Apócrifos, Evangelho Pseudo-Mateus da infância
Apócrifos, Evangelho Pseudo-Mateus da infância
O Livro Sobre a Origem da Abençoada Maria e a lnfância do Salvador
(Apócrifo Cristão)
JOSÉ ESTAVA em Cafarnaum trabalhando; ele era carpinteiro. Ele permaneceu ali por nove meses. Quando voltou para casa, encontrou Maria grávida. Totalmente tomado de angústia, ele clamou tremulo: “Senhor Deus, aceita meu espírito, porque é melhor que eu morra do que viva”. As virgens que estavam com Maria lhe disseram: “Que dizes, senhor José? Sabemos que nenhum homem a tocou; sabemos que nela a inocência e a virgindade foram preservadas sem mácula. Pois ela tem sido guardada por Deus; ela sempre persiste conosco na oração. Diariamente um anjo do Senhor fala com ela; diariamente ela aceita ali-mento da mão de um anjo. Como é possível haver pecado nela? Pois se tu queres que te expressemos nossas suspeitas, esta gravidez foi causada por ninguém mais que o anjo de Deus”. José, porém, disse: “Estais tentando fazer com que eu acredite que um anjo do Senhor a engravidou? E de fato possível que alguém vestido de anjo do Senhor a tenha enganado”. Depois de dizer isso, ele chorou e disse: “Com que face deverei ir ao Templo de Deus? Com que pretexto devo visitar os sacerdotes de Deus? Que farei?” Depois de dizer isso, ele fez planos para ocultá-la e repudiá-la.
Então ele planejou levantar-se à noite e fugir, para viver escondido; eis que naquela mesma noite, um anjo do Senhor lhe apareceu num sonho e disse: “José, filho de Dai não tenhas medo de aceitar Maria como tua esposa, porque aquele que está em seu ventre é do Espírito Santo. Ela terá um filho que será chamado Jesus; ele salvará seu povo de seus pecados”. José acordou de seu sono, deu graças a seu Deus, e contou sua visão a Maria e às virgens que estavam com ela. E depois de ser confortado por Maria, ele disse: “Eu pequei porque suspeitei de ti”.
Aconteceu que depois disto espalhou-se o murmúrio de que Maria estava grávida. José foi agarrado pelos emissários do Templo e levado ao sumo sacerdote que, junto com os sacerdotes, se pós a repreendê-lo, dizendo: “Como é que tu foste enganado de tal matrimônio e uma virgem a quem os anjos de Deus alimentaram como uma pomba no Templo, que desejou nunca ver homem algum, que tinha excelente instrução na lei de Deus? Se tu mesmo não a tivesses violado, hoje ela permaneceria virgem”. José, porém, fez um juramento, que ele jamais a tocara. Abiathar, o sumo sacerdote, lhe disse: “Como Deus vivo, portanto te farei beber a água da prova do Senhor, e imediatamente ele demonstrará teu pecado”.
Toda a multidão de Israel se reuniu, tantos que era impossível contá-los, e Maria foi conduzida ao Templo do Senhor. Sacerdotes e vizinhos e seus pais clamaram e disseram a Maria: “Confessa teu pecado aos sacerdotes, tu que foste como uma pomba no Templo de Deus e que aceitaste alimento da mão de um anjo”. José também foi chamado ao altar e lhe deram a água da prova do Senhor — que, se um homem faltoso beber e der sete voltas ao redor do altar, Deus fará seu pecado aparecer no rosto do homem. Quando então um alegre José bebeu e deu voltas ao redor do altar, nenhum sinal de pecado foi revelado nele. Então todos os sacerdotes e ministros e o povo o santificaram, dizendo: “Abençoado és tu porque nenhuma culpa foi descoberta em ti”. Depois eles chamaram Maria e lhe disseram: “Agora que desculpa podes ter? ou que sinal ele manifestará em ti além do que tua gravidez revela em teu ventre? Só exigiremos de ti que — porque José é inocente com respeito a ti — tu devas confessar quem é que te enganou. E melhor que tua confissão te traia do que a ira de Deus dê um sinal em teu rosto e te exponha em meio ao povo”.
Então Maria, firme e intrépida, disse: “Se existir em mim qualquer mácula ou pecado, ou se houve em mim qualquer concupiscência ou lascívia, que o Senhor me exponha à vista de todo o povo, para que eu possa ser um exemplo para a correção de todos”. E ela foi confiante até o altar de Deus, bebeu a água da prova, deu sete voltas ao redor do altar, e nenhuma falta foi encontrada nela.
