Evangelhos Apócrifos – O Livro de Enoque

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O livro de Enoch é um texto apócrifo que é mencionado por algumas cartas do Novo Testamento (Judas, Hebreus e 2ª de Pedro). Até a elaboração da Vulgata, por volta do ano 400, os primeiros seguidores de Cristo o mencionavam abertamente em seus textos e o aceitavam como real. Após a Vulgata ele caiu no esquecimento. Entretanto, o livro é muito interessante e parece real. O livro de Enoch foi preservado somente em uma cópia, na totalidade, em etíope e, por esta razão, também é chamado de Enoch etíope.

Capítulo 1

1As palavras das bênçãos de Enoque, com as quais ele abençoou os eleitos e os justos, os quais devem existir nos tempos da tribulação, rejeitando toda iniqüidade e mundanismo. Enoque, um homem justo, o qual estava com Deus, respondeu e falai com Deus enquanto seus olhos estavam abertos, e enquanto via uma santa visão dos céus. Isto os anjos me mostraram.

2Deles eu ouvi todas as coisas e entendi o que vi; coisas que não terão lugar nesta geração, mas numa geração que deve acontecer num tempo distante, por causa dos eleitos.

3A respeito deles eu falei e conversei com Ele, o qual virá de Sua habitação, o Santo e Poderoso, o Deus do mundo:

4O qual pisará sobre o Monte Sinai; aparecerá com Suas hostes e se manifestará com a força do Seu poder dos céus.

5Todos estarão temerosos e as Sentinelas estarão aterrorizados.

6Grande temor e tremor se apoderarão deles, mesmo aos confins da terra. As alturas das montanhas serão abaladas, e os altos montes serão abatidos, derretidos como o favo de mel na chama de fogo. A terra será imersa e todas as coisas que nela estão perecerão; enquanto julgamento virá sobre todos, mesmo sobre todos os justos:

7Mas a eles será dada paz: Ele preservará os eleitos e para com eles exercitará clemência.

8Então todos pertencerão a Deus, serão felizes e abençoados, e o esplendor da Divindade os iluminará.

Capítulo 2

1Eis que Ele vem com dezenas de milhares dos Seus santos para executar julgamento sobre os pecadores e destruir o iníquo, e reprovar toda coisa carnal e toda coisa pecaminosa e mundana que foi feita, e cometida contra Ele. (2)

(2) Citado por Judas, vss. 14, 15.

Capítulo 3

1Todos os que estão nos céus sabem o que transcorre lá.

2Eles sabem que as luminárias celestes não mudam seus caminhos; que cada uma nasce e se põe regularmente, cada uma a seu próprio tempo, sem transgredir os mandamentos que receberam. A VISÃO da terra, e entendem o que deve acontecer, desde o princípio até o seu fim.

3Eles vêem que toda obra de Deus é invariável no período de seu aparecimento. Eles vêem o verão e o inverno: percebendo que toda terra está repleta de água; e que a nuvem, o orvalho, e a chuva refrescam-na.

Capítulo 4

1Eles consideram e vêem cada árvore, como aparecem para depois murchar, e toda folha, para depois cair, exceto de quatorze árvores, as quais não são efêmeras, e esperam pelo aparecimento das folhas novas por dois ou três invernos.

Capítulo 5

1Novamente eles consideram os dias de verão, que o sol está sobre a terra desde o princípio; enquanto tu procuras por uma cobertura e por um lugar sombreado por causa do sol ardente; enquanto a terra é queimada com calor fervente, e tu te tornas incapaz de andar sobre a terra ou sobre as rochas em conseqüência do calor.

Capítulo 6

1Eles consideram como as árvores, quando elas dão suas folhas verdes, cobrem-se e produzem frutos; entendendo tudo, e sabendo que Ele, o qual vive para sempre, faz todas estas coisas por causa de vós:

2Que as obras desde o princípio de todo ano existente, que todas as suas obras são obedientes a Ele e invariáveis; assim como Deus determinou, assim todas as coisas acontecem.

3Eles vêem também como os mares e os rios juntos completam suas respectivas operações:

4Mas tu resistes impacientemente, não cumpres os mandamentos do Senhor, mas transgrides e calunias a Sua grandiosidade; e malditas são as palavras em tua boca poluída contra Sua majestade.

5Tu, murcho de coração, a paz não estará contigo!

6Portanto teus dias te amaldiçoarão, e os anos de tua vida perecerão; execração perpétua se multiplicará, e não obterás misericórdia.

7Nestes dias tu resignas tua paz com a eterna maldição de todos os justos, e os pecadores perpetuamente te execrarão;

8Eles te execrarão com tudo o que não é divino.

9Os eleitos possuirão luz, alegria e paz; e herdarão a terra.

10Mas tu, que não és santo, serás amaldiçoado.

11Então a sabedoria será dada aos eleitos, todos os que viverão, e não transgredirão por impiedade ou orgulho, mas humilhar-se-ão, processando prudência, e não repetirão transgressão.

12Eles não condenarão todo o período das suas vidas, não morrerão em tormento e indignação; mas a soma dos seus dias se completará, e envelhecerão em paz; enquanto os anos de sua felicidade se multiplicarão em alegria, e com paz, para sempre, em toda a duração de sua existência.

Capítulo 7

1E aconteceu depois que os filhos dos homens se multiplicaram naqueles dias, nasceram-lhe filhas, elegantes e belas.

2E quando os anjos, (3) os filhos dos céus, viram-nas, enamoraram-se delas, dizendo uns para os outros: Vinde, selecionemos para nós mesmos esposas da progênie dos homens, e geremos filhos.

(3) No texto aramaico lê-se “Sentinelas” (J.T. Milik, Aramaic Fragments of Qumran Cave 4 [Oxford: Clarendon Press, 1976], p. 167).

3Então seu líder Samyaza disse-lhes: Eu temo que talvez possais indispor-vos na realização deste empreendimento;

4E que só eu sofrerei por tão grave crime.

5Mas eles responderam-lhe e disseram: Nós todos juramos;

6 (e amarraram-se por mútuos juramentos), que nós não mudaremos nossa intenção mas executamos nosso empreendimento projetado.

7Então eles juraram todos juntos, e todos se amarraram (ou uniram) por mútuo juramento. Todo seu número era duzentos, os quais descendiam de Ardis, (4) o qual é o topo do monte Armon.

(4) de Ardis. Ou, “nos dias de Jared” (R.H. Charles, ed. and trans., The Book of Enoch [Oxford: Clarendon Press, 1893], p. 63).

8Aquele monte portanto foi chamado Armon, porque eles tinham jurado sobre ele, (5) e amarraramse por mútuo juramento.

(5) Mt. Armon, ou Monte Hermon deriva seu nome do hebreu herem, uma maldição (Charles, p. 63).

9Estes são os nomes de seus chefes: Samyaza, que era o seu líder, Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danel, Azkeel, Saraknyal, Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel, Yomyael, Arazyal. Estes eram os prefeitos dos duzentos anjos, e os restantes estavam todos com eles. (6)

(6) O texto aramaico preserva uma lista anterior dos nomes destes Guardiães ou Sentinelas: Semihazah; Artqoph;

Ramtel; Kokabel; Ramel; Danieal; Zeqiel; Baraqel; Asael; Hermoni; Matarel; Ananel; Stawel; Samsiel; Sahriel, Tummiel; Turiel; Yomiel; Yhaddiel (Milik, p. 151).

10Então eles tomaram esposas, cada um escolhendo por si mesmo; as quais eles começaram a abordar, e com as quais eles coabitaram, ensinando-lhes sortilégios, encantamentos,e a divisão de raízes e árvores.

11E as mulheres conceberam e geraram gigantes, (7).

(7) O texto grego varia consideravelmente do etíope aqui. Um manuscrito grego acrescenta a esta secção, “E elas [as mulheres] geraram a eles [as Sentinelas] três raças: os grandes gigantes. Os gigantes trouxeram [alguns dizem “mataram”] os Naphelim, e os Naphelim trouxeram [ou “mataram”] os Elioud. E eles sobreviveram, crescendo em poder de acordo com a sua grandeza.” Veja o registro no Livro dos Jubileus.

12Cuja estatura era de trezentos cúbitos. Estes devoravam tudo o que o labor dos homens produzia e tornou-se impossível alimentá-los;

13Então eles voltaram-se contra os homens, a fim de devorá-los;

14E começaram a ferir pássaros, animais, répteis e peixes, para comer sua carne, um depois do outro, (8) e para beber seu sangue.

(8) Sua carne, um depois do outro. Ou, “de uma outra carne”. R.H. Charles nota que esta frase pode referir-se à destruição de uma classe de gigantes por outra. (Charles, p. 65).

15Então a terra reprovou os injustos.

Capítulo 8

1 Além disso, Azazyel ensinou os homens a fazerem espadas, facas, escudos, armaduras (ou peitorais), a fabricação de espelhos e a manufatura de braceletes e ornamentos, o uso de pinturas, o embelezamento das sobrancelhas, o uso de todo tipo selecionado de pedras valiosas, e toda sorte de corantes, para que o mundo fosse alterado.

2A impiedade foi aumentada, a fornicação multiplicada; e eles transgrediram e corromperam todos os seus caminhos.

3 Amazarak ensinou todos os sortilégios, e divisores de raízes:

4 Armers ensinou a solução de sortilégios;

5 Barkayal ensinou os observadores das estrelas, (9)

(9) Observadores das estrelas. Astrólogos (Charles, p. 67).

6 Akibeel ensinou sinais;

7Tamiel ensinou astronomia;

8E Asaradel ensinou o movimento da lua,

9E os homens, sendo destruídos, clamaram, e suas vozes romperam os céus.

Capítulo 9

1Então Miguel e Gabriel, Radael, Suryal, e Uriel, olharam abaixo desde os céus, e viram a quantidade de sangue que era derramada na terra, e toda a iniqüidade que era praticada sobre ela, e disseram um ao outro; Esta é a voz de seus clamores;

2A terra desprovida de seus filhos tem clamado, mesmo até os portões do céu.

3E agora a ti, ó Santo dos céus, as almas dos homens queixam-se, dizendo: Obtém justiça para conosco com o Altíssimo (10). Então eles disseram ao seu Senhor, o Rei: Tu és Senhor dos senhores, Deus dos deuses, Rei dos reis. O trono de Tua glória é para sempre e sempre, e para sempre seja Teu nome santificado e glorificado.

(10) Obtém justiça para conosco. Literalmente, “Traz julgamento para nós do…” (Richard Laurence, ed. and trans.,

The Book of Enoch the Prophet [London: Kegan Paul, Trench & Co., 1883], p. 9).

4Tu fizeste todas as coisas; Tu possuis poder sobre todas as coisas; e todas as coisas estão abertas e manifestas diante de Ti. Tu vês todas as coisas e nada pode esconder-se de Ti.

5Tu viste o que Azazyel tem feito, como ele tem ensinado toda espécie de iniqüidade sobre a terra, e tem aberto ao mundo todas as coisas secretas que são feitas nos céus.

6Samyaza também tem ensinado sortilégios, para quem Tu deste autoridade sobre aqueles que estão associados Contigo. Eles tem ido juntos às filhas dos homens, têm-se deitado com elas; têm-se contaminado;

7E têm descoberto crimes a elas. (11)

(11) Descoberto crimes. Ou, “revelado estes sinais” (Charles, p. 70).

8As mulheres igualmente têm gerado gigantes.

9Assim toda a terra tem se enchido de sangue e iniqüidade.

10E agora, vês que as almas daqueles que estão mortos clamam.

11E queixam-se até ao portão do céu.

12Seus gemidos sobem; nem podem eles escapar da injustiça que é cometida na terra. Tu conheces todas as coisas, antes de elas existirem.

13Tu conheces estas coisas, e o que tem sido feito por eles; já Tu não falas a nós.

14O que, por conta destas coisas, devemos fazer contra eles?

Capítulo 10

1Então o Altíssimo, o Grande e Santo falou,

2E enviou a Arsayalalyur (12) ao filho de Lamech,

(12) Arsayalalyur. No texto em grego lê-se “Uriel”.

3Dizendo: Diz a eles em Meu nome: Esconde-te.

4Então explicou-lhe a consumação que está preste a acontecer; pois toda a terra perecerá; as águas do dilúvio virão sobre toda a terra, e todas os que estão nela serão destruídos.

5E agora, ensina-o como ele pode escapar, e como sua semente pode permanecer em toda a terra.

6Novamente o Senhor disse a Rafael: Amarra a Azazyel, mãos e pés; lança-o na escuridão; e

abrindo o deserto que está em Dudael, lança-o nele.

7Arremessa sobre ele pedras agudas, cobrindo-o com escuridão;

8Lá ele permanecerá para sempre; cobre sua face, para que ele não possa ver a luz.

9E no grande dia do julgamento lança-o ao fogo.

10Restaura a terra, a qual os anjos corromperam; e anuncia vida a ela, para que Eu possa recebê-la.

11Todos os filhos dos homens, sua descendência, não perecerão em consequência de todo segredo, pelo qual as Sentinelas têm destruído, e o que eles ensinaram;

12Toda a a terra tem se corrompido pelos efeitos dos ensinamentos de Azazyel. A ele, portanto, se atribui todo crime.

13A Gabriel também o Senhor disse: Vai aos bastardos, (13) aos réprobos, aos filhos da fornicação; e destrói os filhos da fornicação, a descendência das Sentinelas de entre os homens; traga-os e excita-os uns contra os outros. Faça-os perecer por mútua matança; pois o prolongamento de dias não será deles.

(13) “bastardos” (Charles, p. 73; Michael A. Knibb, ed. and trans., The Ethiopic Book of Enoch [Oxford: Clarendon Press, 1978], p. 88).

14Eles rogarão a ti, mas seus pais não obterão seus desejos com respeito a eles; pois eles esperaram por vida eterna, e que eles possam viver, cada um deles, quinhentos anos.

15A Miguel, igualmente o Senhor disse: Vai e anuncia seus próprios crimes a Samyaza, e aos outros que estão com ele, os quais têm se associado às mulheres para que se contaminem com toda sua impureza. E quando todos os seus filhos forem mortos, quando eles virem a perdição dos seus bem amados, amarra-os por setenta gerações debaixo da terra, mesmo até o dia do julgamento, e da consumação, até o julgamento, cujo efeito que dura para sempre, seja completado.

16Então eles serão levados para as mais baixas profundezas do fogo em tormentos; lá eles serão encerrados em confinamento para sempre.

17Imediatamente depois disso ele, (14) juntamente com os outros, queimarão e perecerão; eles serão amarrados até a consumação de muitas gerações.

(14) Ele. I.e., Samyaza.

18Destrói todas as almas viciadas na luxúria, (15) e a descendência das Sentinelas, pois eles tiranizam a humanidade.

(15) “luxúria” (Knibb, p. 90; cp. Charles, p. 76).

19Que todo opressor pereça na face da terra;

20Que toda má obra seja destruída;

21A semente da justiça e da retidão apareça, e o que é produtivo torne-se uma bênção.

22Justiça e retidão serão plantados para sempre com prazer.

23E então todos os santos darão graças, e viverão até terem gerado milhares de filhos, enquanto todo o período se sua juventude, e seus sábados, serão completados em paz. Naqueles dias toda a terra será cultivada em retidão; ela será totalmente cultivada com árvores, e será cheia de bendições; toda árvore de delícias será plantada nela.

24Vinhas serão plantadas; e a vinha que nela será plantada produzirá frutos para saciedade; toda semente que nela será semeada produzirá mil por uma medida; e uma medida de olivas produzirá dez prensas de óleo.

25Purifica a terra de toda opressão, de toda injustiça, de todo crime, de toda impiedade, e de toda impureza que é cometida sobre ela. Extermina-os da terra.

26Então todos os filhos dos homens serão justos, e todas as nações me pagarão divinas honras, e Me abençoarão; e todos Me adorarão.

27A terra será limpa de toda corrupção, de toda punição e de todo sofrimento; Eu não enviarei novamente dilúvio sobre ela, de geração em geração para sempre.

28Naqueles dias Eu abrirei tesouros de bênçãos que estão nos céus, para que Eu possa fazê-las descer sobre a terra, e sobre todos os trabalhos e labores do homem.

29Paz e eqüidade se associará aos filhos dos homens todos os dias do mundo, em cada uma de suas gerações.

Capítulo 11 (não tem)

Capítulo 12

1Antes de todas estas coisas acontecerem, Enoque esteve escondido; e nenhum dos filhos dos homens sabia onde ele estava, onde ele havia estado, e o que havia acontecido.

2Ele esteve totalmente engajado com os santos, e com as Sentinelas em seus dias.

3Eu, Enoque, fui abençoado pelo grande Senhor e Rei da paz.

4E eis que as Sentinelas chamaram-me Enoque, o escriba.

5Então o Senhor disse-me: Enoque, escriba da retidão, vai e dize às Sentinelas dos céus, os quais desertaram o alto céu e seu santo e eterno estado, os quais foram contaminados com mulheres.

6E fizeram como os filhos dos homens fazem, tomando para si esposas, e os quais têm sido grandemente corrompidos na terra;

7Que na terra eles nunca obterão paz e remissão de pecados. Pois eles não se regozijarão em sua descendência; eles verão a matança dos seus bem-amados; lamentarão a destruição dos seus filhos e farão petição para sempre; mas não obterão misericórdia e paz.

Capítulo 13

1Então Enoque, passando ali, disse a Azazyel: Tu não obterás paz. Uma grande sentença há contra ti. Ele te amarrará;

2Socorro, misericórdia e súplica não estarão contigo por causa da opressão que tens ensinado;

3E por causa de todo ato de blasfêmia, tirania e pecado que tens descoberto aos filhos dos homens.

4Então partindo dele, falei a eles todos juntos;

5E eles todos ficaram apavorados, e tremeram;

6Abençoando-me por escrever por eles um memorial de súplica, para que eles pudessem obter perdão; e que eu fizesse um memorial de suas orações ascendendo diante do Deus do céu; porque eles, por si mesmos, desde então não podiam dirigir-se a Ele, nem levantar seus olhos aos céus por causa da infame ofensa com a qual eles foram julgados.

7Então eu escrevi um memorial de suas orações e súplicas, por seus espíritos, por tudo o que eles haviam feito, e pelo assunto de sua solicitação, para que eles obtivessem remissão e descanso.

8Procedendo nisso, eu continuei sobre as águas de Danbadan, (16) as quais estão da direita para o oeste de Armon, lendo o memorial de suas orações, até que caí adormecido.

(16) Danbadan. Dan in Dan (Knibb, p. 94).

9E eis que um sonho veio a mim, e visões apareceram acima de mim. E caí e vi uma visão de castigos, para que eu pudesse ralatá-la aos filhos dos céus, e reprová-los. Quando eu acordei fui até eles. Todos estavam reunidos chorando em Oubelseyael, que está situada entre o Libano e Seneser,

(17) com suas faces escondidas.

(17) Libanos e Seneser. Líbano e Senir (próximo a Damasco).

10E relatei em sua presença todas as visões que eu havia visto, e meu sonho;

11E comecei a pronunciar estas palavras de retidão, reprovando as Sentinelas do céu.

Capítulo 14

1Este é o livro das palavras de retidão, e de reprovação das Sentinelas, os quais pertencem ao mundo, (18) de acordo com o que Ele, que é santo e grande, ordenou na visão. Eu percebi em meu sonho que eu estava então falando com a língua da carne, e com meu fôlego, que o Poderoso colocou na boca dos homens, para que eles pudessem conversar com Ele.

(18) Os quais pertencem ao mundo. Ou, “os quais (são) da eternidade” (Knibb, p. 95).

2Eu entendi com o coração. Assim como Ele havia criado e dado aos homens o poder de compreender a palavra de entendimento, assim criou, e deu a mim o poder de reprovar os Sentinelas, a geração dos céus. E escrevi sua petição; e na minha visão foi-me mostrado que seu pedido não lhes será atendido enquanto o mundo perdurar.

3Julgamento passou sobre vós: vosso pedido não vos será atendido.

4De agora em diante, nunca ascendereis ao céu; Ele o disse que na terra Ele vos amarrará, tanto tempo quanto o mundo existir.

5Mas antes destas coisas tu verás a destruição dos vossos bem-amados filhos; não os possuireis, mas eles cairão diante de vós pela espada.

6Nem pedireis por eles, nem por vós mesmos;

7Mas chorareis e suplicareis em silêncio. As palavras do livro que eu escrevi.(19)

(19) Mas chorareis… Eu escrevi. Ou, “Assim também, a despeito de vossas lágrimas e orações, não recebereis nada, de tudo o que está contido nos registros que eu tenho escrito” (Charles, p. 80).

8Uma visão então me apareceu.

9Eis que naquela visão, nuvens e névoa convidaram-me; estrelas agitadas e brilho de relâmpagos impeliram-me e pressionaram-me adiante, enquanto ventos na visão assistiram meu vôo, acelerando meu progresso.

10Eles elevaram-me no alto ao céu. Eu prossegui, até que cheguei próximo dum muro construído com pedras de cristal. Uma chama de fogo vibrante (20) rodeou-o, a qual começou a golpear-me com terror.

(20) Chama de fogo vibrante. Literalmente, “uma língua de fogo”.

11Nesta chama de fogo vibrante eu entrei;

12E aproximei-me de uma espaçosa habitação, também construída com pedras de cristal. Seus muros também, bem como o pavimento, eram formados com pedras de cristal, e de cristal também era o piso. Seu telhado tinha a aparência de estrelas agitadas e brilhos de relâmpagos; e entre eles haviam querubins de fogo num céu tempestuoso.

(21) Uma chama queimava ao redor dos muros; e seu portal queimava com fogo. Quando eu entrei nesta habitação, ela era quente como fogo e frio como o gelo. Nenhum traço de encanto ou de vida havia lá. O terror sobrepujou-me, e um tremor de medo apoderou-se de mim.

(21) Num céu tempestuoso. Literalmente, “e seu céu era água” (Charles, p. 81).

13Violentamente agitado e tremendo, eu caí sobre minha face. Na visão eu olhei.

14E ví que lá havia outra habitação mais espaçosa que a primeira, cada entrada da qual estava aberta diante de mim, elevada no meio da chama vibrante.

15Tão grandemente superou em todos os pontos, em glória, em magnificência, em magnitude, que é impossível descrever-vos o esplendor ou a extensão dela.

16Seus pisos eram de fogo, acima haviam relâmpagos e estrelas agitadas, enquanto o telhado exibia um fogo ardente.

17Eu examinei-a atentamente e vi que ela continha um trono exaltado;

18A aparência do qual era semelhante à da geada, enquanto que sua circunferência assemelhava-se à órbita do sol brilhante; e havia a voz de um querubim.

19Debaixo desse poderoso trono saíam rios de fogo flamejante.

20Olhar para ele foi impossível.

21Alguém grande em glória assentava-se sobre ele,

22Cujo manto era mais brilhante que o sol, e mais branco que a neve.

23Nenhum anjo era capaz de penetrar para olhar a Sua face, o Glorioso e Efulgente; nem podia algum mortal vê-Lo. Um fogo flamejante rodeava-O.

24Também um fogo de grande extensão continuava a elevar-se diante dEle; de modo que nenhum daqueles que estavam ao redor dEle eram capazes de aproximar-se dEle, entre as miríades de miríades(22) que estavam diante dEle. Para Ele santa consulta era desnecessária. Contudo, o Santificado, que estava próximo dEle, não apartou-se dEle nem de noite nem de dia; nem eram eles tirados de diante dEle. Eu também estava tão adiantado, com um véu sobre minha face, e trêmulo.

Então o Senhor com sua própria boca chamou-me, dizendo: Aproxima-se aqui acima, Enoque, à minha santa palavra.

(22) Miríades de miríades. Dez mil vezes dez mil (Knibb, p. 99).

25E Ele ergueu-me, fazendo aproximar-me, mesmo até à entrada. Meus olhos estavam dirigidos para o chão.

Capítulo 15

1Então dirigindo-se para mim, Ele falou e disse: Ouve, não se atemorize, justo Enoque, tu escriba da retidão: aproxima-te para cá, e ouve a minha voz. Vai, dize às Sentinelas do céu, a quem te enviei para rogar por eles; tu deves rogar pelos homens, e não os homens por ti.

2Portanto, deves abandonar o sublime e santo céu, o qual permanece para sempre; deitastes com mulheres; vos corrompestes com as filhas dos homens; tomastes para ti esposas; agistes igual aos filhos da terra, e gerastes uma ímpia descendência.(23)

(23) Uma ímpia descendência. Literalmente, “gigantes” (Charles, p. 82; Knibb, p. 101).

3 Sois espirituais, santos, e possuidores de uma vida que é eterna; vos contaminastes com mulheres, procriastes em sangue carnal; cobiçastes o sangue de homens; e fizestes como aqueles que são carne e sangue fazem.

4Estes, contudo, morrem e perecem.

5Portanto, de agora em diante Eu dou-vos esposas, para que possais coabitar com elas; para que

filhos nasçam delas; e que isto seja negociado sobre a terra.

6Mas desde o princípio fostes feitos espirituais, possuindo uma vida que é eterna, e não sujeito à morte para sempre.

7Portanto, eu não fiz esposas para vós, porque, sendo espirituais, vossa habitação está no céu,

8Agora, os gigantes que têm nascido de espírito e de carne, serão chamados sobre a terra de maus espíritos, e na terra estará a sua habitação. Maus espíritos procederão de sua carne, porque eles foram criados de cima; dos santos Sentinelas foi seu princípio e a sua primeira fundação. Maus espíritos eles serão sobre a terra, e de espíritos da maldade eles serão chamados. A habitação dos espíritos do céu será no céu, mas sobre a terra estará a habitação dos espíritos terrestriais, os quais

são nascidos na terra.(24)

(24) Note as muitas implicações dos versículo 3-8 com respeito à progênie dos maus espíritos.

9Os espíritos dos gigantes serão semelhantes às nuvens, (25) os quais oprimem, corrompem, caem, contendem e confundem sobre a terra.

(25) A palavra grega para “nuvem” aqui, nephelas, pode ocultar a mais antiga leitura, Napheleim (Nephilim).

10Eles causarão lamentação. Nenhuma comida eles comerão; e terão sede; eles se esconderão e não (26) se levantarão contra os filhos dos homens, e contra as mulheres; pois eles virão durante os dias da matança e da destruição.

(26) Não. Quase todos os manuscritos contêm esta negativa, mas Charles, Knibb, e outros acreditam que o “não” deve ser deletado para que na frase leia-se “levantarão”.

Capítulo 16

1E quanto à morte dos gigantes, onde quer que seus espíritos se apartem de seus corpos; que sua carne, que é perecível, esteja sem julgamento.(27) Assim eles perecerão, até o dia da grande consumação do mundo. Uma destruição das Sentinelas e dos ímpios acontecerá.

(27) Que sua carne… esteja sem julgamento. Ou, “sua carne será destruída antes do julgamento” (Knibb, p. 102).

2E então às Sentinelas, aos quais enviei-te para rogar por eles, os quais no princípio estavam no céu, 3Dize: No céu tens estado; coisas secretas, entretanto, não têm sido manifestadas a ti; contudo tens conhecido um reprovável mistério.

4E isto tens relatado às mulheres na dureza do vosso coração, e por aquele mistério as mulheres e a humanidade têm multiplicado males sobre a terra.

