Wicca, O mito da criação

Portal a&eO mito da criação

 

Solitária, majestosa, plena em si mesma, a Deusa, Ela, cujo nome sagrado, não pode ser jamais dito, flutuava no abismo da escuridão, antes do início de todas as coisas. E quando Ela mirou o espelho curvo do espaço negro, Ela viu com a sua luz o seu reflexo radiante e apaixonou-se por ele. Ela induziu-o a se expandir devido ao seu poder e fez amor consigo mesma e chamou Ela de “Miria, a Magnífica”.

O seu êxtase irrompeu na única canção de tudo que é, foi ou será, e com a canção surgiu o movimento, ondas que jorravam para fora e se transformaram em todas as esferas e círculos dos mundos. A Deusa encheu-se de amor, que crescia, e deu à luz uma chuva de espíritos luminosos que ocuparam os mundos e tornaram-se todos os seres.

Mas, naquele grande movimento, Miria foi levada embora, e enquanto Ela saía da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela tornou-se o Deus Azul, o bondoso e risonho deus do amor. Então tornou-se no Verde, coberto de vinhas, enraizado na terra, o espírito de todas as coisas que crescem. Por fim, tornou-se o Deus da Força, o Caçador, cujo rosto é o sol vermelho, mas no entanto, escuro como a morte. Mas o desejo sempre o devolve à Deusa, de modo que Ela circula eternamente, buscando retornar em amor.

 

Tudo começou em amor; tudo busca retornar em amor. O amor é a lei, mestre da sabedoria e o grande revelador dos mistérios.

 

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Wicca, a Deusa e o Deus, a interação criadora

Portal a&eA Deusa e o Deus: a interação que cria o mundo, as estações e toda realidade manifesta

 

Das origens primitivas do Neolítico e Paleolítico surgiram todas as formas de Magia e religião e a inspiração para recriar muitas outras formas de espiritualidade que surgiram posteriormente, incluindo a Wicca. Exatamente por isso honramos o Sagrado Feminino em todas as suas muitas manifestações. Para as crenças Wiccanianas, o universo e tudo o que existe foi criado pela Deusa, que é considerada a primeira divindade da humanidade desde o início dos tempos, de acordo com as evidências arqueológicas. É possível traçar a figura de Deusa através do tempo já que podemos historicamente documentar significados e significância. Um Wiccaniano para ampliar seus conhecimentos e práticas, deve traçar a Deusa Primordial através do tempo e fazer conexões que pareçam plausíveis. Deve explorar a Deusa em suas muitas culturas como Egito, Mesopotâmia, Creta e Europa e em sua procura por pontos convergentes procurar traçar a associação da Deusa com os animais tal como pássaros, gado e cobras ao longo do seu caminho de exploração. Seguramente os paleo-europeus acreditavam que o poder criador universal era feminino e adoravam as forças da natureza como forma de estabelecer contato com o Divino. O culto à Deusa Mãe é muito anterior à Era de Touro (4000 AEC à 2000 AEC),tempo em que os homens viviam da caça e pesca e as mulheres eram as grandes Sacerdotisas, Xamãs e detentoras do poder religioso. Nesta época o respeito ao feminino e aos mistérios da procriação estavam em seu apogeu. Os homens ainda não tinham associado o ato sexual à concepção e viam a gravidez e o nascimento como algo sagrado, recebido diretamente dos Deuses. Os homens ancestrais acreditavam que as mulheres engravidavam deitadas ao luar, através da Grande Deusa personificada como a própria Lua. Foi à partir daí, que o conceito do Sagrado Feminino passou a existir e prevaleceu durante milênios. Nossos ancestrais acreditavam que o poder que conspirou para que o Universo existisse era feminino e por isso cultuavam a Deusa como a Criadora do mundo e de tudo aquilo que existe nele. Segundo as crenças Pagãs primitivas, essa Deusa geralmente simbolizada pela Terra e/ou pela Lua teria

criado tudo e todos, até seu próprio complemento, o Deus, que era personificado através do Sol. A adoração à Deusa foi a primeira religião estabelecida pelos seres humanos. Como vimos anteriormente, muitas evidências arqueológicas incluindo estátuas, amuletos, cerâmicas, pinturas nas cavernas e outras imagens indicando a veneração da Deusa foram descobertas comprovando a existência de um culto primordial, onde uma Divindade Criadora feminina era adorada.

