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Santo André Kim Taegon
e companheiros mártires
Os 103
mártires coreanos
+1846
20 de Setembro
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A Igreja coreana tem, talvez, uma característica única no
mundo católico. Foi fundada e estabelecida apenas por leigos. Surgiu no
início de 1600, a partir dos contatos anuais das delegações coreanas que
visitavam Pequim, na China, nação que sempre foi uma referência no Extremo
Oriente para troca de cultura.
Ali os coreanos tomaram conhecimento do cristianismo. Especialmente por meio
do livro do grande padre Mateus Ricci, "A verdadeira doutrina de
Deus". Foi o leigo Lee Byeok que se inspirou nele para, então, fundar a
primeira comunidade católica atuante na Coréia.
As visitas à China continuaram e os cristãos coreanos foram, então,
informados, pelo bispo de Pequim, de que suas atividades precisavam seguir a
hierarquia e organização ditada pelo Vaticano, a Santa Sé de Roma. Teria de
ser gerida por um sacerdote consagrado, o qual foi enviado oficialmente para
lá em 1785.
Em pouco tempo, a comunidade cresceu, possuindo milhares de fiéis, Porém
começaram a sofrer perseguições por parte dos governantes e poderosos,
inimigos da liberdade, justiça e fraternidade pregadas pelos missionários.
Tentando acabar com o cristianismo, matavam seus seguidores. Não sabiam que o
sangue dos mártires é semente de cristãos, como já dissera o imperador
Tertuliano, no início dos tempos cristãos. Assim, patrocinaram uma verdadeira
carnificina entre 1785 e 1882, quando o governo decretou a liberdade
religiosa.
Foram dez mil mártires. Desses, a Igreja canonizou muitos que foram agrupados
para uma só festa, liderados por André Kim Taegon, o primeiro sacerdote
mártir coreano. Vejamos o seu caminho no apostolado.
André nasceu em 1821, numa família da nobreza coreana, profundamente cristã.
Seu pai, por causa das perseguições, havia formado uma "Igreja
particular" em sua casa, nos moldes daquelas dos cristãos dos primeiros
tempos, para rezarem, pregarem o Evangelho e receberem os sacramentos. Tudo
funcionou até ser denunciado e morto, aos quarenta e quatro anos, por não
renegar a fé em Cristo.
André tinha quinze anos e sobreviveu com os familiares, graças à ajuda dos
missionários franceses, que os enviaram para a China, onde o jovem se
preparou para o sacerdócio e retornou diácono, em 1844. Depois, numa viagem
perigosa vivida, tanto na ida quanto na volta, num clima de perseguição, foi
para Xangai, onde o bispo o ordenou sacerdote.
Devido à sua condição de nobre e conhecedor dos costumes e pensamento local,
obteve ótimos resultados no seu apostolado de evangelização. Até que, a
pedido do bispo, um missionário francês, seguiu em comitiva num barco
clandestino para um encontro com as autoridades eclesiásticas de Pequim, que
aguardavam documentos coreanos a serem enviados ao Vaticano. Foram
descobertos e presos. Outros da comunidade foram localizados, inclusive os
seus parentes.
André era um nobre, por isso foi interrogado até pelo rei, no intuito de que
renegasse a fé e denunciasse seus companheiros. Como não o fez, foi
severamente torturado por um longo período e depois morto por decapitação, no
dia 16 de setembro de 1846 em Seul, Coréia.
Na mesma ocasião, foram martirizados cento e três homens, mulheres, velhos e
crianças, sacerdotes e leigos, ricos e pobres. De nada adiantou, pois a jovem
Igreja coreana floresceu com os seus mártires. Em 1984, o papa João Paulo II,
cercado de uma grande multidão de cristãos coreanos, canonizou santo André
Kim Taegon e seus companheiros, determinando o dia 20 de Setembro para a
celebração litúrgica.
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