5Dize a eles: Nunca, portanto, obtereis paz.

Capítulo 17

1Eles levantaram-me a um certo lugar, onde lá havia (28) a aparência de um fogo fervente; e quando eles se agradaram assumiram a semelhança de homens.

(28) Onde havia. Ou, “onde eles [os anjos] eram semelhantes” (Knibb, p. 103).

2Eles levaram-me a um alto lugar, a uma montanha, cujo topo alcançava o céu.

3E eu vi os receptáculos da luz e do trovão nas extremidades do lugar, onde ele era profundo. Havia um arco de fogo, e flechas em seu vibrar, uma espada de fogo, e toda espécie de relâmpagos.

4Então eles levaram-me a um arroio murmurante, (29) e a um fogo no oeste, o qual recebeu todo pôr-do-sol. Eu vim a um rio de fogo, o qual fluiu como água, e desaguou no grande mar para o oeste.

(29) A um arroio murmurante. Literalmente, “à água da vida, a qual fala” (Laurence, p. 23).

5Eu vi todo largo rio, até que cheguei à grande escuridão. Eu fui para onde toda carne migra; e vi as montanhas da escuridão as quais constituem o inverno, e o lugar do qual flui a água em cada abismo.

6 Eu vi também as bocas de todos os rios no mundo, e as bocas das profundezas.

Capítulo 18

1Eu então examinei os receptáculos de todos os ventos, percebendo que eles contribuem para adornar toda criação, e para preservar a fundação da terra.

2Eu examinei a pedra que apóia os cantos da terra.

3Também vi os quatro ventos, os quais sustêm a terra, e o firmamento do céu.

4E eu vi os ventos ocupando o céu exaltado,

5Surgindo no meio do céu e da terra, e constituindo os pilares do céu.

6Eu vi os ventos que giram no céu, os quais ocasionam e determinam a órbita do sol e de todas as estrelas; e sobre a terra eu vi os ventos que mantêm as nuvens.

7Eu vi o caminho dos anjos.

8Percebi na extremidade da terra o firmamento do céu acima dele. Então passei para a direção do sul,

9Onde queimam, tanto de dia quanto de noite, seis montanhas formadas de gloriosas pedras, três em direção ao leste, e três em direção ao sul.

10Aquelas que estão em direção ao leste eram de pedra multicolorida, uma das quais era de margarite, e outra de antimônio. Aquelas em direção ao sul eram de uma pedra vermelha. A do meio aproximava-se do céu como o trono de Deus; um trono composto de alabastro, o topo do qual era de safira. Vi também um fogo flamejante suspenso sobre todas as montanhas.

11E lá eu vi um lugar do outro lado de um extenso território, onde águas foram coletadas.

12Também vi fontes terrestriais, profundas em colunas ardentes do céu.

13E nas colunas do céu eu vi fogos, os quais desciam sem número, mas nem no alto, ou no profundo. Sobre estas fontes também percebi um lugar onde não havia nem o firmamento do céu acima dele, nem o sólido chão abaixo dele; nem havia água acima; ou nada no vento; mas o lugar era desolado.

14E lá eu vi sete estrelas, semelhantes a grandes montanhas, e como espíritos suplicando-me.

15Então o anjo disse: Este lugar, até a consumação do céu e da terra, será a prisão das estrelas, e das hostes do céu.

16As estrelas que rolam sobre fogo são aquelas que transgrediram o mandamento de Deus antes que seu tempo chegasse; pois elas não vieram em sua própria estação. Portanto, Ele ofendeu-se com elas, e amarrou-as até o período da consumação dos seus crimes no ano secreto.

Capítulo 19

1Então Uriel disse: Eis aqui os anjos que coabitaram com mulheres, escolheram seus líderes;

2E sendo numerosos em aparência (30) profanaram os homens e fizeram com que errassem; assim eles sacrificaram aos demônios como aos deuses. Pois no grande dia haverá um julgamento, no qual

eles serão julgados, até que sejam consumidos; e suas esposas também serão julgadas, as quais levaram desencaminhadamente os anjos do céu para que as saudassem.

(30) Sendo numerosos em aparência. Ou, “assumindo muitas formas” (Knibb, p. 106).

3E eu, Enoque, só vi a aparência do fim de todas as coisas. Não tendo visto nenhum homem enquanto via as coisas.

Capítulo 20

1Estes são os nomes dos anjos Sentinelas:

2Uriel, um dos santos anjos, o qual preside sobre o clamor e o terror.

3Rafael, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos homens.

4Raguel, um dos santos anjos, o qual inflige punição ao mundo e às luminárias.

5Miguel, um dos santos anjos, o qual, presidindo sobre a virtude humana, comanda as ações.

6Sarakiel, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos filhos dos homens que transgridem.

7Gabriel, um dos santos anjos, o qual preside sobre Ikisat, (31) sobre o paraíso e sobre o querubim.

(31) Ikisat. As serpentes (Charles, p. 92; Knibb, p. 107).

Capítulo 21

1Então eu fiz um circuito para um lugar no qual nada estava completo.

2E lá eu não vi nem as tremendas manufaturas do um céu exaltado, nem de uma terra estabelecida, mas um lugar desolado, preparado e terrível.

3Lá também vi sete estrelas do céu amarradas juntas, semelhantes a grandes montanhas, e semelhante ao fogo fervente. Eu exclamei: Por que espécie de crime elas foram amarradas, e por que foram removidas de seu lugar? Então Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, e o qual conduzia-me, respondeu: Enoque, por que perguntas; por que arrazoas consigo mesmo, e ansiosamente indagas? Estas são aquelas estrelas que transgrediram o mandamento do altíssimo Deus; e estão aqui amarradas, até que o número infinito dos dias dos seus crimes esteja completo.

4Dali eu passei depois para um outro lugar terrível;

5Onde eu vi a operação de um grande fogo flamejante e resplandecente, no meio do qual havia uma divisão. Colunas de fogo lutando juntas para o fim do abismo, e profunda era sua descida. Mas sua medida e magnitude eu não fui capaz de descobrir, nem pude perceber sua origem. Então exclamei:

Quão terrível é este lugar, e quão difícil explorá-lo!

6Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e disse: Enoque, por que estás alarmado e maravilhado com este terrível lugar, à vista deste lugar de sofrimento? Isto, disse ele, é a prisão dos

anjos; e aqui eles serão mantidos para sempre.

Capítulo 22

1Dali eu me dirigi para outro lugar, onde vi a oeste uma grande e elevada montanha, uma forte rocha, e quatro lugares deleitosos.

2Internamente ele era profundo, espaçoso e plano: ele era profundo e escuro à vista.

3Então Rafael, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e disse: Estes são os lugares deleitosos onde os espíritos, as almas dos mortos, serão reunidos; para eles ele foi formado e aqui serão reunidas todas as almas dos filhos dos homens.

4Estes lugares, nos quais habitam, eles ocuparão até o dia do julgamento, e até seu período escolhido.

5Seu período escolhido será longo, mesmo até o grande julgamento. E vi os espíritos dos filhos dos homens que estão mortos; e suas vozes rompem o céu, enquanto eles são acusados.

6Então inquiri de Rafael, o anjo que estava comigo, e disse: Que espírito é aquele, a voz do qual alcança o céu, e acusa?

7Ele respondeu, dizendo: Este é o espírito de Abel o qual foi morto por Caim seu irmão; o qual acusará aquele irmão, até que sua semente seja destruída da face da terra;

8Até que sua semente desapareça da semente da raça humana.

9 Naquele tempo portanto eu inquiri a respeito dele, e a respeito do julgamento geral, dizendo: Por que um está separado ou outro? Ele respondeu: Três separações foram feitas entre os espíritos dos mortos, e assim os espíritos dos justos foram separados,

10Nomeadamente, por uma fenda na terra, por água, e por luz acima dela.

11E da mesma maneira os pecadores são separados quando morrem, e são sepultados na terra; julgamento não os surpreenderá em seu tempo de vida.

12Aqui suas almas estão separadas. Além disso, abundante é seu sofrimento até o tempo do grande julgamento, o castigo, e o tormento daqueles que eternamente execraram, cujas almas são munidas e amarradas lá para sempre.

13E assim tem sido desde o princípio do mundo. Assim, existe uma separação entre as almas daqueles que proferem reclamações, e daqueles que vigiam pela sua destruição, para sua matança no dia dos pecadores.

14Um receptáculo deste tipo foi formado para as almas dos injustos, e dos pecadores; daqueles que cometeram crime, e se associaram aos ímpios, com os quais eles se assemelham. Suas almas não serão aniquiladas naquele dia de julgamento, nem se levantarão deste lugar. Então eu bendisse a Deus,

15E falei: Abençoado seja o meu Senhor, o Senhor da glória e da retidão, cujo reino será para sempre e sempre.

Capítulo 23

1Dali eu fui para outro lugar, em direção ao oeste, até às extremidades da terra,

2Onde vi um fogo resplandecente correndo ao longo sem cessar, com um curso não intermitente, nem de dia nem de noite; mas sempre o mesmo, continuadamente.

3Eu indaguei,dizendo: O que é isto, que nunca cessa?

4Então Raguel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu,

5E disse: Este fogo flamejante que tu vês correndo em direção ao oeste é aquele de todas as luminárias do céu.

Capítulo 24

1Eu fui dali para outro lugar, e vi uma montanha de fogo que resplandece tanto de dia quanto de noite. Fui em direção a ela e percebi sete esplêndidas montanhas, as quais eram diferentes umas das outras.

2Suas pedras eram brilhantes e belas; todas eram brilhantes e esplêndidas à vista e formosa era sua superfície. Três montanhas estavam em direção ao leste, consolidadas e fortalecidas por estarem

colocadas uma sobre a outra; três estavam em direção ao sul, consolidadas de maneira similar. Três eram igualmente vales profundos, os quais não se acercavam uma da outra. A sétima montanha estava no meio delas. Em comprimento elas todas se assemelhavam ao assento de um trono, e árvores odoríferas rodeavam-nas.

3Entre estas havia uma árvore de um odor incessante; nem daquelas que estavam no Éden, havia lá alguma, de todas as árvores de fragrância, que cheirava como esta. Suas folhas, suas flores, nunca ficam murchas, e seu fruto era belo.

4Seu fruto assemelhava-se ao cacho da palmeira. Eu exclamei: Vê! Esta árvore é vistosa de aspecto, agradável em suas folhas, e o aspecto de seus frutos é delicioso à vista. Então Miguel, um dos santos anjos que estava comigo, e um dos que presidem sobre elas, respondeu,

5E disse: Enoque, por que inquires a respeito do odor desta árvore?

6Por que estás inquisitivo para sabê-lo?

7Então eu, Enoque, respondi-lhe, e disse: Concernente a tudo eu estou desejoso de instrução, mas particularmente com respeito a esta árvore.

8Ele respondeu-me dizendo: A montanha que tu vês, o prolongamento da qual assemelha-se ao assento do Senhor, será o assento no qual se assentará o Santo e grande Senhor da glória, o eterno Rei, quando Ele virá e descerá para visitar a terra com bondade.

9E aquela árvore de agradável aroma, não de um odor carnal; lá ninguém terá poder para toca-la até o tempo do grande julgamento. Quando todos serão punidos e consumidos para sempre; isto será conferido sobre os justos e humildes. O fruto da árvore será dado ao eleito. Pois em direção ao norte, vida será plantada no santo lugar, em direção à habitação do eterno Rei.

10Então eles se regozijarão grandemente e exultarão no Santo. O doce odor entrará em seus ossos; e eles viverão uma longa vida na terra como seus antepassados; em seus dias não haverá tristeza, angústia, aborrecimento e nem punição os afligirá.

11E eu abençoei o Senhor da glória, o eterno Rei, porque ele preparou esta árvore para os santos, formou-a, e declarou que Ele a daria para eles.

Capítulo 25

1Dali eu fui para o meio da terra, e vi um feliz e fértil lugar, o qual continha ramos espalhando-se continuamente das árvores que estavam plantadas nele. Ali eu vi uma santa montanha, e debaixo dela a água do lado de traz fluía em direção ao sul. Eu vi no oriente outra montanha tão alta quanto aquela; e entre elas havia um profundo, mas não largo vale.

2Água corria para a montanha para o ocidente dela; e debaixo dela havia igualmente outra montanha.

3Lá havia um vale, mas não um vale largo, abaixo; e no meio deles havia outro profundo e seco vale em direção da extremidade da árvore. Todos esses vales, que eram profundos, mas não oblíquo, consistia de uma forte rocha, com a árvore que estava plantada nela. E eu maravilhei-me com a rocha e o vale, ficando extremamente surpreso.

Capítulo 26

1Então eu disse: O que significa esta terra abençoada, e todas estas altas árvores, e o vale amaldiçoado entre elas?

2Então Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu: Este vale é o amaldiçoado dos amaldiçoados para sempre. Aqui serão reunidos todos os que pronunciaram com suas bocas linguagem imprópria contra Deus, e falaram rudes coisas da Sua glória. Aqui eles serão reunidos.

Aqui será seu território.

3Nos últimos dias um exemplo de julgamento será feito em retidão diante dos santos, enquanto aqueles que receberam misericórdia, para sempre, todos os dias, abençoarão a Deus, o eterno Deus.

4E no período do julgamento eles abençoarão a Ele por sua misericórdia, como Ele distribuiu-a a eles. Então eu abençoei a Deus, dirigindo-me a Ele, e fazendo menção, como foi reconhecida, Sua grandiosidade.

Capítulo 27

1Dali eu fui à direção do leste para o meio da montanha no deserto, do qual somente o nível da superfície eu percebi.

2Ele estava cheio de árvores da semente aludida; e água jorrava sobre ela.

3Ali apareceu uma catarata composta de muitas cachoeiras voltadas tanto para o oriente quanto para o ocidente. Sobre um lado havia árvores; sobre o outro água e orvalho.

Capítulo 28

1Então eu fui para outro lugar do deserto; em direção ao leste daquela montanha da qual eu havia me aproximado.

2Ali eu vi árvores escolhidas, (32) particularmente aquelas que produzem o cheiro doce opiato, incenso e mirra; e árvores diferentes umas das outras.

(32) Árvores escolhidas. Literalmente “árvores de julgamento” (Laurence, p. 35; Knibb, p. 117).

3E sobre elas havia a elevação da montanha ocidental, a não grande distância.

Capítulo 29

1IIgualmente vi outro lugar com vales de água que nunca param,

2Onde percebi uma agradável árvore, a qual em odor assemelha-se a Zasakinon. (33)

(33) Zasakinon. A árvore de mastic (Knibb, p. 118).

3Em direção ao vale eu percebi o cinamomo de doce odor. Sobre eles avancei em direção ao leste.

Capítulo 30

1Então vi outra montanha contendo árvores, da qual água fluía como Neketro.(34) Seus nomes eram Sarira, e Kalboneba.(35) E sobre esta montanha eu vi outra montanha, sobre a qual haviam árvores de Alva.(36)

(34) Neketro. O néctar (Knibb, p. 119).

(35) Sarira, e Kalboneba. Styrax e galbanio (Knibb, p. 119).

(36) Alva. Aloé (Knibb, p. 119).

2Estas árvores estavam cheias como amendoeiras, e fortes; e quando elas produziam frutos eram superiores a toda redondeza.

Capítulo 31

1Depois destas coisas, inspecionando as entradas do norte acima das montanhas, vi montanhas e

percebi sete montanhas repletas de puro nardo, árvores odoríferas e papiro.

2Dali eu passei acima dos picos daquelas montanhas a alguma distância para o leste, e fui sobre o mar da Eritréia.(37) E quando eu havia avançado para longe, além dele, passei ao longo, acima do anjo Zateel, e cheguei ao jardim da justiça. Neste jardim eu vi outras árvores, as quais eram numerosas e grandes, e floresciam ali. (37) Mar da Eritréia. O Mar Vermelho.

3Sua fragrância era agradável e poderosa e sua aparência era tanto agradável quanto elegante. A árvore do conhecimento também estava ali, do qual se alguém comesse, tornava-se dotado de grande sabedoria.

4Ela era semelhante às espécies da tamareira, dando frutos semelhantes à uva extremamente fina, e sua fragrância estendia-se a considerável distância. Eu exclamei: Que bela é esta árvore e quão deleitável é sua aparência!

5Então o santo Rafael, um anjo que estava comigo, respondeu e disse: Esta é a árvore do conhecimento, da qual vosso antigo pai e vossa mãe comeram, os quais foram antes de ti e que obtendo conhecimento, seus olhos sendo abertos, e descobrindo que estavam nus, foram expulsos do jardim.

Capítulo 32

1Dali eu fui na direção das extremidades da terra, onde vi grandes feras diferentes umas das outras, e pássaros variados em suas aparências e formas, bem como com notas de diferentes sons.

2Para a direita destas feras eu percebi as extremidades da terra, onde os céus cessam. Os portões do céu estavam abertos e vi as estrelas celestiais vindo. Eu enumerei-as enquanto elas procediam do

portão e escrevi-as todas, enquanto elas saiam uma por uma, de acordo com seu número. Eu escrevi seus nomes completamente, seus tempos e estações, enquanto o anjo Uriel, que estava comigo, mostrava-as a mim.

3Ele as mostrou todas a mim, e escrevi uma conta delas.

4Ele também escreveu para mim seus nomes, seus regulamentos, e suas operações.

Capítulo 33

1Dali eu avancei em direção ao norte, para as extremidades da terra.

2E ali vi a grande e gloriosa maravilha das extremidades de toda terra.

3Vi ali portões celestiais abertos para o céu, três dos quais distintamente separados. Os ventos do norte procediam deles, soprando frio, granizo, geada, neve, orvalho e chuva.

4De um dos portões eles sopravam suavemente, mas quando eles sopravam dos dois outros portões, ele era violento e forte. Eles sopravam sobre a terra fortemente.

Capítulo 34

1Dali eu fui para as extremidades do mundo para o oeste;

2Ali percebi três portões abertos, enquanto eu estava olhando no norte; os portões e passagens através deles era de igual magnitude.

Capítulo 35

1Então eu segui às extremidades da terra ao sul, onde vi três portões abertos para o sul, do qual provinha orvalho, chuva e vento.

2Dali eu fui para as extremidades do céu oriental, onde vi três portões celestiais abertos para o leste, os quais tinham portões menores dentro deles. Através de cada um desses portões menores as estrelas do céu passavam, e passaram para o oeste por um caminho que foi visto por elas, e todo o período de seu aparecimento.

3Quando eu as vi, as abençoei cada vez que elas apareceram, e abençoei o Senhor da glória que tinha feito estes grandes e esplêndidos sinais, para que eles pudessem mostrar a magnificência de suas obras aos anjos e às almas dos homens, e para que estes pudessem glorificar todas as suas obras e operações, pudessem ver os efeitos do seu poder; pudessem glorificar o grande labor de suas mãos e abençoá-lo para sempre.

Capítulo 36 (não tem)

Capítulo 37

1A visão que ele viu, a segunda visão de sabedoria, que Enoque viu, o filho de Jared, filho de Malaleel, o filho de Canan, filho de Enos, filho de Seth, filho de Adão. Este é o começo da palavra de sabedoria, a qual eu recebi para declarar e dizer àqueles que habitam sobre a terra. Ouvi desde o princípio, e entendei até o fim, as santas coisas que eu pronuncio na presença do Senhor dos espíritos. Aqueles que eram antes de nós pensaram-nas boas para se pronunciar; 2E nós, que viemos depois, obstruímos o princípio da sabedoria. Até ao presente tempo nunca aconteceu ter sido dado diante do Senhor dos espíritos o que eu recebi, sabedoria de acordo com a capacidade do meu intelecto, e de acordo com o prazer do Senhor dos espíritos; o que eu recebi dele, uma porção da vida eterna.

3E eu obtive três parábolas, as quais eu declarei aos habitantes do mundo.

Capítulo 38

1A primeira parábola. Quando a congregação dos justos for manifestada e os pecadores forem julgados por seus crimes, e forem afligidos à vista do mundo;

2Quando os justos forem manifestados (38) na presença dos mesmos justos, os quais serão eleitos por suas boas obras corretamente pesadas pelo Senhor dos espíritos, e quando a luz dos justos e dos eleitos, o quais habitam na terra for manifestada; onde será a habitação dos pecadores? E qual será o lugar de descanso daqueles que rejeitaram o Senhor dos espíritos? Seria melhor para eles se nunca tivessem nascido.

(38) Quando os justos forem manifestados. Ou, “quando o Justo aparecer” (Knibb, p. 125; cp. Charles, p. 112).

3Quando os segredos dos justos também forem revelados, então os pecadores serão julgados e os ímpios serão afligidos na presença dos justos e eleitos.

4Daquele tempo, aqueles que possuírem a terra deixarão de ser poderosos e exaltados. Nem serão capazes de olhar para o semblante do santo, pois a luz dos semblantes dos santos, dos justos, e dos eleitos, terá sido visto pelo Senhor dos espíritos.(39)

(39) Pois a luz… Senhor dos espíritos. Ou, “pois a luz do Senhor dos espíritos terá aparecido na face dos santos, dos juntos, e dos escolhidos” (Knibb, p. 126).

5Então os reis poderosos daquele tempo serão destruídos, mas serão entregues nas mãos dos retos e santos.

6Desde então ninguém obterá compaixão do Senhor dos espíritos, porque suas vidas neste mundo terá sido completada.

Capítulo 39

1Naqueles dias a raça eleita e santa descerá do céu e sua semente estará com os filhos dos homens.

Enoque recebeu livros de indignação e ira, e livros de pressa e agitação.

2Nunca obterão misericórdia, diz o Senhor dos espíritos.

3Uma nuvem então me arrebatou, e o vento elevou-me acima da superfície da terra, colocando-me na extremidade dos céus.

4Lá eu vi outra visão, e vi as habitações e os lugares de descanso dos santos. Meus olhos viram suas habitações com os anjos, e seus lugares de descanso com os santos. Eles estavam entrando, suplicando e orando pelos filhos dos homens; enquanto a justiça fluía como a água diante deles, e a misericórdia se espalhava sobre a terra como o orvalho. E assim será para com eles para sempre e sempre.

5Naquele tempo os meus olhos viram a habitação do eleito, da verdade, fé e retidão.

6Sem conta será o número dos santos e eleitos na presença de Deus para sempre e sempre.

7Sua residência eu vi sob as asas do Senhor dos espíritos. Todos os santos e eleitos cantavam diante dele, com a aparência semelhante à chama de fogo; suas bocas estavam cheias de bênçãos e seus lábios glorificavam o nome do Senhor dos Espíritos. E retidão incessantemente habitava diante dele.

8Eu quis permanecer ali, e minha alma desejou aquela habitação. Ali estava minha antecedente herança, pois deste modo eu prevaleci diante do Senhor dos espíritos.

9Neste momento eu glorifiquei e exaltei o nome do Senhor dos espíritos com louvor e exaltação, pois Ele o tem estabelecido com bênção e com exaltação, de acordo com Sua própria boa vontade.

10Meus olhos contemplaram aquele espaçoso lugar. Eu o bendisse e falei: Abençoado seja, abençoado desde o princípio e para sempre. No princípio, antes que o mundo fosse criado, e sem fim é seu conhecimento.

11Qual é este mundo? De toda geração existente, eles abençoarão aquele que não dorme

espiritualmente, mas permanece diante da Tua glória, abençoando, glorificando, exaltando-te, e dizendo: Santo, santo, o Senhor dos espíritos encheu o mundo todo de espíritos.

12Ali meus olhos viram a todos que, sem dormir, permanecem diante dele e abençoam-no dizendo:

Abençoado sejas, e abençoado seja o nome de Deus para sempre e sempre. Então meu semblante ficou mudado, até que fiquei incapaz de continuar vendo.

Capítulo 40

1Depois disto eu vi milhares de milhares e miríades de miríades, e um número infinito de pessoas, em pé, diante do Senhor dos espíritos.

2Igualmente, nas quatro asas do Senhor dos espíritos, nos quatro lados, percebi outros, ao lado daqueles que estavam em pé diante dele. Seus nomes também eu sei porque o anjo que estava comigo declarou-os a mim, revelando-me toda coisa secreta.

3Então ouvi as vozes daqueles sobre os quatro lados, magnificando o Senhor da glória.

4A primeira voz abençoou o Senhor dos espíritos para sempre e sempre.

5A segunda voz ouvi abençoando ao Eleito e aos eleitos que sofrem pela causa do Senhor dos espíritos.

6A terceira voz eu ouvi pedindo e orando em favor daqueles que habitam sobre a terra, e suplicam no nome do Senhor dos espíritos.

7A quarta voz eu ouvi expulsando os anjos ímpios, (40) e proibindo-os de entrarem na presença do Senhor dos espíritos para proferirem acusações contra(41) os habitantes da terra.

(40) Anjos ímpios. Literalmente “os Satãs” (Laurence, p. 45; Knibb, p. 128). Ha-satan em Hebreu (“o adversário”) foi originalmente o título de um ofício, não o nome de um anjo.

(41) Proferir acusações contra. Ou, “para acusar” (Charles, p. 119).

8Depois disso eu pedi ao anjo da paz, que prosseguia comigo, para explicar tudo o que estava escondido. Eu disse-lhe: Quem são aqueles que eu havia visto nos quatro lados e que palavras eram aquelas que eu havia ouvido e escrito? Ele respondeu: O primeiro é o misericordioso, o paciente, o santo Miguel.

9O segundo é aquele que preside sobre todo sofrimento e toda aflição dos filhos dos homens, o santo Rafael. O terceiro, o qual preside sobre tudo o que é poderoso é Gabriel. E o quarto, o qual preside sobre o arrependimento e a esperança daqueles que herdarão a vida eterna, é Fanuel. Estes são os quatro anjos do Altíssimo Deus e suas quatro vozes, as quais naquele momento eu ouvi.

Capítulo 41

1Depois disso eu vi os segredos do céu e do paraíso, de acordo com suas divisões, e das ações humanas enquanto eles pesavam-nas em balanças. Vi as habitações dos eleitos e as habitações dos santos. E ali meus olhos viram todos os pecadores que haviam negado o Senhor da glória e como eles foram expelidos dali, e arrastados para fora, como eles estiveram ali; nenhuma punição procedeu contra eles vinda do Senhor dos espíritos.

2Ali também meus olhos viram os segredos do raio e do trovão e os segredos dos ventos, como eles são distribuídos quando eles sopram sobre a terra: os segredos dos ventos, do orvalho, e das nuvens.

Ali eu vi o lugar de onde eles saem e tornam-se saturados com o pó da terra.

3Ali eu vi os receptáculos de madeira nos quais os ventos são separados, o receptáculo do granizo, o receptáculo da neve, o receptáculo das nuvens, e a própria nuvem, a qual continuava sobre a terra antes da criação do mundo.

4Eu vi também os receptáculos da lua, de onde elas vêm, para onde elas vão, seus gloriosos retornos e como uma se torna mais esplêndida do que a outra. Eu marquei seu rico progresso, seu imutável progresso, sua divisão e não diminuído progresso; sua observância de uma fidelidade mútua por um juramento estável; seu procedimento diante do sol e sua aderência ao caminho que lhes foi distribuído, (42) em obediência ao comando do Senhor dos espíritos. Potente é seu nome para sempre e sempre.

(42) Seu procedimento… caminho distribuído . Ou, “o sol vai primeiro e completa sua jornada” (Knibb, p. 129; cp.