Torna-se claro, assim, que uma Deusa, e não um Deus, foi a divindade central de culto para as antigas civilizações. Essas esculturas são tão antigas que datam do paleolítico superior, que ocorreu por volta de 25.000 AEC, e foram sempre encontradas perto de grutas, cavernas, círculos de pedras e cemitérios o que seguramente as conecta com algo sagrado. Merlin Stone, em “When God was a Woman”  (Quando Deus era uma Mulher), diz, “Arqueólogos localizaram evidências de adoração a Deusa antes das comunidades do Neolítico de cerca de 7000 AEC, algumas das esculturas datam do Paleolítico Superior, de cerca de 25,000 AEC. Desde as origens Neolíticas, sua existência foi comprovada repetidamente até os tempos romanos”.

As estatuetas que representam a Deusa não foram meras decorações das pessoas que as criaram, mas sim objetos profundamente importantes porque representavam o meio pelo qual os seres humanos se expressavam antes mesmo de começarem a utilizar a fala. A arte, através da história, sempre revelou o que as culturas valorizavam e o conhecimento que tentavam passar às gerações futuras. Claramente o parto, a maternidade e sexualidade feminina eram considerados sagrados. Isto nos mostra que estas culturas tiveram pouco ou nenhum conhecimento do papel do homem na reprodução. Para todos, a mulher concebia o bebê por ela mesma. Sexo não era associado com o parto e as mulheres foram consideradas as doadoras exclusivas da vida. Até hoje, algumas culturas isoladas na Terra, acreditam que o homem não tem participação alguma na concepção. Além disso, como o conceito de paternidade ainda não tinha sido entendido, as crianças só pertenciam às mães e a comunidade. Crianças “ilegítimas” não existiam. As crianças levavam o nome de suas mães e a família descendia pela linhagem materna. Esta estrutura social, baseada na afinidade feminina, é chamada de “matrilinear” e ainda existe em algumas partes da África, Índia, Melanésia e Micronésia. As culturas primitivas eram freqüentemente matrifocais e isto significa que quando uma mulher casava, o marido ia morar com a família da esposa, ao invés da mulher ser desarraigada e se mudar para a casa da família do marido. Isto significa todo o poder e o status que as mulheres detiveram na sociedade teria sido certamente cada vez mais alto se não fosse a queda matrilinear. Se não fosse o domínio patriarcal na sociedade e religião, mulheres jamais teriam sido totalmente dependentes dos homens e consideradas suas propriedades. A importância da virgindade e castigos por adultério não teriam existido, pois eles fazem parte de conceitos patrilineares, onde a paternidade é mais estimada que a maternidade. A adoração da Deusa nas culturas antigas incluía o papel principal das mulheres nos trabalhos religiosos e celebrações sagradas. As mulheres eram as grandes sacerdotisas, adivinhas, parteiras, poetisas e curandeiras. Elas presidiam templos erguidos a Deusas como Ishtar, Isis, Brigit, Ártemis e Diana, que estão entre as mais populares. Do envolvimento das mulheres com a religião vieram muitos avanços como o conhecimento do poder das ervas, que curavam os doentes e aliviavam a dor do parto. Até o primeiro calendário, o calendário lunar, que foi utilizado por muito tempo, pode ter começado com mulheres que observavam seus ciclos menstruais e os comparavam com os ciclos de Lua. Além da astronomia, as mulheres desenvolveram também os idiomas, a agricultura, a culinária, a cerâmica e muito mais. As contribuições de mulheres para as culturas humanas são inúmeras e nunca tiveram o devido crédito e valor. A Deusa é o princípio Divino Feminino, a Divindade suprema adorada na Wicca. Ela seguiu sendo reverenciada ao redor do mundo por milhares de anos até que foi silenciada através das religiões patriarcais. Em anos recentes a Deusa e seus cultos tiveram ressurgimento e hoje contam com grande popularidade entre as feministas, que buscam uma dimensão espiritual para as suas causas políticas aqueles que se interessam pelas religiões antigas, abrangendo aqui todas as manifestações Pagãs pelas mulheres e homens comuns que sentem que algo está se perdendo nas proeminentes religiões organizadas de hoje. É difícil definir a Deusa em alguns parágrafos, mas a versatilidade é uma de Suas características mais interessantes. Para alguns Ela é a única Divindade existente. A Deusa não é necessariamente vista como uma pessoa, mas uma força multifacetada de energia que se expressa em uma variedade de formas e pode ter inúmeros nomes diferentes. Ela foi chamada Ishtar, Astarte, Inanna, Lillith, Isis, Maat, Brigid, Cerridwen, Gaia, Demeter, Danu, Arianhod, Ceridwen, Afrodite, Vênus, Artemis, Athena, Kali,Lakshmi, Kuan-Yi, Pele e Mari, entre muitos outros nomes. A Ela foram atribuídos muitos símbolos, como serpentes, pássaros, a Lua e a Terra. A Deusa é a Criadora de todas as coisas e ao mesmo tempo a Destruidora. Tudo vem Dela e tudo retornará à Ela. A Deusa está contida em tudo e vive na Terra, nós céus, no mar, em cada botão de flor, em cada pingo d’água e em cada grão de areia. Ela não é um Ser distante e intocável, mas sim uma Divindade que está aqui conosco, vive e se manifesta em cada um de nós. Ela é Donzela, a Mãe e a Anciã. Ela é você, Ela sou eu, Ela é tudo e todos.

