VAMPIROS Rituais Vampíricos A Cruz Ansata é a Sandália do peregrino que andou para alem da vida, e além da morte. Frater Piarus Os
rituais aqui descritos têm o objectivo de fazer contacto com vampiros, em
especial o arquétipo. Encontrar
o Vampiro real ou clássico já é algo mais complexo, sendo entendido que o ser
que assim chamamos é um renascido da morte, um morto que voltou a viver e se
alimenta, de uma forma ou de outra, dos vivos. Cremos que apesar das pesquisas
teosóficas sobre o tema, quem “restituiu” a sacralidade ao Vampiro foi
Aleister Crowley, e o leitor a esta altura já tem uma boa visão do porquê
dessa afirmação. Nos
dias de hoje há um incrível interesse pelo vampiro, grande parte é especulação
superficial, e delírios motivados pelos mais diversos motivos. Fantasiar é
bom, desde que saibamos que fantasiamos — um excelente ajudante, mas um
péssimo comandante para nossas vidas. O que temos de mais sério no culto ao
vampiro, nos dias de hoje, deriva directa ou indirectamente do trabalho de
Crowley e da corrente por ele vivificada. A esta altura alguns leitores devem
estar indignados, e pensando: mas os movimentos vampíricos X, Y e Z não tem
nada a ver com Crowley, ou seus ensinamentos datam de eras remotas; deixo a
eles a indagação e observação históricas. Veremos
agora como era a interpretação ocultista antes de Crowley, e onde aparecem
pela primeira vez esses arcanos secretos do vampirismo. Aleister
Crowley logo reconheceu o poder subjacente ao sangue e ao arquétipo do
Vampiro, tanto em sua forma evolutiva quanto antievolutiva (Black Brothers).
Suas descobertas mágicas, em especial o Livro da Lei, influenciaram inúmeras
ordens mágicas, em especial a O.T.O., Ordo Templi Orientis, que estuda o
saber Arcano nas suas mais diversas formas, inclusive na do Vampirismo. A Sombra do Vampiro O
magista passará alguns dias passeando em um cemitério, preferencialmente
meditando, entrando em níveis mentais mais sutis na própria necrópole.
Lentamente, ele vai entrando no espírito do lugar, sentindo a morte, os
corpos putrefatos, os espectros dos mortos, às vezes suas dores, angústias e
alegrias de quando estavam vivos. Desse fervilhar infernal ele deve se tornar
um observador; nem ser um membro desse festim, nem um antagonista. Escutar
a voz negra que brota de seu coração, a sombra, o seu demónio guardião — ele
será o mestre desta operação. Essa comunhão infernal pode abrir as portas do
limiar entre a vida e a morte. Cabe aqui uma análise, ou um conselho: este é
um estágio da jornada, muitos podem querer fazer aqui sua morada, o que para
mim é um erro. Obsessão, loucura e morte podem ser advindas pelo mau uso
dessas energias; a fixação demasiada nelas é nociva. O
magista deve sempre testar qualquer ser que se apresentar. A forma fica ao
seu bom senso, a tradição recomenda as correspondências da cabala. O método
do qual faço uso baseia-se na cabala, mas acima de tudo na realidade física.
As experiências mágicas mais verdadeiras sempre se fizeram acompanhar de
manifestações físicas, as mais variadas, a que Jung chamou de sincronicidade.
