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-VAMPIROS-

O QUE TORNA ALGUÉM VAMPIRO

COMO DESTRUÍ-LO E DEFENDER-SE

 

Assusta o meu olhar a luz da vossa aurora...

E teme as ilusões o meu coração desperto!

Meu velho coração, pois que ainda te incendeias,

Não é melhor ceder? sim, sim, rejuvenescei

Dentre as névoas surgi, visões do tempo antigo!

Dedicatória do Fausto de Goethe — tradução Antero de Quental

 

O mundo não é composto apenas de luz e nem tão-somente de trevas, mas de ambas. Quanto maior for a luz, maior será a sombra que ela projecta. Bem e mal são conceitos extremamente relativos, dependendo do ponto de vista e dos interesses de cada um. Isso é facilmente comprovado. Para tanto, convido o leitor a fazer a seguinte abstracção: imagine estar numa sala sem janelas, com uma única porta. E imagine que por esta porta surja um tigre (por mais impossível que seja). Agora, registre suas impressões. Novamente, na mesma sala entra não um tigre, mas um pequeno coelho. Registre novamente suas impressões. Só que, neste exacto momento, você se torna uma cenoura. Qual dos dois animais você gostaria que estivesse no recinto?

 

Se há algo de ruim ou mau, no mundo, é agir contra o nosso destino, o que não é de forma alguma seguir os ditames de uma religião ou as convenções da sociedade.

 

Esse destino é nossa verdadeira vontade, nosso eu interior, e dessa forma fazemos o nosso papel no drama cósmico, que é sermos nós mesmos. Ninguém pode fazer isso por nós. O brilho de Sirius não pode ser substituído por Aldebarã — elas são únicas.

 

Abordaremos as causas do vampirismo encontradas em praticamente todo o globo terrestre, procurando estabelecer um padrão de seus agentes motivadores, sem com isso deixar de incluir algumas crenças locais, que serão úteis por se relacionarem indirectamente com o padrão da criação do vampiro.

 

Há uma gama de elementos que se repetem nos locais mais afastados do globo, em culturas que nunca tiveram contato. Isso por si só já é um fato estarrecedor. Há um padrão tanto na geração quanto na destruição dos vampiros, o que nos faz imaginar que estas culturas se defrontaram com o mesmo inimigo, em locais e eras distintas. Montague Summers diz que o candidato número um para se tornar um Vampiro é o praticante de magia negra, já que esta “requer intensa concentração e uma força de vontade férrea, e são tais pessoas que se tornam vampiros”. A Magia e a Bruxaria, como fonte do Vampirismo, são encontradas em todo o mundo, tanto é que criamos um capítulo especialmente para o tema, o Capítulo V.

 

Corpos animados por demónios (qliphoth — isto será mais bem compreendido após a leitura dos capítulos V e IX, “Corpo astral” e “Cabala”) são outra alternativa, encontrada nas religiões cristã, judaica e no hinduísmo, para citarmos algumas, ou seja, do Ocidente ao Oriente essa referência é encontrada.

 

O demónio se “apossa” da alma do morto para com ela executar as mais variadas formas de atos. De acordo com a tradição, as pessoas que têm os corpos possuídos são possivelmente pessoas de índole violenta ou sensual. Falhas e acidentes no sepultamento são também elementos para a geração do vampiro, não esquecendo também os animais que de uma forma ou de outra entravam em contato com o corpo.

 

Executar correctamente os ritos fúnebres ou ministrá-los novamente era uma forma de livrar-se do problema do vampiro. Em especial os eslavos preocupavam-se muito com isso, mas isto de forma alguma se restringe ao Leste Europeu. Na China, uma pessoa poderia se tornar um vampiro (Chiang-Shih) se houvesse morte súbita ou sepultamento inadequado, e na Índia isso não era diferente para alguns vampiros.

 

Mortes violentas são outro factor desencadeador do vampirismo. Natimortos podiam converter-se em vampiros, assim como mulheres mortas no parto, e também os malditos, ou seja, os que receberam a maldição dos pais ou da religião. As vítimas de excomunhão também estavam fadadas a tornar-se vampiros. O próprio Vrykolakas era uma resposta à extrema dor imposta pela excomunhão. Pessoas que nascem com uma membrana encobrindo a cabeça também são candidatas a vampiros, assim como os dotados de poderes paranormais, ou vampiros psíquicos.