Nas praticas Pagãs a Deusa possui 3 aspectos distintos. A Triplicidade da Deusa é muito anterior ao Cristianismo e não é difícil que seja ela quem deu origem ao pensamento da Trindade Cristã. Porém na Wicca, a Triplicidade se refere a 3 estados distintos da mesma divindade. Cada um destes aspectos tem suas características particulares, distintas das outras e cada uma delas traz a possibilidade de serem relacionados com aspectos internos de nossa psique. Suas três faces são a Donzela, Mãe e Anciã, os seus aspectos reverenciados por toda a humanidade desde tempos imemoráveis. A Donzela representa os impulsos, os começos e está relacionada a Lua Crescente. A Mãe é a Doadora da Vida, a Grande Nutridora e está associada à Lua Cheia. A Anciã é a detentora da sabedoria, A Grande Conhecedora e Transformadora e está associada a Lua Minguante. A Deusa é abrangente porque pode ser tudo que você quiser que Ela seja. A maioria dos seguidores da Deusa compartilham algumas convicções em comum. Starhawk, uma das mais atuantes Bruxas modernas e autora do livro “Dança Cósmica das Feiticeiras” afirma que os três princípios da religião da Deusa são: a imanência, interconexão e comunidade. Imanência é o meio pelo qual a Deusa está presente na Terra e em nós: a natureza, a cultura , a vida. Interconexão é o meio pelo qual todos os seres estão relacionados e a forma como estamos unidos ao Cosmo. Como comunidade, crescimento e transformação passam por interações íntimas, basicamente, a lei da Deusa é Amor: Amor Incondicional. Ela não tem nenhuma ordem a ser seguida a não ser o Amor, em todas as suas manifestações e formas. A Deusa teve grande popularidade e proeminência até as religiões patriarcais como Judaísmo, Cristianismo e Islamismo silenciarem-na. A mudança para o patriarcado foi gradual e procedeu de uma reformulação nos sistemas de parentesco que se tornou de matrilinear a patrilinear. A ênfase na paternidade e no homem é clara e evidente nas principais religiões praticadas até hoje. A relação de pai/filho e Deus/Jesus é a chave do Cristianismo, embora a figura da mãe tenha conseguido persistir e aparecer no Catolicismo como Maria, que curiosamente é chamada de “A Mãe de Deus”. Outros fatores relativo à ascensão das religiões patriarcais foi a ênfase das ditaduras militares, que aumentaram o culto aos Deuses guerreiros. Esther Harding escreveu emWomen’s  Mysteries (Mistérios das Mulheres), “A elevação do poder masculino e da sociedade patriarcal provavelmente começou quando o homem passou a acumular bens, o que não é comunitário, propriedades e achou que a força pessoal dele e a sua coragem pudessem aumentar suas posses e riquezas. Esta mudança de poder secular coincidiu com o aumento da adoração ao Sol sob um sacerdócio masculino que começou a substituir os muitos cultos à  Lua realizados desde tempos imemoráveis”