Charles, p. 122).

5Depois eu vi que o caminho da lua, tanto oculto quanto manifesto; e também o progresso dessa trajetória foram completados dia a dia, e à noite; enquanto cada uma, junto com a outra, olhou para o Senhor dos espíritos, magnificando-O e exaltando-O sem cessar, já que exaltá-lO, para eles, é repouso; pois no esplêndido sol há uma freqüente alteração para bênção e para maldição.

6O curso do caminho da lua para com os retos é luz, mas para os pecadores é escuridão; no nome do Senhor dos espíritos, o qual criou uma divisão entre luz e escuridão, e separando os espíritos dos homens, fortalecendo os espíritos dos justos em nome de sua própria retidão.

7O anjo não previne isto, nem é ele dotado de poder para preveni-lo, pois o Juiz vê a todos, e julgaos a todos na própria presença deles.

Capítulo 42

1A sabedoria não encontrou um lugar na terra onde pudesse habitar; sua habitação, portanto está no céu.

2A sabedoria saiu para habitar entre os filhos dos homens, mas ela não obteve habitação. A sabedoria retornou ao seu lugar e assentou-se no meio dos anjos. Mas a iniqüidade saiu depois do seu retorno, a qual de má vontade encontrou uma habitação e residiu entre eles como chuva no deserto, e como o orvalho na terra seca.

Capítulo 43

1Eu vi outro esplendor, e as estrelas do céu. Eu observei que ele chamou-as todas por seus respectivos nomes, e que elas ouviram. Vi que ele pesou-as numa justa balança por sua luz e amplitude de seus lugares, o dia de seu aparecimento, e suas conversões. Esplendor produziu esplendor; e sua conversão foi o número dos anjos, e dos fiéis.

2Então eu perguntei ao anjo, que prosseguia comigo, e ele explicou-me coisas secretas, e quais eram seus nomes. Ele respondeu: O Senhor dos espíritos mostrou a ti uma similaridade disto. Eles são nomes dos justos que habitaram na terra, os quais acreditam no nome do Senhor dos espíritos para sempre e sempre.

Capítulo 44

1Outra coisa também vi com respeito ao esplendor; que ele sobe por causa das estrelas e torna-se esplendor, sendo incapaz de abandoná-las.

Capítulo 45

1A segunda parábola, a respeito daqueles que negam o nome da habitação dos santos e do Senhor dos espíritos.

2Aos céus eles não ascenderão nem virão sobre a terra. Esta será a porção dos pecadores que negam o nome do Senhor dos espíritos e que estão assim reservados para o dia da punição e da aflição.

3Naquele dia o Eleito se assentará sobre um trono de glória e escolherá suas condições e suas incontáveis habitações, enquanto seus espíritos neles serão fortalecidos quando eles virem meu Eleito, pois esses fugiram por proteção para meu santo e glorioso nome.

4Naquele dia eu farei com que meu Eleito habite no meio deles; mudarei a face do céu; o abençoarei e o iluminarei para sempre.

5Eu também mudarei a face da terra, a abençoarei; e farei com que aqueles a quem elegi habitem sobre ela. Mas aqueles que cometeram pecado e iniqüidade não habitarão nela, pois Eu marquei seus procedimentos. Meus justos Eu satisfarei com paz, colocando-os diante de Mim; mas a condenação dos pecadores se aproximará, para que Eu possa destruí-los da face da terra.

Capítulo 46

1Ali eu vi o Ancião de dias, cuja cabeça era igual à branca lã, e com ele outro, cujo semblante

assemelhava-se àquele do homem. Seu semblante era cheio de graça, igual àquele dos santos anjos.

Então eu inquiri dos anjos que estavam comigo, e que me mostravam toda coisa secreta concernente a este Filho do homem, o qual foi; de onde Ele era e porque Ele acompanhou o Ancião de dias.

2Ele respondeu-me e disse: Este é o Filho do homem, ao qual a justiça pertence, com o qual a

retidão tem habitado e o qual revelou todos os tesouros do que é escondido: pois o Senhor dos espíritos o tem escolhido e sua porção tem excedido a tudo diante do Senhor dos espíritos em eterna ascensão.

3Este Filho do homem, que tu vês, levantará reis e poderosos de seus lugares de habitação, e os poderosos de seus tronos; soltará as rédeas do poderoso, e quebrará em pedaços os dentes dos pecadores.

4Ele lançará reis dos seus tronos e de seus domínios porque eles não O exaltarão, O louvarão, nem se humilham diante dEle, pelo Qual seus reinos lhes foram dados. Igualmente o semblante do poderoso Ele lançará abaixo, enchendo-os de confusão. Escura será sua habitação e vermes serão sua cama; deste seu leito eles não esperam levantar-se novamente porque eles não exaltam o nome do Senhor dos espíritos.

5Eles condenarão as estrelas do céu, elevarão suas mãos contra o Altíssimo, caminham e habitam sobre a terra, exibindo todos os seus atos de iniqüidade, mesmo suas obras de iniqüidade. Sua força estará em suas riquezas e sua fé nos bens que têm formado com suas próprias mãos. Eles negarão o nome do Senhor dos espíritos e o expulsarão de seus templos, nos quais eles se reúnem;

6E com Ele o fiel, (43) o qual sofre em nome do Senhor dos espíritos.

(43) O expulçarão… o fiel. Ou, “expulsarão das causas de sua congregação e do fiel” (Knibb, p. 132; cp. Charles, p. 131).

1Naquele dia a oração dos santos e dos justos e o sangue dos íntegros ascenderá da terra até a presença do Senhor dos espíritos.

2Naquele dia os santos se reunirão, os quais habitam nos céus, e com vozes unidas de petição, suplica, oração, louvor e bênção ao nome do Senhor dos espíritos, por conta do sangue dos justos que tem sido derramado, para que a oração dos justos não seja descontinuada diante do Senhor dos

espíritos, para que por eles se execute julgamento; e para que sua paciência possa perdurar para sempre.(44)

(44) Para que sua paciência… perdure para sempre. Ou, “(para que) sua paciência possa não ter que durar para sempre” (Knibb, p. 133).

3Naquele tempo eu vi o Ancião de dias enquanto ele se assentava sobre o trono da sua glória, enquanto o livro dos vivos foi aberto na sua presença e enquanto todos os poderes que estão acima dos céus permanecem ao redor e diante dele.

4Então os corações dos santos estavam cheios de alegria, por causa da consumação da justiça que havia chegado, a súplica dos santos foi ouvida e o sangue dos justos apreciado pelo Senhor dos espíritos.

Capítulo 48

1Naquele lugar eu vi uma fonte de retidão, a qual nunca falha, envolta em muitas fontes de sabedoria. Delas todos os sedentos beberam e foram cheios de sabedoria tendo sua habitação com os retos, eleitos e santos.

2Naquela hora o Filho do homem foi invocado diante do Senhor dos espíritos e seu nome na presença do Ancião de dias.

3Antes que o sol e os sinais fossem criados, antes que as estrelas do céu tivessem sido formadas, seu nome era invocado na presença do Senhor dos espírito. Ele será um apoio para os justos e santos se encostarem, sem falhar; e ele será a luz das nações.

4Ele será a esperança daqueles cujos corações estão temerosos. Todos os que habitam na terra cairão diante dEle; O abençoarão e glorificarão, e cantarão orações ao nome do Senhor dos espíritos.

5Portanto o Eleito e Escondido subsistiu em sua presença, antes que o mundo fosse formado, e para sempre.

6Na Sua presença Ele existiu, e revelou aos santos e aos justos a sabedoria do Senhor dos espíritos;

pois Ele preservou o lugar dos retos, porque eles iraram e rejeitaram este mundo de iniqüidade, e detestaram todas as suas obras e caminhos, no nome do Senhor dos espíritos.

7Pois em seu nome eles serão preservados e sua será a vida. Naqueles dias os reis da terra e os homens poderosos, os quais ganharam o mundo por suas realizações, se tornarão humildes em seus semblantes.

8Pois no dia de sua ansiedade e angústia, suas almas não serão salvas, e eles estarão em sujeição daquele a quem eu escolhi.

9Eu os lançarei como a palha ao fogo e como chumbo, na água. Assim eles queimarão na presença dos justos e afundarão na presença dos santos; nem a décima parte deles será encontrada.

10Mas no dia da tribulação o mundo ganhará tranqüilidade.

11Em sua presença eles falharão e não serão levantados novamente; nem haverá alguém para tomá-los por suas mãos e levantá-los; pois eles negaram o Senhor dos espíritos e seu Messias. O nome do Senhor será abençoado.

Capítulo 48A

(45)

(45) Dois capítulos consecutivos são enumerados “48”

1Sabedoria verteu como água e glória não falta diante dEle para sempre e sempre, pois potente é Ele em todos os segredos de retidão.

2Mas a iniqüidade passa como uma sombra e não possui uma estação fixa, pois o Eleito permanece

diante do Senhor dos espíritos e Sua glória é para sempre e sempre, e Seu poder de geração em geração.

3Com Ele habitam os espíritos da sabedoria intelectual, o espírito da instrução e do poder e o espíritos dos que dormem em retidão; Ele julgará coisas secretas.

4Ninguém será capaz de pronunciar uma única palavra diante dEle, pois o Eleito está na presença do Senhor dos espíritos de acordo com Seu próprio prazer.

Capítulo 49

1Naqueles dias os santos e os escolhidos sofrerão uma mudança. A luz do dia descansará sobre eles e o esplendor e a glória dos santos será transformada.

2Naquele dia de tribulação o mal será amontoado sobre os pecadores, mas os justos triunfarão no nome do Senhor dos espíritos.

3Outros serão levados a ver que devem arrepender-se e desistir das obras das suas mãos, e que a glória não os espera na presença do Senhor dos espíritos já que por Seu nome eles podem ser salvos. O Senhor dos espíritos terá compaixão deles, pois grande é a Sua misericórdia e a justiça está em Seu julgamento; na presença de Sua glória, em seu julgamento a iniqüidade não permanecerá. Aquele que não se arrepende em perecerá Sua presença.

4Daqui em diante Eu não terei misericórdia deles, diz o Senhor dos espíritos.

Capítulo 50

1Naqueles dias a terra entregará de seu ventre e o inferno entregará de si aqueles a quem recebeu, e a destruição restaurará àqueles a quem ela deve.

2Ele selecionará os justos e santos de entre eles, pois o dia de sua salvação se tem aproximado.

3E naqueles dias o Eleito se assentará sobre seu trono, enquanto todo segredo de sabedoria intelectual procederá da sua boca, pois o Senhor dos espíritos lhe concedeu e glorificou.

4Naqueles dias as montanhas saltarão como as rãs e os montes pularão como jovens ovelhas (46)

saciadas com leite; e todos os justos se tornarão iguais aos anjos nos céu.

(46) Cp. Salmos 114:4

5Seu semblante se iluminará de alegria, pois naqueles dias o Eleito será exaltado. A terra se regozijará; os justos habitarão nela e a possuirão.

Capítulo 51

1Depois desse tempo, no lugar onde eu havia visto toda visão secreta, fui arrebatado em um redemoinho de vento e transportado para o oeste.

2Lá meus olhos viram os segredos do céu e tudo o que existe na terra; uma montanha de fogo, uma montanha de cobre, uma montanha de prata, uma montanha de ouro, uma montanha de metal fundido, e uma montanha de chumbo.

3E eu perguntei ao anjo que foi comigo, dizendo: O que são estas coisas, que em segrego eu vi?

4Ele disse: Todas as coisas que tu viste serão para o domínio do Messias, para que ele possa comandar e ser poderoso sobre a terra.

5E aquele anjo de paz respondeu-me dizendo: Espera um pouco de tempo e entenderás, e cada coisa secreta te será revelada, o que o Senhor dos espíritos tem decretado. Aquelas montanhas que tu viste, a montanha de ferro, a montanha de cobre, a montanha de prata, a montanha de ouro, a montanha de metal fluido e a montanha de chumbo, todas estas na presença do Eleito serão como o favo de mel diante do fogo, e como a água descendo de cima sobre estas montanhas, e se tornarão debilitadas diante de seus pés.

6Naqueles dias os homens não serão salvos por ouro e por prata.

7Nem eles o terão em seu poder para assegurar-se, e voar.

8Lá não haverá nem ferro, nem casaco de malha para o peito.

9Cobre será unútil; inútil também será o que não enferruja nem se consome; e levar não será desejado.

10Todas estas coisas serão rejeitadas, e perecem na terra, quando o Eleito aparecer na presença do Senhor dos espíritos.

Capítulo 52

1Ali meus olhos viram um profundo vale, e larga era sua entrada.

2Todos os que habitam na terra, no mar, e nas ilhas, trarão para ele dons, presentes e oferendas; contudo aquele profundo vale não se encherá. Suas mãos cometerão iniqüidade. Tudo quanto eles produzirem por labor será devorado pelos pecadores por crime. Mas eles perecerão de diante da face do Senhor dos espíritos e da face de sua terra. Eles se levantarão, e não falharão para sempre.

3Eu vi anjos de punição, os quais estavam habitando ali, e preparando todos os instrumentos de Satan.

4Então perguntei ao anjo da paz que continuava comigo, para quem aqueles instrumentos eram preparados.

5Ele disse: Estes são preparados para os reis e poderosos da terra, para que assim eles pereçam.

6Depois que os justos e a casa escolhida de sua congregação aparecerão, e desde então serão imutáveis no nome do Senhor dos espíritos.

7Nem aquelas montanhas existirão na sua presença como a terra e os montes, como as fontes de água existem. E os justos serão aliviados da vexação dos pecadores.

Capítulo 53

1Então eu olhei e me virei para outra parte da terra, onde vi um profundo vale de fogo ardente.

2Para esse vale, eles levaram os monarcas e os poderosos.

3Ali meus olhos viram os instrumentos que eles fizeram, correntes de ferro sem peso.(47)

(47) Sem peso. Ou, “de imensurável peso” (Knibb, p. 138).

4Então eu perguntei ao anjo da paz que estava comigo, dizendo: Para quem essas correntes são preparadas?

5Ele respondeu: Estas são preparadas para as hostes de Azazeel, para que eles sejam entregues e julgados a uma menor condenação, e para que seus anjos sejam subjugados com pedras arremessadas, como o Senhor dos espíritos ordenou.

6Miguel e Gabriel, Rafael e Fanuel serão fortalecidos naquele dia, e então os lançarão numa fornalha de fogo ardente para que o Senhor dos espíritos possa ser vingado pelos crimes que eles cometeram; porque eles se tornaram ministro de Satan, e seduziram aqueles que habitam sobre a terra.

7Naqueles dias punição virá do Senhor dos espíritos, e os receptáculos de água que estão acima nos

céus serão abertos, e igualmente as fontes que estão sob a terra.

8Todas as águas, que estão nos céus e abaixo deles, serão reunidas e se misturarão.

9A água que está acima no céu será o agente; (48)

(48) Agente. Literalmente, “macho” (Laurence, p. 61).

10E a água que está sob a terra será o recipiente, (49) e todos os que habitam sobre a terra serão destruídos e os que habitam sob as extremidades do céu.

(49) Recipiente. Literalmente, “fêmea” (Laurence, p. 61).

11Por esses meios eles entenderão a iniqüidade que cometeram na terra, e por esses meios perecerão.

Capítulo 54

1Depois disso o Ancião de dias arrependeu-se, e disse: Em vão eu destruí todos os habitantes da terra.

2E ele jurou por seu grande nome, dizendo: De agora em diante eu não agirei mais assim para com todos aqueles que habitam sobre a terra.

3Mas eu colocarei um sinal nos céus; (50) e ele será uma fiel testemunha entre mim e eles para sempre, tantos quantos os dias do céu durarem sobre a terra.

(50) Cp. Gen. 9:13, “Eu colocarei meu arco na nuvem, e ele será um sinal do convênio entre mim e a terra”.

4Depois disso, de acordo com esse meu decreto, quando eu estiver disposto a prende-los antecipadamente, pela instrumentalidade dos anjos, no dia da aflição e da perturbação, minha ira e minha punição permanecerá sobre eles, minha punição e minha ira, diz Deus, o Senhor dos espíritos.

5Ó vós reis, ó vós poderosos, que habitam o mundo, vereis meu Eleito, assentado sobre o trono da minha glória. E Ele julgará Azazeel, todos seus associados, em nome do Senhor dos espíritos.

6Ali igualmente eu vi as hostes dos anjos que estavam se movendo em punição, confinadas numa rede de ferro e bronze. Então eu perguntei ao anjo da paz, que estava comigo: Para quem estes sob confinamento estão indo.

7Ele disse: Para todos os seus eleitos e seus amados, (51) para que eles possam ser lançados nas fontes e profundas fendas do abismo.

(51) Para cada um dos… seus amados. Ou, “Para cada um de seus escolhidos e para os seus amados” (Knibb, p. 139).

8E aquele vale será cheio com seus eleitos e amados; os dias cuja vida serão consumados, mas os dias de seus erros serão inumeráveis.

9Então príncipes (52) se combinarão e juntos conspirarão. Os chefes do leste, entre os Partos e Medos, removerão reis, nos quais um espírito de perturbação entrará. Ele os lançará de seus tronos, saltando como leões de seus esconderijos, e como lobos famintos no meio do rebanho.

(52) Príncipes. Ou, “anjos” (Charles, p. 149; Knibb, p. 140).

10Eles subirão e pisarão na terra de seus eleitos. A terra de seus eleitos estará diante deles. A eira, a senda e a cidade do meu povo justo imperará o progresso de seus cavalos. Eles se levantarão para destruir uns aos outros; sua mão direita se estenderá; o homem não conhecerá seu amigo ou seu irmão;

11Nem o filho de seu pai ou de sua mãe; até que o número dos corpos de seus mortos sejam completados, pela sua morte e punição. Nem isto acontecerá sem causa.

12Naqueles dias a boca do inferno será aberta, na qual eles serão imersos; o inferno destruirá e tragará os pegadores da face dos eleitos.

Capítulo 55

1Depois disto eu vi outro exército de carruagens com homens dirigindo-as.

2E eles vieram sobre o vento do leste, desde o oeste, e do sul.(53)

(53) Desde o sul. Literalmente “do meio do dia”. (Laurence, p. 63).

3O som do barulho de suas carruagens foi ouvido.

4E quando aquela agitação aconteceu os santos fora do céu perceberam-na; o pilar da terra abalou-se desde a sua fundação e o som foi ouvido desde as extremidades da terra até as extremidades do céu ao mesmo tempo. 5Então eles caíram e adoraram o Senhor dos espíritos.

6Este é o fim da segunda parábola.

Capítulo 56

1Então eu comecei a proferir a terceira parábola, concernente aos santos e aos eleitos.

2Abençoados sois vós, ó santos e eleitos, pois glorioso é o vosso lugar.

3Os santos existirão na luz do sol e os eleitos na luz da vida eterna, cujos dias de vida nunca terminarão nem os dias dos santos serão enumerados, os quais procuram pela luz e obtêm retidão com o Senhor dos espíritos.

4Paz seja aos santos com o Senhor do mundo.

5Daqui em diante aos santos seja dito que procurem nos céu os segredos da retidão, a porção da fé; semelhante ao sol nascido sobre a terra, enquanto a escuridão se vai. Ali haverá luz interminável; eles não entrarão em contagem de tempo, pois a escuridão será previamente destruída e a luz aumentará diante do Senhor dos espíritos; diante do Senhor dos espíritos a luz da honradez aumentará para sempre.

Capítulo 57

1Naqueles dias meus olhos viram os segredos dos relâmpagos e seu esplendor, e o julgamento a eles pertencente.

2Eles iluminam por bênção e por maldição, de acordo com a vontade do Senhor dos espíritos.

3Ali eu vi os segredos do trovão quando ele agita-se acima no céu e seu som é ouvido.

4As habitações da terra também foram mostradas a mim. O som do trovão é para paz e para bênção, tanto para o bem quanto para maldição, de acordo com a palavra do Senhor dos espíritos.

5Depois disso, todo segredo dos esplendores e dos trovões foram vistos por mim. Para bênção e para fertilidade eles iluminam.

Capítulo 58

1No qüinquagésimo ano, no sétimo mês, no décimo quarto dia da vida de Enoque, naquela parábola eu vi o céu dos céus tremer, que ele tremeu violentamente e que os poderes do Altíssimo e dos anjos, milhares de milhares, e miríades de miríades, ficaram agitados com grande agitação. E quando eu olhei o Ancião de dias estava assentado no trono de sua glória enquanto os anjos e santos estavam em pé ao redor dele. Um grande tremor veio sobre mim. Meus lombos foram curvados e soltos, meus rins foram dissolvidos; e eu cai sobre minha face. O santo Miguel, outro santo anjo, um dos santos, foi enviado, o qual levantou-me.

2E quando ele levantou-me, meu espírito retornou, pois eu fui incapaz de suportar essa visão de violência, sua agitação e o choque do céu.

3Então o santo Miguel disse-me: Por que estás perturbado com essa visão?

4Desde então tem existido o dia da misericórdia; Ele tem sido misericordioso e magnânimo com todos os que habitam sobre a terra.

5Mas quando o tempo vier, então o poder, a punição, e o julgamento tomarão lugar, o qual o Senhor dos espíritos preparou para aqueles que se prostrarem para o julgamento da retidão, para aqueles que renunciarem àquele julgamento, e para aqueles que tomam seu nome em vão.

6Aquele dia foi preparado para os eleitos como um dia de convênio e para os pecadores como um dia de inquisição.

7Naquele dia dois monstros serão distribuídos como alimento (54), um monstro fêmea, cujo nome é Leviathan, habitando nas profundezas do mar, acima das fontes de águas;

(54) Distribuídos como alimento. Ou, “separados um do outro” (Knibb, p. 143).

8E um monstro macho, cujo nome é Behemoth, o qual possui, movendo-se em seu ventre, o deserto invisível.

9Seu nome era Dendayen. A leste do jardim, onde os eleitos e os justos habitarão, onde ele recebeuo

de meu ancestral, desde Adão o primeiro dos homens, (55) cujo homem o Senhor dos espíritos fez.

(55) Ele recebeu-o… primeiro dos homens. Ou, “meu bisavô foi tomado, o sétimo desde Adão” (Charles, p. 155). Isto implica que esta seção do livro foi escrita por Noé, descendente de Enoque. Os estudiosos têm especulado que esta parte do livro pode conter fragmentos do perdido Apocalipse de Noé.

10Então eu pedi a outro anjo que me mostrasse o poder daqueles monstros, como eles se separaram naquele mesmo dia, um estando nas profundezas do mar, e o outro no seco deserto.

11E ele disse: Tu, filho do homem, estás aqui desejoso de entendimento das coisas secretas.

12E o anjo da paz, o qual estava comigo disse: Estes dois monstros estão preparados pelo poder de Deus para tornarem-se alimento, para que a punição de Deus não seja em vão.

13Então crianças serão mortas com suas mães, e os filhos com seus pais.

14E quando a punição do Senhor dos espíritos continuar, sobre eles ela continuará, para que a punição do Senhor dos espíritos não aconteça em vão. Depois do quê, o julgamento existirá com misericórdia e longanimidade.

Capítulo 59

1Então outro anjo, o qual estava comigo, me falou,

2E mostrou-me o primeiro e o último dos segredos em cima no céu, e nas profundezas da terra:

3Nas extremidades do céu e nas fundações dela, e no receptáculo dos céus.

4Ele mostrou-me como seus espíritos foram divididos; como eles foram balançados e como ambas as fontes e os ventos foram contados de acordo com a força de seu espírito.

5Ele me mostrou o poder da luz da lua, que seu poder é justo; bem como as divisões das estrelas, de acordo com seus respectivos nomes;

6Que cada divisão é separada; que os relâmpagos iluminam;

7Que suas tropas imediatamente obedecem e que uma cessação toma lugar durante o trovão em continuação de seu som. Não são separados o trovão e o raio; nem eles se movem com um espírito, já que eles não são separados.

8Pois quando os raios iluminam, o trovão soa e o espírito a um próprio período faz pausa, fazendo uma igual divisão entre eles, pois o receptáculo sobre o qual seus períodos dependem é solto como a areia. Cada um deles à sua própria estação é restringido com uma rédea e virado pelo poder do espírito, que assim impele-os de acordo com a espaçosa extensão da terra.

9O espírito do mar é igualmente potente e forte, e um poder tão forte o faz vazar; assim ele é dirigido adiante e espalha-se contra as montanhas da terra. O espírito da geada tem seu anjo; no espírito do granizo ele é um bom anjo; o espírito da neve cessa em sua força e um espírito solitário está nele, o qual ascende dele como vapor, e é chamado refrigeração.

10O espírito da névoa também habita com eles em seu receptáculo, mas ele tem um receptáculo para si mesmo, pois seu progresso está no esplendor,

11Na luz e na escuridão, no inverno e no verão. Seu receptáculo é brilho, e um anjo esta nele.

12O espírito do orvalho tem seu domicílio nas extremidades do céu, em conexão com o receptáculo da chuva e seu progresso está no inverno e no verão. A nuvem produzida por ele e a nuvem do meio se tornam unidos, um dá ao outro; e quando o espírito da chuva está em movimento de seu receptáculo, anjos vêm e, abrindo seu receptáculo, o traz adiante.

13Quando igualmente ele é borrifado sobre toda a terra ele forma uma união com todo tipo de água no chão; pois as águas ficam na terra, porque eles fornecem nutrição para a terra desde o Altíssimo, o qual está no céu.

14Sobre este informe, portanto há uma regulamentação na qualidade da chuva que os anjos recebem.

15Estas coisas eu vi, todas elas, até o paraíso.

Capítulo 60

1Naqueles dias eu vi que longos mantos foram dados àqueles anjos, os quais tomaram suas asas e fugiram em direção ao norte.

2Eu perguntei ao anjo, dizendo: Para onde eles levaram aqueles longos mantos e para onde se foram? Ele disse: Eles foram medir.

3O anjo, o qual continuava comigo, disse: Estas são as medidas dos justos e cordas serão trazidas para que eles possam confiar no nome do Senhor dos espíritos para sempre e sempre.

4O eleito começará a habitar com o eleito.

5Estas são as medidas que serão dadas pela fé, as quais fortalecerão as palavras de retidão.

6Estas medidas revelarão todos os segredos nas profundezas da terra.

7E acontecerá que aqueles que foram destruídos no deserto e os que foram devorados pelos peixes do mar e pelas bestas do campo, retornarão e confiarão no dia do Eleito, pois ninguém perecerá na presença do Senhor dos espíritos, nem ninguém será capaz de perecer.

8Então eles receberam o mandamento, todos os quais estavam nos céus acima, para quem foi dado um poder combinado, voz e esplendor, semelhante ao fogo.

9E primeiro, com suas vozes eles abençoaram-no, exaltaram-no, glorificaram-no com sabedoria e atribuíram a Ele sabedoria com a palavra e com o sopro da vida.

10Então o Senhor dos espíritos assentado sobre o trono de sua glória, o Eleito,

11O qual julgará todas as obras do Santo acima no céu, e numa balança Ele pesará suas ações. E quando Ele levantar Seu semblante para julgar seus caminhos secretos na palavra do nome do Senhor dos espíritos, e seu progresso no caminho do justo julgamento do altíssimo Deus;

12Eles falarão com vozes unidas; abençoarão, glorificarão, exaltarão, e orarão em nome do Senhor dos espíritos.

