MITOS E MITOLOGIA MITOLOGIA
Egípcia
O SINCRETISMO RELIGIOSO Para simplificar o exposto de um problema assaz complexo, diremos
que o sincretismo egípcio nasceu de dois grandes factores: de um lado a
centralização política do Estado (nascido em vir. tude da justaposição de
multidões de clãs tendo cada um sua vida religiosa e seus cultos
particulares); de outro lado, a evolução da idéia de Deus. A vida histórica do Egipto pôs em contacto, num mesmo
Estado, submetido a contingências económicas, a crenças gerais, a um regime
político comum, agrupamentos humanos cujos cultos, desde tempos imemoriais,
tiveram, sempre, forma independente. A esse mosaico de concepções e de
formas divinas sobrepuseram, conforme a evolução da vida política do país ou
das crenças populares, cultos que se poderiam chamar "nacionais": o
de Ré, o Sol, desde a V dinastia; o de Osíris, a partir do Primeiro Período
Intermediário; o de Amon, a partir do Império Médio. Ora, no Egito, é fato
sabido, nada se substitui, tudo se justapõe. Em todos os lugares onde os
cultos mais gerais se introduziram, não ocuparam os lugares dos antigos
deuses: sobrepuseram-se a eles; os deuses assim conquistados, enriqueceram-se
com novos aspectos; os deuses conquistadores, por seu turno, modificaram-se,
guardando, para ulteriores conquistas, um pouco dos aspectos das divindades
que acabavam de recobrir. Â esse primeiro aspecto, histórico e político, se deve
ligar a sorte de Osíris, assimilando sucessivamente Andjti, Socáris,
Quentamentiu; a de Ré, ajuntando-se a uma longa série de deuses: Amon-Ré,
Sobec-Ré, Cnum-Ré... Da multidão de "deuses únicos" da pré-história,
nasceu, no Estado egípcio, multidões de cultos paralelos. Progressivamente,
então, desenvolveu-se a distinção entre o deus e a sua manifestação
sensível: A estátua, ou a imagem do culto, não é senão um aspecto que fixa,
em algum ponto do território, a presença divina e universal. A partir desse
momento, tornou-se possível crer numa omnipresença real do deus, cujas formas
locais eram apenas aspectos que se completavam. O sincretismo não é mais, nesses condições, que a tomada de
consciência de um transbordamento, fora das formas nas quais o queriam
cerrar, da força divina; justapondo, em figuras "pânteas", os nomes
e as formas físicas de várias divindades, não se fez mais que exprimir, sob
forma perceptível, a convicção da omnipresença da divindade -de uma mesma e única
divindade incognoscível - em todas as suas manifestações terrestres, por
mais diversas que fossem. Esse sincretismo tornou-se, na Baixa Época, muito geral;
deve-se a ele a surpreendente mistura de atributos e de epítetos que
"unifica" a maioria das deusas egípcias, que faz de todos os
deuses-meninos réplicas de Harpócrates, e agrupa, nas figurinhas
mágico-protetoras, os atributos de uma dezena ou de. uma dúzia de deuses
inicialmente distintos. Dele procedem, Igualmente, as litanias que enumeram
os múltiplos aspectos individuais sob os quais um mesmo deus, que está
presente em todas essas formas, mas as transcende, igualmente, a todas, se
manifesta através do país. O sincretismo se exerceu, principalmente, em favor das
divindades que representam as forças da natureza ou as principais funções da
vida. Pelo fato mesmo da sua universalidade, elas foram reconhecidas desde
todas as idades pelos habitantes de todas as partes do país, sob formas que,
embora diversas, se prestavam admiravelmente para formar um todo. O amálgama
produzir-se-á naturalmente entre os deuses da Vegetação e os da Fecundidade e
as deusa-mãe. A deusa tsis, mãe de Horo, poderá ser assimilada a Hator, a
deusa-vaca, a Necabit, a deusa tutelar de EI-Cab.. e também a Mut, a deusa
tebana, cujo nome, aliás, 'significa a "Mãe". Mas, sem dúvida, os que mais sofreram o sincretismo foram
Ré, o deus solar, e Osíris, o deus fúnebre ou funerário. O deus-Sol, revestido, mais que nenhum, de atributos universais,
logo será assimilado a todos os deuses que aspiram ao primado. Já em
Heliópolis se tinha operado a ligação entre Ré e Atum de um lado, entre Ré e
Horo-do-Horizonte de outro. Em virtude do mesmo princípio, o deus-crocodilo
de Faium se chamou Sebec-Ré, o deus-falcão Montu, do nome tebano, Montu-Ré, o
deus-carneiro Cnum, de Elefantina, Cnum-Ré, e assim por diante. Osíris, logo
que foi elevado ao posto de rei e deus dos Mortos, atraiu na sua esteira uma
infinidade de deuses funéreos. Em Abidos suplantara o deus Quenti-Imentiu, o
"Chefe dos Ocidentais"; em Mênfis assimilou-se com Socáris, o
antigo deus da necrópole local. Às vezes é suficiente que as divindades tenham a mesma
aparência para que logo sejam confundidas. O exemplo mais característico é
fornecido pelos deuses-falcões, quase todos susceptíveis de se transformarem
em Horo. Da mesma maneira, as deusas-vacas logo serão assimiladas a Hator. Essas fusões convinham perfeitamente ao espírito egípcio,
para o qual, a associação de imagens ocupava o lugar do laço .lógico;
tratava-se, segundo as concepções egípcias, de aspectos diferentes da mesma
realidade. Na verdade, o sincretismo serviu para misturar, de maneira
inextricável, concepções que nada tinham em comum. Daí o fato de a mitologia
egípcia parecer, às vezes, disparatada e incoerente. Para
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