Assim, como os homens ganharam poder sobre as mulheres e o masculino se tornou a Grande Divindade, o Sagrado Feminino passou a ser reconhecido cada vez menos. A ausência do culto à Deusa trouxe guerras, crimes, regras e a tirania. A maioria das religiões atuais da humanidade são baseadas em figuras e princípios divinos masculinos, com Deuses e Sacerdotes ao invés de Deusas e Sacerdotisas. Durante milênios, os valores femininos foram colocados em segundo plano e em muitas culturas as mulheres fora subjugadas e passaram a ocupar uma posição inferior aos homens, quer seja no nível social ou espiritual. A Wicca busca recuperar o Sagrado Feminino e o papel das mulheres na religião como Sacerdotisas da Grande Mãe, além da complementaridade e equilíbrio entre homem e mulher, simbolizados através da Deusa e do Deus, que se complementam.

O Deus é representa os aspectos masculinos da criação. Ele é o Deus Cornífero, o protetor das florestas e dos animais que presidia principalmente a caça. Ele é considerado o primeiro nascido, sendo ao mesmo tempo filho e amante da Deusa. Para alguns isso pode parecer incestuoso, mas o simbolismo é fácil de ser compreendido: o Deus é ao mesmo tempo filho e consorte da Grande Mãe porque ele expressa o Sagrado Masculino e simboliza analogamente os homens, que nascem de uma mulher para se unir com outra. Simbolicamente, ao final, todos os homens se unirão em casamento ao mesmo princípio que os gerou, o Feminino. O reconhecimento e reverência ao Deus Cornífero surgem tempos depois do culto à Deusa e ele foi proeminente no Paleolítico, aproximadamente 12 mil anos atrás, onde os homens o representaram nas paredes das cavernas. Assim, mesmo sendo considerada uma religião centrada no Sagrado Feminino, a Wicca é baseada na dualidade que reflete o equilíbrio e energia da natureza.

A Deusa é considerada a doadora da vida enquanto o Deus é o fertilizador.