13Ele chamará a todo poder dos céus, a todo santo acima, e ao poder de Deus. O Querubim, o Serafim, o Ofanim, todos os anjos de poder e todos os anjos dos Senhores, a saber, do Eleito, e do outro Poder, o qual estava sobre a água naquele dia.

14E levarão suas vozes unidas; abençoarão, glorificarão, orarão, e exaltarão com o espírito da fé, com o espírito da sabedoria e da paciência, com o espírito da misericórdia, com o espírito do julgamento e da paz, e com o espírito da benevolência; todos dirão com vozes unidas: Abençoado é Ele; e o nome do Senhor dos espíritos será abençoado para sempre e sempre; todos, os quais não dormem, o abençoarão acima no céu.

15Todo santo no céu o abençoará; todo o eleito que habita no jardim da vida e todo espírito de luz

que é capaz de abençoar, glorificar, exaltar, e orar em seu santo nome e todo homem mortal, (56) mais do que os poderes do céu, glorificará e abençoará seu nome para sempre e sempre.

(56) Todo homem mortal Literalmente, “toda carne” (Laurence, p. 73).

16Pois grande é a misericórdia do Senhor dos espíritos; magnânimo Ele é; e todas as suas obras, todo o seu poder, grande como são as coisas que Ele tem feito, tem revelado aos santos e eleitos, em nome do Senhor dos espíritos.

Capítulo 61

1Então o Senhor ordenou os reis, os príncipes, os exaltados e aqueles que habitam na terra dizendo:

Abri vossos olhos, e elevai vossas buzinas se sois capazes de compreender o Eleito.

2O Senhor dos espíritos assentou-se sobre o trono de sua glória.

3E o espírito de retidão foi colocado sobre ele.

4A palavra de sua boca destruirá todos os pecadores e todos os mundanos, os quais perecerão na sua presença.

5Naquele dia todos os reis, os príncipes, os exaltados e todos os que possuem a terra se colocarão em pé, verão e perceberão Aquele que está assentado no trono da sua glória, que diante dEle os santos serão julgados em retidão,

6E que nada que será falado diante dEle, será falado em vão.

7Inquietação virá sobre eles, como sobre uma mulher em trabalho de parto, cujo labor é severo, quando seu filho vem à boca do ventre e ela encontra-se em dificuldade de dar a luz.

8Uma porção deles olhará para a outra. Eles ficarão atônitos e baixarão seu semblante.

9E aflição os prenderá quando eles virem o Filho da mulher assentado sobre o seu trono de glória.

10Então os reis, os príncipes e todos os que possuem a terra glorificarão Aquele que tem domínio sobre todas as coisas, Aquele que esteve em conselho; pois desde o princípio o Filho do homem existiu em segredo, o qual o Altíssimo preservou na presença do Seu poder e foi revelado aos eleitos.

11Ele semeará a congregação dos santos e dos eleitos, e todo eleito ficará diante dEle naquele dia.

12Todos os reis, príncipes, o exaltado e aqueles que governam sobre toda a terra cairão sobre suas faces diante dEle, e O adorarão.

13Eles colocarão suas esperanças neste Filho do homem orarão a Ele e implorarão por misericórdia.

14Então o Senhor dos espíritos se apressará em expeli-los da Sua presença. Suas faces ficarão cheias de confusão e suas faces se cobrirão de escuridão. Os anjos os tomarão para castigo, aquela vingança poderá ser infligida naqueles que têm oprimido Seus filhos e Seus eleitos. E eles se tornarão como um exemplo aos santos aos Seus eleitos. Através deles estes serão feitos jubilosos, pois a ira do Senhor dos espíritos descansará sobre eles.

15Então a espada do Senhor dos espíritos se embebedará com seu sangue, mas os santos e eleitos serão salvos naquele dia; a face dos pecadores e dos mundanos daquele tempo em diante eles não verão.

16O Senhor dos espíritos permanecerá sobre eles:

17E com este Filho do homem eles habitarão, comerão, deitarão e levantarão, para sempre e sempre.

18Os santos e eleitos têm se levantado da terra. Têm deixado de deprimir seus semblantes e terão sido vestidos com a vestimenta da vida. Aqueles vestidos da vida estão com o Senhor dos espíritos, em cuja presença suas vestimentas não envelhecerão nem será diminuída sua glória.

Capítulo 62

1Naqueles dias os reis que possuíram a terra serão punidos pelos anjos de Sua ira, onde quer que eles lhes sejam entregues, para que Ele possa dar descanso por um curto período de tempo; e para que eles prostem-se diante dEle e adorem o Senhor dos espíritos, confessando seus pecados diante dEle.

2Eles abençoarão e glorificarão o Senhor dos espíritos dizendo: Abençoado é o Senhor dos espíritos, o Senhor dos reis, o Senhor dos espíritos, o Senhor dos ricos, o Senhor da glória, e o Senhor da sabedoria.

3Ele iluminará toda coisa secreta.

4Seu poder é de geração a geração e Sua glória para sempre e sempre.

5Profundos são todos os Seus segredos e incontáveis; sua retidão não pode ser calculada.

6Agora nós sabemos que devemos glorificar e abençoar o Senhor dos reis o qual é Rei sobre todas as coisas.

7Eles também dirão: Quem nos tem permitido ficar para glorificar, louvar, abençoar, e confessar na presença da Sua glória?

8E agora pequeno é o repouso que nós desejamos, mas nós não o encontramos; nós rejeitamos e não o possuímos. Luz passou diante de nós e escuridão tem coberto nossos tronos para sempre.

9 Pois nós não confessamos diante dEle; não temos glorificado o nome do Senhor dos reis; não temos glorificado o Senhor em todas as Suas obras, mas temos confiado no cetro do nosso próprio domínio e da nossa glória.

10Naquele dia do nosso sofrimento e da nossa angústia Ele não nos salvará, nem encontraremos descanso. Confessamos que nosso Senhor é fiel em todas as Suas obras, em todos os Seus julgamentos e em Sua retidão.

11Em Seus julgamentos ele não paga nenhum respeito a pessoas; e nós devemos apartar-nos de sua presença por causa de nossos maus atos.

12Todos os nossos pecados são verdadeiramente sem número.

13Então eles dirão a si mesmos: Nossas almas estão saciadas com os instrumentos de crime;

14Mas que não nos impede de descer ao ventre flamejante do inferno.

15Daí em diante seus semblantes se encherão de escuridão e confusão diante do Filho do homem, de cuja presença eles serão expulsos e diante do qual a espada permanecerá expelindo-os.

16Assim diz o Senhor dos espíritos: Este decreto e o julgamento contra os príncipes, os reis, os exaltados, e aqueles que possuem a terra, na presença do Senhor dos espíritos.

Capítulo 63

1Eu vi outros semblantes naquele lugar secreto. Ouvi a voz de um anjo, dizendo: Estes são os anjos que desceram do céu à terra, revelaram segredos aos filhos dos homens e seduziram os filhos dos

homens para cometerem de pecado.

Capítulo 64

 (57) Os capítulos 64, 65, 66 e o primeiro versículo do 67 evidentemente contêm a versão de Noé e não de Enoque (Laurence, p. 78).

1Naqueles dias Noé viu que a terra inclinou-se, e que destruição aproximava-se.

2Então ele levantou seus pés e foi para os confins da terra, para a habitação do seu bisavô Enoque.

3E Noé clamou com uma amarga voz: Ouví-me, ouví-me, ouví-me, três vezes. E ele disse: Dize-me o que está ocorrendo sobre a terra, pois a terra trabalha e é violentamente abalada. Certamente eu perecerei com ela.

4Depois disso houve uma grande perturbação na terra e uma voz foi ouvida desde o céu. Eu caí sobre minha face, então meu bisavô Enoque veio e colocou-se ao meu lado.

5Ele disse-me: Por que clamas a mim com um amargo clamor e lamentação?

6Um mandamento partiu do Senhor contra aqueles que habitam na terra para que eles sejam destruídos, pois eles conhecem todo segredo dos anjos, toda obra opressiva, o poder secreto dos demônios (58) e todo poder daqueles que cometem sortilégios, tanto quanto daqueles que fazem imagens fundidas em toda a terra.

(58) Os demônios. Literalmente, “os Satans” (Laurence, p. 78).

7Eles sabem como a prata é produzida do pó da terra e como na terra a gota metálica existe, pois o chumbo e o estanho não são produzidos da terra como fonte primária de sua produção.

8Há um anjo colocado sobre ela, e o anjo luta para prevalecer.

9Depois disso meu bisavô Enoque agarrou-me com sua mão, levantando-me e disse-me: Vai, pois eu pedí ao Senhor dos espíritos a respeito desta perturbação da terra; o qual respondeu: Por conta da impiedade deles seus inumeráveis julgamentos foram consumados diante de mim. Com respeito às luas eles inquiriram, e têm conhecimento de que a terra perecerá com aqueles que habitam sobre

ela,(59) e que estes não terão lugar de refúgio para sempre.

(59) Com respeito às luas… habitam sobre ela. Ou, “Por causa dos sortilégios que eles procuraram e aprenderam a terra e aqueles que habitam sobre ela serão destruídos” (Knibb, p. 155).

10Eles descobriram segredos, e eles são aqueles que têm sido julgados; mas não você, meu filho. O Senhor dos espíritos sabe que tu és puro e bom, livre da reprovação do descobrimento de segredos.

11Ele, o Santo, estabelecerá Seu nome no meio dos santos e te preservará daqueles que habitam sobre a terra. Ele estabelecerá tua semente em retidão com domínio e grande glória, (60) e da tua semente se espalhará retidão, e homens santos sem número para sempre.

(60) Com domínio… gloria. Literalmente, “para reis, e para grande glória” (Laurence, p. 79).

Capítulo 65

1Depois disso ele mostrou-me os anjos de punição, os quais estão preparados para vir e abrir todas as águas poderosas sob a terra:

2Que elas podem ser para julgamento e para destruição de todos aqueles que permanecem e habitam sobre a terra.

3O Senhor dos espíritos ordenou os anjos que saíram, para não tomar os homens, e preservá-los,

4pois aqueles anjos presidem sobre todas as poderosas águas. Então eu saí da presença de Enoque.

Capítulo 66

1Naqueles dias a palavra de Deus veio a mim, e disse: Vê Noé, tua sorte ascendeu a Mim, uma sorte imune de crime, uma sorte amada e superior.

2Agora então os anjos trabalharão as árvores, (61), mas enquanto eles procedem nisto eu colocarei minha mão sobre elas e as preservarei.

(61) Trabalharão nas árvores. Ou, “estão fazendo uma (estrutura de) madeira” (Knibb, p. 156).

3A semente da vida se erguerá dela e uma mudança tomará lugar para que a terra seca não seja deixada vazia. Eu estabelecerei tua semente diante de mim para sempre e sempre, e a semente daqueles que habitarem contigo na superfície da terra. Ela será abençoada e multiplicada na presença da terra, em nome do Senhor.

4Eles confinarão aqueles anjos que descobriram impiedade. Naquele vale ardente é que eles serão confinados, o qual a princípio meu bisavô mostrou-me no oeste, onde há montanhas de ouro e prata, de ferro, de metal fluído, e de estanho.

5Eu vi aquele vale no qual há uma grande perturbação e onde as águas são agitadas.

6E quando tudo isto foi executado, da massa fluída de fogo e na perturbação que prevaleceu (62) naquele lugar, levantou-se um forte cheiro de enxofre que se misturou com as águas; e o vale dos anjos que haviam sido culpados de sedução, queimou-se debaixo da terra.

(62) A perturbação que prevaleceu. Literalmente, “perturbou-os” (Laurence, p. 81).

7Através daquele vale rios de fogo também estavam fluindo, para os quais aqueles anjos serão condenados, os quais seduziram os habitantes da terra.

8E naqueles dias estas águas serão para os reis, aos príncipes, aos exaltados e para os habitantes da terra, para a cura da alma e do corpo e para o julgamento do espírito. 9Seus espíritos serão cheios de festa (63) para que eles possam ser julgados em seus corpos; porque eles negaram o Senhor dos espíritos, e apesar de eles perceberem sua condenação dia após dia, não acreditaram em seu nome.

(63) Festa. Ou, “luxúria” (Knibb, p. 157).

10E como a inflamação de seus corpos será grande, assim seus espíritos sofrerão uma transformação para sempre.

11Pois nenhuma palavra que é pronunciada diante do Senhor dos espíritos será em vão.

12Julgamento veio sobre eles porque eles confiaram em sua luxúria carnal, e negaram o Senhor dos espíritos.

13Naqueles dias as águas daquele vale serão transformadas, pois enquanto os anjos forem julgados, o calor daquelas fontes de água sofrem uma alteração.

14E enquanto os anjos ascenderem, a água das fontes novamente sofrem uma alteração e congelam.

Então eu ouvi o santo Miguel respondendo e dizendo: Este julgamento, com o qual os anjos serão julgados, dará testemunho contra os reis, príncipes e aqueles que possuem a terra.

15Pois estas águas de julgamento serão para sua cura e para a morte (64) de seus corpos. Mas eles não perceberão e não acreditarão que as águas serão transformadas e tornadas como fogo, que arderá para sempre.

(64) Morte. Ou, “luxúria” (Charles, p. 176; Knibb, p. 158).

Capítulo 67

1Depois disto ele deu-me as marcas características (65) de todas as coisas secretas do livro do meu bisavô Enoque, e nas parábolas que haviam sido dadas a ele; inserindo-as para mim entre as palavras do livro das parábolas.

(65) Marcas características. Literalmente, “os sinais” (Laurence, p. 83).

2Naquele momento o santo Miguel respondeu e disse a Rafael: O poder do espírito precipita-me daqui e impele-me para fora. A severidade do julgamento, do secreto julgamento dos anjos, quem é capaz de observar a resistência daquele severo julgamento que aconteceu e se tornou permanente sem ser dissolvido no seu lugar? Novamente o santo Miguel respondeu e disse ao santo Rafael:

Quem está lá, cujo coração não se abrandou por isto, e cujos rins não se afligiram com esta coisa?

3Julgamento saiu contra eles por aqueles que assim arrastaram-nos para fora; e que se foram, quando eles estavam na presença do Senhor dos espíritos.

4De igual maneira também o santo Rakael disse a Rafael: Eles não estarão diante do olho do Senhor (66) já que o Senhor dos espíritos foi ofendido por eles, pois como Senhores (67) eles têm-se conduzido. Portanto Ele traz sobre eles um secreto julgamento para sempre e sempre.

(66) Eles não… olho do Senhor. Ou, “Eu não tomarei parte sob o olho do Senhor” (Knibb,p.159).

(67) Pois como Senhores. Ou, “pois eles agiram como se fossem o Senhor” (Knibb, p. 159).

5Pois nem o anjo, nem o homem recebe uma porção dele, mas eles só receberão seu próprio julgamento para sempre e sempre.

Capítulo 68

1Depois deste julgamento eles estarão assombrados e irritados, pois serão exibidos aos habitantes da terra.

2Eis os nomes destes anjos. Estes são seus nomes: O primeiro deles é Samyaza; o segundo é Arstikapha; o terceiro é Armen; o quarto, Kakabael; o quinto, Turel; o sexto, Rumyel; o sétimo,

Danyal; o oitavo, Kael; o nono, Barakel; o décimo, Azazel; o décimo primeiro, Armers; o décimo segundo, Bataryal; o décimo terceiro, Basasael; o décimo quarto, Ananel; o décimo quinto, Turyal; o décimo sexto, Simapiseel; o décimo sétimo, Yetarel; o décimo oitavo, Tumael; o décimo nono, Tarel; o vigésimo, Rumel; o vigésimo primeiro, Azazyel.

3Estes são os principais (chefes) dos anjos, e os nomes dos líderes de suas centenas, e seus líderes de cinqüenta, e os líderes de suas dezenas.

4O nome do primeiro é Yekun: (68) ele foi quem seduziu todos os filhos dos santos anjos e fez com que descessem à terra, conduzindo desencaminhadamente a descendência dos homens.

(68) Yekun pode simplesmente significar “o rebelde” (Knibb, p. 160).

5O nome do segundo é Kesabel, o qual apontou mau conselho aos filhos dos santos anjos e conduziu-os a corromperem seus corpos gerando humanos.

6O nome do terceiro é Gadrel: ele descobriu todo golpe de morte aos filhos dos homens.

7Ele seduziu Eva e descobriu aos filhos dos homens os instrumentos de morte, o casaco de malha, o escudo, e a espada para matança; todo instrumento de morte para os filhos dos homens.

8Estas coisas derivaram de suas mãos para os que habitam sobre a terra daquele período para sempre.

9O nome do quarto é Penemue: ele descobriu aos filhos dos homens o amargor e a doçura.

10E mostrou a eles todo segredo de sua sabedoria.

11Ele ensinou os homens a entenderem o escrito e o uso de tinta e papel.

12Portanto, numerosos tem sido aqueles que têm se extraviado em todo período do mundo, mesmo até este dia.

13Os homens não nasceram para isto, assim com pena e tinta, para confirmar sua fé;

14Desde então eles não criaram, exceto que, como os anjos, eles podem permanecer retos e puros.

15Nem poderiam morrer, o que destrói tudo, tem afetado-os;

16Mas por este seu conhecimento eles perecem, e por isto também seu poder os consome.

17 O nome do quinto é Kasyade: ele descobriu aos filhos dos homens todo iníquo golpe de espíritos e de demônios:

18O golpe do embrião no ventre, para diminuí-lo; (69) o golpe do espírito pela mordida da serpente, e o golpe que é dado ao meio-dia pelo filho da serpente, cujo nome é Tabaet. (70)

(69) O golpe…para diminuí-lo. Ou, “o soco (com ataque, agressão) ao embrião no ventre para que seja abortado”

(Knibb, p. 162).

(70) Tabaet. Literalmente, “macho” ou “forte” (Knibb, p. 162).

19Este é o número de Kasbel; a parte principal do juramento que o Altíssimo, habitando em glória, revelou aos santos.

20Seu nome é Beka. Ele falou ao santo Miguel para que revelasse a eles o nome sagrado, para que eles pudessem entender o sagrado nome e assim lembrar do juramento; e para que aqueles que apontaram toda coisa secreta aos filhos dos homens possam tremer sob aquele nome e juramento.

21Este é o poder do juramento; pois poderoso ele é, e forte.

22E estabelecido este juramento de Akae pela instrumentalidade do santo Miguel.

23Estes são os segredos deste juramento, e por ele eles foram confirmados.

24Os céus estiveram em suspenso por ele antes que o mundo fosse feito, para sempre.

25Por ele a terra foi inundada no dilúvio enquanto das partes escondidas dos montes as águas agitadas as águas saíram desde a criação até o fim do mundo.

26Por este juramento o mar foi formado e a sua fundação.

27Durante o período desta fúria ele estabeleceu a areia contra ele, a qual continua imutável para sempre, e por este juramento o abismo foi feito forte; e não é removível de sua estação para sempre e sempre.

28Por este juramento o sol e a lua completam seu progresso nunca se desviando do comando que lhes foi dado para sempre e sempre.

29Por este juramento as estrelas completam seu progresso,

30E quando seus nomes forem chamados eles retornarão em resposta, para sempre e sempre.

31Então nos céus tomam lugar os sopros dos ventos: todos eles têm respiração (71) e efetuam uma completa combinação de respirações.

(71) Respiração. Ou, “espíritos” (Laurence, p. 87).

32Ali os tesouros do trovão são mantidos e o esplendor do relâmpago.

33Ali são guardados os tesouros do granizo e da neblina, os tesouros da neve, os tesouros da chuva e do orvalho.

34Todos estes confessam e louvam diante do Senhor dos espíritos.

35Eles glorificam com todo seu poder de súplica; e Ele os sustém em todo aquele ato de agradecimento enquanto eles louvam, glorificam e exaltam o nome do Senhor dos espíritos para sempre e sempre.

36E com eles ele estabelece este juramento, pelo qual eles e seus caminhos são preservados, e seus progressos não perecem.

37Grande foi sua alegria.

38Eles abençoaram, glorificaram, e exaltaram porque o nome do Filho do homem lhes foi revelado.

39Ele assentou-se sobre o trono de Sua glória, e a parte principal do julgamento foi designada e Ele, o Filho do homem. Os pecadores perecerão e desaparecerão da face da terra, enquanto aqueles que os seduziram serão amarrados com correntes para sempre.

40De acordo com seus graus de corrupção eles serão aprisionados, e todas as suas obras desaparecerão da face da terra; desde então ali não haverá ninguém para corromper, pois o Filho do homem foi visto assentado sobre Seu trono de glória.

41Toda iniqüidade desaparecerá e se apartará de diante de Sua face; a palavra do Filho do homem se tornará poderosa na presença do Senhor dos espíritos.

42Esta é a terceira parábola de Enoque.

Capítulo 69

1Depois disto o nome do Filho do homem, vivendo com o Senhor dos espíritos, foi exaltado pelos habitantes da terra.

2Ele foi exaltado nas carruagens do Espírito e o seu nome estava no meio deles.

3Desde aquele tempo eu não fui arrancado do meio deles; mas Ele assentou-se entre dois espíritos, entre o norte e o oeste, onde os anjos receberam seus cordões, para medir o lugar para os eleitos e os justos.

4Ali eu vi os pais dos primeiros homens e os santos que habitam naquele lugar para sempre.

Capítulo 70

1Depois disso meu espírito foi ocultado, ascendendo aos céus. Eu vi os filhos dos santos anjos andando em chamas de fogo, cujas vestimentas e mantos eram brancos e cujos semblantes eram transparentes como cristal.

2Eu vi dois rios de fogo brilhando como o jacinto.

3Então caí sobre minha face diante do Senhor dos espíritos.

4E Miguel, um dos arcanjos, tomou-me pela mão direita e levantou-me, e trouxe-me para onde estava todo segredo de misericórdia e retidão.

5Ele me mostrou todas as coisas ocultas das extremidades do céu, todos os receptáculos das estrelas e o seu esplendor, desde quando elas saíram de diante da face do Santo.

6Ele escondeu o espírito de Enoque no céu dos céus.

7Ali eu vi no meio daquela luz uma construção levantada com pedras de gelo.

8E no meio destas pedras vi vibrações de (72) de fogo vivo. Meu espírito viu ao redor o círculo desta habitação flamejante em uma de suas extremidades; que ali havia rios cheios de fogo vivo, o qual cercava-a.

(72) Vibrações. Literalmente, “línguas” (Laurence, p. 90).

9Então o Serafim, o Querubim, e o Ophanin (73) rodearam-na: estes são aqueles que nunca adormecem, mas vigiam o trono de Sua glória.

(73) Ophanin. As “rodas” Ezequiel 1:15-21 (Charles, p. 162).

10Eu vi inumeráveis anjos, milhares de milhares, e miríades de miríades, as quais rodeavam aquela habitação.

11Miguel, Rafael, Gabriel, Phanuel e os santos anjos que estavam acima nos céus foram e saíram dele. Miguel, Rafael, e Gabriel saíram daquela habitação, e santos anjos inumeráveis.

12Estava com eles o Ancião de dias, cuja cabeça era branca como o algodão, e pura, e seu manto era indescritível.

13Então eu caí sobre minha face enquanto toda minha carne era dissolvida, e meu espírito tornou-se transformado.

14Eu clamei com alta voz com um poderoso espírito, abençoando, glorificando, e exaltando.

15E aquelas bênçãos que procediam da minha boca tornaram-se aceitáveis na presença do Ancião de dias.

16O Ancião de dias veio com Miguel e Gabriel, e Rafael e Phanuel, com milhares de milhares, e miríades de miríades, que não podiam ser enumerados.

17Então aquele anjo veio a mim, com sua voz saudou-me, dizendo: Tu és o Filho do homem, (74) oqual é nascido para retidão, e retidão descansou sobre ti.

(74) Filho do homem. A tradução original de Laurence muda essa frase “descendência do homem”, Knibb (p. 166) e Charles (p. 185) indicam que deve ser “Filho do homem” consistente com outras ocorrências daquele termo no livro de Enoque.

18A retidão do ancião de dias não te esquecerá.

19Ele disse: Em ti Ele conferirá paz em nome do mundo existente; por isso a paz tem existido desde que o mundo foi criado.

20E assim acontecerá a ti para sempre e sempre.

21Todos os que existirão e caminharão em seus caminhos de retidão, não te esquecerão para sempre.

22Contigo estarão suas habitações, contigo seu destino; de ti eles não serão separados para sempre e sempre.

23E assim o prolongamento dos dias estará com o Filho do homem.(75)

(75) Filho do homem. Literalmente, “descendência do homem”, ou “o Cristo que vem da descendência do homem”.

24A paz será para os justos e os retos possuirão o caminho da integridade, em nome do Senhor dos espíritos, para sempre e sempre.

Capítulo 71

1O livro das revoluções das luminárias dos céus, de acordo com suas respectivas classes, seus respectivos poderes, seus respectivos períodos, seus respectivos nomes, os lugares conde elas começam seu progresso e seus respectivos meses, que Uriel, o santo anjo que estava comigo,

explicou-me; aquele que as administra. Toda a conta delas de acordo com o exato ano do mundo para sempre, até que um novo trabalho seja efetuado, o qual será eterno.

2Esta é a primeira lei das luminárias. O sol e a luz chegam aos portões que estão ao leste, ao oeste e no oeste dele, nos portões ocidentais do céu.

3Eu vi os portões onde o sol sai e os portões onde o sol se põe,

4Em cujos portões também a lua nasce e se põe; Eu vi os condutores das estrelas, entre aqueles que precedem-nas; seis portões estão no nascente, e seis no poente do sol.

5Todos estes, respectivamente, um depois do outro, estão em nível; e numerosas janelas estão ao lado direito e ao lado esquerdo destes portões.

6Primeiro avança aquela grande luminária, a qual é chamada sól, cuja órbita é a órbita do céu, toda ela está repleta com esplêndido e flamejante fogo.

7Sua carruagem, onde ela ascende, o vento sopra.

😯 sól se põe no céu e retornando pelo norte, para seguir em direção ao leste, é conduzido assim enquanto entra por aquele portão e ilumina a face do céu.

9Da mesma maneira ele sai no primeiro mês pelo grande portão.

10Ele sai através do quarto daqueles seis portões, que estão ao nascente do sol.

11E no quarto portão, através do qual o sól com a lua prosseguem, na primeira parte dele, (76) lá existem doze janelas abertas das quais sai uma chama quando elas estão abertas em seus próprios períodos.

(76) Através do qual… parte dele. Ou, “do qual o sol se levanta no primeiro mês” (Knibb, p. 168).

12Quando o sol se levanta no céu ele sai através deste quarto portão por três dias, e pelo quarto portão ao oeste do céu no nível em que ele descende.

13Durante aquele período o dia é prolongado durante o dia, e a noite encurtado durante a noite por trinta dias. E então o dia é mais longo que a noite por duas partes.

14O dia é precisamente, dez partes, e a noite é oito.

15O sol sai através deste quarto portão, se põe nele e volta para o quinto portão durante trinta dias, depois do quê ele prossegue e se põe nele, o quinto portão.

16Então o dia se torna prolongado por uma segunda porção de modo que ele é doze partes, enquanto a noite se torna encurtada, e é apenas sete partes.

