MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIA
Egípcia
o MITO DA VACA Ré envelhecera. Seus membros eram de prata, a carne de ouro,
as articulações de lápis-lazúli. Percebeu, então, que os homens que habitavam
o vale e os desertos se tornavam arrogantes e insolentes e meditavam, mesmo,
revoltarem.se contra ele. Ré reuniu seu conselho: Su, Tefnu, Gebeb, Nut, Nun
e o Olho de Ré. ..Perlnanece no teu posto — dizem.lhe os demais deuses — pois
grande é o temor que inspiras aos homens; basta que o teu olhar se volte
contra eles para que todos pereçam." Os homens, porém, pressentindo o
perigo, fugiram para as montanhas. E os deuses disseram a Ré: "Deixa
que o teu Olho vásozinho; que ele desça sob a forma de Hator.Secmet". O
Olho transforlnou.se na deusa Hator-Secmet; esta desceu para as montanhas,
onde estavam os homens, e, durante muitas noites e muitos dias, fez terrível
carnificina. Ré assustou-se com a fúria sanguinária de Hator-Secmet; já que a
justiça fora cumprida, cumpria-lhe, agora, salvar o resto da humanidade.
Como, porém, deter o braço feroz da cruel guerreira? Como apaziguar a sede de
sangue que abrasava a deusa que já conhecia o sabor do sangue humano? Mandou
Ré que se preparassem sete mil bilhas de licor inebriante, de cor vermelha, e
que estas fossem derramadas no vale que ficou cheio até quatro palmos de
altura. O artifício deu resultado. A deusa bebeu do líquido, e em tal quantidade
que não distinguia nem os homens que junto dela se achavam. Então Ré chamou:
"Vem em paz, graciosa deusa, vem!" E ela tornou a entrar no palácio
dos deuses. Entretanto Ré se desgostara com a humanidade e desejava abandonar
as plagas terrestres. O deus Nun convenceu-o a se instalar perto da vaca Nut.
Quando chegou a manhã, os homens novamente começaram a murmurar; a vaca,
então, com o deus sobre o dorso, transformou-se no Céu. Ré manifestou sua
satisfação por se ver localizado tão alto; mas, percebendo que a vaca tremia
de medo, encarregou os génios de lhe servirem de suportes, pondo um ao lado
de cada uma das suas patas. Além disso ordenou que Su, o deus da Atmosfera,
se colocasse sob o ventre da vaca e lhe segurasse o corpo com seus braços
estendidos. Este mito é uma variante do que explica a formação e a
estrutura do Universo. O mito da destruição da humanidade apresenta Hator sob
aspecto pouco simpático; é a deusa assassina e sedenta de sangue; neste
particular está associada com a feroz Secmet com cabeça de leoa. Mas a deusa Hator, que ocupa lugar de destaque no panteão
egípcio, apresenta, comumente, instintos menos sangüinários; o nome Hator
significa" A Casa de Horo". Apresenta.se como uma vaca ou sob os
traços de uma mulher com chifres de vaca. Provavelmente, na origem, Hator
era uma divindade local; muito cedo ascendeu ao posto de divindade cósmica;
confunde-se, pois, com Nut, que também aparece sob a forlna de vaca. Na qualidade
de deusa do Céu, naturalmente se transforma em mãe e carregadora do Sol, cujo
disco, quase sempre, se ergue entre os cornos da vaca. Foi em virtude do seu
carácter cósmico ou da sua associação com a lenda do Olho solar, que ela se
transformou em "Senhora Dos Países Estrangeiros"? Não o sabemos com
segurança. Certo é, porém, que seu patrocínio se estende sobre longínquas
regiões, para onde o faraó mandava suas expedições, como Biblos, na costa da
Fenícia, ou nas minas de turquesa da península do Sinai ou mesmo no
misterioso país de Punto, situado, talvez, não longe da região dos somalis.
Mas era no Egito Que Hator tinha seus principais santuários. Em Denderah,
onde seu templo ainda existe, ela estava Intimamente associada a Horo.
Anualmente, por ocasião da grande festa de Edfu, Horo unia-se a Hator. Em
Tebas consideravam-na principalmente como protectora das necrópoles; do
fundo da sua morada rupestre acolhia os defuntos e lhes assegurava feliz
porvir. Pois Hator, antes de tudo, era deusa amigável e prestativa. Presidia à música e à dança, assim como ao amor, facto que
fez com que os gregos a identificassem com Afrodite. Auxiliava, igualmente,
às parturientes, e tinha sob suas ordens um grupo de sete deusas feitas à sua
imagem; estas a secundavam nas suas actividades de ama e desempenhavam junto
do berço dos recém-nascidos o papel que atribuímos às nossas fadas. Sob este
aspecto veremos Hator e seu séquito intervir no nascimento divino do faraó.
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