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SAÚDE & PSICOLOGIA *** IDOSOS Violência contra os
mais velhos. Uma realidade escondida. Estudos recentes revelam que o
fenómeno da violência contra as pessoas idosas está a aumentar em Portugal.
Num primeiro plano, esta problemática relaciona-se com a condição do idoso na
sociedade actual. Nas sociedades contemporâneas há uma certa desvalorização
da experiência e sabedoria dos mais velhos como reflexo de uma crescente
perda da tradição e dos valores morais. O estatuto social do idoso está
fragilizado e os estigmas sobre a velhice ameaçam transformar o idoso num ser
descartável. O próprio idoso, por pressão do estigma, sente-se muitas vezes
ultrapassado, acha que já teve a sua época e que agora não serve para mais
nada. A negação social do direito à existência é uma das mais graves formas
de violência e é perpetrada pelo próprio idoso em relação a si mesmo e pela
sociedade. Quando se fala em violência
contra o idoso muitas pessoas pensam logo em espancamentos, torturas,
privações e aprisionamento (que infelizmente são comuns), mas para além
destas existem muitas outras situações de violência que são complexas, de
difícil diagnóstico e prevenção. Os agressores mais frequentes dos
idosos são os seus cuidadores, muitas vezes, familiares próximos. Na grande
maioria dos casos o agressor é o companheiro(a) ou os seus próprios filhos. São variadíssimas as formas de
violência a que o idoso dependente está sujeito: maus
tratos e abusos físicos, maus tratos psicológicos, negligência por
abandono, negligência medicamentosa ou de cuidados de saúde, abuso sexual,
abuso material e financeiro, privação e violação de direitos humanos. Os maus-tratos contra os idosos
praticados pela família e pelos cuidadores são muitas vezes agravados pela
falta de preparação, e pouca sensibilização para a velhice. Quanto maior for
o índice de dependência do idoso e a precariedade social, mais provável é
ocorrerem situações de maus-tratos. Quem conhece a realidade institucional
não legalizada (e por vezes até algumas legalizadas) sabe que não são raras
as situações em que se verifica um completo desrespeito pela dignidade do
idoso mais dependente, sobretudo no que concerne à satisfação de necessidades
fisiológicas básicas, cuidados primários de saúde e higiene e o tão essencial
contacto humano. O abandono, a desqualificação da
sua personalidade e experiência, a infantilização, o atropelamento ao direito
de ser ouvido, a negação de um espaço físico onde se possa sentir seguro, ou
a interdição para a administração dos seus próprios bens, são formas comuns
de violência contra os idosos. A superprotecção
também pode ser uma forma dissimulada agredir, impedindo o idoso de fazer
coisas para as quais tem condições plenas. As diferentes formas de violência
alimentam sentimentos de culpa, de solidão, de dependência, de inutilidade, e
aumentam o desamparo, a confusão e a dúvida nos julgamentos e juízos sobre
mundo que rodeia o idoso. Tudo isto se traduz numa perda da auto-estima. Algumas pessoas acreditam que
providenciar tratamento e medicação adequados é suficiente para preservar a saúde
e o bem-estar dos seus familiares mais velhos. Mas providenciar tratamento e
medicação não chega. É preciso fazer mais e melhor! Não adianta tentar
aliviar a consciência dando o melhor tratamento médico, quando se nega um
carinho, uma visita ou um telefonema. O acompanhamento, a estimulação, o amor
e a atenção oferecem ao idoso a oportunidade de ser útil a si mesmo e aos
outros, de se divertir, aproveitar a vida, em suma, de viver. É preciso mudar esta mentalidade
voltada para a morte. Temos que transformá-la num maior investimento na
melhoria da qualidade de vida do idoso, estimulando-lhe o prazer e a alegria
em estar vivo. Segundo o Instituto para o
Desenvolvimento Social, quanto maior for o conhecimento, esclarecimento e a
discussão das questões relacionadas com a violência, melhor será a prevenção,
a identificação e a actuação nas suas várias manifestações. O problema da violência contra os
idosos é um problema de todos nós e não só dos idosos. A degradação da
qualidade de vida dos idosos espelha as nossas falhas e a nossa fuga perante
o envelhecimento. É necessário revalorizar o papel do idoso na vida social,
familiar, económica e política, e criar oportunidades para que utilizem as
suas capacidades em actividades que dignifiquem a sua existência. Respeitar a
individualidade, não infantilizar, não os tratar como doentes ou incapazes,
oferecer cuidados específicos para a sua faixa etária, preservar a sua
independência e autonomia, ajudar a desenvolver aptidões, ter paciência com a
lentificação do ritmo na realização das tarefas,
trabalhar as suas perdas e os seus ganhos, promover a estimulação bio-psico-social. Isto, só é possível com o alargamento
do espaço de intervenção social, o desenvolvimento de respostas
especializadas e a formação continua de técnicos neste domínio. Temos que caminhar no sentido de
proporcionar ao idoso uma velhice serena como prolongamento normal de
existência. Devemos evitar as separações forçadas do próprio meio e dar
sempre, aos mais velhos, a possibilidade de desenvolverem iniciativas e
actividades que sejam compatíveis com as suas condições física e psíquica. Por Dr. J. Miguel Rebelo (E-mail: j08rebelo@gmail.com) (Artigo
elaborado pelo Dr. J. Miguel Rebelo, psicólogo, para o Portal de Astrologia e
Esoterismo.) PARA: Continuar a leitura: Psi-Idosos – Ver
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