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…….. . Magia sexual Bases metafísicas da Magia Sexual Existe um talismã
de aplicação universal. No reino elemental ele é representado por pyramis, o
fogo; em termos geométricos, pela pirâmide ou triângulo; e em termos
biológicos, pelo falo. Como o sol irradia vida e luz através do sistema
solar, assim também o falo irradia vida e luz sobre a terra e , similarmente,
subordina; se a um poder maior do que ele mesmo. Pois assim como o sol é um reflexo
de sírius, assim também o falo é o veículo da vontade do mago. No não iniciado, o
poder fálico opera independente mente de seu possuidor e, freqüentemente, em
desarmonia com o mesmo. Ele funciona caprichosamente, sem relação como
indivíduo. O poder fálico possui o indivíduo e não vice-versa. No caso do
iniciado, entretanto, a posição é inversa. A O.T.O. possui o conhecimento
secreto da retificação e os meios de liberação do cativeiro do instinto
degenerado. Ela instrui o operador no uso apropriado do fogo elemental, a
correta construção da pirâmide, o empunhar bem-sucedido da baqueta mágica. O controle do fogo
elemental envolve a inibição dos resultados físicos habituais quando da união
sexual. A libido não é "aterrada", mas direcionada pela vontade para
encarnar numa forma especialmente preparada para sua recepção. Liber Agapé, o
enquirídio do Soberano Santuário da Gnose da O.T.O., demonstra como a magia
sexual está baseada na assunção de que nenhuma causa pode ser impedida de um
efeito. Se o efeito natural for anulado , a descarga de energia não é
perdida, e ela forma uma imagem sutil ou astral da idéia dominante na mente
quando do clímax do coito. Habitualmente esta idéia é um pensamento de
luxúria, e por causa disso uma tendência ou hábito se fixa na mente, que
consequentemente se torna cada vez mais difícil de controlar. Esta tendência
deve ser, portanto, destruída. A exaltação mental
gerada por um orgasmo magicamente controlado forma um portal de passagem
reluzente semelhante a uma lente por onde flui o vívido imaginário astral da
mente subconsciente. Imagens específicas são evocadas e "fixadas";
elas se tornam instantânea e vivamente vivas. Como a presença luminosa delas
é obsessiva, salvaguardas mágicas são essenciais para compensar uma real
obsessão. Esta imagens são elos dinâmicos com os centros mais profundos da
consciência e atuam como chaves para experiência ou revelações que formam o
objetivo da Operação. Encarnar tais experiências é o objetivo da magia
sexual. É necessário, portanto , formular a vontade com grande cuidado e com
estrita economia de meios. Não deve haver nada na mente no momento do orgasmo
exceto a imagem da "criança" que se pretende dar a luz. Condenações contra
a masturbação, o onanismo, o coito interrompido, a karezza e outros métodos
aparentemente estéreis de utilização da energia sexual baseiam-se logicamente
no reconhecimento (ainda que este reconhecimento possa ser conscientemente
irreconhecido) da natureza sacramental do ato procriativo. Conclusões
errôneas obtidas pela apreensão incompleta dos fatores envolvidos levaram, no
passado, à admoestações do tipo "fogo e enxofre", dirigidas contra
os "abusos" que , neste tempo, acreditava-se levarem a degeneração
do sistema nervoso, à cegueira, à paralisia e a insanidade. Na verdade, nada
da energia é perdida, embora ela não consiga encontrar um campo de operação
na matriz que a natureza promoveu a ela. Ela produz, ao
invés de uma prole física, fantasmas compostos de matéria tênue. Através da
prática deliberada e persistente de tais "abusos", entidades
qlifóticas são engendradas; elas vampirizam a mente e se alimentam de fluidos
nervosos. Crowley menciona
que: "Os antigos rabinos judeus sabiam disso e ensinaram que, antes que
VA fosse dada a Adão, o demônio Lilite foi concebido pêlos respingos de seus
sonhos de modo que as raças híbridas de sátiros, elos e outros parecidos
começaram a povoar aqueles lugares secretos da terra que não são sensíveis
aos órgãos do Homem Comum". Muitas
dissertações longas e tediosas sobre a possibilidade de uma
"feiticeira" dando à luz a prole, após a união com o diabo na forma
de um incubo, deveriam ser entendidas no sentido de que filhos nascem de tais
uniões, embora não sejam filhos físicos. Qualquer descarga
de energia, de qualquer natureza, tem um efeito em todos os planos. Se os
resultados em um plano são impedidos – como aconteceria no caso do íncubo –
eles aparecem, então em outro [plano]. De acordo com
antigas autoridades em Feitiçaria, íncubos e súcubos eram personificações do
próprio diabo. O diabo é sinônimo do espírito criativo do homem. Crowley vai
mais longe ao declarar que "o sátiro é a verdadeira natureza de cada
homem e cada mulher". O íncubo ou súcubo é a exteriorização, ou
extrusão, do sátiro em cada indivíduo. Ele representa a vontade subliminar;
Ele representa a Vontade subliminar; na verdade, [ele representa] o Ser Anão
ou Sagrado Anjo Guardião. Ele é o princípio
no homem que é imortal e inextricavelmente ele possui estreita ligação com a
sexualidade que , por sua vez, é a chave para sua natureza e os meios de sua
encarnação. No antigo Egito,
tumba e útero eram termos intercambiáveis. O útero levava ao nascimento no
mundo material, a tumba, no mundo espiritual. As idéias de
ressurreição e re-ereção era m também intercambiáveis. O falo ereto, ou
erguendo-se, simbolizava a ressurreição para a nova vida no mundo espiritual;
ele significava também a habilidade de viver e de trazer a vida novamente;
dizia-se que ele "morria" no ato de transmitir o princípio vital, a
sua Palavra, a sua Verdade. Numa lenda egípcia
da criação, gravada no papiro de Nesi Amsu, o deus do sol Atum é descrito
como tendo pressionado seu membro com sua mão e realizado seu desejo,
produzindo assim seus dois filhos Shu e Tefnut. Estas crianças
representam os princípios místicos do fogo e da água, calor e umidade,
necessários para materializar o espectro; a matriz [representa] o útero úmido
– ou "súcubo" – através do qual a energia é transmitida aos planos
sutis. O Deus Kefra
também está gravado no mesmo papiro como tendo tido uma união com sua mão e
tendo abraçado sua sombra num "abraço de amor". A sombra é o
súcubo. Na tradição
rabínica, seu nome é Lílite; ela foi a primeira mulher de Adão e foi criada
da substância de sua imaginação. Em um manuscrito da Aurora Dourada [Ordem
Goldem Dawn] intitulado "A Mercará", ela é descrita como "uma
mulher bonita por fora mas por dentro, corrupta e putrefata". Eva e Lílite não
são duas criaturas diferentes, mais dois aspectos de uma única entidade. O
aspecto brilhante, solar, criativo, angélico foi chamado Eva (uma forma da
divindade criadora IHVH – Iavé [YOD – HEH - VAV – HEH];o aspecto lunar,
corrupto, demoníaco foi chamado Lílite. Ela estrangulava
almas com seu abraço ou com o enlace de um único fio de cabelo. Ela era