A Deusa é todas as mulheres e o Deus é todos os homens. É necessário deixar claro que a visão do Deus para a Wicca em nada se parece com o Deus patriarcal expresso pelas religiões judaico-cristãs. O Deus da Wicca é vivo, forte, sexual, ligado aos animais, não sendo em nada semelhante ao assexuado e transcendental Deus monoteísta. Ele representa tudo o que é bom e prazeroso como a vida, o amor, a luz, o sexo, a fertilização.Com a chegada do Cristianismo na Europa com todo o seu conjunto de pecados, proibições e tabus sexuais, o Deus Cornífero foi transformado na figura do Demônio e do mal pelos primeiros Cristãos. Até então o Diabo jamais tinha sido representado com chifres na cabeça e isso só aconteceu para denegrir a imagem do Deus dos Bruxos. O Deus Cornífero orna chifres em sua cabeça não por ser o Diabo, pois Bruxos nem nele acreditam, mas por causa da sua ligação com os animais e a caça. Ele não é de nenhuma forma o Demônio e muito menos é o Deus Cristão. Ele é, sim, o Deus Pagão da natureza e da vida. O Deus Cornífero é geralmente representado ornando chifres de veado. Nas culturas antigas o veado é um importante animal simbólico. Parece que na arte das cavernas ele teria constituído, junto com um touro, do mesmo modo que o cavalo e o boi selvagem, um sistema dualístico mítico-cosmológico, de acordo com historiadores. Por causa de seus chifres serem semelhantes às árvores e se renovarem periodicamente, o veado era considerado símbolo da vida que rejuvenesce de modo contínuo, do renascimento e do decorrer do tempo. Na mitologia nórdica antiga, 4 veados teriam se alimentado dos ramos da árvore do mundo, a Yggdrasil, comendo seus frutos (horas), flores (dias) e ramos (estações do ano). Na Antiguidade ele era considerado inimigo da serpentes venenosas, sua pele era um amuleto contra mordidas de cobra, e o pós do chifre defendia sementes de sortilégios. Na cultura celta o veado é o primeiro dos quatro animais sagrados a ser mencionado no poema de Amergin. Existe uma relação próxima entre o veado e o javali na mitologia céltica. É a relação da luz crescente e minguante no ciclo do ano. Ambos são criaturas do Outro mundo, que cruzam os limites entre os mundos servindo como mensageiros ou guias através destes limites. Um é associado como “Dia” e o outro com “Noite” do ano. Depois de Beltane, o javali se torna um animal solar talentoso com sabedoria poética e a potência do veado está no limiar do verde, crescendo terra abaixo. E depois de Samhain, é quando o Javali que agora é um leitão, vaga sobre a Terra estéril disfarçada em uma Deusa medrosa, enquanto o veado mora nos reinos celestiais como uma presença brilhante, oferecendo esperança. O veado é um mensageiro apropriado para a grande mudança que está para acontecer depois do Solstício de Inverno. Embora a Terra permaneça escura e infrutífera, as noites são muito mais longas que os dias, a luz começou a crescer mas é ainda imperceptível. Estamos ainda envolvidos na escuridão dos tempos, mas uma centelha começa a arder diante de nós, lembrando-nos para ficar em contato com a energia vital, pois em breve estaremos na luz. O “veado de sete galhos,” que tem sido forte, por muitos ciclos de crescimento e minguamento, sempre lutou em busca de uma vida triunfante, é um guia no qual podemos confiar. O veado é flexível, tenso, indiferente e incrivelmente forte. Personifica o espírito selvagem e é o emblema antigo não só do Deus, mas da Deusa como doadora do nascimento. Por outro lado, seus chifres ramificados estão ligados aos raios do sol. Cervo, outro nome pelo qual os veados são chamados, quer dizer “fogo brilhante”, ou seja, o próprio sol. O sol sempre esteve ligado ao Deus. Por ser simbolizado pelo sol, o Deus mostra suas diferentes faces através da viagem do astro pelas 4 estações do ano. Isto reflete as mudanças dos ciclos sazonais. Ele nasce no Solstício de inverno como um jovem bebê, cresce na Primavera se tornado um jovem viril. No verão ele atinge sua maturidade e no outono torna-se o sábio Ancião, se preparando para retornar ao ventre da Deusa e renascer no primeiro dia do inverno. A união da Deusa e do Deus traz vida e luz à Terra e por isso é sagrada. Eles são considerados parte de nós e estão vivos em todas as coisas e em todos os lugares. Os Wiccanianos cultuam seus Deuses para pedir por saúde, paz, harmonia, sucesso e prosperidade da mesma forma que os praticantes de quaisquer outras religiões fazem. No nosso dia a dia desenvolvemos uma prática constante de meditações, rituais e invocações que possibilitam o desenvolvimento de nossa relação com o Sagrado. Qualquer pessoa pode e deve explorar a energia e poder da Deusa e do Deus em sua vida. Sua lei é o amor em suas múltiplas formas. Se você for capaz de amar você poderá alcançá-los. Eles estão dentro de todos nós, esperando o nosso chamado para que possamos nos tornar um reflexo do seu amor.

 (Fonte: Wicca para Todos, Claudiney Prieto)

 

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Wicca, Os Deuses da Wicca

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Muitos Bruxos tradicionalistas insistem em dizer que somente a Deusa da Lua e o Deus de Chifres podem ser cultuados na Wicca, pois Gardner idealizou a Arte como sendo uma religião duoteísta. Wiccanianos no mundo inteiro discutem até hoje se a Wicca é politeísta, duoteísta, monoteísta, panenteísta ou henoteísta. É tanto “teísmo” que talvez esteja na hora de fazermos um Concílio, como os de Nicéia e Constantinopla, para fundamentarmos as “únicas” e “verdadeiras” verdades de nossa religião. Da maneira como estas pessoas falam, parece que nem Gardner ou Doreen Valiente eram Wiccanianos autênticos pois eles próprios mencionaram divindades de panteões variadíssimos na Carga da Deusa original, que faz referências a Deusas de diferentes panteões como Ártemis, Astarte, Dione, Melusina, Ceridwen, Dana, Ísis e tantas outras. Ironias à parte, para mim, esse tipo de afirmação é pura falta de bom senso, preconceito e xenofobia barata. Se não se concorda com o culto à Deusas africanas na Wicca, por exemplo, devemos começar excluindo Ísis da lista de Deusas celebradas, pois até onde eu sei o Egito fica na África!!!Porque Ísis pode ser cultuada e Mawu não, por exemplo? Por qual motivo se uma é tão africana quanto a outra? Concordo com as alegações de muitos de que atualmente as pessoas fazem qualquer mistura e chamam isso de Wicca, mas não dá para generalizar dizendo que aqueles que são ecléticos em sua prática, experimentando o trabalho com Deusas e Deuses de diferentes panteões, não são Wiccanianos! Tal tipo de afirmação é tão absurda ou equivocada quanto dizer que todos os alemães são nazistas. Os Deuses da Wicca são simplesmente A DEUSA e oDEUS, o princípio do Sagrado Feminino e do Sagrado Masculino, que semanifestaram em diferentes culturas com diferentes nomes. A realidade é que atualmente Bruxos em todo mundo celebram Deuses de diferentes panteões e os percebem como manifestações da Deusa e do Deus como um todo. Cada Tradição cultua um casal divino em particular ou um panteão específico. Algumas Tradições, inclusive, cultuam Deuses de diferentes panteões indistintamente a cada ritual. O ecletismo, no sentido de mistura de panteões, sempre existiu. É sabido que gregos e romanos assimilavam os Deuses da cultura que dominavam, e a cultura subjugada associava os Deuses de seu dominador. Os egípcios, por exemplo, sofreram uma forte romanização em muitos aspectos de sua cultura e religião até serem extintos por completo. Ísis é chamada de a Deusa Universal por causa de seu culto ter chegado a lugares tão distantes como