17O sol então retorna para o leste, entrando no sexto portão, e nasce e se põe no sexto portão trinta e um dias, na contagem de seus sinais.

18Naquele período o dia é mais longo que a noite, sendo duas vezes tão longo quanto a noite, e chega a ser de doze partes;

19Mas a noite é encurtada e se torna em seis partes. Então o sol nasce para que o dia possa ser encurtado e a noite prolongada.

20E o sol retorna para o leste entrando pelo sexto portão, onde ele nasce e se põe por trinta dias.

21Quando aquele período é completado o dia chega a ser encurtado precisamente uma parte, de modo que ele é de doze partes, enquanto que a noite é de sete partes.

22Então o sol vai do oeste, daquele sexto portão, e prossegue em direção ao leste nascendo no quinto portão por trinta dias e se pondo novamente ao oeste no quinto portão do oeste.

23Naquele período o dia chega a ser encurtado duas partes, e é de dez partes, enquanto que a noite é de oito partes.

24Então o sol vai do quinto portão, enquanto se põe no sexto portão do oeste e nasce no quarto portão por trinta e um dias, na conta de seus sinais, se pondo a oeste.

25Naquele período o dia é feito igual à noite e, sendo igual a ela, a noite torna-se a nove partes, e o dia nove partes.

26Então o sol vai daquele portão enquanto ele se põe no oeste, e retornando pelo leste prossegue pelo terceiro portão por trinta dias, se pondo no oeste no terceiro portão.

27Naquele período a noite é prolongado desde o dia durante trinta manhãs, e o dia é encurtado desde o dia durante trinta dias; a noite sendo precisamente de dez partes, e o dia oito partes.

28O sol então sai do terceiro portão, enquanto ele se põe no terceiro portão no oeste; mas retornando para o leste. Ele prossegue pelo segundo portão do leste por trinta dias.

29De igual maneira ele também se põe no segundo portão na direção oeste do céu.

30Naquele período a noite é onze partes, e o dia sete partes.

31Então o sol sai naquele tempo pelo segundo portão, enquanto se põe no segundo portão no oeste, mas retorna para o leste, prosseguindo pelo primeiro portão, por trinta e um dias.

32E se pões no oeste no primeiro portão.

33Naquele período a noite é novamente prolongada tanto quanto o dia.

34Ela é precisamente de doze partes, enquanto que o dia é seis partes.

35O sol tem assim completado seus começos, e uma segunda vez de volta desde estes começos.

36Naquele primeiro portão ele entra por trinta dias, e se põe no oeste, defronte do céu.

37Naquele período a noite é contraída em seu comprimento uma quarta parte, que é, uma porção, e se torna onze partes.

38O dia é de sete partes.

39Então o sol retorna, e entra no segundo portão ao leste.

40ele retorna por estes começos trinta dias, nascendo e se pondo.

41Naquele período, a noite é encurtado em seu comprimento. Ela se torna dez partes, e o dia oito partes. Então o sol sai do segundo portão, e se põe a oeste; mas retorna pelo leste, e nasce no leste, no terceiro portão, trinta e um dias, se pondo no oeste do céu.

42Naquele período a noite se torna encurtada, Ela é nove partes. E a noite é igual ao dia. O ano é precisamente trezentos e sessenta e quatro dias.

43Prolongamento do dia e da noite, e a contração do dia e da noite, são feitos diferentes um do outro pelo progresso do sol.

44Por meio deste progresso o dia é diariamente prolongado, e a noite grandemente encurtada.

45Esta é a lei e o progresso do sol, e suas voltas, quando ele retorna, voltando durante sessenta dias,

(77) e seguindo em frente. Esta é a grande perpétua luminária, aquela que ele chama o sol para sempre e sempre.

(77) O que é, ele está sessenta dias nos mesmos portões. Trinta dias duas vezes cada ano. (Laurence, p. 97).

46Este também é a grande luminária, e a qual é chamada segundo seu tipo peculiar, como Deus ordenou.

47E assim ele entra e sai, nem afrouxando nem descansando; mas correndo em sua carruagem de dia e de noite. Ele brilha com uma sétima porção da luz da lua; (78) mas as dimensões de ambos são iguais.

(78) ele brilha com…da lua. Ou, “Sua luz é sete vezes mais brilhante que a da lua” (Knibb, p.171). O texto aramaico descreve mais claramente como a luz da lua aumenta e diminui pela metade de uma sétima parte cada dia. Aqui na versão etíope, a lua é considerada como duas metades, cada metade sendo dividida em sete partes. Por isso, “quatorze porções” de 72:9-10 (Knibb, p. 171)

Capítulo 72

1Depois disso eu vi outra lei fé uma luminária inferior, o nome da qual é a lua, e a órbita da qual é como a órbita do céu.

2Sua carruagem, a qual secretamente ascende, o vento sopra; e luz é dada a ela por medida.

3Cada mês em sua saída e entrada ela torna-se transformada; e seus períodos são como os períodos do sol. E quando de igual maneira sua luz é para existir, (79) sua luz é uma sétima porção da luz do sol.

(79) E quando de… é para existir. Isto é, quando a lua está cheia (Knibb, p. 171).

4Assim ela nasce, e seu começo em direção ao leste sai por trinta dias.

5Naquele tempo ela aparece, e torna-se para você o começo do mês. Trinta dias ela está com o sol no portão do qual o sol nasce.

6Metade dela está em prolongamento sete porções, uma metade; e o total de sua órbita é sem luz, exceto uma sétima porção de quatorze porções de sua luz. E de dia ela recebe uma sétima porção, ou a metade daquela porção, de sua luz. Sua luz é por sete, por uma porção, e pela metade de uma porção. Seus crepúsculos com o sol.

7E quando o sol nasce, a lua nasce com ele; e recebe metade de uma porção de luz.

8Nesta noite, quando ela começa seu período, previamente para o dia do mês, a lua se põe com o sol.

9E naquela noite ela é escura em suas décimas quartas porções, que é, em cada metade; mas ela nasce naquele dia com uma sétima porção aproximadamente, e em seu progresso declina do nascer do sol.

10Durante o restante de seu período sua luz aumenta em quatorze porções.

Capítulo 73

1Então eu vi outro progresso e regulações que Ele efetuou na lei da lua. O progresso das luas, e tudo o que se relaciona com ela, Uriel mostrou-me, o santo anjo que administra a todos.

2Suas estações eu escrevi enquanto ele mostrava-os a mim.

3Eu escrevi teus meses, como eles ocorrem, e a aparência de sua luz, até que ela é completada em quinze dias.

4Em cada um de seus dois sétimos de porções ela completa toda sua luz ao nascer e se pôr.

5Em determinados meses ela muda seus crepúsculos; e em determinados meses ela faz seu progresso através de cada portão. Em dois portões a lua se põe com o sol. Naqueles dois portões que estão no meio, no terceiro e no quarto portão. Do terceiro portão ela sai por sete dias, e faz seu circuito.

6Novamente ela retorna para o portão do qual o sol nasce, e naquele ela completa toda a sua luz.

Então ela declina do sol, e entra por oito dias no sexto portão, e retorna em sete dias para o terceiro portão, no qual o sol nasce.

7Quando o sol prossegue para o quarto portão, a lua sai por sete dias, até ela passar do quinto portão.

8Novamente ela retorna em sete dias para o quarto portão, e completando toda a sua luz, declina, e passa pelo primeiro portão em oito dias;

9E retorna em sete dias para o quarto portão, do qual o sol nasceu.

10Assim eu vi suas estações, como de acordo com a ordem fixada dos meses o sol nasce e se põe.

11Nesses tempos há um excesso de trinta dias pertencentes ao sol em cinco anos; todos os dias pertencentes a cada ano de cinco anos, quando completados, somam trezentos e sessenta e quatro dias; e ao sol e às estrelas; deles em cada um dos cinco anos; assim trinta dias pertencem a eles;

12De modo que a lua tem trinta dias a menos que o sol e as estrelas.

13A lua traz em todos os anos exatamente, para que suas estações possam vir nem tão adiante nem tão para traz um simples dia; mas que os anos possam ser mudados com correta precisão nos trezentos e sessenta e quatro dias. Em três anos os dias são mil e noventa e dois; em cinco anos eles são mil oitocentos e vinte; e em oito anos dois mil novecentos e vinte dias.

14Para a lua só corresponde em três anos mil e sessenta e dois dias; em cinco anos ela tem cinqüenta dias menos que o sol, pois uma adição sendo feita a mil e sessenta e dois dias, em cinco anos há mil setecentos e setenta dias; e os dias da lua em oito anos são dois mil oitocentos e trinta e dois dias.

15Pois os seus dias em oito anos são menos que aqueles do sol por oitenta dias, cujos oitenta dias são sua diminuição em oito anos.

16O ano então se torna verdadeiramente completo de acordo com a estação da lua, e a estação do sol; o qual nasce em diferentes portões; o qual nasce e se pões neles por trinta dias.

Capítulo 74

1Estes são os líderes dos chefes dos milhares, os quais presidem sobre toda criação, e sobre todas as estrelas; com os quatro dias que são adicionados e nunca se separam do lugar a eles determinados, de acordo com o cálculo completo do ano.

2E estes servem quatro dias, os quais não são contados no cálculo do ano.

3Com respeito a eles, os homens erram grandemente, pois estas luminárias verdadeiramente servem, no lugar de habitação do mundo, um dia no primeiro portão, um dia no terceiro portão, um dia no quarto portão, e um dia no sexto portão.

4E a harmonia do mundo torna-se completo a cada trezentos e sessenta e quatro estados dele. Para os sinais.

5As estações,

6Os anos,

7E Uriel me mostrou os dias; o anjo que o Senhor da glória escolheu sobre todas as luminárias.

8Do céu no céu, e no mundo; para que possa governar na face do céu, e aparecendo sobre a terra, se tornam.

9Condutores dos dias e noites: o sol, a lua, as estrelas, e todas as luminárias do céu, que fazem seu circuito com todas as carruagens do céu.

10Então Uriel me mostrou doze portões abertos para o circuito das carruagens do sol no céu, no qual os raios do sol batem.

11Deles procede calor sobre a terra, quando eles são abertos em suas determinadas estações. Eles são estão para os ventos, e o espírito da neblina, quando em suas estações eles são abertos; abertos no céu nas suas extremidades.

12Doze portões eu vi no céu, nas extremidades da terra, através do qual o sol, a lua e estrelas, e todas as obras do céu, procedem no seu nascer e no seu crepúsculo.

13Muitas janelas também são abertas à direita e à esquerda.

14Uma janela numa certa estação se torna extremamente quente. Assim também estão portões dos quais as estrelas saem quando são comandadas, e nos quais se põem de acordo com seu número.

15Eu vi igualmente as carruagens do céu, correndo no mundo acima daqueles portões nos quais se movimentam as estrelas que jamais declinam. Um deles é maior de todos, que vai ao redor de todo o mundo.

Capítulo 75

1E nas extremidades da terra eu vi doze portões abertos para todos os ventos, dos quais eles saem e sopram sobre a terra.

2Três deles estão abertos em frente do céu, três no oeste, três no lado direito do céu, e três no lado esquerdo. Os três primeiros são aqueles que estão virados para o leste, três estão virados para o norte, tres atrás daqueles que estão sobre a esquerda, virados para o sul, e três para o oeste.

3De quatro deles saem ventos de bênção, e de cura; e de oito vêm ventos de punição ou castigo; quando eles são enviados para destruir a terra, e o céu acima dela, todos os seus habitantes, e e tudo o que está nas águas, ou na terra seca.

4O primeiro destes ventos procede do portão oriental, através do primeiro portão ao leste, o qual se inclina para o sul. Deste portão saem a destruição, a aridez, o calor e a perdição.

5Do segundo portão, o do meio, procede a equidade. Dele emanam a chuva, a abundância, a saúde e

o orvalho; e do terceiro portão ao norte, vêm o frio e a seca.

6Depois destes procedem os ventos do sul através de três principais portões; através do seu primeiro portão, que inclina-se para o leste, vem um vento quente.

7Mas do portão do meio vem um agradável odor, orvalho, chuva, saúde e vida.

8Do terceiro portão, que está ao oeste, vem orvalho, chuva, ruína e destruição.

9Depois desses estão os ventos do norte, que é chamado mar. Eles vêm dos três portões. O primeiro (80) portão é aquele que está ao leste, inclinando-se ao sul; deste vem orvalho, chuva, ruína e destruição. Direto do portão do meio vem chuva, orvalho, vida e saúde. E do terceiro portão, que está ao leste, inclinando-se ao sul, vem névoa, geada, neve, chuva, orvalho e destruição.

(80) Primeiro. Ou, “sétimo” (Knibb, p. 178).

10Depois destes, no quarto quadrante estão os ventos do oeste. Do primeiro portão, inclinando-se ao norte, vem orvalho, chuva, geada, neve e frio; do portão do meio vem chuva, saúde e bênção;

11E do último portão, que está ao sul, vem seca, destruição, queima e perdição.

12O informe dos doze portões dos quatro quadrantes do céu está terminada.

13Todas as suas leis, todas as suas imposições de punição, e a saúde produzida por eles, eu expliquei a ti, meu filho Matusalém. (81)

(81) Matusalém. Filho de Enoque, Cp. Gen. 5:21.

Capítulo 76

1O primeiro vento é chamado oriental, porque é o primeiro.

2O segundo é chamado do sul, porque o Altíssimo desce, e freqüentemente ali desce aquele que é abençoado para sempre.

3O vento ocidental tem o nome de diminuição, porque ali todas as luminárias do céu estão diminuídas, e descem.

4O quarto portão, cujo nome é do norte, é dividido em três partes; uma das quais é para a habitação do homem; outra parte para mares de águas, com vales, bosques, rios, lugares sombrios, e neve, e a terceira parte contém o paraíso.

5Sete altas montanhas eu vi, mais altas do que todas as montanhas da terra, de onde o congelamento procede; enquanto os dias, estações, e anos passam.

6Sete rios eu vi sobre a terra, maiores que todos os rios, um dos quais toma seu curso do oeste; para um grande mar suas águas fluem.

7Dois vêm do norte para o mar, suas águas fluem para o Mar da Eritréia, (82) no leste. E com respeito aos outros quatro, eles tomam seu curso na cavidade do norte, dois para seu mar, o mar da Eritréia, e dois são derramados num grande mar, onde também é dito que é um deserto.

(82) O Mar Vermelho.

8Sete grandes ilhas eu vi no mar da terra. Sete no grande mar.

Capítulo 77

1Os nomes do sol são estes: um é Aryares, o outro Tomas.

2A lua tem quatro nomes. O primeiro é Asonya; o segundo, Ebla; o terceiro, Benase; e o quarto, Erae.

3Estes são as duas grandes luminárias, cujas órbitas são como as órbitas do céu; e as dimensões de ambos são iguais.

4Na órbita do sol há uma sétima porção de luz, a qual é adicionada àquela que vem da lua. (83) Elas se põem, entram no portão ocidental, circulam pelo norte, e através do portão oriental passam pela face do céu.

(83) Uma sétima porção… da lua. Ou, “sete partes da luz que são adicionadas e ele mais do que à lua” (Knibb, p. 182).

5Quando a lua nasce, ela aparece no céu; e a metade da sétima porção de luz é tudo o que está nela.

6Em quarenta dias toda a sua luz é completada.

7Por três quíntuplos de luz são colocados nela, até que em quinze dias sua luz é completada, de acordo com os sinais do ano; ela tem três quíntuplos.

8A lua tem a metade de uma sétima porção.

9Durante sua diminuição no primeiro dia sua luz decresce uma décima quarta parte; no segundo dia é diminuída uma décima terceira parte; no terceiro dia uma décima segunda parte; no quarto dia uma décima primeira parte; no quinto dia uma décima parte; no sexto dia uma nona parte; no sétimo dia ela decresce uma oitava parte; no oitavo dia ela decresce uma sétima parte; no nono dia ela decresce uma sexta parte; no décimo dia ela decresce uma quinta parte; no décimo primeiro dia ela decresce uma quarta parte; no décimo segundo dia ela decresce uma terceira parte; no décimo terceiro dia ela decresce uma segunda parte; no décimo quarto dia ela decresce a metade de uma sétima parte; e no décimo quinto dia todo o restante da sua luz é consumido.

10Nos meses declarados a lua tem vinte e nove dias.

11Ela também tem um período de vinte e oito dias.

12Uriel igualmente mostrou-me outro regulamento, quando a luz é derramada nela vinda do sol.

13Todo o tempo em que a lua está em progresso com a sua luz, que é consumida na presença do sol, até que sua luz em quatorze dias seja completada no céu.

14E quando é totalmente extinta, sua luz é consumida no céu; e no primeiro dia ela é chamada lua nova, pois naquele dia luz é recebida nela.

15Ela torna-se precisamente completa no dia em que o sol desce no oeste, enquanto a lua sobe à noite do leste.

16A lua então brilha toda a noite, até que o sol se levante diante dela; quando a lua desaparece diante do sol

17De onde a luz vem para a lua, ali novamente ela decresce, até que toda sua luz sema extinguida, e os dias da lua passam.

18Então sua órbita permanece solitária sem luz.

19Durante três meses ela efetua em trinta dias, a cada mês seu período; e durante mais três meses ela efetua-o em vinte e nove dias. Estes são os tempos nos quais ela efetua seu decréscimo em seu primeiro período, e no primeiro portão, nomeadamente, e, cento e setenta e sete dias.

20E no tempo de seu andamento durante três meses ela aprece trinta dias cada, e durante mais três meses ela aparece vinte e nove dias cada.

21À noite ela aparece a cada vinte dias como a face de um homem, e no dia como o céu; pois ela não é nada além de sua luz.

Capítulo 78

1E então, meu filho Matusalém, eu te mostrei tudo; e o relato de toda ordenança das estrelas do céu está terminado.

2Ele mostrou-me todo decreto com respeito a elas, o que toma lugar em todos os tempos e em todas as estações sob cada influência, em todos os anos, na chegada e sob a regra de cada, durante cada mês e a cada semana. Ele mostrou-me e também o decréscimo da lua, que é efetuada no sexto portão; pois naquele sexto portão sua luz é consumida.

3E lá é o começo do mês; e seu decréscimo é efetuado no sexto portão em seu período, até cento e setenta e sete dias são completados; de acordo com o modo do cálculo pelas semanas, vinte e cinco semanas e dois dias.

4Seus períodos são menos que os do sol, de acordo com a regra das estrelas, por cinco dias em meio ano (84) precisamente.

(84) Em meio ano. Literalmente “em um tempo” (Laurence, p. 110).

5Quando aquela sua visível situação é completada. Assim é o aparecimento e a semelhança de toda luminária, que Uriel, o grande anjo que as conduz, mostrou-me.

Capítulo 79

1Naqueles dias Uriel respondeu-me e disse: Eu mostrei-te todas as coisas, oh Enoque;

2E todas as coisas eu te revelei. Você viu o sol, a lua, e aqueles que conduzem as estrelas do céu, que ocasionam todas as suas operações, estações, e chegadas para retorno.

3Nos dias dos pecadores os anos serão encurtados.

4Sua semente será retroagida em seu prolífico solo; e tudo o que é feito na terra será subvertido, e desaparecem em suas estações. A chuva será restringida, e o céu ainda permanecerá.

5Naqueles dias os frutos da terra serão tardios, e não florescerão na sua estação; e em sua estação os frutos das árvores serão retidos.

6A lua mudará suas leis, e não será vista em seu período. Mas naqueles dias o céu será vista; e esterilidade tomará lugar nas fronteiras das grandes carruagens no oeste. O céu brilhará mais do que quando iluminado por ordem da luz; enquanto muitos chefes entre as estrelas de autoridade errarão, pervertendo seus caminhos e obras.

7Elas não aparecerão na sua estação, que lhes foi ordenada, e todas as classes de estrelas serão fechadas contra os pecadores.

8Os pensamentos daqueles que habitam na terra transgredirão dentro deles; e eles se perverterão em todos so seus caminhos.

9Eles transgredirão, e considerarão a si mesmos (85) deuses; enquanto que o mal se multiplicará entre eles.

(85) A si mesmos. Ou, “eles” i.e., os chefes entre as estrelas (vs. 6) (Knibb, p. 186).

10E castigo virá sobre eles, para que todos eles sejam destruídos.

Capítulo 80

1ele disse: Oh, Enoque, olha no livro que o céu tem gradualmente derramado; (86) e, lendo o que está escrito nele, entenda toda parte dele.

(86) O livro que… derramado. Ou, “o livro das tábuas do céu” (Knibb, p. 186).

2Então eu olhei em tudo o que está escrito, e entendi tudo, lendo o livro e todas as coisas escritas nele, e entendi tudo, todas as obras do homem;

3E de todos os filhos da carne sobre a terra, durante as gerações do mundo.

4Imediatamente depois eu vi o Senhor, o Rei da glória, o qual tem assim para sempre o Governante de toda a criação.

5E eu glorifiquei o Senhor, por conta de sua longanimidade e bênçãos para com os filhos do mundo.

6Naquele tempo eu disse: Abençoado é o homem que morre justo e bom, contra quem nenhuma relação de crime foi escrito, e em quem iniqüidade não é encontrada.

7Então aqueles três santos fizeram com que eu me aproximasse, e colocaram-me na terra, diante da porta da minha casa.

8E eles disseram-me: Explica tudo a Matusalém, teu filho; e informa a todos os teus filhos, que nenhuma carne será justificada diante do Senhor; pois Ele é seu Criador.

9Durante um ano nós te deixaremos com teus filhos, até que tenhas novamente retomado suas forças, para que possas instruir tua família, escreve estas coisas e explica-as aos teus filhos. Mas em outro ano tu serás tomado do meio deles; e seus corações serão fortalecidos; pois os eleitos apontará a retidão para outros eleitos; os justos com os justos se regozijarão, congratulando-se uns com os outros, mas os pecadores com os pecadores morrerão,

10E os pervertidos com os pervertidos serão afogados.

11Aqueles que também agiram retamente morrerão por conta das obras dos homens, e serão reunidos por causa das obras dos iníquos.

12Naqueles dias eles terminaram de conversar comigo.

13E eu retornei para meus companheiros, abençoando o Senhor dos mundos.

Capítulo 81

1Agora, meu filho Matusalém, todas estas coisas eu te falei, e te escrevi. A você eu revelei tudo, e te dei os livros de tudo.

2Preserve, meu filho Matusalém, os livros escritos por teu pai; para que possas revelá-los às futuras gerações.

3Eu tenho dado a ti sabedoria, aos teus filhos e à tua posteridade, para que eles possam revelar aos seus filhos, por gerações para sempre, esta sabedoria em suas palavras; e para que aqueles que compreendem não duraram, mas ouçam com seus ouvidos; para que eles possam aprender sabedoria, e sejam considerados dignos de comer esta saudável comida.

4Abençoados são todos os justos, abençoados são todos os que andam em retidão, nos quais crime não é encontrado, como nos pecadores, quando todos os seus dias são contados.

5Com respeito ao progresso do sol no céu, ele entra e sai de cada portão por trinta dias, com os líderes de milhares de estrelas; com quatro que são adicionadas, e aparecem nos quatro quartos do ano, os quais conduzem-nos, e acompanham-nos em seus quatro períodos.

6Com respeito a eles, os homens erram grandemente, e não calculam-nos nos cálculos de cada era;

pois eles grandemente erram com respeito a eles; os homens conhecem acuradamente o que eles são no cálculo do ano. Mas certamente eles são marcados a menos para sempre; um no primeiro portão, um no terceiro, um no quarto, e um no sexto:

7Para que o ano esteja completo em trezentos e sessenta e quatro dias.

8Verdadeiramente tem sido declarado, e acuradamente tem sido calculado o que está marcado; pois as luminárias, os meses, os períodos fixados, os anos, e os dias, Uriel explicou a mim, e comunicou a mim; a quem o Senhor de toda criação, por consideração de mim, ordenou, (de acordo com o poder do céu, e o poder que ele possui tanto de dia quanto de noite) pra explicar as leis da luz ao homem, do sol, da lua, e das estrelas, e de todo o poder do céu, que está voltado em suas respectivas órbitas.

9Esta é a ordenança das estrelas, que se põem em seus lugares, em suas estações, em seus períodos, em seus dias, e em seus meses.

10Estes são os nomes daqueles que as conduzem, que vigiam e entram em suas estações de acordo com suas ordenanças e seus períodos, em seus meses, nos tempos de sua influência, e em suas estações.

11Quatro condutores deles entram primeiro, os quais separam os quatro quartos do ano. Depois destes, doze condutores de suas classes, que separam os meses e o ano em trezentos e sessenta e quatro dias, com os líderes de mil, os quais distinguem entre os dias, tanto quanto entre os quatro adicionais; os quais, como condutores, dividem os quatro quartos do ano.

12Estes líderes de mil estão no meio dos condutores, e aos condutores são adicionados atrás de sua estação, e seus condutores fazem a separação. Estes são os nomes dos condutores, os quais separam os quatro quartos do ano, os quais são escolhidos sobre eles: Melkel, Helammelak,

13Meliyal, and Narel.

14E os nomes dos que conduzem-nos são Adnarel, Jyasusal, e Jyelumeal.

15Estes são os três que seguem os condutores das classes de estrelas; cada um seguindo os três condutores de classes, os quais seguem aqueles condutores das estações, que dividem os quatro quartos do ano.

16Na primeira parte do ano levanta-se e governa Melkyas, que é chamado Tamani, e Zahay. (87)

(87) Tamani, e Zahay. Ou, “o sol do sul” (Knibb, p. 190).

17Todos os dias de sua influência, durante os quais ele governa, são noventa e um dias.

18E estes são os sinais dos dias que são vistos sobre a terra. Nos dias de sua influência há transpiração, calor e dificuldade. Todas as árvores se tornam frutíferas; as folhas de cada árvore aparecem; o milho é colhido; a rosa e todas as espécies de flores florescem no campo; e as árvores do inverno são secadas.

19Estes são os nomes dos condutores que estão sob eles: Barkel, Zelsabel; e outro condutor adicional de mil é chamado Heloyalef, os dias de cuja influência tem sido completados. O outro condutor depois deles é Helemmelek, cujo nome eles chamam o esplêndido Zahay. (88)

(88) Zahay. Ou, “sol” (Knibb, p. 191).

20Todos os dias de sua luz são noventa e um dias.

21Estes são os sinais dos dias sobre a terra, calor e seca; enquanto as árvores dão seus frutos, aquecidas e preparadas, e dão seus frutos para seca.

22Os rebanhos seguem e criam (89) Todos os frutos da terra são colhidos, com tudo nos campos, e as vinhas são pisadas. Isto acontece durante o tempo de sua influência.

(89) Seguem e criam. Acasalam e dão filhos.

23Estes são seus nomes e ordens, e os nomes dos condutores que estão sob eles, dos que são chefes de mil: Gedaeyal, Keel, Heel.

24E o nome do líder adicional de mil é Asphael.

25Os dias de sua influência foi completado.

Capítulo 82

1E agora e te mostrei, meu filho Matusalém, toda visão que eu vi antes de você nascer. Eu relatarei outra visão, que eu vi antes que eu fosse casado; elas assemelham-se uma à outra.

2A primeira foi quando eu estava aprendendo de um livro; e a outra eu estava casado com tua mãe. Eu vi uma potente visão;

3E por conta destas coisas eu supliquei ao Senhor.