chamada de mulher-serpente por causa de sua conexão com a corrente lunar da
periodicidade, simbolizada por sua capacidade de assassinar
"crianças" tão logo eram concebidas; mais tarde ela se tornou a
deusa da Feitiçaria, a magia da noite (ou seja, da escuridão: magia negra),
em oposição à magia do dia (ou seja, magia solar ou branca). Estes aspectos
gêmeos do Sagrado Anjo Guardião – o bom e o mau dáimon – parecem fascinantes
e terríveis por vezes, do mesmo modo que a deusa káli aparece aos seus
devotos como a gentil Durga ou a terrível Bhavani. Consideradas
misticamente, eles são duas entidades subjetivas, aspectos da consciência que
podem ser vitalizados por métodos mágicos apropriados. Eles são companheiros
vagos e esfumaçados que respondem às mais tênues evocações do sistema
nervoso. Num sentido
espiritual, eles podem ser considerados como guias da alma pelas trilhas
luminosas e obscuras de Amenti. A evocação do
companheiro obscuro para fins pessoais é citada por J. Marques-Rivière
("Ioga Tântrica"): "Eu fui capas de conhecer pessoalmente o
apetite sexual anormal e absolutamente depravado destes falsos iogis. O método usado é
chamado de Praioga, através do qual é possivel visualizar e animar certas
entidades femininas que são chamadas de Súcubos. "Arthur Avalon também
se refere a um processo análogo de magia negra sexual em "O poder da
serpente": "Aqueles que
praticam a magia do tipo mencionado, trabalham apenas com o centro mais
baixo, recorrem à Praioga, que conduz à Mayika Siddhi, por meio da qual é
efetuado o relacionamento com espíritos feminos e similares." Crowley dá um
método de gerar tais companheiros que envolve o uso do Sistema Enoquiano de
Dee (John) e Kelley. Tais elementais, ou espíritos familiares, devem, diz
ele, ser tratados com gentileza e firmeza. [nota digitador: em outro texto,
diz que deve ser tratado como se trata um cão fiel]. Os melhores tipos
de "espírito" são os espíritos das Tábuas Elementais de Dee e
Kelley divisaram para a conjuração de servidores mágicos. Estes servidores
são "fiéis e perfeitos em sua natureza, afeiçoando-se a raça humana. E
se não são tão poderosos quanto , são menos perigosos que os Espíritos
Planetários." Crowley os conjurou através das Chaves ou Chamados de
Enoque (Ver o Equinox , Vol. I. nos 7 e 8). Depois dos chamados, ele
realizava um ato de magia sexual como descrito no papiro Nesi Amsu, deixando
o sêmen cair sobre as pirâmides de letras, formando os nomes dos espíritos
que ele estava conjurando e sendo preservado dentro delas. Em 1945, o então
chefe de uma loja da O.T.O. , na Califórnia, realizou com sucesso uma
operação similar, mas com resultados desastrosos para ele mesmo (ver o
capítulo 9). Grande parte da
magia de Crowley era realizada no plano astral e normalmente envolvia alguma
forma de intercurso sexual: "a única
operação "física" realmente fácil que o corpo de luz pode realizar
é o Congressus Subtilis. As emanações do "corpo de desejo" do ser
material que se está visitando são, se a visita for agradável, que
espontaneamente se ganha substância no enlace. Há muitos casos registrados de
crianças que nasceram como o resultado de tais uniões." Estas
"crianças" eram elementais ou companheiros. Se
"crianças", eles atuam como servidores, como o familiar de uma
feiticeira; se companheiros, atuam como elos através dos quais ele era capas
de se comunicar com habitantes dos reinos astrais consoantes com a natureza
do súcubo. Desta forma, Crowley ganhou acesso direto a regiões escondidas dos
ocultistas, utilizando as velhas técnicas cerimoniais de evocação.
Isto também possibilitou, em muitos casos, que ele dispensasse um médium
entre ele próprio e as entidades contatadas, pois pela união sexual com uma
entidade não terrestre, ele era capaz de entrar no fluxo de contatos
não-humanos sobre os quais Dion Fortune faz menção freqüentemente. O "corpo de
luz" é assim chamado porque era sabido desde antigamente que o homem
ressucitava, não em seu corpo físico (como acreditam os cristãos), mas num
veículo mais tênue e etéreo que se erguia da escuridão da morte, o abismo,
assim como as estrelas que se erguem resplandecentes acima do horizonte. O corpo astral ou
fantasma era o tipo mais antigo de ressurreição porque – de acordo com a
doutrina egípcia – quando a múmia se transformava no submundo de Amenti,
quando então ela se espiritualizava ou "obtinha uma alma entre as
estrelas do céu", ou indivíduo se erguia de novo no horizonte como a
constelação de Órion – a estrela de Hórus - o Sahu, ou corpo glorificado
ressurrecto eternamente nos campos de Sekhet Aarhu (espaço da eternidade). Órion representava
o Hórus reerguido (o defunto glorificado) há pelo menos 6 mil anos, quando a
Estrela (corpo astral) erguia-se da morte escura no Oeste, o submundo de
Amenti (Ver O livro dos Mortos, Capítulo LXXXIX, etc.). O corpo estelar ou
astral é também chamado de Corpo de Desejo, porque ele é o veículo da
sensibilidade no organismo humano. Este corpo foi atribuído ao mais antigo
deus estelar, Set, que era também um deus do fogo. A Hórus, seu irmão gêmeo,
foi atribuído o corpo espiritual representado pelo Sol. A ligação entre
deuses estelares – ou do fogo – e o sol é a corrente lunar tipificada por
Tot, Senhor da Magia e Escriba dos deuses. Tot é sagrado para o jovem deus
Khonsu, de quem Crowley, como um mago, afirmava ser um avatar,
identificando-se assim como um elo entre a Besta (Set, Senhor as estrelas) e
o Anjo(Hórus, Senhor do Sol). Como o sexo é a
mola mestra do corpo astral, foi através de seu uso que Crowley cumpria
grande parte de sua magia nos planos sutis. "Nenhuma
causa pode ser impedida de seu efeito, e se o efeito for impedido de se
manifestar em um plano, ele o fará em um outro. E em sua manifestação
secundária que o perigo espreita o praticante não iniciado, porque nesta fase
ele gera uma imagem corrompida da Vontade. Para evitar isto, a Vontade deve
ser tão firme como uma chama num local sem vento. O menor tremor e a imagem
oscila. Eis porque a prática intensa da concentração mental é essencial. A
mente e a vontade devem estar unidas e funcionar unicentradamente. Quando a
imagem é distorcida, ela produz uma cria alienígena e parasítica que
sobrevive da energia vital da pessoa que a trouxe à existência. Com cada novo
ato sexual a criatura ganha poder; ela se torna um vampiro, obsediando o
indivíduo e levando-o a ações de crueldade ou luxúria das quais normalmente
ele seria incapaz. Éliphas Lévi descreve bem a situação: "Quando
alguém cria fantasmas para si próprio, ele coloca vampiros no mundo e deve
nutrir estes filhos de pesadelos voluntários com o seu sangue, sua vida, sua
inteligência e sua razão, sem jamais satisfazê-los." (A Chave dos
Mistérios, tradução de Crowley). Se corretamente
utilizada, entretanto, não há limite para o que se pode conseguir através do
controle mágico da corrente sexual. Crowley escreveu: "Eu não sabia, até
