poder
dos Dê Danann. LEABHAR GABHALA –“Livro das Invasões" ou "Livro das
Conquistas", obra onde vêm relatadas as origens lendárias da Irlanda.
Nessa obra há narrações mitológicas dos celtas de mistura com acontecimentos
históricos e factos de evemerismo cristianizado. LLEU.-
Lleu, identificado com o deus irlandês Lugh ou Lug, é divIndade benfazeja.
Quase nada sabemos desse antigo deus. — V. Lug. LLUD -
Llud ou Niidd ou Nuada (irlandês), filho de Dôn; é chamado HMão de
Prata". Nessa divindade encontram-se traços do Júpiter romano, o que
nos faz crer tenha ela sofrido o sincretismo comum a outras divindades. Llud
deu seu nome à sua cidade favorita, Caer Llud, que logo se tornou London (Londres);
a colina de Ludgate, em Londres, outra coisa não seria que o seu túmulo; a
catedral de São Paulo, que a coroa, ocupou o lugar onde se erguia um templo
dedicado a este deus. LLYR -
Llyr é nome gaulês; conhecido, também, por Ler, designa o Oceano. Seu
sobrenome Llediaith (" Meia-língua") deixa entrever que se
compreende maIo que diz. Geoffroi
de Monmouth, nas suas Crônicas, o assimila a um antigo rei da Grã-Bretanha;
e, pela adjunção de minúcias sem dúvida pertencentes a fatos históricos,
humanizou-se de tal modo que veio a dar o Rei Lear de Sbakespeare. Uyr,
deus marinho, teve dois filhos, Bron e Manannân, ambos mais famosos que o
pai. LUG -
Deus irlandês, também conhecido por Lugh, chamado Lâhm-fhâda, HMão
Longa"; era deus benéfico. A irradiação do seu semblante era tal que
nenhum mortal podia olhar para o seu rosto. Era o senhor absoluto das artes,
tanto das d.e paz como das de guerra; davam-lhe o apelido Samhildânach, que
poderíamos traduzir pelo grego “politécnico”; ganhou fama como ferreiro,
carpinteiro, poeta, harpista, campeão, historiador e feiticeiro. Encarnava
todas as actividades da tribo. Lug possufa uma lança mágica que sozinha e por
si mesma ia ferir o inimigo quando o deus era ameaçado; seu arco era o
Arco-1ris; na Irlanda chamavam .( e em alguns lugares ainda usam a
designação) a Via-Láctea de "Cadeia de Lug". LUXÓVIO -Deus
tutelar das águas de Luxeuil; sua companheira era Bricta. MANANNAN -Filho
de Llyr; em gaulês seu nome era Manawydan ab Llyr, conhecido como bravo
agricultor e hábil sapateiro; às vezes entra em luta com divindades
estrangeiras ou com as divindades benéficas; construiu, com ossos humanos, a
fortaleza de Annoeth (península de Gower). O
Manannân mac Llyr, irlandês, era um mágico temível; usava um capacete
chamejante e sua couraça era invulnerável; sua espada matava logo ao primeiro
golpe, e possuía uma manto que o tornava invisível; na terra, seu veloz
ginete fendia os ares com a rapidez do raio, e no mar, a barca que o copduzia
vogava sem velas e sem remos para onde ele quisesse. Os marinheiros o
invocavam sob o título de "Senhor dos Cabos" e os mercadores
pretendem que ele tenha fundado a sua corporação. Foi rei de Man, ilha, onde
o seu túmulo gigantesco ainda hoje se pode ver, perto do castelo de Peel.