E enquanto todo o povo se maravilhava e gaguejava, vendo que ela estava grávida e mesmo assim nenhum sinal de culpa aparecera em seu rosto, eles começaram a ficar agitados e a murmurar entre si como as multidões fazem. Alguns diziam uma bênção, outros por má consciência a acusavam. Então, vendo as suspeitas do povo, que eles não foram purgados pela integridade dela, com todos atentos, Maria falou em clara voz: “Como Deus vive, Adonai das hostes, em cuja presença estou, eu nunca conheci um homem; eu nem mesmo considerei conhecer um homem, porque desde a minha infância, por toda a minha vida, tive esta convicção. E esta oferenda que fiz a Deus desde a minha infância para que continuasse em integridade com aquele que me criou, viver nele somente com quem confabulo, e, enquanto eu viver, permanecer com ele somente, sem mácula”.
Então todos a beijaram, pedindo que os perdoasse por suas maléficas suspeitas. E todo o povo e os sacerdotes e todas as virgens, com exultação e louvor, a conduziram até sua casa, bradando e dizendo: “Abençoado o nome do Senhor, que revelou tua santidade para todas as multidões de Israel.”…
[O nascimento de Jesus. A história parece ser baseada no Evangelho de Tiago, e traz o exame ginecológico que Salomé fez em Maria. Este capitulo também retoma a narrativa da natividade segundo Lucas.]
No terceiro dia depois do nascimento do Senhor, Maria saiu da caverna; ela foi até o estábulo e colocou a criança numa manjedoura, e um boi e um burrico o adoraram. Então aquilo que foi dito através do profeta Isaías se cumpriu: “O boi conhece seu proprietário e o burrico a manjedoura de seu senhor”. Estes animais, tendo-o no meio deles, o adoravam de cessar. Assim, aquilo que foi falado através do profeta Habacuque se cumpriu: “Tu serás conhecido entre os dois animais”. José e Maria permaneceram ali com a criança durante três dias….505
[Ele vão a Belém. Jesus é circuncidado. A apresentação no Templo (ver Lucas 2). A vinda dos Magos. O massacre das crianças judias.]
Quando eles chegaram a uma determinada caverna e quiseram descansar nela, Maria desceu da mula de carga e, sentando-se, segurou Jesus no colo. Havia três rapazes viajando com José e uma menina com Maria. E eis que, de repente, muitos dragões saíram da caverna. Quando os rapazes viram-nos na frente deles, eles gritaram com grande medo. Então Jesus desceu do colo de sua mãe, e ficou de pé diante dos dragões. Eles, porém, o adoraram, e, enquanto adoravam, recuaram. Então aquilo que foi dito através do profeta Davi se cumpriu: `Vos dragões da terra, louvai o Senhor, vós dragões e todas as criaturas do abismo”. Então o menino Jesus caminhou diante deles e lhes ordenou que não machucassem homem algum. Mas Maria e José estavam com muito medo que o menino pudesse ser machucado pelos dragões. Jesus lhes disse: “Não tenhais medo, nem me considerai uma criança; eu sempre fui um homem perfeito e assim sou agora; é necessário que todos os animais selvagens da floresta sejam mansos diante de mim”.
Semelhantemente, leões e leopardos o adoraram e os acompanharam no deserto. Para onde quer que José e Maria fossem, eles os precediam; mostrando o caminho e inclinando suas cabeças, eles adoravam Jesus. No entanto, a primeira vez que Maria viu os leões e outros tipos de animais selvagens ao seu redor, ela ficou muito amedrontada. O menino Jesus, com o semblante alegre, olhou para trás e disse: “Não tenhas medo, Mãe, eles não vi-eram correndo para cá para machucar-te e sim eles correm para te obedecer”. Quando ele disse isto, tirou o medo o coração dela. os leões viajavam com eles e com os bois e os burricos e os animais de carga que carregavam suas necessidades, e eles não machucaram nenhum deles enquanto Permaneceram. Eram mansos entre as ovelhas e cordeiros que eles trouxeram consigo de Judéia e tinham com eles. Eles viajavam entre os lobos e não estavam amedrontados; não houve dano de um para o outro. Então aquilo que foi dito pelo profeta se cumpriu: “Lobos serão apascentados com os cordeiros, o leão e o boi comerão juntos”. Havia dois bois e a carroça, na qual eles carregavam suas necessidades, que os leões guiavam em sua jornada.
E aconteceu que, no terceiro dia depois de sua partida, Maria estava cansada pelo calor excessivo do sol no deserto e, vendo uma palmeira, disse a José: “Desejo descansar um pouco debaixo de sua sombra”. José rapidamente a conduziu até a palmeira e a ajudou a descer do animal. Enquanto Maria estava sentada, ela olhou ao topo da palmeira e a viu cheia de frutos. Ela disse a José: “Desejo, se possível, comer alguns frutos desta palmeira”. José lhe disse: “Estou assombrado com que tu dizes, quando vês como é alta esta palmeira, que penses em comer o fruto dela. Penso mais na água, que já nos falta nos sacos de água; agora não temos nada com que nos refrescar nem os animais”.