junho de 1912, da tremenda importância do conhecimento detido pela O.T.O. e,
mesmo quando soube, não me dei conta dele." Quando a Primeira
Guerra Mundial eclodiu, Crowley suspeitou que o fim da civilização era
iminente. Ele baseou suas suspeitas no texto do terceiro capítulo de O Livro
da Lei. É interessante ver o que ele escreveu a Frater Achad (Charles
Stansfeld Jones, de Vancouver). Achad estava para se tomar a prova viva de
que O Livro da Lei havia sido comunicado a Crowley por uma Inteligência
preter-humana, demonstrando assim que a consciência pode se manifestar, e
realmente se manifesta, independentemente do homem (isto é, da estrutura
cerebral e nervosa do homem): "Em vista do
iminente colapso (isto é, da ordem atual do mundo), não seria essencial
selecionar um número de homens adequadamente treinados e confiar-lhes os
segredos dos quais dispomos? Meu conhecimento da técnica aumentou grandemente
desde que escrevi meu Comentário ao Nono Grau. A suprema
importância deste assunto jaz nas considerações seguintes. As descobertas da
Ciência no século passado ou no atual têm sido semelhantes a este respeito,
[ou seja] que todos estão afastados da Virtude. Elas podem ser
igualmente utilizadas por homens vulgares, freqüentemente por homens
meramente brutais, sob o controle de mestres vis e ignóbeis. O resultado é o
que vemos. Mas através da
O.T.O. nós possuímos uma forma de energia mais forte e mais sutil do que
qualquer outra já conhecida; e sua virtude é que ela não pode ser empregada
com sucesso por homens ignorantes das leis espirituais e não treinados pelos
métodos espirituais. O ser mais maligno da humanidade é capaz de se
concentrar, o que é um fato essencial no sucesso. Mas, apesar de
devermos fazer tudo o que pudermos para guardar o segredo das mentes
incapazes, não podemos negar que ele já seja amplamente conhecido, pelo menos
de formas grosseiras e errôneas. Devemos confiar no fato natural de que a
técnica da Virtude deve necessariamente prevalecer. Ainda que aconteça
o pior, eu acho que seria melhor que o mundo fosse regido por Lojas Negras e
Brancas do que, como agora, seu governo não passasse de mera confusão. Por
conta disto eu não vou me eximir da responsabilidade de usar este grande
Segredo para determinar a direção na qual a esfarrapada árvore da civilização
deva cair. É prioritário em tais questões que eu solicite a Sabedoria dos
Irmãos Anciãos. Dada a aprovação
Deles, deveríamos encontrar pouca dificuldade em selecionar e treinar número
suficiente de homens para estudar, desenvolver e aplicar esta energia." O Comentário sobre
Líber Ágape (mencionado na carta acima) refere-se ao conhecimento secreto
sobre o qual o Soberano Santuário da Gnose, IXº O.T.O. está constituído. O
que Crowley não explicou no Comentário foi o papel representado pela shakti,
ou a parceira feminina, selecionada para ajudar no ritual. Vinte anos de
pesquisa independente com a fórmula do IXº me convenceram de que Crowley não
estava plenamente ciente da parte representada pelos kalas místicos, ou
vibrações vaginais, emanados das shaktis utilizadas no rito. A natureza dos
kalas forma uma parte altamente técnica da doutrina tântrica. E evidente
pelos seus diários, cartas e ensaios que Crowley estava ciente da importância
da parceira durante os ritos sexuais. Ele diz, por exemplo: "Eu estou
convencido que uma importante consideração é aquela da parceira, e isto ...
está além do controle da consciência. Ao realizar trabalhos cerimoniais
comuns em tempos passados, eu costumava achar que algumas pessoas pareciam
ter a faculdade de conseguir que as coisas acontecessem no plano material, e
isto instantaneamente. Normalmente, elas
não podiam fazer nada por si próprias; elas não eram nem mesmo clarividentes,
mas comigo a dirigi-las, os fenômenos começavam a ocorrer de imediato." Discutindo a
adequabilidade da parceira numa carta datada de 1938, ele diz: "Eu não
acho que os tipos finos (de mulheres) sejam muito bons; as grosseiras são as
melhores. Pessoas cujos instintos procriadores são naturalmente excessivos,
mas que se volveram por uma ou outra circunstância para canais de
voluptuosidade e extrema libido; por libido eu pretendo usar a palavra
realmente em seu sentido mais amplo — uma intensa e instintiva luxúria por
objetos variados." E em certas
instruções referentes à Operação do IXº, ele escreve: "A escolha de uma
assistente parece ser tão importante que talvez isto deva ser deixado ao
capricho; isto é, à atração subconsciente." Uma pista quanto
ao tipo qualificado de assistente para o papel de Mulher Escarlate é fornecida
em O Livro da Lei, capítulo dois: "Magníficas
bestas de mulheres com longos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas
de cabelo flamejante à sua volta..." Estes epítetos não
são meros dispositivos literários. Eles são cifras dissimulando características
definidas pelas quais o iniciado é capaz de reconhecer a atitude mágica em
certos tipos de mulheres. Os floreados elogios do charme feminino encontrados
em muitos tantras similarmente dissimulam as precisas características
requeridas para uma operação mágica bem-sucedida. Em termos
tântricos, a Mulher Escarlate é Suvasini; literalmente "a mulher que
emana um cheiro adocicado" do Círculo Místico (chacra) que é formado
para o propósito de obter oráculos e tantras. Tantras são coleções de
instruções em magia, comunicadas por inteligências para-terrestres de modo
muito semelhante àquele em que O Livro da Lei foi comunicado a Crowley. Nos tempos
antigos, as sumo-sacerdotisas de Dodona, Delfos e Elêusis cumpriam funções
oraculares similares; elas se tomavam o sagrado Uterus, o Emissor"', da
Palavra. A falta de
informações precisas no que se refere às funções da parceira feminina e a
descoberta por não-iniciados, após a morte de Crowley, de referências em seus
Diários Mágicos a determinadas mulheres, algumas das quais preenchiam, e
outras não, os requisitos necessários ao ofício de Mulher Escarlate, levaram
a uma má interpretação generalizada de suas atividades e de seus motivos. O Chacra Místico,
ou Círculo Mágico dos Tantras, é uma forma simbólica e extemalizada dos
centros sutis do corpo humano. A ioga está repleta de descrições destes
chacras, sete dos quais são de grande importância. Eles foram descritos
detalhadamente em numerosos livros de ioga e anatomia oculta, e ocultistas
como Dion Fortune chamaram a atenção para suas correspondências no sistema
endócrino. Vendo o assunto por este ângulo, muitos fatos interessantes
emergem, alguns dos quais são descritos no Capítulo 4. Os alquimistas
preocupavam-se com o organismo vivo, e suas peculiares potencialidades, não
menos do que os tântricos, sua contraparte oriental. Além disso, foi provado
por experiências científicas que os chacras emanam um poder sutil. Em 1939,
Wilhelm Reich descobriu uma energia radiante em bíons derivados da areia.