Roma ou Portugal. Ísis teve seu culto ligado a Serápis, Diana, Io, Deméter e muitos outros Deuses. Tacitus, em sua obra chamada “Germanicus”, relata que uma tribo escandinava chamada Rus

cultuava Ísis. Até mesmo Ganga, a Deusa do Rio Ganges teve seu culto associado ao de Ísis em algum momento na história. O Papiro Oxyrhynchus,que menciona os nomes e atributos de Ísis em outros países, sugere que ela foi governante do Ganges. Quando Alexandre, o Grande, invadiu partes da Índia deixou reis gregos como responsáveis pelos territórios que foram conquistados. Isso impulsionou, obviamente, a mescla de arquitetura, arte e religião. Como resultado disso, surgiu a arte greco-indiana em Gandhara, onde se criou muitas das convenções artísticas encontradas até hoje nas representações dos Deuses indianos. Ísis influenciou a iconografia de diversas Deusas. Até Kuan Yin passou a ser representada anos depois com o Nó Tyet, o nó de Ísis, amarrado em sua vestimenta. Os antigos Deuses da Índia sofreram alterações marcantes em suas características em decorrência da invasão ariana. Um exemplo claro disso é a própria Deusa Kali, uma Deusa tão antiga cujo culto está na cultura matriarcal da antiga Índia. Sua pele negra demonstra que ela pré-data a invasão ariana (de pele clara), no continente indiano. O conflito entre os invasores e a cultura original indiana pode se rastreado nos próprios mitos de Kali. Em muitos mitos Kali se esforça para defender seu povo contra os invasores (monstros, pragas, pestes, guerreiros, etc). Os invasores arianos introduziram a cultura dos Deuses patriarcais, muitos de pele clara, na Índia. Mas Kali continuou a ser cultuada e retratada como a Mãe Negra por várias tribos que ainda guardam traços do matriarcado em sua cultura, como os Shabara de Orissa .

Arquétipo é a terminologia usada por Jung para “designar o conjunto de imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são patrimônio comum de toda ahumanidade”.