4 Eu estava deitado na casa de meu avô Malalel, quando eu vi numa visão o céu se purificando, e sendo arrebatado. (90)

(90) Purificando, e sendo arrebatado. Ou, “estava sendo arremessado e removido” (Knibb, p. 192).

5E caindo na terra, (91) eu vi igualmente a terra sendo absorvida por um grande abismo; e montanhas suspendidas sobre montanhas.

(91) e caindo na terra. Ou, “e quando ele caiu sobre a terra” (Knibb, p. 192).

6Montanhas foram afundadas sobre colinas,árvores imponentes planaram sobre seus troncos, e estavam no ato de serem projetadas, e de serem arremessadas para o abismo.

7Estando alarmado por estas coisas, minha voz hesitou. (92) Eu clamei e disse: A terra é destruída.

Então meu avô Malalel levantou e disse-me: Por que clamas, meu filho? E por que lamentas?

(92) Minha voz hesitou. Literalmente “a palavra caiu de minha boca” (Laurence, p. 118).

8Eu relatei a ele toda a visão que eu havia visto. Ele disse-me: Confirmado está o que tu tem visto, meu filho;

9E potente a visão do teu sonho com respeito a todo pecado secreto da terra. Sua substância será submersa no abismo, e grande destruição acontecerá.

10Agora, meu filho, levanta; e suplica ao Senhor da glória (pois tu és fiel), para que um remanescente possa ser deixado sobre a terra, e que ele possa não destruí-lo totalmente. Meu filho, toda esta calamidade sobre a terra descerá do céu; sobre a terra haverá grande destruição.

11Então eu levantei, orei, e implorei; e escrevi minha oração para as gerações do mundo, explicando tudo ao meu filho Matusalém.

12Quando eu desci abaixo, e olhando para o céu, vi o sol vindo do leste, a lua descendo do oeste, e algumas estrelas espalhadas, e tudo o que Deus tem conhecido desde o princípio, eu abençoei o Senhor do julgamento, e magnifiquei-o: porque ele tem enviado o sol dos aposentos (93) do leste; para que, ascendendo e levantando na face do céu, possa crescer e seguir o caminho que foi apontado para ele.

(93) Aposentos.. Literalmente, “janelas” (Laurence, p. 119).

Capítulo 83

1Eu elevei minhas mãos em retidão, e abençoei o santo, e o Grande. Eu falei com o sopro da minha boca, e com a língua da carne, que Deus havia formado para todos os filhos dos homens mortais, para que eles possam falar; dando-lhes fôlego, boca, e língua para conversar.

2Abençoado és tu, Ó Senhor, o Rei, grande e poderoso em sua grandeza, Senhor de toda criatura do céu, Rei dos reis, Deus de todo o mundo, cujo reinado, e cujo reino e majestade duram para sempre e sempre.

3 De geração a geração teu domínio existirá. Todos os céus são teu trono para sempre, e toda a terra o escabelo de teus pés para sempre e sempre.

4Pois tu os fez, e sobre todos reinas. Nenhum ato excede teu poder. Com tua sabedoria és imutável,

nem do teu trono, nem de tua presença ela nunca se desvia. Tu sabes todas as coisas, vês e ouve-as; nada se esconde de ti; pois tu percebes todas as coisas.

5Os anjos de teus céus transgrediram, e em carne mortal tua ira permanece, até o dia do grande julgamento,

6Então, Ó Deus, Senhor e poderoso Rei, eu imploro-te, e suplico-te que respondas minha oração, para que uma posteridade me possa ser deixada na terra, e que toda a raça humana não pereça;

7Para que a terra não seja deixada destituída, e destruição tome lugar para sempre.

8Ó meu Senhor, que pereça da terra a raça que tem te ofendido, mas que uma justa e reta raça estabeleças por uma posteridade (94) para sempre. Não escondas tua face, ó Senhor, da oração do teu servo.

(94) Por uma posteridade. Literalmente “para a planta de uma semente” (Laurence, p. 121).

Capítulo 84

1Depois disto eu vi outro sonho, e expliquei-o todo a ti, meu filho. Enoque levantou e disse a seu filho Matusalém: A ti, meu filho, eu falarei. Ouvi minha palavra, e inclina teu ouvido ao sonho

visionário de teu pai. Antes que eu tivesse casado com Edna, tua mãe, eu vi uma visão em minha cama; (95)

(95) Esta segunda visão de enoque parece representar em linguagem simbólica a história completa do mundo desde o tempo de Adão até o julgamento final e o estabelecimento do Reinado Messiânico. (Charles, p. 227).

2E vi, uma vaca crescer da terra;

3E esta vaca era branca.

4Depois disso uma novilha fêmea cresceu; e com ela outro bezerro: (96) Um deles era negro, e outro

era vermelho. (97)

(96) Outro bezerro. O senso parece requerer que a passagem deve ser lida: “dois outros bezerros” (Laurence, p. 121).

(97) Caim e Abel.

5O bezerro negro então golpeou o vermelho, e o perseguiu sobre a terra.

6Daquele tempo em diante eu não pude ver nada mais a respeito do bezerro vermelho; mas o negro aumentou de tamanho, e uma novilha fêmea veio com ele.

7Depois disto eu vi muitas vacas procederam, reunindo-se a ele, e seguindo após ele.

8A primeira jovem fêmea também saiu da presença da primeira vaca; e procurou o bezerro vermelho, mas não o encontrou.

9E ela lamentou com grande lamentação, enquanto ela procurava por ele.

10Então eu olhei até que aquela primeira vaca veio até ela, e desse tempo em diante, ela se tornou silente, e cessou de lamentar.

11Depois disso ela pariu outra vaca branca.

12E novamente pariu muitas vacas e bezerros negros.

13Em meu sonho eu também percebi um touro branco, o qual de igual maneira cresceu, e se tornou um enorme animal.

14Depois dele muitas vacas brancas vieram, se juntando a ele.

15E eles começaram a parir muitas outras vacas brancas, que se assemelharam a eles e seguiram umas às outras.

Capítulo 85

1Novamente eu olhei atentamente, enquanto dormindo, e examinei o céu acima.

2E vi uma estrela cair do céu.

3A qual estando levantada, comeu e fugiu de entre aquelas vacas.

4Depois disso eu vi outras grandes e vacas negras; e vi todas elas mudarem suas baias e pastagens, e

vi seus jovens começam a lamentar um com o outro. Novamente eu vi em minha visão, e examinei o céu; então vi muitas estrelas descendo, e projetando-se do céu para onde a primeira estrela estava,

5No meio destes jovens; enquanto as vacas estavam com eles, alimentando-se no meio deles.

6Eu olhei e observei-os; quando olhei, eles todos agiram segundo a maneira dos cavalos, e começaram a se aproximar das vacas novas, e todas elas ficaram prenhes, e geraram elefantes, camelos e asnos

7Nisto todas as vacas ficaram alarmadas e apavoradas; quando elas começaram morder com seis dentes, tragando e golpeando com seus chifres.

8Elas começaram também a devorar as vacas; e vi todos os filhos da terra tremerem, chocados com o terror deles, e de repente fugiram.

Capítulo 86

1Novamente eu percebi-os, quando eles começaram a morder e devorar um ao outro; e a terra clamou. Então eu levantei meus olhos uma segunda vez em direção ao céu, e vi numa visão que, eis que vieram do céu como se fosse a semelhança de homens brancos. Um veio, e três com ele.

2Aqueles três, que vieram por último, pegaram-me pela minha mão; e ergueram-me das gerações da terra, elevaram-me a uma alta estação.

3Então eles mostraram-me uma elevada torre na terra, enquanto todo monte tornou-se diminuído. E eles disseram: Permanece aqui, até que perceba o que virá sobre esses elefantes, camelos, e asnos, sobre as estrelas, e sobre as vacas.

Capítulo 87

1Então eu olhei para um dos quatro homens brancos, que veio primeiro.

2Ele segurou a primeira estrela que caiu do céu.

3E amarrando-a, mãos e pés, lançou-a a um vale; um vale estreito, profundo, estupendo, e escuro.

4Então um deles puxou sua espada, e deu-a aos elefantes, camelos, e asnos, que começaram a morder um ao outro. E toda a terra tremeu por causa deles.

5E enquanto eu via a visão, eis, um daqueles quatro anjos que vieram, lançado do céu, reuniu e tocou todas as grandes estrelas, cuja forma assemelha-se parcialmente à dos cavalos; e amarrando os todos, mãos e pés, lançou-as nas cavidades da terra.

Capítulo 88

1Então um daqueles quatro foi para as vacas brancas, e ensinou a elas um mistério. Enquanto as vacas estavam tremendo, ele nasceu e tornou-se um homem, (98) e fabricou para si um grande barco.

Nele ele habitou, e três vacas (99) habitaram com ele naquele barco, que cobriu-os.

(98) Noé.

(99) Sem, Cam, e Jafé.

2Novamente eu elevei meus olhos para o céu, e vi um oponente telhado. Acima dele havia sete cataratas, que derramavam numa certa vila muita água.

3Novamente eu olhei, e vi que haviam fontes abertas na terra naquela grande vila.

4A água começou a ferver, e elevar-se sobre a terra; de modo que a vila não foi vista, enquanto todo o solo foi coberto com água.

5Muita água saiu dela, escuridão, e nuvens. Então eu examine a altura desta água, e ela estava elevada acima da vila.

6Ela fluiu sobre a vila, e ficou mais alta do que a terra.

7Então todas as vacas que estavam juntas lá, enquanto eu olhava para elas, foram submersas, tragadas, e destruídas na água.

8Mas o barco flutuou sobre ela. Todas as vacas, os elefantes, os camelos, e os anos foram afogados na terra, e todo gado. Eu não pude vê-los. Nem eles foram capazes de fugir, mas pereceram, e afundaram no abismo.

9Novamente eu vi numa missão até aquelas cataratas foram removidas daquele elevado telhado, e as fontes da terra se tornaram equalizadas, enquanto outros abismos foram abertos;

10Para os quais as águas começaram a descer, até a terra seca aparecer.

11O barco permaneceu na terra; a escuridão retrocedeu; e se tornou em luz.

12Então a vaca branca, que se tornou num homem, saiu do barco, e três vacas com ele.

13Uma das três vacas era branca, assemelhando-se àquela vaca, uma delas era vermelha como sangue; e uma delas era negra. E a vaca branca deixou-as.

14Então feras selvagens e pássaros começaram a surgir.

15De todos esses tipos diferentes reuniram-se, leões, tigres, lobos, cães, javalis selvagens, raposas, coelhos e porcos.

16Corujas, corvos e milhafres.

17Então a vaca branca (100) nasceu no meio deles.

(100) Abraão.

18E eles começaram a morder um ao outro, enquanto a vaca branca, que havia nascido no meio deles, trouxe um asno selvagem e uma vaca branca ao mesmo tempo e depois daquele muitos asnos selvagens. Então a vaca branca, (101) a qual nasceu, deu uma porca negra selvagem e um cordeiro branco. (102)

(101) Isaque.

(102) Esau e Jacó.

19Aquela porca selvagem também deu muitos suínos.

20E aquele cordeiro deu doze cordeiros. (103)

(103) Os doze patriarcas.

21Quando aqueles doze cordeiros cresceram, eles entregaram um deles (104) aos asnos. (105)

(104) José.

(105) Os Midianitas.

22Novamente aqueles asnos entregaram aquele cordeiro aos lobos, (106)

(106) Os egípcios.

23E ele cresceu no meio deles.

24Então o Senhor trouxe as outras doze ovelhas, para que pudessem habitar e alimentar-se com ele no meio dos lobos.

25Eles multiplicaram-se, e houve abundância de pastos para eles.

26Mas os lobos começaram a ficar amedrontados e oprimiram-nos enquanto eles destruíam seus jovens.

27E eles deixaram seu jovem em torrentes de água profunda.

28Então as ovelhas começara, a clamar por causa de seus filhos, e fugiram para refugiar o seu Senhor. Um, (107), entretanto, que foi salvo, escapou e foi para os asnos selvagens.

(107) Moisés.

29Eu vi a ovelha gemendo, chorando, e implorando ao seu Senhor.

30Com todo o seu poder, até que o Senhor das ovelhas desceu à sua voz da sua elevada habitação; foi a eles; e examinou-as.

31Ele chamou aquela ovelha que foi secretamente furtado dos lobos, e disse-lhe para fazer os lobos entenderem que eles não deviam tocar as ovelhas.

32Então aquela ovelha foi aos lobos com a palavra do Senhor, quando outro o encontrou, (108) e continuou com ele.

(108) Aarão.

33Ambos entraram junto na habitação dos lobos; e conversando com eles fizeram-nos entender, que daí em diante eles não deviam tocar nas ovelhas.

34Depois disso eu percebi os lobos prevalecendo grandemente sobre as ovelhas com toda a sua força. O rebanho clamou; e seu Senhor veio até eles.

35Ele começou a ferir os lobos, que começaram uma grave lamentação; mas as ovelhas ficaram silentes, nem daquele tempo elas clamaram.

36Então eu olhei para elas, até elas apartarem-se dos lobos. Os olhos dos lobos estavam cegos, os quais saíram e seguiram-nas com todo o seu poder. Mas o Senhor das ovelhas continuou com elas, e as conduziu.

37Todo o seu rebanho o seguiu.

38Seu semblante ficou terrível e esplêndido, e glorioso era seu aspecto. Então os lobos começaram a seguir as ovelhas, até que eles alcançaram-nas num certo lago de água. (109)

(109) O Mar Vermelho.

39Então aquele lago ficou dividido; a água erguendo-se em ambos os lados diante de sua face.

40E enquanto seu Senhor estava conduzindo-as, ele colocou-se entre elas e os lobos.

41Os lobos, entretanto não perceberam as ovelhas, mas foram no meio do lago, seguindo-as, e correndo atrás delas no lago de água.

42Mas quando eles viram o Senhor das ovelhas, eles voltaram para fugir de diante de sua face.

43Então a água do lago retornou, e repentinamente, de acordo com sua natureza. Ela se tornou cheia, e levantou-se, até que cobriu os lobos. E eu vi que todos eles que haviam seguido as ovelhas pereceram e foram afogados.

44Mas as ovelhas passaram sobre esta água, continuando para o deserto, que estava sem água e grama. E eles começaram a abrir seus olhos e a ver.

45Então eu vi o Senhor das ovelhas examinando-as, e dando-lhes água e grama.

46As ovelhas já mencionadas continuavam com elas, e conduzindo-as.

47E quando ele tinha subido ao topo de uma alta rocha, o Senhor das ovelhas enviou-o a elas.

48Depois disso eu vi seu Senhor colocado diante delas, com um aspecto terrível e severo.

49E quando elas viram-no, elas ficaram amedrontadas com seu semblante.

50Todas elas ficaram alarmadas, e tremeram. Elas clamaram para aquela ovelha; e para aquela outra ovelha que estava com ele, e o qual estava no meio delas, dizendo: Nós somos capazes de permanecer diante do nosso Senhor, ou de olhar para ele.

51Então aquela ovelha que os conduziu saiu, e subiu ao topo da rocha;

52Enquanto as ovelhas que restaram começaram a ficar cegas, e a vagar pelo caminho que ele lhes havia mostrado; mas ele não o soube.

53Seu Senhor, entretanto, estava movido de grande indignação contra eles; e quando aquela ovelha soube o qua havia acontecido.

54Ele desceu do topo da rocha, e veio a eles, descobriu que havia muitos,

55Que se tornaram cegos;

56E tinham desviado de seu caminho. Tão logo elas viram-no, temeram, e tremeram na sua presença;

57E ficaram desejosos de retornar ao seu rebanho,

58Então aquela ovelha, tomando consigo outra ovelha, foi àqueles que tinham se perdido.

59E depois disso começou a matá-los. Eles ficaram aflitos ao seu semblante. Então ele fez com que aqueles que tinham se desviado retornassem; os quais voltaram para seu rebanho.

60Eu igualmente vi naquela visão, que esta ovelha se tornou num homem, construiu uma casa (110) para o Senhor do rebanho, e fez todos eles ficarem na casa.

(110) Uma casa. Um tabernáculo (Milik, p. 205).

61Eu vi também que aquela ovelha que procedeu a encontrar esta ovelha, seu condutor, morreu. Eu vi também que toda grande ovelha pereceu, enquanto que as menores subiram eu seu lugar, entraram num pasto, e aproximaram-se de um rio de água. (111)

(111) O rio Jordão.

62Então aquela ovelha, seu condutor, que se tornou num homem, foi separado delas, e morreu.

63Todo o rebanho procurou por ele, e clamou por ele com amarga lamentação.

64Eu vi também que eles cessaram de clamar por aquela ovelha e passaram sobre o rio de água.

65E que lá se levantou outra ovelha, todas de quem as conduziu, (112) em vez daqueles que foram

mortos, os quais tinham previamente conduzido-as.

(112) Os juízes de Israel.

66Então eu vi que aquela ovelha entrou a um agradável lugar, e um deleitável e glorioso território.

67Eu vi também que eles ficaram satisfeitos; que sua casa estava no meio daquele deleitável território; e que algumas vezes seus olhos estavam abertos, e que algumas vezes eles ficavam cegos; até que outra ovelha (113) levantou-se e conduziu-as. Ele trouxe-os todos de volta; e seus olhos foram abertos.

(113) Samuel.

68Então cães, lobos, e javalis selvagens devoraram-nos, até, até novamente outra ovelha (114)

levantar, o mestre do rebanho; um deles mesmos, um carneiro, para conduzi-los. Este carneiro começou a chifrar em todo lado aqueles cães, lobos, javalis selvagens, até que todos eles pereceram.

(114) Saul.

Seus olhos, e vi o carneiro no meio deles, os quais tinham deixaram de lado sua glória.

70E ele começou a ferir o rebanho, pisando sobre eles, e comportando-se sem dignidade.

71Então seu Senhor enviou a antiga ovelha novamente para uma still diferente ovelha, (115) e levantou-o para ser um carneiro, e para conduzi-las no lugar daquela ovelha que tinha deixado de

lado sua glória.

(115) David.

72Indo então a ele, e conversando com ele só, ele levantou o carneiro, e fez dele um príncipe e líder do rebanho. Todo o tempo aqueles cães (116) aborreceram a ovelha,

(116) Os Filisteus.

73O primeiro carneiro pagou respeito a este último carneiro.

74Então o último carneiro levantou e fugiu de diante de sua face. E eu vi que aqueles cães fizeram o primeiro carneiro cair.

75Mas o último carneiro levantou, e conduziu o carneiro menor.

76Aquele carneiro também gerou muitas ovelhas, e morreu.

77Então houve uma ovelha menor, (117) um carneiro, no lugar dele, que tornou-se um príncipe e líder, conduzindo o rebanho.

(117) Salomão.

78E a ovelha aumentou de tamanho, e multiplicou.

79E todos os cães, lobos, e javalis selvagens temeram, e fugiram dele.

80Aquele carneiro também golpeou e matou todas as bestas feras, de modo que eles não pudessem novamente prevalecer no meio das ovelhas, nem em nenhum tempo arrebate-as.

81E aquela casa foi feita grande e larga; uma imponente torre sendo construída sobre ela pelas ovelhas, para o Senhor das ovelhas.

82A casa era baixa, mas a torre era elevada e muito alta.

83Então o Senhor das ovelhas colocou-se sobre a torre, e causou uma mesa cheia aproximar-se diante dele.

84Novamente eu vi que aquela ovelha perdeu-se, e foi para vários caminhos, esquecendo-se daquela sua casa;

85E que seu Senhor chamou alguns entre eles, os quais ele enviou-as (118) a eles.

(118) Os profetas.

86Mas a estes as ovelhas começaram a matar. E quando um deles foi salvo da matança (119) ele saltou, e clamou contra aqueles que estavam desejosos de matá-los.

(119) Elias.

87Mas o Senhor das ovelhas livrou-o das suas mãos, e o fez subir a ele, e permanecer com ele.

88Ele enviou muitos outros a elas, para testificar, e com lamentações para clamar contra eles.

89Novamente eu vi, quando alguns deles esqueceram a casa do seu Senhor, e sua torre, vagando em todos os lugares, e crescendo cegos,

90Eu vi que o Senhor das ovelhas fez uma grande matança entre eles em suas pastagens, até que eles clamaram a ele em conseqüência da matança. Então ele apartou-as do lugar de sua habitação, e os deixou no poder dos leões, tigres, lobos, e das zeebt, (120) e ao poder das raposas, e de todo animal.

(120) Zeebt. Hiena. (Knibb, p. 209).

91E os animais selvagens começaram a despedaçá-los.

92Eu vi, também, que eles esqueceram a casa de seus pais, e sua torre, dando-os todos ao poder dos leões para despedaçá-los e devorá-los; até ao poder de todo animal.

93Então eu comecei a clamar com todo meu poder, implorando ao Senhor das ovelhas, e mostrando-lhe como as ovelhas eram devoradas por todos os animais de rapina.

94Mas ele olhou em silêncio, regozijando-se de que elas fossem devoradas, engolidas, e carregadas; e deixando-as ao poder de todo animal por comida. Ele chamou também setenta pastores, e designou-os ao cuidado das ovelhas, para que eles possam cuidar delas;

95Dizendo a eles e aos seus associados: Todos vós, de agora em diante todos vós cuideis das ovelhas, e a todos eu ordeno; fazei; e eu os entrego para as enumerarem.

96Eu vos direi qual delas serão mortas; a estas destruís. E ele entregou as ovelhas a eles.

97Então ele chamou a outro, e disse: Entende, e cuida de tudo o que os pastores farão a estas ovelhas; pois muitas delas perecerão depois que eu ordenei.

98De todo excesso e matança, que os pastores cometerão, haverá uma conta; como, quantas pereceram pelo meu comando, e quantos eles destruíram por sua própria cabeça.

99De toda destruição trazida por cada um dos pastores haverá uma contagem; e de acordo com o número eu farei com que um recital seja feito diante de mim, quantas eles destruíram por suas próprias cabeças, e quantas eles entregaram à destruição, para que eu possa ter esse testemunho contra eles; para que eu possa saber todos os seus procedimentos; e que, entregando as ovelhas a eles, eu possa ver o que eles farão; se eles agirão como eu lhes ordenei, ou não.

100Disto, portanto, eles serão ignorantes; nem farás qualquer explanação a eles, nem os reprovarás; mas haverá uma contagem de toda destruição feita por eles em suas respectivas estações. Então eles começarão a matar, e a destruir mais do que lhes for ordenado.

101E eles deixaram as ovelhas sob o poder dos leões, assim que muitos deles foram devorados e engolidos pelos leões e tigres; e javalis selvagens caíram sobre eles para depredá-los. Aquela torre eles queimaram, e derrubaram aquela casa.

102Então eu me afligi extremamente por causa da torre, e porque a casa das ovelhas foi derrubada.

103Nem fui, depois disso, capaz de perceber se eles entraram novamente naquela casa.

104Os pastores igualmente, e seus associados, entregaram-nos a todos os animais selvagens, para que os devorassem. Cada um deles em sua estação, de acordo com seu número, foi entregue; cada um deles, um com o outro, foram descritos num livro, como muitos deles, um com o outro, foram destruídos, num livro.

105Mais, porém, do que foi ordenado, cada pastor matou e destruiu.

106Então eu comecei a chorar, e fiquei grandemente indignado, por causa dos pastores.

107De igual maneira, também vi na visão aquele que escreveu, como ele escreveu um, destruído pelos pastores, todo dia. Ele subiu, permaneceu, e exibiu cada um de seus livros para o Senhor das ovelhas, contendo tudo o que eles haviam feito, e tudo o que cada um deles tinha feito;

108E todos os que eles haviam entregue à destruição.

109Ele tomou o livro em suas mãos, rei-o, selou-o, e depositou-o.

110Depois disso, por doze horas, os pastores negligenciaram as ordens do senhor.

111E eis que três das ovelhas (121) separadas, chegaram, entraram; e começaram construindo tudo o que estava caído daquela casa.

(121) Zorobabel, Josué e Neemias.

112Mas os javalis selvagens (122) estorvaram-nos, apesar de que eles não prevaleceram.

(122) Os Samaritanos.

113Novamente eles começaram a construir como antes, e levantaram aquela torre que foi chamada “a torre elevada”.

114E novamente eles começaram a colocar diante da torre uma mesa, com todo tipo de pães impuros e sujos sobre ela.

115Além disso também todas as ovelhas eram cegas, e não podiam ver, como também eram os pastores.

116Assim elas foram entregues aos pastores para uma grande destruição, que as pisaram sob seus pés, e devoraram-nas.

117Contudo o seu Senhor estava ciente, até que toda ovelha no campo foi destruída. Os pastores e as ovelhas foram todos mesclados, juntos, mas eles não salvaram-nos do poder dos animais.

118Então aquele que escreveu o livro subiu, exibiu-o e leu-o na residência do Senhor das ovelhas.

Ele pediu-lhe por eles, e orou, apontando cada ato dos pastores, e testificando diante dele contra todos eles. Então, tomando o livro, ele guardou-o consigo, e apartou-se.

Capítulo 89

1E eu observei durante o tempo, que assim trinta e sete (123) pastores estiveram inspecionando, todos dos quais terminaram em seus respectivos períodos como o primeiro. Outros então receberam-nos em suas mãos, para que pudessem cuidar delas em seus respectivos períodos, cada pastor em seu próprio período.

(123) Trinta e sete. Um aparente erro para trinta e cinco (veja verso 7). Os reis de Judá e Israel (Laurence, p. 139).

2Depois disso eu vi na visão, que todos os pássaros do céu chegaram; águias, o viveiro, o papagaio e corvos. A água instruiu a todas.

3Elas começaram a devorar as ovelhas, a picar seus olhos, e a comer seus corpos.

4A ovelha então clamou; pois seus corpos foram devorados pelos pássaros.

5Eu também clamei, e gemi em meu sono contra os pastores que cuidavam do rebanho.

6E olhei, enquanto as ovelhas eram comidas pelos cães, pelas águias e pelos corvos. Eles não deixaram seus corpos, nem sua pele, nem seus músculos, e somente seus ossos restaram; até seus ossos caíram sobre o chão. E a ovelha ficou diminuída.

7Eu também observei durante o tempo, que vinte e três pastores (124) estavam cuidando, os quais completaram seus respectivos períodos, cinqüenta e oito períodos.

(124) Os reis da Babilônia, etc., durante e depois do cativeiro. O número de trinta e cincoe vinte e três somam cinqüenta e oito; e não trinta e sete, como erroneamente é colocado no primeiro verso (Laurence, p. 139).

8Então pequenos cordeiros nasceram daquela ovelha branca; que começaram a abrir seus olhos e a ver, chorando pela ovelha.

9A ovelha, porém, não clamou a eles, nem ouviu o que eles lhe diziam, mas ficou muda, cega e obstinada em maior intensidade.

10Eu vi na visão que corvos voaram sobre aqueles cordeiros;

11Que eles agarraram-nos; e que seguraram um deles, e rasgaram a ovelha em pedaços, e os devoraram.

12Eu vi também, que chifres cresceram nos cordeiros; e que os corvos pousavam sobre seus chifres.

13Eu vi, também, que um grande chifre brotou num animal entre as ovelhas, e que seus olhos estavam abertos.

14Ele olhou para elas. Seus olhos estavam bem abertos; e ele clamava para elas.

15Então o íbex (125) viu-o; todos eles correram para ele.