Mais tarde, eles foram encontrados no solo, na atmosfera, na radiação solar e
no organismo vivo. Em Aspectos do
Ocultismo, Fortune menciona as. vibrações detectadas na areia. Ela atribui a
estranha influência do Egito à "eletricidade gerada pelas areias sempre
em movimento do grande deserto do Saara, que, assim, muda o índice normal de
vibrações, cujo resultado é uma expansão da consciência". Descobriu-se
que o chacra Ajna, comumente chamado de terceiro olho, consiste de partículas
de uma substância muito fina semelhante à areia, ou a cristais num aparelho
de rádio receptor. A afinidade entre
as secreções das glândulas endócrinas e as vibrações irradiando dos chacras
sutis explorada pelos iogues forma a base da magia sexual que utiliza estas
vibrações de um modo ainda desconhecido para a ciência. Todos os assim
chamados cultos fálicos possuíam originalmente o verdadeiro conhecimento
destas questões, antes que ele fosse perdido ou pervertido pelo uso
impróprio. O que resta da sabedoria antiga é o vestígio somente de ritos
corrompidos e fálicos; são estes, e não as verdadeiras doutrinas, que são
hoje o alvo dos peritos que se auto-denominam "sofisticados" e
"experts iluminados", cuja sabedoria mundana é, de fato, nada
comparável àquela dos antigos. A Tradição Mágica,
a qual incluía o sexo como um meio de consecução espiritual, existia muito
antes dos tempos dinásticos do antigo Egito, e existem antigas referências a
ela nos escritos sagrados da Índia e da China. No Egito, esta
tradição era conhecida como o Culto Draconiano ou Tifoniano. Ela foi a
primeira forma sistematizada dos antigos mistérios africanos. As doutrinas que
os Egípcios elaboraram num culto altamente especializado floresceram mais
tarde nos tantras da Índia, Mongólia, China e Tibete. "O quão paradoxal
possa parecer", escreve Crowley, "os Tântricos são na realidade os
mais avançados entre os Hindus. A essência dos cultos tântricos é que pela
realização de certos ritos de Magia, não apenas se escapa do desastre, mas
obtêm-se bênçãos positivas. O tântrico não é
obcecado pela vontade de morrer. É difícil, não há dúvida, conseguir algum
divertimento na existência, mas ainda assim não é impossível. Em outras
palavras, ele nega implicitamente a proposição fundamental de que a
existência é sofrimento e formula o postulado essencial ... que meios existem
pelos quais o sofrimento universal (aparente na verdade a toda observação
comum) pode ser desmascarado, assim como quando nos ritos iniciatórios de
Ísis, nos antigos dias de Khem (Egito), um Neófito aproximando sua boca, sob
compulsão, das espichadas nádegas do Bode de Mendes, via-se acariciado pelos
lábios castos de uma sacerdotisa virgem desta Deusa, em cuja base do
relicário estava escrito que Nenhum Homem levantou o Seu véu." Crowley sabia que
o ponto crucial do ritual tântrico jaz em sua conexão com o êxtase
magicamente induzido do orgasmo sexual. Orgasmo, no sentido reichiano de um
fulminante paroxismo envolvendo o organismo inteiro, está algumas vezes em
contradição com o conceito tântrico de (a) orgasmo total, ou (b) uma total
ausência de orgasmo; ambas as interpretações foram lidas em textos tântricos. Em ambos os casos,
o orgasmo é comumente visto como fenômeno psicofísico. Mas isto é incorreto.
Reich enfatizou a distinção entre ejaculação e orgasmo, um sendo físico e o
outro, estritamente falando, metafísico. Ejaculação sem
orgasmo é uma ocorrência comum e, como Reich apontou, o orgasmo total é um
fenômeno muito menos frequente. Ele é indubitavelmente bem menos frequente do
que ele supunha. A concepção tântrica do orgasmo em seu sentido diretamente
sexual (pois ele tem outros [sentidos]) é de uma natureza mais compreensível;
ele pode, de fato, ser descrito como parassexual. Ele envolve a shakti
Kundalini, da qual o aspecto sexual é sua forma mais material. A produção
real do sêmen é o produto final, se não o produto-dejeto, que sobrou de uma
corrente de consciência imprópria e incompletamente absorvida. A Corrente da
Consciência é dupla: mágica e mística. A primeira opera nos chacras mais
baixos, a última, nos mais altos. Aquilo que é ejaculado como sêmen é a
energia não absorvida (prana ou ojas), e ele sempre contribui para a criação
de formas materiais, alojadas num útero ou não. Caso contrário, o
transbordamento (como na masturbação, sodomia, felação, etc.) é tomado pelo
astral e por entidades qlifóticas e transformado em organismos já existentes
nos planos sutis. Paracelso
refere-se aos homúnculos (criaturas geradas artificialmente) feitas de
esperma independentemente do organismo feminino e às larvas astrais e
monstros parasíticos construídos da substância de imaginações voluptuosas. O orgasmo pode
ocorrer em qualquer dos seis principais centros do corpo ou em todos
simultaneamente, em cujo caso um sétimo é trazido à existência como o supremo
evento-ato. Ele é representado como existindo, ou vindo a existir, na coroa
da cabeça. Este é o Sahasrarachacra, o lótus de mil pétalas que se diz estar
situado na região da sutura craniana. No momento da morte de um Adepto, ou no
princípio de um transe profundo, a consciência deixa o corpo por este centro. Ela assim o faz
acompanhada de uma indescritível felicidade. A felicidade é a verdadeira
natureza da Consciência, que se manifesta como Luz. Ela é o orgasmo
ultima do qual todas as manifestações menores são senão sombras, pois este
orgasmo é o Grande Ir, o andarilho sendo a designação especial dos deuses
mais elevados, tanto na tradição do Egito quanto na da Índia. A cruz anca —
ou a tira de sandália — é o seu símbolo, a semente secreta, o andarilho de
vida em vida, o andarilho que transcende a morte completamente. A tira de
sandália, o símbolo do andar e, portanto, do orgasmo, é o glifo de Vênus, a
deusa do amor; ela é o instrumento, no sentido sexual, da transcendência
ultimal da consciência individual. O orgasmo nos vários
centros é o florescer de poderes específicos ocultos na anatomia sutil do
corpo do homem. Os poderes (siddhis) pertencentes a cada lótus são descritos
em qualquer manual de yoga. Quando a Serpente de Poder descarrega-se como
sêmen, os resultados são físicos, em oposição aos [resultados] metafísicos. Em O Livro da Lei,
que pode ser descrito como um tantra moderno, o movimento deste Poder para
baixo e para fora é descrito como resultando em peçonha, isto é, veneno (Hl.)