 

Os primeiros alvos dos vampiros são seus próprios parentes, Os vampiros podem engajar-se em actividades as mais corriqueiras que tinham antes de morrer, cuidar das plantações, consertar sapatos, etc, mas mesmo nesses casos mortes de pessoas ou animais ocorrem. O retorno em busca de sexo também é bastante conhecido. Manter um espelho perto do cadáver sendo velado era evitado. O espelho poderia manter a imagem do morto, o duplo. O espelho reflectiria o cadáver, criando uma imagem dual do morto. O vampiro podia atacar directamente o coração ou sugar o sangue pela boca da vítima. Ele tinha o poder de causar tempestades, inundações, comandar os ventos.

 

O vampirismo era prevenido colocando o cadáver de costas no caixão, espinhos (de rosa selvagem) ou algo similar eram espetados no cadáver, e sementes ou pedras embebidas em óleo eram colocadas à sua volta, dentro e fora da tumba. As roupas do cadáver eram pregadas ao fundo do caixão, o coração ou a cabeça perfurados, presos dessa forma à sepultura. Caso esses métodos fossem inúteis ele seria exumado, seu coração ou o corpo inteiro cremado, decapitado e estaqueado.

 

Pascal Beverly Randolph, um grande mago e mentor de Abraham Lincoln, refere-se da seguinte forma à destruição do vampiro: “Os Goules (vampiros) penetram nas casas e bebem o sangue dos que encontram. Estas Harpias são passíveis de serem mortas, mas se assim o fizer, queime-as a cinco pés abaixo da terra, atravesse-lhes o peito com uma estaca onde esteja uma cruz. Faça todos estes preparativos em uma encruzilhada de quatro caminhos. Se assim não fizer, a vida voltará ao Vampiro”.

 

Os que velavam o corpo tinham muita preocupação com animais que entrassem em contato com o morto. Isso devia ser evitado a todo o custo. Entre esses animais, destacam-se o lobo e o gato. Um caso bastante conhecido foi o de Johannes Cuntius, que na noite de sua morte foi arranhado por um gato e tornou-se vampiro. Na China, o gato era temido, e no Japão inclusive há vampiros na forma de gatos. Pessoas que comessem carne de um animal morto por um lobo ou que tivessem seu corpo devorado pelos lobos podiam tornar-se vampiros.

 

O lobo tanto destrói quanto cria o vampiro, sendo a fera mais associada por inúmeras culturas a esse ser. A licantropia é um estágio que antecede o vampirismo em muitas delas. Um ponto de ligação entre o vampiro e o lobisomem é encontrado entre algumas populações eslavas, pois o vampiro podia ser morto com uma bala de prata. O Vampiro tinha historicamente a capacidade de se transformar em lobo, traça, coruja e mais uma infinidade de animais (não esquecendo o popular morcego). Uma narrativa grega sobre o Vrykolakas narra que ele pode aparecer como um homem, um cão ou em qualquer outra forma, transmitindo pragas e efetuando seus ataques.

 

O significado primitivo da palavra Varcolac (de onde vem o Vrykolakas) era o de um ser que viajava rumo ao céu e devorava o Sol e a Lua, causando o eclipse. Na mitologia dos índios sul-americanos, o jaguar faz exatamente isso. A cor vermelha da Lua durante os eclipses é o sangue que escapa da boca do Varcolac. Na Romênia, o termo é aplicado a cães endemoninhados, lobos e dragões.

 

Outra versão é aquela na qual as almas de pessoas saem à noite para se alimentar da energia do Sol e da Lua (isso será muito melhor entendido no capítulo do duplo etérico). São reconhecidos por sua palidez e pele seca. Quando a alma dessas pessoas está faminta, elas deixam os seus corpos. Crianças que morreram sem batismo também são associadas ao termo.

 

Há também uma certa confusão de termos, englobando o pricolic, o strigoi, mas usualmente é um morto-vivo, ou um vampiro vivo, que não morreu e tem a forma de cachorro ou lobo. De todos os animais ligados ao vampiro, o morcego é o mais associado actualmente. Animal consagrado a Perséfone, Rainha do Averno, mesmo antes da descoberta da América, e consequentemente do morcego vampiro, ele já era um animal associado ao vampiro.

 

Com a descoberta da América, logo se espalharam os relatos de seus ataques. As duas espécies de morcegos hematófagos são extremamente pequenas. Fazem uma pequena incisão na vítima, onde lambem o sangue voltando noite após noite para atacar o mesmo animal (ou humano). O animal atacado, com o passar do tempo, fica muito debilitado. O morcego fica tão repleto de sangue de sua vítima que tem de esperar um tempo até poder voar e voltar à sua caverna, e lá fica em um estado de torpor, refastelando-se de seu banquete.