Parece que tinha três pernas, fato testemunhado pelas armas da ilha que
ostentam as três pernas dispostas como os raios de uma roda. Chamavam-no,
também, Barr-Find, "Cabeça Branca"; tornou-se o piloto Barin que
conduziu o Rei Artur para Avallon. MANANNAN MAC LLYR -V. o verbete anterior. MEDB -Medb,
que se pronunciava, Meve, é a pérfida rainha que aparece no ciclo heróico de
Ulster, Cuchulainn; Shakespeare transformou-a na Rainha Mab, que aparece em
Romeu e Julieta (I, IV, 615): Pelo que vejo,
foste visitado
Pela
Rainha Mab. Ela é parteira Entre
as fadas; e é tão pequenina Como
a ágata do anel que os conselheiros..." O
nome Mab, em welsh, significa "criança"; Beaufort menciona a
“Rainha Mag” como a rainha das fadas Irlandesas. — V. Cuchulainn. MENIR - Bloco de pedra mais alto que largo,
assemelhando-se às vezes a um obelisco, não(} talhado, plantado no solo.
Acredita-se que a erecção desses monumentos atendia a fins religiosos, ainda
que não esteja afastada a hipótese de sua destinação ser funerária ou
simplesmente comemorativa. Os menires abundam no solo francês, sobretudo na
Bretanha; há também menires no oeste da Inglaterra, na Irlanda e ao longo do
litoral oeste da Europa. Encontraram-se outros na Africa e na Asia. Os
menires em círculo têm o nome de cromlechs. Deriva a palavra de men,
"pedra" e hir "comprida", vocábulos celtas.. MORRIGU -Morrigu
ou Morrigan (irlandês), "Rainha dos Fantasmas", era deusa da
Guerra. Aparocia sob aspecto apavorante aos guerreiros e participava dos
combates; não raro se manifestava aos guerreiros antes de' estes partirem
para a luta, onde seriam vencidos ou vencedores. Outras divindades sanguinárias
e cruéis do panteão celta, na realidade, par()'ce que são apenas encamações
desta famosa Morrigu: Badb, que se manifestava sob a figura de uma gralha;
Macha, palavra que significa "batalha" e Nemain,
"pânico" ou, melhor, "terror'. NANTOSUELTA -Gênio
ou divindade feminina, ligada ao deus Sucelo. Seu nome deriva de nanto,
"vale". NEMAUSUS -Deus tutelar da
cidade de Nimes e génio da fonte que abastecia essa cidade. NEMETONA -Deusa
guerreira, espécie de Belona, da qual nada se sabe. NIAMH -Niamh
(pronuncia-se Nieve) era uma deusa-fada, filha de Manannân, que aparece no
ciclo de Ossian; levou o herói para o paraíso. NUADA -Rei
dos Tuatha Dê Danann. No combate cortaram-lhe a mão e ele a substituiu por
uma de prata, donde o nome: "com a mão de prata". Por causa dessa
mutilação foi obrigado a abdicar em favor de Bres; mas este, mais tarde,
também abdicou, e Nuada, novamente, subiu ao trono, pois sua mão lhe foi
restituída graças às habilidades de Miach, célebre feiticeiro filho de
Diancecht, o qual, por causa dessa operação, foi morto pelo pai, invejoso da
sua perícia. OENGUS - Filho de Dagda. ~ o deus Cupido
(deus do Amor) irlandês, irmão de Brigit. Os beijos de Oengus transformavam-se
em pássaros que modulavam cantos amorosos; qual outro Orfeu, quando tocava
música, arrastava pós si todos aqueles que a ouviam. OGMA -
Guerreiro que matou Indech. ÓGMIOS -
O retor grego Luciano, no século 11 da nossa
era, dedicou um pequeno tratado "ao deus celta chamado
Ógmios". Diz ter visto a referida divindade representada sob os traços
de um ancião cheio de rugas e quase calvo, vestido com pele de leão e munido
duma formidável maça; por causa destes atributos, identificou-o com Hércules
(Héracles em grego). Mas o poder desse Hércules celta não está no vigor
físico, mas sim na eloquência; de fato, representam-no com cadeias que ligam
sua língua às orelhas dos que o ouvem. Parece