em oposição ao néctar (^): "Eu sou a
secreta Serpente enroscada prestes a pular: em meu enroscar está o prazer. Se
Eu ergo minha cabeça, Eu e minha Nuit somos um. Se Eu abaixo minha cabeça, e
germino veneno, então é a raptura da terra, e Eu e a terra somos um." Seja qual for a
meta do homem concebida por Reich e outros, para os tântricos a meta é
atingida por uma reversão do processo que leva à substanciação do Poder
gerado durante o orgasmo. No Budismo
Tântrico, por exemplo, ao bodicita (luz da consciência30) não é permitido
formular-se como sêmen; o processo é inteiramente místico, e quando mulheres
participam do ritual, elas são utilizadas para estimular a Kundalini, para
despertá-la do sono no centro mais baixo, antes dela começar sua ascensão. O notório Círculo
Aula dos Vamacarins (tântricos do Caminho da Mão Esquerda), em algumas de
suas divisões, utiliza a fêmea para propósitos similares, mas ela permanece
virgem. Criou-se alguma
confusão devido à natureza curiosamente ambivalente do simbolismo adotado
pelos iniciados orientais. Existem, sem dúvida, algumas divisões tântricas
que de fato expressam a Corrente-Consciência como sêmen e, então,
reabsorvem-no no sistema por um método no qual o pênis é usado como um sifão.
Isto é perigoso, a menos que o praticante seja um adepto. Crowley evitava,
de certo modo, os perigos ao absorver a substância oralmente durante suas
operações mágicas. Para ser
efetivamente utilizada desse modo, a Corrente-Consciência deve ser carregada
pela Vontade do operador no momento de sua transformação em sêmen. É a fusão
total dos princípios ativo e passivo numa explosão deslumbrante de êxtase que
constitui a transubstanciação dos elementos grosseiros do Rito Sagrado nos
sacramentos glorificados do verdadeiro casamento místico. A palavra orgasmo
implica um rito, ou operação, sagrado além também de seu significado
indicatório do paroxismo e expansão emocionais. Os gnósticos chamavam este
rito de Missa do Espírito Santo e as essências masculino-feminina — expressas
em suas formas grosseiras — eram simbolizadas pelo pão e pelo vinho. A Missa
Gnóstica é portanto um eidolon do êxtase, ou orgasmo, metafísico que está
velado sob o símbolo do Espírito Santo, do qual a pomba (o pássaro de Vênus)
é o veículo especial. A pomba é também um símbolo do Jardim do Éden (o Campo
do intercurso de energias ódicas), tipificado e tomado real pela mulher.
Jardim é um dos significados da conhecida palavra para a vulva (conforme
Kent, "o jardim do sul"). Mas uma mulher não está necessariamente
presente no ritual tântrico, não mais do que ela precisa estar presente
quando ocorre o orgasmo sexual. O sonho molhado é
um exemplo disto. Há um despertar no momento crítico, exatamente quando a
Corrente-Consciência começa a fluir para fora do corpo sob a forma de
secreção. A Consciência fluindo para fora é a mente, ou mais precisamente, a
mente em movimento, ou seja, o pensamento. Quando isto ocorre, o sonho (o
estado subjetivo de criação de imagens) passa para o estado desperto (o
estado objetivo de criação de imagens). E nessa junção que o adormecido desperta,
e, por um rápido momento, fica convencido de que estava coabitando com uma
mulher real. Um súcubo foi gerado, uma objetivação — pela luz da consciência
dentro da mente — do desejo da mente, porque a mente sempre assume a forma de
seu objetivo. A experiência é tão vívida quanto como se fosse real. Para o
sonhador, a atividade do sonho é tão real quanto é a vida diária para a
pessoa inteiramente acordada. Quando a corrente
é revertida, a Consciência assume a sua própria forma, que é em realidade
Não-Forma, pois ela é vazia, isto é, além da forma. O vazio é o Atma do
Hinduísmo que é igualado ao verdadeiro princípio imortal, o Verdadeiro Ser.
No estado de vazio, a felicidade pura é experienciada, como no sono profundo
e sem sonhos. Não há nenhum
conhecedor ali, nenhum objeto a ser conhecido, nenhum homem ou mulher, nenhum
sujeito ou objeto. Conseqüentemente, a Consciência assume sua própria
natureza que é auto-resplandescente. Quando esse estado é alcançado
cognitivamente (não se pode dizer "conscientemente", pois não há
jamais um tempo em que a consciência não exista), então o sono profundo se
toma não um esquecimento, mas imediata consciência de si, que é o
Conhecimento Puro cuja natureza é a Felicidade. Por este meio, o
tântrico procura liberar-se da escravidão da matéria, da dualidade do
universo fenomênico e numênico. Ele é um orgasmo da Consciência, um
florescimento da Consciência além de toda dualidade. Edward Carpenter
(O Cimo de Adão para Elephanta, 1892) notou, a propósito de certas doutrinas
hindus, que elas contêm "um vislumbre da profunda verdade subjacente de
que o universo inteiro conspira no ato sexual e que o orgasmo em si é um
flash da consciência universal..." Isto é verdade,
mas não é toda a verdade. A Corrente-Consciência é vista por clarividentes
como um filete de brilho no interior do canal central (espinha) do corpo
humano. Ela pode ser vista como uma trêmula teia de ramos cintilantes
interpenetrando o corpo astral, o Corpo de Luz. A identificação da
Consciência com a Luz é antiga e universal. A frase bíblica declara: "A
luz do corpo é o olho; se, portanto, tiveres um único olho, teu corpo inteiro
estará cheio de luz." O Olho é o símbolo
do Vidente; ele é a consciência que ilumina objetos e toma a visão possível.