 

O elemento mais nefasto — e curioso — para o nosso estudo é o papel do morcego hematófago na transmissão da raiva. A hidrofobia (medo da água) está mais associada aos cães, deixando-os agressivos e “loucos” (cachorro louco é o nome vulgar) apesar de também a doença poder acometer o ser humano. Vôo de pássaros ou até o fato de um menino passar por cima do cadáver podem ocasionar o vampirismo. O vento ruflando imperiosamente sobre o cadáver é outro elemento.

 

Montague Summers afirma que o costume inglês de matar um animal que atravessa sobre o morto reside em uma tentativa de evitar o vampirismo, que outrora fora conhecido na Inglaterra. O porquê desta prática, hoje em dia, foi esquecido.

 

Os animais também tinham o poder de deter e detectar o vampiro; assim, cães defendiam seus donos de ataques, e cavalos localizavam o Demónio. Pares de olhos extras eram pintados em um cão negro como defesa contra os vampiros.

 

O uso de um cavalo e um menino pré-adolescente para detectar vampiros era praticado na Hungria. O cavalo deveria ser absolutamente negro, e estar em excelentes condições, nunca tendo tropeçado ou algo do género. O cavalo montado pelo menino passaria por todas as sepulturas, recusando-se a passar onde estivesse o vampiro.

 

Dion Fortune, em seu livro Psychic Self Defense, conta a história de uma mulher que em outras vidas esteve envolvida com o que havia de mais destrutivo na bruxaria. Os cavalos tinham extremo pavor dela.

 

Na China, uma pessoa poderia se tornar um vampiro (Chiang-Shih) se houvesse morte súbita ou sepultamento inadequado. Ele poderia ser destruído pelo fogo, o sal e o alho, seus repelentes naturais. Os candidatos chineses a vampiro eram os que tivessem vidas de privação, marginais e suicidas. Outro fato desconcertante é que, para os chineses, o cadáver receber a luz solar poderia ser um fator de vampirismo, pois o Sol nutriria o cadáver da energia Yang, necessária para a animação do cadáver.

 

O fato de animais como o gato transmitirem o vampirismo era explicado pelos chineses da seguinte forma: a alma elementar do animal era transmitida ao P’o. Lembremos que, para a tradição ocidental, toda forma de vida tem uma partícula essencial, o “espírito” que a move, e possivelmente esse conceito chinês é idêntico. Usando um exemplo completamente diferente, mas que ajudará na compreensão do exposto, a ação dos animais seria como um vírus que altera a programação de um computador. O contato com animal seria o transmissor do “vírus”. No caso, para os chineses, a natureza predatória do gato seria transmitida ao P’o humano, lembrando que a deusa egípcia Sekhmet, com cabeça de leoa, era também Bastet, a deusa gata, sendo uma a contraparte da outra.

 

A caça a um vampiro, na maioria dos casos, levava a um cemitério. Lá, corpos sem sinais de putrefação ou com sangue em abundância, eram os primeiros suspeitos. Estaqueamento, decapitação e fogo eram as formas de tratá-los. Alguns colocavam a cabeça cortada entre as pernas do morto.

 

O Poltergeist é um fenômeno muitas vezes associado à atuação vampírica. Sons, objetos que se movem e mais uma gama enorme de ocorrências inusitadas, como o avistamento do espectro do morto, sonhos, visitas de incubo e súcubo.

 

Doenças do pulmão também constam nas manifestações vampíricas, em especial a tuberculose. Na Nova Inglaterra, EUA, há corpos que tiveram o coração arrancado e queimado como sendo suspeitos de vampirismo. O primeiro tísico a morrer voltava para alimentar-se dos outros.

 

O Vrykolakas era algumas vezes a pessoa que morreu de doença contagiosa e não recebeu os sacramentos, pois a família e a sociedade se afastaram com medo da praga, e tinha sido sepultado sem nenhum preparativo. O lado marginal do Vrykolakas é bastante acentuado, tanto como característica das pessoas predispostas a se tornarem vampiros como no comportamento do morto-vivo. Quando vivo, ele pode ter sido uma pessoa comum, mas ao retornar como vampiro cometerá toda a sorte de contravenções. O Vrykolakas expressa a violência da rebelião contra Deus, contra a morte, contra o destino, contra a autoridade, contra os valores sociais, executando toda forma de atos que todos têm vontade de fazer, mas por repressão não fazem. Quebram o status quo, as leis naturais e ofendem as leis divinas. Um rebelde, à espreita no reino entre o céu e o inferno, pronto para assaltar as noites sonolentas e medíocres.