Encontramos semelhanças mitológicas e fisionômicas entre o Cernunnos celta e o Shiva hindu, assim como entre os caracteres rupestres de caçadores nas paredes das cavernas dos sítios arqueológicos de Trois-Frères a da Serra da Capivara, no Piauí – Brasil. Os arquétipos são padrões de caráter universal originários do inconsciente coletivo e que constituem o alicerce da mitologia, religião, lenda e contos de fadas de todos os povos. Apesar do arquétipo aproximar duas divindades de panteões distintos não faz delas a mesma deidade, no sentido estrito da palavra. O conceito de “Todas as Deusas são uma só Deusa e todos os Deuses são um só Deus” foi primeiro desenvolvido por Dion Fortune, fundadora da Sociedade da Luz Interior (Inner Light), e depois explorado e ampliado ao redor do mundo através da perspectiva Wiccaniana. No entanto, esse conceito não expressa a noção de arquétipo. Os arquétipos são motivos primordiais, não expressam imagens ou motivos mitológicos definidos. O arquétipo impulsiona a tendência em formar tais representações que podem variar em detalhes, de cultura para cultura, de indivíduo para indivíduo, sem perder sua configuração original, simples e descomplexa. A semelhança de Cernunnos e Shiva expressa o arquétipo do Deus de Chifres e Caçador, não a individuação da Divindade. É comumente aceito que não existe autoridade central na Wicca. Se não existe autoridade central, também não existem leis ou regras que digam que Wiccanianos não possam celebrar Deuses de variados panteões, observadas a coerência e compatibilidade em todo esse processo. Logo, isso é tema que interessa somente a cada praticante, Coven e Grove de acordo com suas diretrizes internas. Os Deuses que alguém celebra é tema que importa somente a pessoa envolvida na questão. Pensando abrangentemente, temos tanto direito de cultuar um Deus hindu, uma deidade Celta ou um Deus mediterrâneo quanto as pessoas que carregam a ancestralidade dos povos que cultuaram ou ainda cultuam esses Deuses pois todos andamos sobre a mesma Terra, nascemos da mesma Mãe: a Deusa. Quando cultuamos Deuses indígenas ou africanos na Wicca, por exemplo, isto não quer dizer que os celebraremos exatamente como estas culturas o fazem, mas que usaremos apenas o arquétipo daquela Deidade para nos conectarmos com um tema universal seja ele o amor, a proteção ou sabedoria. O ritual realizado àquela divindade na Wicca não será indígena ou africano. Tais Deuses serão cultuados à maneira Wiccaniana, usando-se apenas o seu arquétipo e nome como fonte de inspiração e força para despertar uma energia e consciência única. Alguns podem dizer que isso não é suficiente para justificar o culto aos Deuses de diferentes culturas na Wicca e dar muitas outras explicações do porque isso não deve ser feito baseadas em territórios geográficos estabelecidos pelo homem, que ao meu ver só enfraquecem tanto o Paganismo quanto a luta que hoje travamos para construir pontes entre o que nos separa. Eu digo que não há fronteiras para o Sagrado e o chamado para servir uma Deidade deste ou daquele Panteão pode surpreender qualquer um de nós nos momentos mais inesperados de nossas vidas. Somos cidadãos do mundo, filhos da mesma Mãe Terra e como tal temos direito de cultuar os Deuses e Deusas com os quais nos sentimos mais próximos ou aqueles que nos chamam para servi-los. Somos um Planeta, um só Povo, uma só raça: a raça humana!

(Autoria: Claudiney Prieto)

 

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Wicca, a religião da natureza

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A maioria das religiões mais visíveis na atualidade falam sobre a relação do ser humano com as outras pessoas, a Wicca vai muito além. Ela fala não só sobre as nossas relações humanas, mas também com os animais, natureza e conosco mesmos. Wiccanianos celebram a mudança das estações e das fases lunares através de rituais capazes de nos conectar comos fluxos e refluxos trazidos para a Terra e, conseqüentemente, para nossas vidas em decorrência dessas mudanças naturais.

A natureza é o coração e alma da religião Wicca que ensina que todos os seres, animados e inanimados possuem vida e são merecedores de nosso respeito e consideração. Sendo assim, vemos a natureza como diferentes faces da Deusa capazes de nos suportar, proteger, alimentar e manter vivos. Por esta razão, os Wiccanianos expressam uma grande reverência a natureza e buscam no seu dia adia formas de se integrarem à ela, procurando viver em harmonia com as leis naturais, levando em consideração formas de se viver ecologicamente, reciclando, reutilizando e reduzindo a exploração dos recursos naturais. A posição Pagã de reverência e preservação à natureza é completamente diferente daquela incentivada pelas religiões patriarcais, onde o homem foi ordenado a dominar e explorar os recursos naturais e o meio ambiente. Hoje em dia muitos Bruxos são ecologistas, ambientalistas, líderes comunitários, sempre preocupados com a atual situação ecológica e social.

A Wicca é uma religião muito plural e, sendo assim, diferentes Bruxos expressarão seu respeito pela Terra de formas variadas. Alguns são vegetarianos, outros recicladores conscientes e muitos ainda tornam-se ativistas ambientais engajados na luta e preservação da Terra. Cada um possui seu próprio chamado. Encarar a Terra como Sagrada é vital para os Wiccanianos. Isto facilita a conscientização de nosso verdadeiro lugar no mundo e na sociedade. Wiccanianos buscam a unidade com as forças naturais, com os animais, árvores, oceanos, sol, lua e estrelas por acreditarem que as forças da natureza são manifestações do Divino.

