A carga da Deusa Arádia
A carga da Deusa Arádia
Em 1899, Charles Godfrey Leland publicou pela primeira vez “Aradia, Gospel of The Witches” (Aradia, O Evangelho das Bruxas), um pequeno livro sobre a bruxaria italiana remanecente. Nele ele traz a Carga da Deusa, a qual se tornou uma parte padrão dos rituais de Wicca atuais. Essa Carga ainda é usada de modo original, mas vem sendo cuidadosamente refinada para a utilização moderna. Doreen Valiente reescreveu uma bela versão. Atarhwk traz outra versão em “The Spiral Dance”; Jabet e Stewart Farra têm outra em “Eight Sabbats For Witches”. Mesmo o escritor de ficção Andre Norton oferece uma versão da Carga em seu livro “Moon Called”
A Carga da Deusa oferece antigas instruções de quando encontrar e o que esperar das energias e poderes lunares. Ninguém sabe ao certo o quão velho a Carga realmente é. Leland achava que era uma parte autêntica de um ritual secretamente preservado por seguidores pagãos da região mediterrânea.
Começa com “Ouça as palavras da Grande Mãe, que no passado se chamava Ártemis, Atena, Diana, Cerridwen…”. Segue-se uma lista de deusas lunares. Prossegue: “Sempre que necessitar de algo, uma vez por mês, e melhor será quando a Lua estiver cheia, você deverá reunir em algum local secreto…”. A Carga promete que a celebração da Deusa livrará o devoto da escravidão de outros povos e às leis cristianizadas, e que a Deusa ensinará a seus seguidores seus segredos místicos.
Cada “coven”, grupo e indivíduo podem ter uma versão levemente modificada da Carga da Deusa, geralmente uma compilação e reestruturação de outras versões. Eis aqui uma delas:
“Ouçam as palavras da Grande Deusa, que em outras eras era chamada de Ártemis, Diana, Astarte, Ishtar, Afrodite, Cerridwem, Morrigan, Freya entre muitos outros nomes.
Sempre que necessitarem da Minha ajuda, reúnam-se em um local secreto, pelo menos uma vez por mês, especialmente na Lua Cheia. Saibam que minhas leis e amor os tornarão livres, pois nenhum homem pode proibir seu culto a mim em suas mentes e em seus corações. Prestem atenção a como vocês chegarão à minha presença, e Eu lhes ensinarei profundos mistérios, antigos e poderosos. Não exijo sacrifícios, nem dor em seu corpo, pois Sou a Mãe de todas as coisas, a Criadora que os criou a partir de Meu amor, e Aquela que dura através dos tempos.
Sou aquela que é a beleza da Terra, o verde das coisas vivas. Sou a Lua Branca cuja luz é plena entre as estrelas, e suave sobre a Terra. Que Meu alegre culto esteja em seus corações, pois todos os atos de amor e prazer são Meus rituais. Vocês Me vêem no amor de homem e mulher, pais e filhos, entre humanos e todas as Minhas criaturas. Quando vocês criam com suas próprias mãos, lá estarei Eu. Eu sopro o sopro da vida nas sementes que plantam, seja uma planta ou criança. Estarei sempre a seu lado, sussurrando palavras ternas de sabedoria e orientação.
Todos os que buscamos Mistérios devem vir a mim, pois Eu sou a verdadeira fonte, a Guardiã do Caldeirão. Todos os que buscam me conhecer sabem disso. Toda a sua busca e seus anseios são inúteis a não ser que conheçam o Mistério: pois se o que buscam não conseguem achar em seu interior, não o conseguirão no exterior. Portanto, atentos, estou com vocês desde o princípio, e os recolherei ao meu seio ao fim de sua existência terrena.”
A carga deve ser lida no início de um ritual. Escutá-la ou pronunciá-la auxilia a todo seguidor devotado abrir as portas ao inconsciente coletivo. Quando pudermos fazê-lo, teremos a chave para a porta interior.
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