(125) O íbex. Provavelmente simbolizando Alexandre o Grande (Laurence, p. 140).

16E enquanto isso, todas as águias, os corvos e os papagaios estavam ainda levando a ovelha, voando sobre ela, e devorando-a. A ovelha ficou em silêncio, mas o íbex lamentou e chorou.

17Então os corvos contenderam, e lutaram com ela.

18Eles desejaram entre eles quebrar seu chifre; mas eles não prevaleceram contra ele.

19Eu olhei para eles, até os pastores, as águias, o abutres, e os papagaios vieram.

20Os quais clamaram aos corvos para quebrar o chifre do íbex; para contender com ele; e para matá-lo.

Mas ele lutou com eles, e clamou, para que ajuda pudesse vir a ele.

21Então eu percebi que o homem veio, o que escreveu os nomes dos pastores, o qual subiu diante do Senhor das ovelhas.

22Ele trouxe assistentes, e fez com que cada um o visse descendo para ajudar o íbex.

23Eu percebi também que o Senhor das ovelhas veio a elas com ira, enquanto todos aqueles que viram-no fugiram; todos caíram em seu tabernáculo diante de sua face; enquanto todas as águias, os corvos, e papagaios se reuniram e trouxeram com eles todas as ovelhas do campo.

24Todos vieram juntos, e impediram de quebrar o chifre do íbex.

25Então eu vi aquele homem que escreveu o livro à palavra do Senhor, abriu o livro da destruição, daquela destruição com os últimos doze pastores (126); e o mostrou diante do Senhor das ovelhas, para que eles destruíssem mais do que aqueles que os precederam.

(126) Os príncipes nativos de Judá depois de sua libertação do cativeiro sírio.

26Eu vi também que o Senhor das ovelhas veio a elas, e tomando em sua mão o cetro de sua ira preso na terra, que se dividiu ao meio; enquanto todos os animais e pássaros do céu caíram sobre as ovelhas, e afundaram na terra, que fechou-se sobre eles.

27Eu vi, também, que uma grande espada foi dada às ovelhas, que saíram contra todos os animais do campo para matá-los.

28Mas todos os animais e pássaros do céu fugiram de diante da sua face.

29E eu vi um trono erguido numa terra deleitável;

30Sobre ele assentava-se o Senhor das ovelhas, o qual recebeu todos os livros selados;

31Os quais foram abertos diante dele.

32Então o Senhor chamou os primeiros sete brancos, e ordenou-os trazerem diante dele a primeira de todas as estrelas, a qual precedeu as estrelas que se assemelhavam parcialmente à forma de cavalos; a primeira estrela, que caiu primeiro; e eles trouxeram-na diante dele.

33E ele falou ao homem que escreveu em sua presença, o qual era um dos sete brancos, dizendo:

Toma aqueles setenta pastores, aos quais eu entreguei as ovelhas, e os quais recebendo-as mataram mais delas do que eu ordenei. Eis que, eu vi-os todos amarrados, e m pé diante dele. Primeiro veio no julgamento das estrelas, que sendo julgadas, e consideradas culpadas, foram para o lugar da punição. Elas confiaram-nas a um lugar, profundo, e cheio de chamas de pilares de fogo. Então os setenta pastores foram julgados, e considerados culpados, foram confiados às chamas do abismo.

34Neste tempo igualmente eu vi, que o abismo estava assim aberto no meio da terra, que estava cheia de fogo.

3E a ela foram trazidas as ovelhas cegas; as quais sendo julgadas, e consideradas culpadas, foram todas confiadas àquele abismo de fogo na terra, e queimaram.

36O abismo ficava à direita daquela casa.

37E eu vi as ovelhas queimando, e seus ossos sendo consumidos.

38Eu fiquei olhando-o imergir aquela antiga casa, enquanto eles trouxeram seus pilares, cada planta nela, e o marfim ali contido. Eles trouxeram-no para fora, e depositaram-no no lugar ao lado direito da terra.

39Eu também vi, que o Senhor das ovelhas produziu uma nova casa, grande e mais elevada do que a anterior, a qual ele ligou com o antigo lugar circular. Todos os seus pilares eram novos, e seu mármore novo, também mais abundante do que o antigo mármore, que ele havia trazido.

40E enquanto todas as ovelhas que foram deixadas no meio dela, todos os animais da terra, e todas as aves do céu, prostraram-se e adoraram-no, implorando a ele, e obedecendo-o em tudo.

41Então aqueles três, que estavam vestidos de brando, e os quais, segurando-me pela minha mão, tinham antes me feito subir, enquanto a mão daquele que falava comigo me segurava; e colocava-me no meio das ovelhas, antes que o julgamento acontecesse.

42A ovelha era toda branca, com lã longa e pura. Então todas as que tinham perecido, e tinham sido destruídos, todo animal do campo, e toda ave do céu, reuniram-se naquela casa: enquanto o Senhor das ovelhas regozijou-se com grande alegria, porque todas estavam bem, e tinham voltado novamente para sua habitação.

43E eu vi que elas abaixaram a espada que havia sido dada às ovelhas, e retornou à sua casa, selando-a na presença do Senhor.

44Todas as ovelhas haviam sido fechadas naquela casa, tinha sido capaz de contê-las; e os olhos de todas foram abertos, contemplando o Bondoso; não houve entre elas quem não o viu.

45Eu igualmente percebi que a casa era grande, larga e extremamente cheia. Eu vi também, que a vaca branca havia nascido, cujos chifres eram grandes; e que todos os animais do campo, e todas as aves do céu, estavam alarmadas com ele, e imploraram a ele todas as vezes.

46Então eu vi que a natureza deles foi mudada, e que eles se tornaram vacas brancas;

47E que o primeiro, o qual estava no meio deles, falou, quando aquela palavra tornou-se (127) um grande animal, sobre cuja cabeça havia grandes chifres negros;

(127) Falou, quando aquela palavra. Ou “era um touro selvagem, e aquele touro selvagem era…” (Knibb, p. 216).

48Enquanto o Senhor das ovelhas regozijou-se por causa delas, e de todas as vacas.

49Eu caí no meio deles: Eu acordei; e vi o todo. Esta é a visão que eu vi, descendo e despertando.

Então eu abençoei o Senhor da justiça, e dei glória a Ele.

50Depois disso eu chorei abundantemente, não cessaram minhas lágrimas, de modo que eu tornei-me incapaz de suportá-lo. Enquanto eu estava olhando, eles fluíram por causa do que eu vi; pois tudo estava vindo e indo; cada circunstância individual com respeito à conduta da humanidade que estava sendo vista por mim.

51Naquela noite eu relembrei meus sonhos anteriores; e então chorei e me afligi, por causa do que eu tinha visto na visão.

Capítulo 90

1E agora, meu filho Matusalém, chama para mim todos os teus irmãos, e reúne para mim todos os filhos de tua mãe; pois uma voz me chama, e o espírito está colocado sobre mim para que eu possa mostrar-te tudo o que te acontecerá para sempre.

2Então Matusalém foi, chamou-lhes todos de os seus irmãos, e reuniu seus filhos.

3E conversando com todos seus filhos na verdade.

4Enoque disse: Ouve, meu filho, toda palavra de teu pai, e escuta com honradez a voz da minha boca; pois eu gostaria de obter tua atenção, enquanto me dirijo a ti. Meu amado, estejas ligado à integridade, e anda nela.

5Não te aproximes da integridade com um coração duplo; nem te associes a homens com mente dupla: mas anda, meu filho, em retidão, a qual te conduzirá em bons caminhos; e seja a verdade a tua companhia.

6Pois eu sei , que opressão existirá e prevalecerá na terra; que no fim grande punição na terra acontecerá; e que haverá uma consumação de toda iniqüidade, que será cortada com suas raízes, e toda estrutura que levantou-se passará. Iniqüidade, entretanto, será renovada novamente, e consumida na terra. Todo ato de crime, e todo ato de opressão e impiedade serão abraçados uma segunda vez.

7Quando então a iniqüidade, pecado, blasfêmia, tirania, e toda má obra, aumentar, e quando transgressão, impiedade, impureza também aumentar, então sobre eles toda grande punição será infligida desde o céu.

😯 santo Senhor irá em ira, e sobre eles toda grande punição do céu será infligida.

9O santo Senhor sairá em ira, e com punição, para que possa executar julgamento sobre a terra.

10Naqueles dias opressão será cortada em suas raízes, e iniqüidade com fraude será erradicada, perecendo de sob o céu.

11Todo lugar de força (128) será rodeado com seus habitantes; com fogo ele será queimado. Eles serão trazidos de toda parte da terra, e serão lançados num julgamento de fogo. Eles perecerão em ira, e por um julgamento dominando-os para sempre.

(128) Todo lugar de força. Ou, “todos os ídolos das nações” (Knibb, p. 218).

12Retidão se levantará do descanso; e sabedoria se levantará, e conferida sobre eles.

13Então as raízes da iniqüidade serão cortadas; pecadores perecerão pela espada; e blasfemadores serão aniquilados em todos os lugares.

14Aqueles que meditam opressão, e aqueles que blasfemam, pela espada perecerão.

15E agora, meu filho, eu descreverei e mostrarei a ti o caminho da retidão e o caminho da opressão.

16Eu novamente os apontarei para ti, para que possas saber o que está por vir.

17Ouvi agora, meu filho, e anda no caminho da retidão, mas evita aquele da opressão; pois todo o que anda no caminho da iniqüidade perecerá para sempre.

Capítulo 91

1Aquilo que foi escrito por Enoque. Ele escreveu toda esta instrução de sabedoria para todo homem de dignidade, e todo juiz da terra; para todos os meus filhos que habitarão sobre a terra, e para subsequentes gerações, conduzindo-se elevada e pacificamente.

2Não deixes que teu espírito seja afligido por causa dos tempos; pois o santo, o Grande, prescreveu um período para tudo.

3Deixe que os homens justos se levantem do sonho, deixe-os levantar, e prossiga no caminho da retidão, em todos os seus caminhos; e deixa-os avançar em bondade e eterna clemência.

Misericórdia será mostrada aos homens justos; sobre eles serão conferidos integridade e poder para sempre. Em bondade e retidão eles existirão, andarão em eterna luz; mas pecado perecerá em eterna escuridão, nem será vista daquele tempo em diante eternamente.

Capítulo 92

1Depois disto, Enoque começou a falar sobre um livro.

2E Enoque disse: Concernente aos filhos da retidão, concernente aos eleitos do mundo, e concernente à semente da retidão e integridade.

3Concernente a estas coisas eu falei, e estas coisas e explicarei a ti, meu filho: e que sou Enoque.

Em conseqüência daquilo que me foi mostrado, de minha visão eterna e da voz dos santos anjos (129) eu tenho adquirido conhecimento; e da mesa do céu eu adquiri entendimento.

(129) Santos anjos. Num texto de Qumran, lê-se “Guardiões e Santos”, denotando claramente Guardiões celestiais que não caíram com os iníquos (Milik, p. 264). Veja também Dan. 4:13, “um guardião e um santo desceu do céu”; 4:17, “guardiões, e… santos.”

4Enoque então começou a falar de um livro, e disse: Eu nasci o sétimo na primeira semana, enquanto julgamento e retidão esperavam com paciência.

5Mas depois de mim, na segunda semana, grande iniqüidade se levantou, e fraude espalhou-se.

6Naquela semana o fim do primeiro acontecerá, na qual a humanidade será salva. (130)

(130) Humanidade será salva. Ou, “o homem será salvo” (Knibb, p. 224).

7Mas quando o primeiro é completado, iniqüidade crescerá; e durante a segunda semana ele executará o decreto (131) sobre os pecadores.

(131) O Dilúvio depois do primeiro (no meio do segundo) Milênio (2500 B.C.).

8Depois disso, na terceira semana, durante sua conclusão, o homem (132) da planta dos justos julgamentos será selecionada; e depois dele a Planta (133) da retidão virá para sempre.

(132) O Rei Davi no fim do terceiro Milênio (1000 B.C.),

(133) O Messias no fim do quarto Milênio (4 B.C. to 30 A.D.).

9Subsequentemente, na quarta semana, durante sua conclusão, a visão dos santos e dos justos será vista, a ordem de geração após geração tomará lugar, uma habitação será feita para eles. Então na quinta semana, durante sua conclusão, a casa da glória e da dominação (134) será erigida para sempre.

(134) O estabelecimento (30 A.D.) e construção da Igreja através do quinto (e do sexto) Milênio.

10Depois disso, na sexta semana, todos aqueles que existirem nele serão escurecidos, os corações de todos eles estarão esquecidos da sabedoria, e nele um Homem (135) se levantará e virá.

(135) O Messias no fim do sexto Milênio.

11E durante sua conclusão Ele queimará a casa do domínio com fogo, e toda a raça da raiz eleita será dispersa. (136)

(136) A destruição de Jerusalém e o desembolso daqueles que habitam naquela terra no fim do sexto (e no começo do sétimo) Milênio.

12Depois disso, na sétima semana, uma geração perversa se levantará; abundantes serão seus feitos,

e todos os seus feitos perversos. Durante sua conclusão, os justos serão selecionados dentre a eternam semente da justiça eterna; e a eles será dado a doutrina de sua criação.

13Depois haverá outra semana, a oitava, (137) da retidão, para a qual será dada uma espada para executar julgamento e justiça sobre todos os opressores.

(137) O começo do oitavo Milênio.

14Os pecadores serão entregues nas mãos dos justos, os quais durante sua conclusão adquirirão habitações para sua retidão; e a casa do grande Rei será estabelecida para celebrações para sempre.

Depois disso, na nona semana, o julgamento da retidão será revelado para todo o mundo.

15Toda obra de maldade desaparecerá de toda terra; o mundo será marcado para a destruição; e todos os homens estarão atentos ao caminho da integridade.

16E depois disso, no sétimo dia da décima semana, haverá um eterno julgamento, que será executado sobre os Sentinelas; e um eterno céu espaçoso brotará no meio dos anjos.

17O antigo céu se apartará e passará; um novo céu aparecerá; e os poderes celestiais brilharão com esplendor para sempre. Depois, igualmente haverá muitas semanas, que existirão em extrema bondade e retidão.

18O pecado nem será nomeado lá para sempre e sempre.

19Quem haverá lá, de todos os filhos dos homens, capaz de ouvir a voz do Santo sem emoção?

20Quem haverá, capaz de pensar seus próprios pensamentos? Quem será capaz de contemplar toda a obra do céu? Quem, de compreender os feitos do céu?

21Ele poderá ver sua animação, mas não seu espírito. Ele pode ser capaz de conversar la respeito

dele, mas não de souber a ele. Ele poderá ver todas as fronteiras destas coisas, e meditar sobre elas; mas ele não pode fazer nada iguais a elas.

22Qual, de todos os homens, é capaz de entender a largura e o comprimento da terra?

23Por quem tem sido visto as dimensões de todas estas coisas? Todo homem que é capaz de compreender a extensão do céu; qual é a sua elevação, e pelo que ele é apoiado?

24Quais são os números das estrelas; e onde todas as luminárias ficam no descanso?

Capítulo 93

1E agora me deixe exortar-te, meu filho, a amar a retidão e a andar nela; pois os caminhos da retidão são dignos de aceitação; mas os caminhos da iniqüidade repentinamente falharão, e serão diminuídos.

2Aos homens de note em sua geração os caminhos da opressão e morte são revelados; mas eles se mantêm longe dele.

3Agora, também, deixe-me exortar aqueles que são justos, para que não andem nos caminhos do mal e da opressão, nem nos caminhos da morte. Não se aproximem deles, para que não pereças, mas; mas deseja.

4E escolhei para vós mesmos a retidão, e boa vida.

5Andai nos caminhos da paz, para que sejais encontrados dignos. Retenhais minhas palavras em vossos pensamentos secretos, e não obliterate-os de vossos corações; pois eu sei que os pecadores aconselham os homens a cometer crime astuciosamente. Eles não se encontram em todo lugar, nem todo conselho possui um pouco deles.

6Ai daqueles que constroem iniqüidade e opressão, e lançam o fundamento da fraude; pois repentinamente eles são subvertidos, e nunca obtêm paz.

7Ai daqueles que constroem suas casas de crime; pois de suas próprias fundações suas casas serão demolidas, e pela espada eles mesmos cairão. Aqueles, também, que adquirem ouro e prata, justamente e repentinamente perecerão. Ai de ti, que és rico, pois em tua riqueza confiaste; mas sereis removidos de tuas riquezas, porque não te lembraste do Altíssimo nos dias de tua prosperidade.

8Tu tens cometido blasfêmia e iniqüidade, e estás destinado ao dia da efusão de sangue, ao dia da escuridão, e ao dia do grande julgamento.

9Isto eu declaro a aponto a ti, que aquele que te criou te destruirá.

10Quando tu caíres, ele não te mostrará misericórdia; mas teu Criador se regozijará em tua destruição.

11Deixem aqueles, então, que serão retos entre vós naqueles dias, detestem os pecadores, e os mundanos.

Capítulo 94

1Oh que meus olhos estejam nublados de água, que eu, para que eu possa chorar sobre ti, e derramar minhas lágrimas como um rio, e descansar da tristeza do meu coração!

2Quem te permitiu irar e transgredir? Julgamento te surpreenderá, ó pecadores.

3Os justos não temerão os iníquos; porque Deus os trará novamente com seu poder, para que possa vingar-se deles de acordo com seu prazer.

4Ai de vós que estarão tão presos por execrações, para que não possais ser soltos delas; o remédio estando longe de ser removido de ti por causa dos teus pecados. Ai de vós que recompensam vossos vizinhos com o mal; pois sereis recompensados de acordo com vossas obras.

5Ai de vós, falsas testemunhas, vós que provocais e agravais a iniqüidade; pois perecereis repentinamente.

6Ai de vós, pecadores, pois rejeitais os justos; pois recebeis ou rejeitareis por prazer aqueles que cometem iniqüidade; e seu jugo prevalecerá sobre vós.

Capítulo 95

1Aguardai em esperança, vós justos; pois os pecadores perecerão diante de vós, e exercereis domínio sobre eles, de acordo com vosso prazer.

2No dia dos sofrimentos dos pecadores vossa descendência será alçada, e elevada como águias.

Vossos ninhos serão mais exaltados do que os da águia; tu subirás, e entrarás nas cavidades da terra, e fendas das rochas para sempre, como os coelhos, da vista dos mundanos;

3Os quais gemerão sobre vós, e chorarão como as sirenes.

4Tu não temerás aqueles que te aborrecem; pois a restauração será tua; a esplêndida luz brilhará ao redor de ti, e a voz da tranqüilidade será ouvida do céu. Ai de vós, pecadores; pois vossa riqueza vos faz assemelhar aos santos, mas vossos corações vos reprovam, sabendo que sois pecadores.

Vossas palavras testificarão contra vós, como lembrança do crime.

5Ai de vós que se alimentam sobre a glória do milho, e bebem da força da mais profunda fonte, e no orgulho do seu poder pisam nos humildes.

6Ai de vós que tomam água por deleite; pois repentinamente sereis recompensados, consumidos, e murchareis, porque esquecestes da fundação da vida.

7Ai de vós que agem iniquamente, fraudulosamente, e em blasfêmia; lá haverá uma lembrança contra vós por mal.

8Ai de vós, poderosos, que com poder ferem a justiça, pois o dia de vossa destruição virá; enquanto aquele mesmo tempo muitos e bons dias será a porção dos justos, mesmo no tempo do vosso julgamento.

Capítulo 96

1Os justos estão confiantes que os pecadores serão desgraçados, e perecem no dia da iniqüidade.

2/vós estareis cônscios dele; pois o Altíssimo vos lembrará de vossa destruição, e os anjos regozijarão sobre ela. O que farão os pecadores? E para onde fugireis no dia do julgamento, quando ouvireis as palavras da oração dos justos?

3Vós não sereis iguais àqueles que a esse respeito testemunham contra vós; vós sois associados a pecadores.

4Naqueles dias as orações dos justos virá diante do Senhor. Quando o dia do vosso julgamento chegará; e toda circunstância de vossa iniqüidade será relatada diante do Grande e do Santo.

5Vossas faces se cobrirão de vergonha; enquanto todo feito, fortalecido pelo crime, será rejeitado.

6Ai de vós, pecadores, que no meio do mar, e na terra seca, são aqueles contra quem um mau testemunho existe. Ai de vós que desperdiçam prata e ouro, não obtidos em retidão, e dizem: Somos ricos, possuímos abundância, e temos adquirido tudo o que desejamos.

7Então faremos tudo o que estivermos dispostos a fazer, pois amontoaremos prata; nossos celeiros estarão repletos, e os chefes de nossas famílias serão como água transbordante.

8Como água a falsidade passará; pois tua riqueza não será permanente, mas repentinamente ascenderá de ti, porque toda ela tua a obtiveste iniquamente, e serás entregue à extrema maldição.

9E agora eu te juro, astutos e insensatos; para que tu, freqüentemente contemplando a terra, vós que sois homens vos vestis mais elegantemente que as mulheres casadas, e ambos, juntos, muito mais do que as solteiras, (138) em todos os lugares adornando-vos em majestade, em magnificência, em autoridade, e em prata: mas ouro, púrpura, honra, e saúde, riqueza, como a água, fluirá.

(138) Mais elegantemente que as mulheres casadas… as solteiras. Ou, “mais do que uma mulher e mais colorido (as vestimentas) que uma moça…” (Knibb, p. 230).

10Erudição, portanto, e sabedoria, não serão vossas. Assim eles perecerão, junto com suas riquezas, com toda a sua glória, e com suas honras;

11Enquanto com desgraça, com matança, e em extrema penúria, seus espíritos serão confiados à fornalha de fogo.

12Eu jurei a vós, pecadores, que nem montanha, nem colina foram ou serão serviçais (139) da mulher.

(139) Serviçal. Literalmente, “um servo”. Talvez os abastecendo com tesouros para ornamentos (Laurence, p. 159).

13Nem dessa maneira o crime foi enviado a vós sobre a terra, mas os homens de sua própria cabeça o inventaram; e aqueles que a ele deram eficiência, serão grandemente execrados.

14Gravidez não será previamente infligida à mulher; mas por causa das obras de suas mãos, elas morrerão sem filhos.

15Eu jurei a vós, pecadores, pelo Santo e pelo Grande, que todas as vossas más obras serão divulgados nos céus; e que nenhum de vossos atos opressivos serão escondidos e secretos.

16Não penseis em vossas mentes, nem digais em vossos corações, que todo crime não é manifestado e visto. No céu ele é diariamente escrito diante do Altíssimo. De agora em diante ele será manifestado; pois todo ato de opressão que vós cometerdes será será diariamente registrado, até o momento da vossa condenação.

17Ai de vós, ingênuos, pois perecereis na vossa simplicidade. Ao sábio não ouvireis, e aquilo que é bom, não obtereis.

18Agora, portanto, saibais que estais destinados ao dia da destruição; nem a esperança daqueles pecadores, viverá; mas com o passar do tempo morrereis; pois não sereis marcados para a redenção;

19Mas são destinados para o dia do grande julgamento, para o dia de aflição, e a extrema ignomínia de vossas almas.

20Ai de vós, obstinados de coração, que cometeis crimes, e vos alimentais de sangue. De onde é que vos alimenteis de coisas boas, bebeis e estais satisfeitos? Não é porque nosso Senhor, o Altíssimo, tem suprido abundantemente toda boa coisa sobre a terra? A vós lá não haverá paz.

21Ai de vós que amam os atos de iniqüidade. Por que esperais por aquilo que é bom? Sabei que sereis entregues nas mãos dos justos; os quais cortarão vossos pescoços, vos matarão, e não vos mostrarão compaixão.

22Ai de vós que vos regozijais no sofrimento dos íntegros; pois uma sepultura não será cavada para vós.

23Ai de vós que frustrais a palavra dos justos; pois para vós não haverá esperança de vida.

24Ai de vós que escreveis palavra de falsidade, e palavra de iniqüidade; pois vossas falsidades eles lembrarão, para que eles possam ouvir e não esquecer.

25A eles não haverá paz; mas eles por certo morrerão repentinamente.

Capítulo 97

1Ai daqueles que agem impiamente, que louvam e honram a palavra de falsidade. Vós tendes sucumbido na perdição; e nunca tendes levado uma vida virtuosa.

2Ai de vós que mudado as palavras de integridade. Eles transgridem contra o eterno decreto; (140)

(140) Eles transgridem… o eterno decreto. Ou, “eles distorcem a lei eterna” (Knibb, p. 232).

3E fazem com que as cabeças daqueles que não são pecadores sejam pisadas sobre a terra.

4Naqueles dias vós, justos, terão sido julgados dignos de ter vossas orações elevadas em lembrança; e as depositarão em testemunho diante dos anjos, para que eles possam registrar os pecados dos pecadores na presença do Altíssimo.

5Naqueles dias as nações estarão subvertidas; mas as famílias das nações se levantarão novamente no dia da perdição.

6Naqueles dias aquelas que estiverem grávidas sairão, levarão seus filhos, e os abandonarão. Seus filhos fugirão delas, e enquanto amamentam-nos eles as esquecerão; eles nunca retornarão a elas, e elas nunca instruirão seus bem amados.

7Novamente eu juro a vós, pecadores, que crimes têm sido preparados para o dia de sangue, que nunca cessam.

8Eles adorarão às pedras, e ao ouro gravado, à prata, e às imagens de madeira. Eles adorarão espíritos impuros, demônios, e todo ídolo, nos templos; mas nenhuma ajuda será obtida por eles.

Seus corações se tornarão ímpios por causa de sua loucura, e seus olhos estarão cegos com superstição mental. (141) Em seus sonhos visionários eles serão ímpios e supersticiosos, mentindo em todas as suas ações, e adorando uma pedra. Eles perecerão completamente.

(141) Superstição mental. Literalmente, “com o temor de seus corações” (Laurence, p. 162).

9Mas naqueles dias eles serão abençoados, a quem a palavra de sabedoria é entregue; o qual aponta e procura o caminho do Altíssimo; o qual anda no caminho da retidão, e não age impiamente com os ímpios.

10Eles serão salvos.

11Ai de vós que expandem o crime de vossos vizinhos; pois no inferno sereis mortos.

12Ai de vós que lançam a fundação do pecado e enganam, e sois amargos na terra; pois nela sereis consumidos.

13Ai de vós que constroem casas pelo labor dos outros, cada parte da qual é construída com tijolos e com a pedra do crime; Eu digo-vos que não obtereis paz.

14Ai de vós que desprezais a prorrogação da eterna herança de vossos pais, enquanto vossas alvas seguem atrás dos ídolos; pois para vós não haverá tranqüilidade.

15Ai daqueles que cometem iniqüidade, e dá ajuda à blasfêmia; que matam seus vizinhos até o dia do grande julgamento; pois vossa glória cairá; malevolência Ele colocará em vossos corações, e o espírito de ira vos incitará; para que cada um de vós pereça pela espada.

16Então os justos e os santos relembrarão vossos crimes.

Capítulo 98

1Naqueles dias os pais serão derrubados com seus filhos na presença uns dos outros; e os irmãos com seus irmãos cairão mortos: até que um rio fluirá de seu sangue.