que o deus Ógmios (não sabemos qual a forma exata celta deste nome) foi um
herói civilizador, deus da eloqüência e dos discursos persuasivos; na
mitologia irlandesa transformou-se no campeão Ogma (seria este seu nome
primitivo, antes de ser grecizado?), cuja espada, no curso da batalha de Mag
Tured narra as façanhas que levou a cabo; é o inventor dos caracteres
ogâmicos (escrita dos antigos povos gaélicos e escandinavos, principalmente
do alfabeto dos irlandeses; constava de linhas verticais ou oblíquas, acima
ou abaixo da linha, ou simplesmente cortando-a) e presidia, já como deus, à
eloqüência; acredita-se, pois, que Ógmios seja um avatar de um deus
essencialmente celta. Já os antigos romanos notavam o gosto que tinham os
celtas pelos belos e bons discursos. OSSIAN - Filho de Finn, Ossian é a 'figura
mais importante do chamado ciclo feniano ou de Ossian. Mas sua importância
cresce de modo na série de baladas pós-fenianas, nas quais as façanhas de seu
pai são relatadas em forma de diálogo entre Ossian e São Patrício, padroeiro
cristão da Irlanda. Quando
foi da derrota de Gabhra, Ossian escapou graças à deusa-fada Niamh (q. v,),
que o conduziu na sua barca de vidro para Tir na n-Og, o paraíso céltico.
Ossian aí passou 300 anos de deliciosa juventude, enquanto o mundo e os
reinos mudavam e se sucediam. No fim desse tempo, saudoso do seu país natal,
dos parentes e das coisas humanas, quis retomar à face da terra. Niarnh lhe
confia a montaria mágica que ela mesma usava, recomendando-Ihe
insistentemente que não pusesse o pé em terra; mas a correia rompe-se, a sela
desliza e Ossian cai por terra; quando se ergue, custosamente, é um ancião
cego e fraco. As
pretendidas composições de Ossian gozaram de favor extraordinário no fim do
século XVIII e nos começos do XIX. Ainda que fundadas em boas tradições
gaélicas e imitadas de diversas narrações em prosa devidas a autores
desconhecidos, as Poesias traduzidas de Ossian, filho de Fingal (aparecidas
de 1760 a 1763), jamais foram traduções, mas sim obras originais do
pseudotradutor, o escocês James Macpherson. Suscitaram o entusiasmo de almas
sensíveis e a ac;imiração dos mais ilustres escritores românticos: Goethe,
Herder, Mme de Stael, Chateaubríand, Byron, Lamartine. ..Napoleão lia e
relia Ossian. Mesmo quando começou a se duvidar da origem das poesias de
Ossian, não perderam de todo o valor. O introdutor do Romantismo no Brasil,
José Bonifácio (e não Domingos de Magalhães), lia sempre com renovado prazer
as poesias de Ossian. Mas
os nomes primitivos, nessas poesias, estão desfigurados, e tomaram
consonâncias poéticas, a fim de corresponder aos "anseios da época
romântica": Finn tornou-se Fingal, Conor transforma-se em Caibar,
Deidré em Darthula, Conlaoch em Carthon, Cuchulainn em Clessamor, Aiffé em
Moina... PARTHOLON -Príncipe
que veio da Grécia e colonizou a Irlanda. PWYLL -
nome gaulês. Esta divindade é aliada dos filhos de Llyr na sua luta contra os
filhos de Don. Casou-se com Rhlannon (H Grande Rainha H) e teve um filho,
Pryderi, que o sucedeu enquanto reinava em Annwfn (o Além bretão). Pwyll
partilhou seu trono no Reino das Sombras com Manawydan ab Llyr. SETANTA - Nome
primitivo de Cuchulainn, (q. v.). SIDI -Sidi
ou Aes Side, "Os habitantes da colina", era um antigo nome irlandês
para designar os deuses. Sideoga, diminutivo de Sidi, é o nome moderno das
fadas. SIRONA -
Deusa de natureza astral. SMÉRTRIOS -
Deus gaulês que foi assimilado pelos romanos a Hércules. Smértrios aparece