Sua
operação mágica deve causar mudanças sutis, mas palpáveis, sons, pessoas
tendo sonhos com o que você fez, objectos ou símbolos que lhe surgem ou são
destruídos, enfim, uma gama infinita. Mais uma vez o bom senso é a chave,
pois chover é normal, mas dez minutos após você fazer um sigilo para chuva
(em um dia de sol), é algo diferente. Isso foi feito por Austin Osman Spare,
e com testemunhas. Voltando
aos preparativos do nosso ritual, este contacto com a sombra pode ser mais ou
menos efectivo, mas uma coisa é certa: como o Sol está nos céus, ele estará
presente na sua operação. Magia é ciência e arte, e todo magista terá um
resultado único. Iremos agora tratar do ritual em si. Por
dias, de preferência ao entardecer, o magista vagará em um cemitério, fazendo
o que já foi prescrito no princípio. O contacto com a sombra deve vir em
sonhos ou visões. Estes devem ser anotados com riqueza de detalhes. Esse
contacto ocorrendo ou não, a invocação deve ser feita. O ser imemorável, que habita as
profundezas de meu ser, espectro negro, sombra da luz, reflexo de meu anjo. Verso e reverso do Universo, anjo que
guarda o sagrado. Eu o invoco. O magista sente cada palavra e o influxo
de poder do chamado. Depois, o magista proferirá: Zazaz, Zazaz, Nasatanada Zazaz. Nesse momento, ele imagina um pórtico se
abrindo. Após breves minutos, pronuncia: C siatris insi cnila, cnila, cnila, odo
cicle qaa. Após a pronúncia, ele anda até o norte e
imagina fortemente o deus Seth, respira e juntamente com a entrada do alento
o deus o penetra. Ele imagina-se sendo o deus Seth. Então se volta para o sul e diz: Invoco-te, tu que és eterna na noite, Amor e horror, O colo aconchegante e o leito da morte. Leite e veneno, O fogo, a terra, o ar e a água, O tudo e o nada. Te invoco com o sangue que está em minhas
veias, com a vida que me deste, com a morte que
me espera e a chama eterna do meu ser... Do sul surge uma deusa, que lembra Kali,
Lilith, e o nome da deusa é Babalon. A visão é de uma mulher bela e sensual,
mas de aspecto poderoso e sagrado inspirando medo e respeito. Ela permanece imóvel no sul. Ele anda até o centro e golpeia o ar com
força dizendo: 0 moribundo está morto agora, de seu corpo
um novo universo é feito. Ele
enche o peito de ar e ao soltar o deus Seth se vai, e com ele a deusa. Após
isso o vazio, a sensação de vazio deve ser sentida ao máximo. Nesse vazio
brotará uma nova consciência. Práticas
como esta e a Missa da Fênix exigem que o praticante domine os rudimentos da
Magia, rituais de expulsão, consagração e criação do círculo mágico, assunção
das formas dos deuses e outras técnicas. Caso esse trabalho inicial não tenha
sido encetado, não recomendamos o Ritual acima, o que não impede alguém de
fazê-lo, mas o fará por sua conta e risco. Quem
quiser aprender os rudimentos da Arte deveria entrar para algum grupo ou
Ordem, e a leitura de meu livro Rituais de Aleister Crowley é bastante útil. Criação de elementais artificiais Nos
capítulos do livro, vimos que estes seres são companheiros das bruxas e
Magos, serviçais astrais empregados para os mais diversos fins. Iremos
abordar como criá-los, sempre lembrando que há perigo real, e este pode vir
de várias formas. O pensamento cria, quando pensamos algo e junto a isso
temos uma concentração forte, fruto de emoções, criamos, por exemplo uma
forma-pensamento. A forma-pensamento geralmente dura muito pouco, mas em
alguns casos elas se transformam em seres quase materiais. Muitas das
assombrações, na verdade, são formas — pensamento que por séculos infernizam
um local. Os
tibetanos chamam-nas de tulpa, e são criadas de várias formas, uma delas usa
desenhos kylkhors, círculos coloridos similares aos talismãs mágicos da Magia
ocidental. Alexandra David Neel, uma intrépida aventureira e estudiosa do
budismo, criou uma tulpa, que teve como forma um monge tibetano. Ela ficou em
retiro durante meses visualizando-a, até que, lentamente, ela foi ganhando
vida. Após
vários meses, a tulpa já era visível, a princípio pouco, mas depois bem
nítida. Alexandra empreendeu uma viagem e a tulpa a seguiu. A forma estava
tendo um comportamento insubordinado e até agressivo. Houve pessoas que
tomaram a tulpa por um monge verdadeiro. Ela não teve outra saída a não ser
destruí-la, e por mais alguns meses ela a absorveu de volta. O método será
bastante simples: a pessoa escolherá uma imagem para o seu elemental, e o
visualizará nela. Lentamente, criando na mente, imaginando. Uma
base física se faz necessária, um talismã planetário, ou mesmo uma pequena
estátua. Essa base será a depositária da nossa imaginação, meditando ou
imaginando que acoplamos o nosso elemental recém-criado à imagem. O sexo é um
bom potencializador para o elemental. No momento do orgasmo, devemos
canalizar a energia para a forma-pensamento do elemental. O
que foi exposto pode ser repetido inúmeras vezes, até que o ser esteja de
nosso agrado. Poucas pessoas poderão vê-lo realmente, e por isso, para testar
a sua existência, pequenas missões podem ficar a seu encargo, para dessa
forma sabermos se logramos êxito e o elemental realmente existe. Mostrei essa
técnica da forma mais simples possível para que ela possa ser feita por qualquer
um; é claro que, como tudo na vida, os mais aptos terão melhores resultados.
Quem conhecer cabala ou os yantras indianos poderá se valer deles. (Fonte: Vampiros
Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo, cap11.) Para
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