Ele é também um símbolo da yoni, a fonte das imagens. Como tal, ele é
idêntico à própria Consciência, sem a qual imagens ou formas não podem
existir. A passagem bíblica refere-se à prática de reter a luz (Consciência)
em seu estado imaculado ou pré-conceptual, impedindo seu fluxo ao exterior e
a fabricação de imagens no mundo material. No momento do
orgasmo uma luz brilhante parece explodir interiormente. E difícil dizer
precisamente aonde isto ocorre; diz-se que [a explosão] pode ser localizada,
pelo observador alerta, em um ou outro dos centros sutis ao longo do canal
espinhal. Dion Fortune chamou a atenção para o fato de que estes centros
aproximam-se de regiões específicas do sistema endócrino e estão conectadas à
produção de secreções endócrinas. Não se deve supor que os chacras respondam
à investigação física, assim como a mente não pode ser descoberta por
cirurgia cerebral. Os chacras existem como realidades em dimensões
extra-físicas, e eles são tão reais em seu próprio plano quanto os sonhos o
são no seu. A polaridade
sexual no seu sentido mais profundo e tântrico é uma forma natural de união
(ioga) usada por Adeptos, Ocidentais e Orientais, para a consecução do
Objetivo último. Paracelso, Lévi, Blavatsky, Hartmann, Fortune e outros
pontilharam seus escritos com pistas, mas coube a Crowley falar plenamente,
desenvolver o relato mais completo e mais sistemático deste caminho ambíguo. A ignorância
geral, os mal-entendidos e as interpretações malévolas de seus escritos
fizeram o melhor que podiam para obscurecer seu propósito, mas agora, mais de
vinte anos depois de sua morte, a situação afinal mostra sinais de mudança. Nos tempos mais
antigos, o fogo do processo criador era identificado com a Besta (conforme
Bast, a deusa egípcia da luxúria e do calor sexual), simbolizada pelo
hipopótamo, o crocodilo, a leoa, o gato, o porco ou a vaca. Quando este
simbolismo foi interpretado antropo-morficamente, como mais tarde o foi, o
próprio órgão gerador era escolhido para representar o processo criador
inteiro. Com o decorrer do tempo, a besta transformou-se na forma humana31,
mas a kteis, o órgão simbólico da mudança, ou transformação, permaneceu o
mesmo. Nos hieróglifos
ela representava O Grande Poder Mágico32 que concentrava (simbólica e
verdadeiramente) o poder da besta de recriar e transformar a si própria, de
projetar sua imagem no futuro como se por magia e de continuar fazendo assim,
para sempre. Uma santidade especial era então atribuída à genitália feminina,
o portal da vida perpétua. Num período bem
mais tardio, os egípcios ocultaram a identidade humana de seus deuses sob
máscaras de animais que representavam os tipos de energia que se desejava
invocar e controlar. A acuidade visual do falcão, por exemplo, e sua
habilidade de subir aos céus e de aproximar-se do sol fez com que ele se
tomasse um glifo solar de deuses tais como Hórus e Rá. Os sacerdotes
assumiam a máscara ou a forma-deus de um falcão em operações envolvendo
clarividência, descoberta de tesouros ocultos e assim por diante. A Cobra,
com sua velocidade, sua sutileza e habilidade para trocar sua pele já usada,
tomou-se o modelo de rejuvenescimento e mudança, e, portanto, de magia. Assim também
ocorreu com a Lua em uma fase de seu simbolismo. A Cobra era,
originariamente, um glifo da fêmea devido a seus poderes de renovação
periódica; ela unifica o dualismo do poder fálico, primeiramente em seu
aspecto feminino e mutante (como a energia lunar) e, em segundo lugar, em seu
aspecto criativo como energia solar tipificada pela súbita ereção e a
fulminantemente e rápida ejaculação do veneno. O conceito finalmente
mesclou-se com a Serpente de Poder, a Kundalini dos Tantras. A antiga fórmula
conhecida como Assunção de Forma-Deus foi revivida na Aurora Dourada e foi
continuada na O.T.O, sob símbolos fálicos. Esta fórmula evoca
as shaktis (poderes) latentes nos elementos, nas bestas ou nos
"deuses" que representavam aspectos da mente subconsciente do homem
incorporados em formas simbólicas. A transição do
mortal para imortal é conseguida por um ato de vontade criativa, e a arma
mágica (Baqueta ou Falo) é a erétil chama impetuosa comum na besta e no
homem. O deus Mentu33 ou Min era a forma itifálica de Hórus; de Min é
derivada a palavra Man (Homem). Mentu tomou-se
Mendes, o nome do antigo nomo egípcio consagrado à Cabra ou Bode, o Baphomet
dos Templários retratado com o falo exaltado. O poder primai era também
simbolizado pela Serpente Ureus que coroava os deuses egípcios ou pelos
chifres que sobressaíam da fronte do Grande Deus Pã, o Todo-Criador dos
gregos. É a Kundalini erguendo-se, idêntica à cadeia de símbolos de
Set-Pã-Baphomet-Mendes-Fênix. Nos primeiros
estágios da carreira mágica de Crowley, o uso involuntário de magia sexual,
mais as repetidas assunções de formas-deuses do antigo Egito — especialmente
aquela de Hórus-Falcão —, resultaram no rapport com Aiwaz em 1904. Onze anos
mais tarde (1915), ele reconheceu a si próprio como sendo A Besta 666, um
Magus da A.'. A.'. e Senhor do Éon de Hórus, cuja Palavra é Abrahadabra e que
oculta a fórmula de Shaitan e da magia sexual-34 Qualquer que seja
a natureza específica desta "besta" (falcão, leão-serpente, dragão,
fênix, etc.), isto implica na identificação com uma entidade não humana.
Crowley identifica a si próprio com a Besta 666 porque este número é uma
máscara de Hadit ou Set (Shaitan), representado celestialmente pela
Estrela-Cão, e na terra, pelo falo. O número do Sol é
6 (simbolizado pelo Selo de Salomão); o número da Estrela de Set é 6, como no
Hexagrama Unicursal que é o Hexagrama de Invocação da Besta; o número do
Filho ("criança") é também 6 (Vau ^) — portanto, 666. Similarmente,
a Mulher Escarlate, Babalon — o lar do Falo — representada astronomicamente
por Nuit (Draco) e Suas "estrelas", é, sobre a terra, a Vésica ou
Kteis, e seu número é 7, que é o número de Vênus, seu representante
planetário. Originalmente,
entretanto, o número 7 é derivado de sua identidade com as sete estrelas da
Grande Ursa, ou Dragão do Espaço, cujo nome era Sephek ou Sevekh (Sete).
