A Lenda de Nossa Senhora dos Remédios
Orações a Nossa Senhora dos remédios
A Lenda de Nossa Senhora dos Remédios
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Parece que, pelo século VII, invadido pelos sarracenos o território do actual Concelho, os cristãos, receosos que uma imagem da Virgem, muito venerada, fosse profanada pelos infiéis, a procuraram esconder numa gruta cavada nos rochedos das imediações do Cabo Carvoeiro. E aí ficou a imagem, a coberto de assaltos e sacrilégios.
Entretanto, pelos fins do século XII e durante o reinado de D. Afonso Henriques, um criminoso, fugido à justiça, procurou refúgio nas cavernas da costa ocidental da Ilha, posto que era a única salvação para a sua liberdade ameaçada. Por um acaso providencial, foi esse criminoso acolher-se à mesma gruta onde, quinhentos anos antes, a imagem da Virgem havia sido escondida. Maravilhado com a sua descoberta, não se atreveu, todavia, a dar parte dela no povoado, aguardando que alguém se aproximasse; mas não se conteve que a não revelasse a um grupo de crianças que, ali perto, se entretinha a brincar nos rochedos.
As crianças, surpreendidas, correram a dar a notícia a seus pais e, em breve, toda a gente da povoação se achegava a admirar o achado precioso.
Com receio de que, ali tão perto do mar, não ficasse a imagem resguardada de assaltos e profanações, resolveram os habitantes da terra levá-la para a igreja de S. Vicente, em Peniche de Cima; porém, de todas as vezes que o tentaram, a imagem desaparecia misteriosameste do templo, tornando a aparecer na mesma gruta onde fora encontrada. Certos de que isso correspondia à vontade da Senhora, ergueram no local uma capelinha, começando por cavar a golpes de picão o nicho onde a Virgem aparecera, justamente aquela que ocupa a reentrância do lado esquerdo do corpo da actual capela de Nossa Senhora dos Remédios.
Consta que, antigamente, sempre que vestiam quaisquer trajes ou mantos à imagem, estes eram encontrados depois caídos a seus pés, como se a Virgem se contentasse apenas com os trajos esculpidos na própria figura. E diz ainda o povo que, numa cruz natural existente à entrada da capela, do lado direito, sempre que acontecia dar-se alguma graça por intercessão da Senhora, apareciam, sobre cada um dos orifícios dos cravos, três gotas de água puríssima, como pérolas brilhantes…
Fonte BiblioCALADO, Mariano Peniche na História e na Lenda Peniche, Edição do Autor, 1991 , p.412
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