BRUXARIA & BRUXAS
MALLEUS MALEFICARUM – O MARTELO DAS BRUXAS
SOBRE OS
INSTRUMENTOS LETAIS DE TORTURA
Os instrumentos citados a seguir são aqueles que, embora
servissem como instrumentos de interrogatório, podiam ser usados como
instrumentos de execução - como por exemplo, a Dama
de Ferro - ou provocavam na vítima tais traumas e lesões que acabavam por
matá-la horas após sua aplicação. Por isso, só eram geralmente aplicados a
condenados à morte, cuja execução deveria seguir-se sem demora; assim,
obtinha-se a garantia de que as vítimas, ainda que gravemente feridas, não
escapariam à aplicação da justiça.
1 - As Cunhas ou Borzeguim
Este era um dos suplícios mais dolorosos que se poderia
imaginar. A vítima era amarrada e esticada no chão, com as pernas encerradas
entre quatro pranchas de carvalho, das quais o par do lado externo era fixo,
enquanto o interno era móvel. Introduzindo cunhas no espaço de separação
entre as duas pranchas móveis, era possível esmagar as pernas da vitima contra a estrutura fixa da máquina.
Havia a tortura dita comum e a extraordinária; a diferença entre as duas era
avaliada pela quantidade de cunhas cada vez mais espessas que eram cravadas
na parte interna.
Este tipo de tortura, pelo fato de ser sempre -
embora nem sempre imediatamente - fatal, só era administrada a condenados à
morte que devessem ser executados sem demora.
2 - O Esmaga-Cabeças
Os esmaga-cabeças,
instrumentos tipicamente medievais, compunham-se de um capacete e de uma
barra na qual se colocava o queixo do torturado. Em seguida, por meio de um
parafuso, ia-se apertando o capacete, comprimindo a cabeça do indivíduo de
encontro à base, no sentido vertical. O resultado era arrasador: primeiro
destroçavam-se os alvéolos dentários; depois, as mandíbulas; e finalmente,
caso a tortura não cessasse, os olhos saltavam das órbitas e o cérebro vazava
pelo crânio fraturado.
3 - A Dama de Ferro
A história da tortura registra muitos instrumentos em
forma de sarcófago antropomorfo com pregos em seu interior, que, ao fechar-se
a porta, penetravam no corpo da vítima. O exemplo mais conhecido foi a
chamada "donzela de ferro" de Nuremberg,
exemplar do final do século XV, reprodução aperfeiçoada de exemplares mais
antigos. O aparelho foi destruído quando Nuremberg
foi bombardeada, em 1944.
É difícil separar a lenda dos fatos quando se fala de tal instrumento, pois
restaram poucas descrições da época, e a maioria do material publicado
baseia-se em investigações distorcidas do século XIX, opiniões fantasiosas e
românticas e testemunhos não oculares e exagerados. Ao contrário do que se
costuma afirmar, a Dama de Ferro raras vezes era usada numa execução
intencional (embora, sem dúvida, o condenado pudesse, devido a um lamentável
infortúnio, morrer asfixiado em seu interior).
A primeira referência confiável a uma execução com a Dama de Ferro reporta-se
a 14 de Agosto de 1515, se bem que o instrumento
já fose utilizado, comprovadamente, há uns dois
séculos.
Nesse dia, um falsificador de moeda foi aí introduzido e as portas
fechadas lentamente, pelo que as pontas afiadíssimas lhe penetraram nos
braços, na barriga, e no peito, nas pernas em vários lugares, na bexiga, nos
olhos, nos ombros e nas nádegas, mas não suficiente para o matar, e assim
permaneceu a gritar e lamentar-se por vários dias, após os quais morreu.
É provável que os cravos fossem desmontáveis e de vários tamanhos, de modo
que pudessem colocar-se em vários orifícios no interior do aparelho,
tornando-se mais ou menos cutilantes, segundo as
exigências da sentença.