"Hesitar entre o seis e o sete" é uma expressão baseada nesta vasta
e antiga tradição oculta, derivada de um tempo em que a confusão reinava
devido à mudança dos meios de cálculo Estelar (7) para o Solar (6). O assunto
é muito complexo para ser tratado aqui. O leitor deve
consultar os capítulos de Gerald Massey sobre o "Tempo" em A Gênese
Natural, Volume II, Seção XII. Os primeiros cálculos de tempo centravam-se na
revolução da Serpente (Draco ou Nuit) em torno da Estrela-Cão (Hadit). Sept ou Set, a
Estrela de Sótis, é na realidade o nome do Número Sete, o número de Sevekh ou
Vênus que, numa época mais tardia era a representante planetária dos
conceitos estelares originais. Portanto, a Estrela de sete raios de Babalon ë
um glifo do Espírito de Sótis; ela é a Estrela de Ísis-Sótis — a Mãe e a
"Criança". A Besta ou Dragão do Apocalipse tinha sete cabeças (as
sete principais estrelas da Ursa Maior), e o manifestador destas Luzes ou
Espíritos não era nem o sol nem a lua, mas "a Luz que ilumina a
Cidade". Mas há uma outra
interpretação do 6 e do 7, mais mágica ainda, que está oculta na união deles
(13). Este número, além de sua implicação lunar é também 31 ao contrário e
indica que a chave para a fórmula da Magia especialmente característica da
Besta e da Mulher deve ser buscada no XIº O.T.O. As
"Estrelas", magicamente falando, representam a consciência astral
concentrada nas essências sutis (kalas, unidades de tempo) que foram
descritas nos tantras secretos da Índia como vibrações vaginais. Em O Livro
da Lei, Aiwaz revela sua identidade e concentra a fórmula de Shaitan nestas
palavras misteriosas: "Vê! Isto é
revelado por Aiwass o ministro de Hoor-Paar-Kraat. O Khabs está no Khu, não o
Khu no Khabs. Adore então o Khabs, e contemple minha (ou seja, de Nuit) luz
derramada sobre vós!" Khabs é uma
palavra egípcia que significa "Estrela", e o khu é a essência ou
poder mágico feminino. A Estrela (isto é, Sótis, a Estrela de Shaitan) reside
no poder mágico da essência geradora da fêmea, pois a Estrela-Cão é Sótis,
que também é chamada a Alma de ísis. Pela adoração (isto é, utilizando
deliberadamente ou ritualmente) desta "Estrela", a Luz de Shaitan
também é invocada. Estes versos compreendem a fórmula inteira da magia sexual
e o seu modo de utilização. Também, de acordo
com o antigo saber mágico, a fórmula da encarnação de um deus era aquela da
besta unida à mulher. Nos comentários sobre A Visão e a Voz, Crowley observa
que "todas as mitologias contém o mistério da mulher e da besta como o
coração do culto. Notadamente, certas tribos do Terai até os dias de hoje
enviam suas mulheres anualmente para a selva, e todos os meio-macacos que daí
resultam são adorados em seus templos." O ato sexual
(nestes casos) pode ser elevado do nível de um ato animal pela influência
humanizadora da Mãe, a qual, transmutando o fogo animal, produz uma criança
que transcende ambas as qualidades bestiais e humanas de seus pais. No Bhag-i-Muattar
(1910) Crowley diz que "a Esfinge é a deificação do bestial e, portanto,
um Hieróglifo apto da Grande Obra". A Besta, como a
corporificação do Logos (que é Thelema, Vontade), encarna simbólica e
verdadeiramente a Palavra deste cada vez que um ato sacramental de união
sexual ocorre; ou seja, cada vez que o amor é feito sob vontade. Este é o
sacramento que os Cristãos abominam como a suprema blasfêmia contra o
Espírito Santo porque eles não podem admitir a operação da fórmula da besta
unida à mulher como a condição necessária para a produção da divindade! Esta fórmula
remonta à antigüidade e, interpretada em seu próprio plano, é a sublime
alegoria alquímica. A tradição da
tribo do Terai (vide acima) corresponde às lendas de Leda e o Cisne, Pasife e
o Touro, Europa e a Serpente, Maria e a Pomba, e numerosas lendas cognatas.
Em A Operação de Paris (1914), Crowley declara: "Esta é a grande idéia
dos magistas em todos os tempos: obter um Messias por alguma adaptação do
processo sexual. Na Assíria, eles
tentaram o incesto; também no Egito, os egípcios tentaram com irmãos e irmãs;
os assírios, com mães e filhos. Os fenícios
tentaram com seus pais e filhas; os gregos e sírios, com as maiores
bestialidades. Esta Idéia veio da Índia. Os judeus procuravam fazer isso por
métodos de invocação, também por pae-dicatio feminarum. Os maometanos
tentaram com o homossexualismo; os filósofos medievais tentaram produzir
homúnculos fazendo experimentos químicos com sêmen. Mas a Idéia raiz é
de que qualquer forma de procriação além da normal é a mais apta para
produzir resultados de caráter mágico. Ou o pai da criança deveria ser um
símbolo do sol ou a mãe deveria ser um símbolo da lua." No mesmo texto,
Crowley menciona a adoração do touro Ápis num certo labirinto em Creta. Esta
adoração é derivada do Egito. O touro era branco. Na Festa do
Equinócio da Primavera, doze virgens eram sacrificadas a ele, sendo doze o
número simbólico das casas através das quais o sol passa durante o seu ciclo
anual. Em cada caso, o touro usava as virgens conforme a lenda de Pasife. A
cerimônia era realizada com a intenção de obter um Minotauro, uma encarnação do
sol, um messias. Uma variação deste
sacrifício envolvia a imolação do touro. A virgem era colocada na carcaça
quente e era violada pelo Sumo-sacerdote. Ela finalmente se sufocava no
sangue do touro durante o orgasmo. A fórmula da Besta
unida à mulher está relacionada à undécima Chave do Tarô. Esta Chave
intitula-se A Luxúria; ela mostra a Mulher Escarlate, Babalon, montando com
as pernas abertas a besta de sete cabeças conforme descrito no Apocalipse. A
letra sagrada Teth35, que significa uma serpente, é atribuída a esta Chave;
seu número é Nove. A Luxúria é
especialmente importante no Culto de Thelema, e está relacionada à Vigésima
Chave que exibe a Estela da Revelação36. A Estela é um talismã de grande
poder no sistema de Crowley. Ela mostra a deusa Nuit arqueada sobre o Fogo
fálico-solar de S? (Shin), o Espírito, a letra de Abrasax ou Abrahadabra, a
Palavra do Éon do qual Aiwass é a atual expressão. Shin é também a letra de
Shaitan ou Set, o Fogo do Desejo (Hadit) no Coração da Matéria (Nuit). A
combinação dessas duas Chaves (Vinte e Onze) une, portanto, Shin e Teth. Na
cabala Greco-Cóptica elas são fundidas em uma única letra que iguala-se a
Kether, a Primeira Emanação da Luz Mágica. Babalon e a Besta
unidos, como na undécima Chave, realizam ao reverso a fórmula da vigésima
Chave, que foi intitulada de O Juízo Final no baralho tradicional do Tarô.