 

A transformação de uma pessoa em Vrykolakas é descrita por um padre da ilha de Creta (1898). Ele fala que a pessoa pecaminosa, que teve uma vida maculada ou foi excomungada, é candidata a ser um vampiro.

 

Após a morte e a saída da alma do corpo, este é possuído por um demônio. A partir desse momento, esse vampiro “converte” todas as pessoas que morrem, fazendo uma multidão de seguidores. A prática comum do Vrykolakas é sentar-se nas pessoas adormecidas, causando-lhes uma sensação de agonizante opressão. Há o perigo de a pessoa assim sucumbir e tornar-se um Vrykolakas. Com o passar do tempo, esse monstro fica mais audacioso e sedento de sangue, de forma que isto pode devastar aldeias inteiras.

 

Quando eu tinha algo em torno dos dezesseis anos, aconteceu um fato que me faz entender a frase “causando uma sensação de agonizante opressão” usada pelo padre de Creta. Já nesta época eu demonstrava um interesse por magia, nada disciplinado, bastante especulativo e curioso. Portanto, ia tentando descortinar o maior número de caminhos. Dentro desse espírito, fui a uma cerimônia de candomblé. Foi um espetáculo fascinante. As cores, o som dos atabaques, as danças, os vários Orixás ganhando vida através de seus “filhos”. Sentia tontura, provavelmente fruto de mediunidade, e estava receptivo e em êxtase com o ritual. Voltei para casa feliz da vida, e na noite seguinte sons estranhos foram ouvidos pela casa. Batidas na madeira, papel sendo amassado, toda a família presenciou o ocorrido. Algumas horas já se haviam passado desde que eu adormecera, quando me dei conta de estar em um

estado consciente, mas com o corpo dormindo, sem conseguir mover um músculo de meu corpo. O pior não era isso, mas um ser que saltava sobre meu plexo, causando uma sensação horrível. Decorridos alguns segundos consegui despertar, asfixiado e sentindo uma agonizante opressão.

 

Na noite seguinte, mais problemas. Deparei-me com ele no astral. No primeiro sonho, eu o vi como um macaco grande, dessa vez lembrando um ser meio humano, uma pele cinza azulada, com nervuras, uma boca com dentes pontiagudos e proeminentes. Ele estava sentado em um trono; à sua volta havia muitos seres, talvez fossem pessoas, mas não dava para ver com nitidez. O ser queria que eu prestasse vassalagera a ele — o termo é este mesmo. Havia uma sensação como se eu estivesse em uma corte na Idade Média, ou na Renascença. Não sei definir exatamente a sensação, mas dessa vez não era medo, nem repulsa, mas um bem-estar alienante. Consegui concentrar energia e destruir o ser, e ao vê-lo caído contemplei em detalhes o seu corpo, vi suas veias e feixes de músculos de uma cor avermelhada — o conjunto era algo deveras estranho.

 

Minha mãe freqüentava nessa época um centro espírita. Lá eles a informaram que eu havia ido a uma “cerimônia não recomendável” e voltado com um encosto. Foi feita no centro uma desobsessão, justamente no dia desse último sonho. Esse incidente, por mais desconcertante que possa ter sido, foi fundamental para me empurrar de vez para a senda oculta.

 

Para os gregos, os natimortos, as crianças mortas sem batismo, as que foram concebidas ou nasceram em dias santos, os excomungados, hereges e apóstatas, os feiticeiros, bruxos e congêneres também tinham grandes chances de se tornarem vampiros. O contato de animais com o defunto e falha nas cerimônias religiosas são outros fatores, e as vítimas de um vampiro se tornavam vampiros em potencial.

 

O Callicantzaros são vampiros que fazem seus ataques na época do Natal, de acordo com Leone Allacci. Crianças que nascem nessa época do ano são candidatos a tornar-se Callicantzaros. A crença no Callicantzaros é grega, e eles imaginavam que esse tipo de vampiros permanecia inativo durante o resto do ano, talvez no inferno. Muitas crianças que nasceram nesse período natalino sofreram as mais

terríveis mutilações, tendo suas unhas arrancadas e os dedos queimados. De forma disfarçada, até hoje esse costume se mantém na Grécia. Os allicantzaros, quando pequenos, podiam atacar os próprios irmãos. Os búlgaros acreditavam que morrer no Natal era também prenuncio de mau agouro. As forças das trevas andavam pelo mundo nessa época. Consequentemente, quem morria nesse período estava fadado a se tornar vampiro.