Então o menino Jesus, que estava descansando com um sorriso no rosto no colo de sua mãe, disse à palmeira: “Curva-te, árvore, e alimenta minha mãe com teus frutos”. E imediatamente, à sua voz, a palmeira curvou sua copa aos pés de Maria, e eles colheram os frutos dela com os quais todos se alimentaram. Depois que eles colheram todos os seus frutos, ela continuou curvada, esperando para se erguer ao comando daquele que lhe havia ordenado se curvar. Então Jesus lhe disse: “Ergue-te, palmeira, e sê forte e companheira de minhas árvores que estão no Paraíso de meu Pai. Abre um curso de água que está escondido na terra sob tuas raízes, e dele deixa correr águas para satisfazer-nos”. E a palmeira se ergueu imediatamente, e fontes de água, muito clara e fria e doce, começaram a jorrar através das raízes. Quando eles viram as fontes de água, se regozijaram com grande júbilo, e eles e os animais de carga ficaram todos satisfeitos, e deram graças a Deus.
No dia seguinte eles saíram dali. Ao iniciar a viagem, Jesus se voltou para a palmeira e disse: “Eu te dou o privilégio palmeira que um de teus galhos seja carregado por meus anjos e plantado no Paraíso de meu Pai. Eu te confiro esta bênção, que todos que ganharem numa luta, lhes será dito: ‘tu conquistaste a palma da vitória’. Quando ele disso isto, eis que um anjo do Senhor apareceu e ficou acima da palmeira. Ele pegou um de seus galhos e voou para o Céu com o galho na mão. Quando eles viram isto, caíram com suas faces por terra e ficaram como mortos. Jesus falou com eles, dizendo: “Por que o medo se apossou de vossos corações? Não sabeis que esta palmeira, que eu mandei levar para o Paraíso, estará pronta para todos os santos no lugar das delicias, assim como ela estava pronta para vós neste lugar deserto”. Eles ficaram cheios de alegria e se levantaram. Enquanto eles continuavam a viajar, José disse-lhe: “Senhor, o calor excessivo está nos cozinhando; se for de teu agrado, deixa que caminhemos pelo mar, para que possamos viajar, descansando nas cidades ribeirinhas”. Jesus lhe disse: “Não tenhas medo, José, eu encurtarei tua viagem, para que aquilo que tu atravessarias no espaço de trinta dias, terminarás em um dia”. Enquanto isto estava sendo dito, eis que eles começaram a ver as montanhas e as cidades do Egito.
Rejubilando-se e exultando, eles chegaram à região de Hermópolis, e entraram numa das cidades egípcias chamada Sotinen. Como não conheciam ninguém de quem pudessem pedir hospitalidade, foram para o templo que era chamado o “Capitólio do Egito”. Haviam sido colocados neste templo trezentos e Sessenta e cinco ídolos, aos quais, em dias determinados, era dada honra divina em cerimônias sacrílegas.
E ,aconteceu que, quando a abençoadíssima Maria, com seu filho, entrou no templo, todos os ídolos foram jogados ao chão, ficando todos esmagados, convulsos e com suas faces despedaçadas. Assim eles revelaram abertamente que eram nada. Então aquilo que foi dito pelo profeta Isaias se cumpriu: “Eis que o Senhor Virá numa nuvem ligeira e entrará no Egito, e todos os ídolos feitos pelos egípcios serão removidos de sua presença”.
Quando isto havia sido anunciado a Afrodosius, o governador da Cidade, ele veio ao templo com seu exército inteiro. Quando os sacerdotes do templo viram que Afrodosius se precipitava para o templo com seu exército inteiro, eles supuseram que viram sua vingança sobre aqueles por causa de quem os ídolos foram derrubados. Ele entrou no templo, e quando viu que todos os ídolos estavam prostrados sobre suas faces, foi até Maria e adorou a criança que ela carregava em seu seio, e enquanto ele o adorava, disse a seu exército inteiro e a seus amigos: “Se ele não fosse o Deus de nossos deuses, nossos deuses certamente não teriam caído diante dele sobre suas faces, nem jazeriam prostrados em sua presença. Eles assim confessam silenciosamente que ele é seu Senhor. Se nós todos não fizermos por prudência aquilo que vemos os nossos deuses fazerem, possivelmente incorreremos em sua indignação e todos seremos destruídos, assim como aconteceu com o Faraó, rei dos egípcios, que não acreditou em tais maravilhas e foi afogado no mar com seu exército inteiro”. Então todas as pessoas daquela cidade acreditaram no Senhor Deus através de Jesus Cristo.
Depois de pouco tempo o anjo disse a José: “Volta para a terra de Judá; aqueles que buscavam a vida do menino estão mortos”. Fim
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