A
astrologia psicológica abarca valiosos conceitos da Psicologia Analítica, uma vez que o arcabouço intelectual de ambas têm muitos pontos em comum. Outras premissas teóricas abrangem os postulados de vida potencial dada a priori, o aspecto dinâmico do inconsciente e o propósito criativo e finalista da existência, em que o desenvolvimento individual, vale dizer, a própria vida, tem um significado.
Cito Jung numa carta ao
astrólogo francês André Barbault, em 1954:
“Existem muitos exemplos de notáveis analogias entre constelações astrológicas e eventos psicológicos ou entre o
horóscopo e a disposição geral do caráter. É até mesmo possível prever até certo ponto, o efeito físico de um trânsito
astrológico. Podemos esperar, com considerável certeza, que uma determinada situação psicológica bem definida seja acompanhada por uma configuração
astrológica análoga. A
astrologia consiste de configurações simbólicas do inconsciente coletivo, que é o assunto principal da psicologia; os planetas
são deuses, símbolos dos poderes do inconsciente”.
(Jung, 2002, p.344.)
Os símbolos astrológicos, sejam eles histórias de
deuses, heróis ou sobre a origem das constelações,
são projeções de imagens internas do homem, criados pelo coração do homem para serem lançados ao céu a fim de povoá-lo de figuras, visões e significados. Essa percepção nada mais é que a experiência especular humana, a busca de uma ordem e significado para sua existência.
Diz Sicuteri sobre os símbolos:
“Julgamos que a vida não poderia ser vivida e expressa na sua mais íntima profundidade – mesmo inconsciente – se os símbolos não viessem em nossa ajuda. E é com a ajuda deles que podemos traduzir em linguagem aquilo que sentimos dentro de nós. Portanto, o símbolo é a imagem que criamos a respeito de um conteúdo interior que transcende a consciência. No caso da astrologia, o símbolo encerrado no Zodíaco e nos planetas é o ponto de encontro, a soldagem dominante entre o mundo psicológico e espiritual do homem (microcosmo) e o universo dos astros no céu (macrocosmo)”.
(Sicuteri, 1994, p. 11)A
astrologia contém uma estrutura mitológica e arquetípica se compreendermos que a essência dessas imagens e padrões pré-ordenados está na base de toda a criação humana. Cada
signo pressupõe uma jornada mítica e todas as imagens simbólicas que lhe
são inerentes.
Um
signo não descreve só um tipo de comportamento ou personalidade; ele contém um padrão de desenvolvimento, uma história dinâmica a ser vivida. Um tema mitológico é também
astrológico, uma vez que seus símbolos estão intimamente entrelaçados no Inconsciente Coletivo.
Fontes: Carl G Jung, em Cartas volume II, Editora Vozes
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