 

A decapitação era um método comum de despachar um vampiro morto. Na Europa, desde o Neolítico são encontrados corpos enterrados dessa forma. Celtas e egípcios também tinham essa prática. Era uma forma certa de não ter problemas com o espectro do defunto. A flora também foi muito usada na proteção contra vampirismo. O alho, desde o Egito, está presente, e nas Antilhas era usado contra bruxas e sacerdotes de Obeah.

Caso o vampiro estivesse fora de sua sepultura, ela era preenchida com alho e suas imediações eram guarnecidas com espinhos de rosas selvagens, espinheiro ou amoreira preta. Muitas vezes a própria tampa do caixão era removida. Dessa forma, ele, impossibilitado de voltar à tumba, seria destruído ao raiar do Sol ou pelos caçadores de vampiros.

 

Por todo o mundo, acreditava-se que o vampiro tinha uma compulsão absoluta por contar, e por isso sementes eram usadas para impedir que o morto-vivo chegasse até a casa, aldeia ou mesmo que se afastasse de sua sepultura, e eram também depositadas em encruzilhadas onde se reuniam bruxas, nos caminhos que separam a vila do cemitério. Em volta das casas e dos telhados, formava-se uma barreira contra o vampiro. Dentre elas, as de mostarda eram muito usadas. As sementes eram muitas vezes colocadas dentro da boca do cadáver.

 

O objetivo era entreter o vampiro que, dessa forma, passaria a noite contando. Ao que parece não havia a necessidade de ser algo de origem vegetal, mas sim passível de ser contado, e em número razoável para detê-lo por um bom tempo. O sangue do vampiro (em alguns casos partes do corpo) sempre foi usado como um antídoto contra os males provocados pelo ataque do vampiro, evitando que a pessoa se tornasse vampiro e ajudando em sua convalescença.

 

Em 1935, na aldeia de Izbecini, pertencente à província romena de Oltenia, antigamente parte oriental da Wallachia: “Uma pessoa morta que se torna um vampiro, a primeira coisa que fará é alimentar-se de seus parentes. Quando o cadáver é desenterrado, sangue é encontrado em seus lábios. As pessoas levam este sangue até sua vítima para curá-la”. As evidências históricas derrubam por terra a fantasia literária e cinematográfica de o vampiro transmitir sua condição ao beber o sangue de outro vampiro. Em Krain, na Romênia, um vampiro é criado através do contágio e morte devido ao ataque de um outro vampiro. Na Romênia, raramente a mordida é no pescoço, mas sim no coração.

 

Dessa forma, há a crença na Romênia de o vampiro alimentar-se da alma do morto, o que nos leva automaticamente ao Egito e ao devorador de corações. O sangue seria o veículo da alma, para os romenos. Na Bulgária, um malfeitor que encontrou a morte nas montanhas ou florestas e teve seu cadáver devorado por carniceiros como lobos, corvos, dentre outros, se tornaria um vampiro. Outra forma de uma pessoa se tornar vampiro na Bulgária era a morte violenta, antinatural, ou um gato ter pulado por cima do cadáver.

 

Durante os primeiros quarenta dias, os ossos do vampiro são moles, e com o tempo vão ganhando consistência. Nesses primeiros dias após o enterro, ele pode ser morto por um caçador de vampiros ou um lobo. Ele atua como um poltergeist, perturbando a vida das pessoas. Com o esqueleto mais robusto, torna-se mais violento e de difícil destruição. Suicidas e pessoas que deixaram assuntos inacabados, como vingança, são candidatos ao vampirismo, somando-se a isso o fato de que as igrejas cristãs negam os ofícios fúnebres aos suicidas. Na Inglaterra, até o reinado de George IV, a prática era enterrar o suicida em uma encruzilhada, com uma estaca devidamente posicionada. Os suicidas não tiveram essa má fama por toda a história, e muito provavelmente a fama do suicida que retorna como morto- vivo se deve a ter cometido suicídio em momentos de extremo desespero. Samurais, os povos gregos, romanos e ainda os godos e vândalos praticavam o suicídio. Os tugs, adoradores de Kali, o praticavam como reverencia à deusa. Pessoas amaldiçoadas ou perjuras podem vir a se tornar vampiros.