De acordo com o pensamento Wiccaniano, a Terra é um organismo vivo e quando preservada e reverenciada torna-se nossa aliada e não inimiga. O contrário ocorre quando ela é explorada e usurpada. Podemos perceber quantas doenças e desastres naturais estão ocorrendo nos últimos tempos por causa da exploração indiscriminada da Mãe Terra. Se tudo na natureza é vivo e possui um espírito, também carrega em si sabedoria, muito mais antiga e sábia, para ser compartilhada com os seres humanos do que os nossos conhecimentos atuais. As forças encontradas na natureza são antigas e desejam se comunicar conosco para ensinar a forma de curar a Terra e mostrar o caminho de volta a um modo de vida mais harmônico. Todos os Wiccanianos acreditam que a Terra está doente e que o retorno da Deusa será capaz de promover a cura da Mãe Terra. Por isso, devemos viver em harmonia com ela, reverenciando todas as formas de vida e precisamos desenvolver maneiras de nos religarmos à Deusa para que ela continue nos dando vida, força e energia para crescer. As principais características da Wicca como religião da natureza baseiam-se :

– Na crença de que rituais e poderes adormecidos dentro de nós precisam ser despertos para transformar e curar a vida.

– Na convicção de que devemos buscar através da natureza formas de entrar em contato com ela, buscando nossa reconexão com os seus fluxos naturais que invariavelmente trazem mudanças interiores em cada ser.

– Na afirmação da vida e de sua sacralidade da Terra como símbolo da perfeição, totalidade, unidade, completitude e cura para todos os males

– Nas forças da natureza como a energia sustentadora da vida, vendo nela a própria Deusa manifestada.

– Na preservação e cuidado com a natureza, considerada templo e moradia dos Deuses que acreditamos

A Wicca não é uma religião antropocêntrica e exatamente por isto não coloca as necessidades humanas acima daquelas encontradas na natureza. Sua filosofia prega um melhor relacionamento entre homem e natureza. Para a Wicca também não existe a idéia de que a natureza deve ser valorizada enquanto a humanidade deve ser desvalorizada. Para nós cada coisa tem a sua importância e lugar. A Terra é o corpo da Deusa e cada Wiccaniano através de suas atitudes, respeito à natureza e ações conscientes torna-se uma agulha fazendo a acupuntura que trará a cura para o mundo. Nós Bruxos acreditamos que o retorno da ligação com a natureza é a única maneira de preservar nossa própria existência, para vivermos melhor e em harmonia com toda a vida. Aprendendo a viver em conexão com a natureza os Wiccanianos forjam uma profunda ligação com o Divino.

(Fonte: Wicca para Todos, Claudiney Prieto)

 

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Wicca, Principio criador

Portal a&e Principio criador

 

Para a Wicca, existe um Princípio Criador, que não tem nome e está além de todas as definições. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades, que deram origem ao Universo e a todas as formas de vida.
Princípio Feminino

A Grande Mãe representa a Energia Universal Geradora, o útero de Toda Criação. é associada aos mistérios da Lua, da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. é o inconsciente, o lado escuro da mente que deve ser desvendado. A Lua nos mostra sempre uma face nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida Eterna. Na Wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem, a Mãe e a Velha Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada à Bruxa na imaginação popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte Feminina presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal.

Princípio Masculino

 

Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento, e trazendo em si os atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde e alegria. Da mesma forma que o sol nasce e se põe, todos os dias, o Deus nos mostra os mistérios de Morte e do Renascimento. Na Wicca, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, se torna adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, eles fazem amor, a Deusa fica grávida, o Deus morre no inverno e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento, que coincide com os ciclos da Natureza, e mostra os ciclos da nossa própria vida. Para alguns, pode parecer incestuoso que o Deus seja filho e amante da Deusa, mas é preciso perceber o verdadeiro simbolismo do mito, pois do útero da Deusa todas as coisas vieram, e, para ele, tudo retornará. E, se pensarmos bem, as mulheres sempre foram mães de todos os homens, pelo seu poder de promover o renascimento espiritual do ser amado e de toda a Humanidade. O sentido profundo do simbolismo na Bruxaria só pode ser verdadeiramente entendido através da meditação e do contato intuitivo com a energia dos Deuses.

 

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