Agora, entretanto, tendo sido revisada de acordo com os ensinamentos do Novo
Éon, a chave foi renomeada como O Éon. Um Éon, conforme
explicado anteriormente, designa não apenas um ciclo de tempo mas é também o
nome que os gnósticos deram à sua Divindade Suprema, Abrasax, da qual
Abrahadabra (a Palavra do atual Éon) é uma forma especial. Na Chave
intitulada Luxúria (Chave XI), Babalon é mostrada elevando o Graal; na Chave
intitulada O Éon (Chave XX), o Graal — sob a forma do corpo arqueado de Nuit
— está invertido, regando assim a terra com sua luz 35. Teth, Set ou
Tot são termos sinônimos e todos associados ao Lúcifer Hermético, ou Luz de
Hermes. 36. Outra prova cabalística
do Sistema emerge aqui. O número da Estela é dado em u Livro da Lei como 718.
718 é duas vezes 359, o número de Shaitan. Isto identifica o Duplo Poder de
Aiwaz (Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat) com o Éon — que é o nome da Chave que
exibe a Estela estelar. A fusão dessas duas imagens formula o Divino
Hexagrama: o fogo fálico (A)
ou triângulo ascendente intrelaçando-se com a Água do Espaço representada
pela yoni de Nuit, Noite, Nox ou Nada apontando para baixo (V). Mas a estrela de
seis raios assim formada é sêxtupla apenas aparentemente, pois a semente
secreta (Hadit) está oculta em seu centro, tornando-a na verdade o selo de
sete raios de Babalon — a deusa das Estrelas, o Dragão de Luz no Coração de
Nuit. Esta semente secreta, chamada hindu nos Tantras, é o Ponto
potencialmente criador oculto dentro do Chacra Místico. Os rituais da
Ordem Rosa-Cruz (a Segunda Ordem da Aurora Dourada) estão amplamente
impregnados com traços do Culto Sabeano ou Estelar Draconiano. Isto é
particularmente evidente no simbolismo do Piso e do Teto da Cripta dos
Adeptos. Crowley usou a
estrela sétupla como base para o Selo que ele formulou para a Grande
Fraternidade Branca. O maior emblema da Estrela de Prata é, assim, o selo
sétuplo sobre a Yoni da Deusa das Estrelas. Nas yonis, ou triângulos,
aparecem as sete letras do Nome B.A.B.A.L.O.N. No centro, uma
Vésica é mostrada bloqueada ou barrada, indicando a presença da semente
secreta; o ponto tomou-se a linha, o diâmetro tomou-se a circunferência. Esta
semente é o "eremita", a oculta, mascarada, anônima essência
masculina no processo de gerar sua imagem como o filho-sol na deusa Mãe. Este
é portanto o Selo de Set que abre o útero de sua mãe, assim como a estrela
Sótis abre o Círculo do Ano. Sua luz infinita interrompe a Noite dela e faz
com que ela apareça como a Escuridão infinita. O simbolismo
origina-se da fase mitológica da evolução humana, uma fase que data de muito
antes dos sistemas patriarcais das sociedades mais tardias, tanto sociológica
quanto religiosamente consideradas. Ele se origina
daquele período do tempo quando o papel do homem na procriação era ainda
insuspeitado. O simbolismo, portanto, reflete um estágio na consciência
humana quando os mecanismos da regeneração eram conduzidos por sacerdotes sob
a máscara da besta, ensaiando assim o drama primitivo da fecundação, quando a
Grande Deusa tinha a imagem de uma forma animal, acima de tudo. Nuit,
arqueada sobre a terra, traduzia este simbolismo numa imagem antropomórfica. A assunção
ritualística de formas-deuses, conforme ensinada e praticada na Aurora
Dourada tem, entretanto, um significado mais profundo do que o encenação de
fases sociológicas primitivas do comportamento humano, e a assunção de
Crowley da máscara da Besta não era um mero gesto de identificação com os
processos primitivos. Ele assumiu o
papel com o intento mágico de afirmar sua identidade não apenas com os
atavismos pré-civilizados, mas com aqueles poderes transcendentais que,
quando adequadamente controlados e dirigidos, ele era capaz de encarnar à
vontade. Isto forma as bases de sua magia. John W. Parsons,
chefe da Loja californiana da O.T.O., (de 1944 até sua morte prematura em
1952), resume esta magia: "Para ir
fundo, você precisa rejeitar cada fenômeno, cada iluminação, cada êxtase,
indo sempre mais fundo, até que você alcance os últimos avatares dos símbolos
que são também os arquétipos raciais. Neste sacrifício
aos deuses abissais está a apoteose que os transmuta na beleza e no poder que
é a sua eternidade, e a redenção da humanidade. Neurose e
iniciação são a mesma coisa, exceto que a neurose pára logo após a apoteose e
as forças tremendas que moldam a vida são enquistadas — colocadas em
curto-circuito e tomadas venenosas. A Psicanálise transforma os símbolos do
falso ego e os exterioriza em falsos símbolos sociais; ela é uma confusão
entre conformidade e cura em termos de comportamento de grupo. Mas a iniciação
deve prosseguir até que a barreira seja ultrapassada, até que os bastiões
nebulosos dos Trawenfells infantis se mudem em rochas e penhascos da
eternidade; o jardim de Klingsor transforme-se na Cidade de Deus." Não importa, no fim, se a nova dimensão, o fator de redenção, o "Salvador" seja uma besta ou um deus, contanto que a fórmula da Matéria seja transcendida ou, mais precisamente, contanto que o Espírito (Shin) e a Matéria (Teth) sejam compreendidas como Um. (Autoria:Capítulo
extraído do livro "Renascer da Magia" de Kenneth Grant) PARA: Voltar ao tema: Magia Sexual --» ver
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