A Dama de Ferro era aplicada aos autores de crimes contra o Estado, que não fossem
de lesa-majestade, e também nos casos de mulheres adúlteras e de jovens ou
viúvas que não mantivessem sua castidade. Era também usada como instrumento
de interrogatório, em casos específicos de mulheres suspeitas de bruxaria ou
comércio com as forças do Inferno. Nesse caso do interrogatório, era usada
especialmente em mulheres, pois julgava-se que estas poderiam suportá-la
melhor que outros métodos e por deixar poucas ou nenhuma marca visível,
sendo, além disso, praticamente garantida a confissão da acusada.
4 - A Roda Vertical
Na roda vertical, que, como diz o
nome, era erguida perpendicularmente em relação ao chão, o corpo da
vítima era amarrado ao instrumento, o mais esticado possível. Em seguida a
roda era girada, expondo o torturado, a cada volta, a pregos ou brasas
ardentes colocados no chão, sob a máquina. O resultado final era o
retalhamento lento ou queimaduras expostas por toda a superfície do corpo,
que, conforme sua gravidade, poderiam levar à morte do torturado.
5 - Gaiola de Cravos
Atribui-se geralmente a invenção desse engenhoso
instrumento à condessa húngara Elizabeth Báthory, que viveu no século XVI; todavia, existem
registros de seu uso já no tempo dos romanos. Frise-se, porém, que não era um
modo de interrogatório ou punição judicial, sendo utilizado apenas por certos
indivíduos, isoladamente.
Basicamente, o engenho era uma gaiola cilíndrica de lâminas de ferro afiadas,
cujo interior era guarnecido de pontas aguçadas de ferro. A vítima era
trancada na gaiola e o torturador, armado de um
archote, um ferro em brasa ou ainda de um ferro pontiagudo, começava a
espetar ou atiçar o prisioneiro, que, em seus movimentos de recuo, ia
chocar-se contra as pontas e lâminas da gaiola. O resultado final é fácil de
imaginar-se.
Embora a maioria das gaiolas de cravos de que se tem notícia fossem colocadas
diretamente sobre a terra, diz-se que a gaiola de Elizabeth Báthory (aperfeiçoada
para que ela tomasse os famosos banhos de sangue que, segundo supunha, a
manteriam sempre jovem e bela) era suspensa no teto; a condessa sentava-se
abaixo dela e o sangue corria diretamente sobre seu
corpo.
6 - O Cavalo de Estiramento
O estiramento, ou desmembramento causado por meio de
tensão exercida longitudinalmente, já era usado no Antigo Egito
e na Babilônia. Na Europa medieval - e após - o cavalo de estiramento constituía instrumento
fundamental de qualquer masmorra respeitável, e isso até o
desaparecimento da tortura, por volta do séc. XVII.
A vítima era deitada no aparelho, seus membros firmemente presos às extremidades
e esticados pela força do cabrestante, existindo testemunhos antigos que
falam de até 30 cm de distensão, o que é inconcebível; a distensão originada
pelo deslocar e torcer de cada articulação dos braços e das pernas, do
desmembramento da coluna vertebral e da destruição dos músculos das
extremidades do tórax e do abdômen provocava um
efeito mortal. No entanto, antes do abatimento final da vítima, e mesmo nas
fases iniciais do interrogatório, era sofrido o deslocamento dos ombros, por
causa do estiramento dos braços para trás e para cima, assim como uma dor
intensa provocada pelo rompimento dos músculos e quaisquer fibras submetidas
a uma tensão excessiva.
Com a continuação da tortura, os quadris, e os cotovelos começavam a
desconjuntar-se, separando-se por fim, ruidosamente. Já nesta fase, a vítima,
se escapava com vida do tormento, ficava aleijada para toda a vida.
Depois de horas ou dias, no caso dos mais resistentes, as funções vitais
simplesmente cessavam, uma após a outra.
Para VOLTAR A:
Bruxaria&Bruxas
Grimorio- Malleus Maleficarum
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