no monumento dos nautas parisienses combatendo com a serpente; é tudo o que
dele sabemos. SUALTAM -
Pai putativo de Cuchulainn. Era um famoso profeta SUCELOS -"Aquele que bate fortemente", divindade que figura em
vários monumentos, sob o aspecto de homem cabeludo e barbudo, vestido com
amplo manto apertado na cintura e brandindo um malho oU martelo; seu outro
atributo era um vaso para beber. Este mesmo deus, na Gália narbonense, se
chamava Silvano, que é um deus típico dos romanos (de silva,
"floresta") e que presidia à vegetação em geral e às florestas e
bosques. Sucelos andava associado à deusa Nantosuelta, deusa puramente
céltica. A assimilação de Sucelos a Silvano é
um dos casos mais típicos da fusão religiosa galo-romana.. Na
região de Salzbach, Sucelos estava associado à deusa Aeracura (nome que
parece não ser gaulês), representada com um corno da abundância (Cornucópia)
e com um cesto cheio de frutos. TÁRANIS -
Táranis, em irlandês Torann, "Aquele que Troveja, era o deus do Trovão,
do Raio e da Tempestade. Correspondia ao Júpiter latino. É só o que dele
sabemos. TEUTATES -Como
seu nome indica, teuta, em gaulês touta e em irlandês tuath,
"tribo" ou "povo", era, ao menos no início, "deus da
tribo", divindade tribal de amplos poderes. Era o deus principal dos
cel.tas. Outra hipótese pretende que Teutates não é nome próprio individual
mas um título ou nome genérico, como, por exemplo, o de faraó, aplicado aos
reis do Egito; efeti-: vamente, em inscrições lê-se: Marti Toutati, "ao
Marte-Toutates (ou Teutates)"; seria, nesse caso, um deus gaulês
paralelo ao Marte romano, isto é, deus da guerra ou divindade guerreira.
Parece que cada tribo gaulesa tinha o seu próprio "Teutates",
adorado de modo diverso e com denominação diferente: Albiorix, "Rei do
Mundo" (?), Caturix. "Rei dos combates". Lucetius, Aquele que
brilha" (essa palavra é genuinamente latina, de lux, lucis, Hluz"),
Rigisamos, "Muito real"... Todas
essas designações são muito imprecisas, pois, na maioria dos casos, trata-se
de nomes latinos. TOUTIORIX (ou Tutiorix) -Nome de Apolo. Parece que a palavra significa "Rei
Protetor"; .estava associado a Sirona, deusa de natureza astral. Não
sabemos qual a forma primitiva do nome desse deus nem o seu caráter
particular. É provável que seja o mesmo Borvo (Bormo ou Bormanus) ou Belenos:
"Aquele que Brilha". TRICÉFALO -
"Três Cabeças", nome que os mitológicos dão à figura que aparece em
32 efígies recolhidas, principalmente, no nordeste da Gália. Tricéfalo
é uma personagem com três cabeças ou com três rostos. Numa .estela encontrada
em La Malmaison, perto de Reims, o Tricéfalo domina o par divino formado por
Mercúrio e Rosmerta. Explicam
alguns mitólogos, com fundadas razões, que essa personagem seja apenas uma
representação do deus que os romanos identificaram ao seu Mercúrio e do qual
nada sabemos; a multiplicação das cabeças seria o meio prático de aumentar o
poder da representação divina: é o princípio da "repetição de
intensidade". Com efeito, vários deuses diferentes são às vezes dotados
de três cabeças pelos artistas gauleses; não raro triplicavam a própria
pessoa divina, como é o caso das Matres, deusas mães célticas, comumente
anónimas, comumente adoradas com Domes estritamente locais ou regionais; este
carácter anónimo e este gosto pela "trindade" fazem parte, parece,
de antigos conceitos da velha religião celta, da qual nada sabemos. VOSEGO - Deus tutelar dos Vosges. Para saber mais sobre DICIONARIOS DE MITOLOGIA E OUTROS .... |
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