 

Caso o Strigoi (vampiro) não fosse destruído antes de sete anos, sairia da tumba e se passaria por uma pessoa normal. O Vampiro poderia constituir família e ter uma vida normal. No entanto, toda sexta-feira ele teria que dormir em uma sepultura e encontrar-se com outros Strigois para juntos participarem de sabás. Os filhos desse vampiro também o seriam. Outra fonte do vampiro era a morte de crianças indesejáveis ou ilegítimas, moitas pelos próprios pais. Esse vampiro era chamado de Moroi. Eles apareciam como traças ou borboletas, tendo o poder de criar tempestades. Tiravam apenas pequenas quantidades de sangue de suas vítimas.

 

No folclore da Transilvânia, há outra espécie de vampiro criança, também um filho ilegítimo,

preferencialmente de pais ilegítimos. Ele deixava sua sepultura assim que fosse enterrado. Tomava a forma de um inseto ou outro animal. Caso fosse atacar uma pessoa acordada, transformava-se em alguém atraente do sexo oposto. Estimulava sua vítima sexualmente, agindo como um súcubo, e retirando sua vitalidade. Esse vampiro também podia engravidar mulheres, e caso isso ocorresse, a criança resultante seria uma bruxa.

 

Para alguns povos, o vampiro saía de sua tumba no sábado, sendo então um momento de identificá-lo e destruí-lo. Reza a tradição que enquanto o vampiro queimava, inúmeros animais tidos como pestilentos e repulsivos, horríveis e deformados, apareciam: cobras, vermes, pássaros, besouros e mais uma infinidade deles que deviam ser lançados ao fogo. A crença nisso provavelmente reside na capacidade do vampiro de se apossar do animal e dessa forma livrar-se da destruição. As cinzas seriam lançadas à água corrente, ao mar ou espalhadas ao vento. Muitas vezes, o estaqueamento precedia a cremação, e o coração também podia ser arrancado e queimado em separado. Símbolos sagrados eram usados contra o vampiro, por isso deve ser levado em consideração em que religião ou sistema de crenças o vampiro foi criado, bem como a força mágica do portador do símbolo.

 

Na Romênia, as janelas eram ungidas com alho, formando uma cruz, e as portas e outras aberturas também eram guarnecidas com alho. O alho era esfregado tanto nas frestas como no próprio rebanho, e nos estábulos. Algumas vezes, a inalação da fumaça do coração do vampiro queimado era usada como método de cura. Pedras enormes eram colocadas sobre os corpos suspeitos e espadas também eram fixadas como barreiras contra a saída do vampiro da tumba.

 

O vampiro tem por hábito atacar primeiramente seus parentes, muito possivelmente devido ao vínculo emocional nutrido, sendo os familiares fonte de proteção e alimento. Desde que nascemos, a família ou as pessoas que cuidam de nós são as responsáveis por nossa sobrevivência. Então, associar o lar à nutrição que mantém a vida é óbvio. Por esse prisma, a família seria a primeira de quem o vampiro iria se alimentar, e não sabemos se ele teria consciência (nas primeiras fases da vida vampírica) do que estava fazendo.

 

Há relatos bastante recentes, na Romênia, de vampiros que foram mortos. O coração e o fígado do vampiro foram cremados, misturados com água e dados às suas vítimas. Dom Augustine Calmet menciona que na Polônia, entre 1693 e 1694, houve uma praga de Vampiros. Eles surgiam ao meio-dia ou à meia-noite e sugavam o sangue dos vivos. Os vampiros ficavam tão repletos de sangue que muitas vezes este lhes escorria pelo nariz e orelhas. Muitas vezes o caixão ficava repleto de sangue até a borda. Leo Allatius designa o Vrykolakas como uma pessoa má e que possivelmente foi excomungada por um Bispo.

 

O corpo incha, seus membros ficam dilatados, é rígido, e quando recebe uma pancada ressoa como um tambor. O diabo anima tais corpos e os faz vagar em qualquer hora, seja dia ou noite. Em Chios, os moradores não respondem a um chamado, até que este se repita novamente. Eles acreditam que o Vrykolakas só possa chamar uma única vez. Se por infelicidade alguém responder, morrerá brevemente. Sua visão durante o dia seria terrível, sua aparência assustadora, e quando se falava com o espectro ele desaparecia. Allatius menciona que, quando criança, testemunhou a exumação de um Vrykolakas.

 

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(Fonte: Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo, cap2.)

 

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