2 Pois um homem não conterá sua mão de seu filho, nem dos filhos dos seus filhos; sua misericórdia estará em matá-los.

3O pecador não conterá sua mão de seu irmão honrado. Desde o nascer do dia até o por do sol a matança continuará. O cavalo caminhará com dificuldade até à altura do seu peito, e a carruagem afundará até seu eixo no sangue dos pecadores.

Capítulo 99

1Naqueles dias os anjos descerão aos lugares de esconderijo, e reunirão em um lugar todos os que tem ajudado no crime.

2Naquele dia o Altíssimo se levantará para executar o grande julgamento sobre todos os pecadores, e para confiar a guarda de todos os justos e santos aos santos anjos, para que eles protejam-nos como à menina do olho, até que todo mal e todo crime seja aniquilado.

3Se os justos dormirem em segurança, ou não, homens sábios então verdadeiramente perceberão.

4E os filhos da terra entenderão toda palavra daquele livro, sabendo que suas riquezas não posem salvá-los da ruína de seus crimes.

5Ai de vós, pecadores, quando sereis afligidos por causa dos justos naquele dia da grande tribulação; sereis queimados no fogo; e recompensados de acordo com vossas obras.

6Ai de vós, perversos de coração, que estais cuidando para obter um acurado conhecimento do mal, e para descobrir terrores. Ninguém vos ajudará.

7Ai de vós, pecadores; pois com as palavras de vossas bocas, e com a obra de vossas mãos, tendes agido impiamente; na chama de um fogo ardente sereis queimados.

8E agora sabei, que os anjos no céu inquirirão pela vossa conduta; do céu, da lua, e das estrelas, e eles inquirirão a respeito dos vossos pecados; pois sobre a terra vós exercitareis jurisdição sobre os justos.

9Cada nuvem prestará testemunho contra vós, a neve, o orvalho, e a chuva; pois todos eles vos serão negados, para que não desçam sobre vós, nem se tornem subservientes aos vossos crimes.

10Agora então trazei presentes de saudação à chuva; para que, não sendo retida, ela possa descer sobre vós; e ao orvalho, se ele tiver recebido de vós ouro e prata. Mas quando a geada, a neve, o frio, todo vento nevado, e cada sofrimento que pertence a eles, cair sobre vós, naqueles dias sereis totalmente incapazes de permanecer diante deles.

Capítulo 100

1Considerai atentamente o céu, todos vós progênie do céu, e todas as obras do Altíssimo; temei-o, e não vos conduzais pecaminosamente diante dele.

2Se Ele fechar as janelas do céu, retendo a chuva e o orvalho, para que não desçam sobre a terra por causa de vós, o que fareis?

3E se Ele enviar ira sobre vós, e sobre todas as vossas obras, não sereis vós que podeis suplicar-lhe; vós que pronunciastes contra sua retidão, linguagem orgulhosa e potente. Para vós não haverá paz.

4Vós não vedes os comandantes dos navios, como seus barcos são arremessados contra as ondas, tornados em pedaços pelos ventos, e expostos aos maiores perigos?

5Que eles, portanto tremam, porque toda sua propriedade está embarcada com eles no oceano; e que eles reprimam o mal em seus corações, porque ele pode engoli-los, e eles podem perecer nele?

6Não é todo o mar, todas as suas águas e todo a sua comoção, obra dele, o Altíssimo; dele que selou todas as suas extensões, e cingiu-o em todo lado com areia?

7À sua reprovação, não é ele secado, e alarmado; enquanto todos os seus peixes com tudo o que está contido nele morre? E vós, pecadores, que estão sobre a terra, não O temerão? Não é Ele o criador do céu e da terra, e de todas as coisas que neles estão?

8E quem deu erudição e sabedoria a tudo o que se move e progride sobre a terra, e e sob o mar?

9Não ficam os comandantes do navio aterrorizados no oceano? E não ficarão aterrorizados os pecadores diante do Altíssimo?

Capítulo 101 (não tem)

Capítulo 102

1Naqueles dias, quando Ele lançar a calamidade do fogo sobre vós, para onde fugireis, e onde estareis a salvo?

2E quando Ele enviar sua palavra contra vós, não sereis poupados, e aterrorizados?

3Todas as luminárias estão agitadas com grande temor; e toda a terra é poupada, enquanto elas tremem, e sofrem ansiedade.

4Todos os anjos cumprem os mandamentos que receberam dele, e estão desejosos de se esconder da presença da Sua grande glória; enquanto as crianças da terra estão alarmadas e angustiadas.

5Mas vós, pecadores, sereis amaldiçoados para sempre; para vós não haverá paz.

6Não temai, alma dos justos; mas esperai com paciência pelo dia vossa morte em retidão. Não vos aflijais porque vossas almas descem em grande sofrimento, com gemido, lamentação, tristeza, para o receptáculo dos mortos. No tempo da vossa vida vossos corpos não receberam a recompensa na proporção da vossa bondade, mas no período da vossa existência os pecadores existiram; no período da execração e da punição.

7E quando tu morreres, os pecadores dirão com respeito a ti: Como nós morremos, os justos morrem. Que proveito têm em suas obras? Eis que, igual a nós, eles expiram em tristeza e em escuridão. Que vantagem eles têm sobre nós? De hoje em diante nós somos iguais. O que haverá dentro do seu alcance, e diante de seus olhos para sempre? Pois eis que eles estão mortos; e nunca verão a luz novamente. Eu vos digo, pecadores: Vós tendes estado satisfeitos com carne e bebida, com pilhagem humana e rapina, com pecado, com aquisição de riqueza e com a visão de bons dias.

Não tendes observado os justos, como o seu fim é em paz? Pois nenhuma opressão é encontrada neles, mesmo no dia da sua morte. Eles perecem, como se não existissem, enquanto suas almas descem em tristeza ao receptáculo dos mortos.

Capítulo 103

1Mas agora Eu juro vós, justos, pela grandeza de seu esplendor e de sua glória; por seu ilustre reino e por sua majestade, a vós Eu juro, que eu compreendo este mistério; que Eu leio a tábua do céu, tenho visto o registro dos santos, e tenho descoberto o que está escrito e impresso concernente a vós.

2Eu tenho visto que toda bondade, alegria e glória têm sido preparada para vós, e tem sido escrito pelos espíritos daqueles que morrem eminentemente justos e bons. A vós será dado em retorno pelas vossas aflições; e vossa porção de alegria excederá em muito a porção dos vivos.

3Os espíritos dos que morreram em retidão existirão e se regozijarão. Vossos espíritos exultarão; e vossa lembrança estará diante da face do Poderoso de geração em geração. Eles então não temerão adesgraça.

4Ai de vós, pecadores, quando morrerdes em vossos pecados; e aqueles, que são iguais a vós, dirão com respeito a vós: Abençoados são estes pecadores. Eles viveram todo o seu período; e agora morrem em alegria e em abundância. Angústia e matança eles não conheceram enquanto viviam; em honra eles morrem; nunca em sua vida o julgamento os surpreendeu.

5Mas, não tem sido mostrado a eles que, quando suas almas descerem ao receptáculo dos mortos, suas más obras se tornarão seu grande tormento? Em escuridão, em armadilha, e em chama, que queimará até o grande julgamento, seus espíritos entrarão; e o grande julgamento tomará efeito para sempre e sempre.

6Ai de vós; pois para vós não haverá paz. Nem podereis dizer aos justos e aos bons que vivem: Nos dias da nossa aflição nós fomos afligidos; todo tipo de tristeza nós vimos, e muitas coisas más nós temos sofrido.

7Nossos espíritos têm sido consumidos e diminuídos.

8Nós temos perecido; nem tem havido uma possibilidade de ajuda para nós em palavra ou em obra; nós: não temos encontrado, mas temos sido atormentados e destruídos.

9Nós não temos esperado viver dia após dia.

10Nós esperamos certamente, ter sido a cabeça;

11Mas temos nos tornado a cauda. Nós temos sido afligidos, quando temos nos esforçados; mas temos sido devorados pelos pecadores e mundanos; seu jugo tem sido pesado sobre nós.

12Eles tem exercido domínio sobre nós, a quem eles detestam, e nos aferroam; e aqueles que nos odeiam tem humilhado nosso pescoço; e eles não têm mostrado compaixão para conosco.

13Nós temos desejado escapar deles, para que possamos fugir e descansar; mas não temos encontrado lugar para onde possamos fugir, e estar seguros deles. Nós temos procurado um abrigo com os príncipes em nossa angústia, e temos clamado àqueles que estão nos devorando; mas nosso clamor não tem sido considerado, nem estão eles dispostos a ouvir nossa voz;

14Mas antes, eles ajudam aqueles que saqueiam e nos devoram; aqueles que nos diminuem, e escondem sua opressão; os quais removem seu jugo de sobre nós, mas devoram, nos enfraquecem e nos matam; os quais escondem a matança, e não lembram que tem levantado suas mãos contra nós.

Capítulo 104

1Eu juro a vós, justos, que no céu os anjos registram vossa bondade diante da glória do Poderoso.

2Esperai com paciente esperança; pois antigamente fostes desgraçados com o mal e com aflição;

mas agora brilhareis como as luminárias do céu. Vós sereis vistos, e os portões do céu estarão abertos para vós. Vossos clamores têm clamado por julgamento; e ele tem aparecido a vós; pois um registro de vossos sofrimentos será requerido dos príncipes, e de todos os que tem ajudado vossos saqueadores.

3Esperai com paciente esperança; não renuncieis de vossa confiança; pois grande alegria será a vossa; como aquela dos anjos no céu. Conduze-vos como podeis, still não estareis escondidos no dia do grande julgamento. Não sereis como os pecadores; e a eterna condenação estará longe de vós, enquanto o mundo existir.

4Então não temais, justos, quando virdes os pecadores florescendo e prósperos em seus caminhos.

5Não vos associeis a eles; mas mantende-vos distante de sua opressão; estejais associados às hostes do céu. Vós, pecadores, dizeis: Todas as nossas transgressões não serão tomadas em conta, e recordadas. Mas todas as vossas transgressões serão recordadas diariamente.

6E está assegurado por mim, que luz e escuridão, dia e noite, verão todas as vossas transgressões.

Não sejais ímpios em nossos pensamentos; não mintais; não rendei a palavra de honestidade; não mintais contra a palavra do Santo e Poderoso; não glorificai vossos ídolos; pois todas as vossas mentiras e toda vossa impiedade não é para retidão, mas para crime.

7Agora eu aponto um mistério: Muitos pecadores se voltarão e transgredirão contra a palavra de honestidade.

8Eles falarão coisas más; eles pronunciarão falsidade; executarão grandes empreendimentos; (142) e comporão livros em suas próprias palavras. Mas quando eles escreverem todas as minhas palavras corretamente em suas próprias linguagens,

(142) Executarão grandes empreendimentos. Literalmente, “criarão uma grande criação” (Laurence, p. 173).

9Eles não os mudarão ou os diminuirão; mas os escreverão todos corretamente; tudo o que desde o princípio eu tenho pronunciado concernente a eles. (143)

(143) A despeito do mandamento de Enoque, seu livro foi muito certamente mudado e diminuído pelos últimos editores,

embora estes fragmentos dele tenham sobrevivido.

10Outro mistério também eu aponto. Aos justos e aos sábios haverá livros de alegria de integridade e  de grande sabedoria. A eles livros serão dados, nos quais eles acreditarão;

11E nos quais eles se regozijarão. E todos os justos serão recompensados, os quais deles adquirirão conhecimento de todo caminho elevado.

Capítulo 104A

1Naqueles dias, diz o Senhor, eles chamarão aos filhos da terra, e os farão ouvir a sua sabedoria,lhes mostrarão que eles são seus líderes;

2E que remuneração tomará lugar sobre toda a terra; pois Eu e meu Filho para sempre manteremos comunhão com eles nos caminhos da retidão, enquanto eles estiverem em vida. A paz será deles. Regozijai, filhos da integridade, em verdade.

Capítulo 105

1Depois de um tempo, meu filho Matusalém tomou uma esposa para seu filho Lameque.

2Ela ficou grávida dele, e deu um filho, a carne do qual era tão branca quanto a neve, e vermelho como uma rosa; o cabelo de sua cabeça era branco como o algodão,e longo; e cujos olhos eram belos. Quando ele os abriu, ele iluminou toda a casa, como o sol; toda a casa abundou de luz.

3E quando ele foi tirado da mão da parteira, Lameque seu pai ficou com medo dele; e correndo veio ao seu próprio pai Matusalém e disse: Eu gerei um filho, diferente dos outros filhos. Ele não é humano; mas, assemelhando-se à geração dos anjos do céu, é de uma natureza diferente dos nossos, sendo completamente diferente de nós.

4Seus olhos são brilhantes como os raios do sol; seu semblante é glorioso, e ele parece como se não pertencesse a mim, mas aos anjos.

5Eu estou temeroso de que algo miraculoso deva acontecer na terra nestes dias.

6E agora meu pai, deixa-me pedir e requerer de ti ir ao nosso progenitor Enoque, e aprender dele a verdade; pois sua residência é com os anjos.

7Quando Matusalém ouviu as palavras de seu filho, e veio a mim nas extremidades da terra; pois ele estava informado de que eu estava lá: e ele chorou.

8Eu ouvi sua voz, e fui a ele dizendo: Vede, eu estou aqui, meu filho; já que tu vieste a mim.

9Ele respondeu e disse: Por causa de um grande evento eu venho a ti; e por causa de uma visão difícil de ser compreendida eu me aproximei de ti.

10E agora, meu pai, ouví-me; pois ao meu filho Lameque um filho nasceu, o qual não se parece com ele; e cuja natureza não é igual à natureza do homem. Sua cor é mais branca que a neve; ele é mais vermelho que a rosa; o cabelo de sua cabeça é mais branco que a lã; seus olhos são iguais aos raios do sól; e quando ele abriu-os ele iluminou toda a casa.

11Quando ele foi tomado ma mão da parteira,

12Seu pai Lameque temeu, e fugiu para mim, não acreditando que a criança pertencesse a ele, mas que ele assemelha-se aos anjos do céu. E eis que eu vim a ti para que possas me apontar a verdade.

13Então eu, Enoque, respondi e disse: O Senhor efetuará uma nova coisa sobre a terra. Isto eu tenho explicado, e visto numa visão. Eu tenho mostrado a ti que nas gerações de Jared meu pai, aqueles que estavam no céu desconsideraram a palavra do Senhor. Eis que eles cometeram crimes; deixaram de lado sua classe, e misturaram-se com mulheres. Com elas também eles transgrediram; casaram-se com elas e geraram filhos. (144)

(144) Depois deste versículo, um papiro grego acrescenta: “os quais não são iguais aos seres espirituais, mas criaturas de carne” (Milik, p. 210).

14Uma grande destruição, portanto virá sobre toda a terra; um dilúvio, uma grande destruição, tomará lugar em um ano.

15Esta criança que nasceu ao teu filho sobreviverá na terra, e seus três filhos serão salvos com ele.

Enquanto toda a humanidade que está na terra morrerá, ele estará a salvo.

16E sua posteridade procriará na terra os gigantes, não espirituais, mas carnais. Sobre a terra uma grande punição será infligida, e ela será lavada de toda corrupção. Agora, portanto, informa ao teu filho Lameque que aquele que é nascido é seu filho na verdade; e seu nome será chamado Noé, pois ele será um sobrevivente. Ele e seus filhos serão salvos da corrupção que tomará lugar no mundo; de todo o pecado e de toda a iniqüidade que consumirá a terra em seus dias. Depois disso haverá uma impiedade maior do que aquela que antes havia se consumado na terra; pois eu estou familiarizado com santos mistérios, que o próprio Senhor descobriu e explicou a mim; e os quais eu li nas tábuas do céu.

17Nelas eu vi escrito, que geração após geração transgredirá, até que, até que uma raça de justo se levantará; até que transgressão e crime desapareçam da face da terra; até que toda bondade venha sobre ela.

18E agora, meu filho, vai dizer ao teu filho Lameque;

19Que a criança que é nascida é na verdade seu filho; e que não há decepção.

20Quando Matusalém ouviu as palavras de seu pai Enoque, o que lhe havia mostrado toda coisa secreta, ele retornou com entendimento, e chamou o nome da criança Noé; porque ele consolou a terra por causa de toda sua destruição.

21Outro livro, que Enoque escreveu para seu filho Matusalém, e para aqueles que deviam vir depois dele, e preservar sua pureza de conduta nos últimos dias. Tu, que tens trabalhado, esperará naqueles dias, até que os que praticam o mal sejam consumidos, e o poder do culpado seja aniquilado. Espera, até que passe o pecado; pois seus nomes serão apagados dos livros santos; sua semente seja destruída, e seus espíritos mortos. Eles clamarão e lamentarão na vastidão invisível, e no fogo sem fundo eles queimarão. (145) Ali eu percebi, como se fosse uma nuvem através da qual não se podia ver; pois das profundezas dela eu fui incapaz de olhar para cima. Eu vi também uma chama de fogo ardente brilhante, e como se fossem montanhas brilhantes passando ao redor, e agitadas de lado a lado.

(145) No fogo sem fundo eles queimarão. Literalmente “no fogo eles queimarão, onde ali não é terra” (Laurence, p. 178).

22Então eu inquiri de um santo anjo que estava comigo e disse: o que é esse esplêndido objeto? Pois não é céu, mas só uma chama de fogo que queima; e nela há o clamor de exclamação, de ai, e de grande sofrimento.

23Ele disse: Ali, àquele lugar que tu viste, serão confiados os espíritos dos pecadores e blasfemadores; daqueles que praticam o mal, e perverterão tudo o que Deus disse pela boca dos profetas; tudo o que eles deviam fazer. Pois com respeito a estas coisas ali haverá registros e serão impressos no céu, pára que os anjos possam lê-las e saber o que acontecerá aos pecadores e aos espíritos dos humildes; àqueles que sofreram em seus corpos, mas têm sido recompensados por Deus; os quais têm sido injuriosamente tratados pelos homens iníquos; os quais têm amado a Deus, que não tem acumulado nem ouro nem prata, nem qualquer coisa no mundo, mas deram seus corpos ao tormento;

24A estes que no período de seu nascimento não tem estado cobiçosos de riquezas terrenas; mas tem se resguardado como um alento que passa.

25Tal tem sido sua conduta; em muito o Senhor os tem provado; e seus espíritos têm sido encontrados puros, para que eles possam abençoar Seu nome. Todas as suas bênçãos eu tenho relatado num livro; e Ele os tem recompensado; pois eles têm sido encontrados a amar o céu com uma eterna aspiração. Deus tem dito: Enquanto eles têm sido pisados por homens iníquos, eles têm ouvido deles insultos e blasfêmias; e tem sido ignominiosamente tratados, enquanto eles me abençoam. E agora eu chamarei os espíritos do bem da geração da luz, e mudarei aqueles que nasceram em escuridão; os quais não tem tido seus corpos recompensados em glória, como sua fé possa ter merecido.

26Eu os trarei para a esplêndida luz daqueles que amam meu santo nome: e Eu colocarei cada um deles em um trono de glória, da glória peculiarmente sua, e eles descansarão durante períodos inumeráveis. Retos são os julgamentos de Deus;

27Pois ao fiel ele dará fé nas habitações dos justos. Eles verão aqueles que tem nascido na escuridão, para a escuridão serão lançados; enquanto que os justos descansarão. Os pecadores clamarão, vendo-os, enquanto eles existem em esplendor e prosseguem em direção dos dias e períodos a eles prescritos. Fim

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Evangelhos apócrifos – Livro de Melquisedeque – Pseudo Epigrafo da Gênesis

Textos apócrifos, Evangelhos apócrifosEvangelhos apócrifos – Livro de Melquisedeque – Pseudo Epigrafo da Gênesis

Evangelhos Apócrifos

Livro de Melquisedeque

Pseudo Epigrafo da Gênesis

A Criação do Universo I

 Antes que existisse uma estrela a brilhar, antes que houvesse anjos a cantar, já havia um céu, o lar do Eterno, o único Deus.

Perfeito em sabedoria, amor e glória, viveu o Eterno uma eternidade, antes de concretizar o Seu lindo sonho, na criação do Universo.

Os incontáveis seres que compõem a criação foram, todos, idealizados com muito carinho. Desde o íntimo átomo às gigantescas galáxias, tudo mereceu Sua suprema atenção.

Movendo-Se com majestade, iniciou Sua obra de criação. Suas mãos moldaram primeiramente um mundo de luz, e sobre ele uma montanha fulgurante sobre a qual estaria para sempre firmado o trono do Universo. Ao monte sagrado Deus denominou: Sião.

Da base do trono, o Eterno fez jorrar um rio cristalino, para representar a vida que d’Ele fluiria para todas as criaturas.

Como sala do trono, criou um lindo paraíso que se estendia por centenas de quilômetros ao redor do monte Sião. Ao paraíso denominou: Éden.

Ao sul do paraíso, em ambas as margens do rio da vida, foram edificadas numerosas mansões adornadas de pedras preciosas, que se destinavam aos anjos, os ministros do reino da luz.

Circundando o Éden e as mansões angelicais, construiu Deus uma muralha de jaspe luzente, ao longo da qual podiam ser vistos grandes portais de pérolas.

Com alegria, o Eterno contemplou a Capital sonhada.

Carinhosamente, o grande Arquiteto a denominou: Jerusalém, a Cidade da Paz.

Deus estava para trazer à existência a primeira criatura racional. Seria um anjo glorioso, de todos o mais honrado. Adornado pelo brilho das pedras preciosas, esse anjo viveria sobre o monte Sião, como representante do Rei dos reis diante do Universo.

Com muito amor, o Criador passou a modelar o primogênito dos anjos. Toda sabedoria aplicou ao formá-lo, fazendo-o perfeito. Com ternura concedeu-lhe a vida; o formoso anjo, como que despertando de um profundo sono, abriu os olhos e contemplou a face de seu Autor.

Com alegria, o Eterno mostrou-lhe as belezas do paraíso, falando-lhe de Seus planos, que começavam a se concretizar. Ao ser conduzido ao lugar de sua morada, junto ao trono, o príncipe dos anjos ficou agradecido e, com voz melodiosa, entoou seu primeiro cântico de louvor.

Das alturas de Sião, descortinava-se, aos olhos do formoso anjo, Jerusalém em sua vastidão e esplendor. O rio da vida, ao deslizar sereno em meio à Cidade, assemelhava-se a uma larga avenida, espelhando as belezas do jardim do Éden e das mansões angelicais.

Envolvendo o primogênito dos anjos com Seu manto de luz, o Eterno passou a falar-lhe dos princípios que haveriam de reger o reino universal. Leis físicas e morais deveriam ser respeitadas em toda a extensão do governo divino.

As leis morais resumiam-se em dois princípios básicos: amar a Deus sobre todas as coisas e viver na fraternidade com todas as criaturas. Cada criatura racional deveria ser um canal por meio do qual o Eterno pudesse jorrar aos outros vida e luz. Dessa forma, o Universo cresceria em harmonia, felicidade e paz.

Depois de revelar ao formoso anjo as leis de Seu governo, o Eterno confiou-lhe uma missão de grande responsabilidade: seria o protetor daquelas leis, devendo honrá-las e revelá-las ao Universo prestes a ser criado. Com o coração transbordante de amor a Deus e aos semelhantes, caber-lhe-ia ser um modelo de perfeição: seria Lúcifer, o portador da luz.

O príncipe dos anjos; agradecido por tudo, prostrou-se ante o amoroso Rei, prometendo-Lhe eterna fidelidade.

O Eterno continuou Sua obra de criação, trazendo à existência inumeráveis hostes de anjos, os ministros do reino da luz. A Cidade Santa ficou povoada por essas criaturas radiantes que, felizes e gratas, uniam as vozes em belíssimos cânticos de louvor ao Criador.

Deus traria agora à existência o Universo que, repleto de vida, giraria em torno de Seu trono firmado em Sião. Acompanhado por Seus ministros, partiu para a grandiosa realização.

Depois de contemplar o vazio imenso, o Eterno ergueu as poderosas mãos, ordenando a materialização das multiformes maravilhas que haveriam de compor o Cosmo. Sua ordem, qual trovão, ecoou por todas as partes, fazendo surgir, como que por encanto, galáxias sem conta, repletas de mundos e sóis – paraísos de vida e alegria -, tudo girando harmoniosamente em torno do monte Sião.

Ao presenciarem tão grande feito do supremo Rei, as hostes angelicais prostraram-se, fazendo ecoar pelo espaço iluminado um cântico de triunfo, em saudação à vida. Todo o Universo uniu-se nesse cântico de gratidão, em promessa de eterna fidelidade ao Criador.

Guiados pelo Eterno, os anjos passaram a conhecer as riquezas do Universo. Nessa excursão sideral, ficaram admirados ante a vastidão do reino da luz. Por todas as partes encontravam mundos habitados por criaturas felizes que os recebiam em festa. Os anjos saudavam-nos com cânticos que falavam das boas novas daquele reino de paz.

Tão preciosa como a vida, a liberdade de escolha, através da qual as criaturas poderiam demonstrar seu amor ao Criador, exigia um teste de fidelidade. Com o propósito de revelá-lo, o Eterno conduziu as hostes por entre o espaço iluminado, até se aproximarem de um abismo de trevas que contrastava com o imenso brilho das galáxias. Ao longe, esse abismo revelara-se insignificante aos olhos dos anjos, como um pontinho sem luz; mas à medida de sua aproximação, mostrou-se em sua enormidade. O Criador, que a cada passo revelava aos anjos os mistérios de Seu reino, ficou ali silencioso, como que guardando para Si um segredo. As trevas daquele abismo consistiam no teste da fidelidade. Voltando-Se para as hostes, o Eterno solenemente afirmou:

-“Todos os tesouros da luz estarão abertos ao vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois livres para me servirem ou não. Amando a luz estareis ligados à Fonte da Vida”.

Com estas palavras, fez Deus separação entre a luz e as trevas, o bem e o mal. O Universo era livre para escolher seu destino.

A Criação do Universo 2

O tão acalentado sonho do Criador se concretizara. Agora, como Pai carinhoso, conduzia as criaturas através de uma eternidade de harmonia e paz. Em virtude do cumprimento das leis divinas, o Universo expandia-se em felicidade e glória.

Havia um forte elo de amor, que a todos unia fortemente. Os seres racionais, dotados da capacidade de um desenvolvimento infinito, encontravam indizível prazer em aprender os inesgotáveis tesouros da Sabedoria divina, transmitindo-os aos semelhantes. Eram como canais por meio dos quais a Fonte da Eterna Vida nutria a todos de amor e luz.

Em Jerusalém, os ministros do reino reuniam-se ante o soberano Rei, sempre prontos a cumprir os Seus propósitos. Era através de Lúcifer que o Eterno tornava manifesto os Seus desígnios. Depois de receber uma nova revelação, ele prontamente a transmitia às hostes angelicais. Estas, por sua vez, a compartilhavam com a criação. Em célere vôo os anjos rumavam para as terras planetas capitais, onde, em grandes assembléias, reuniam-se os representantes dos demais mundos.

Em muitas dessas assembléias, Lúcifer fazia-se presente, enchendo os participantes de alegria e admiração. Perfeito em todas as virtudes, ele os cativava com sua simpatia. Nenhum outro anjo conseguia revelar como ele os mistérios do amor do Eterno.

O Universo, alimentando-se da Fonte da Vida, expandia-se numa eternidade de perfeita paz. A obediência às leis divinas era o fundamento de todo progresso e felicidade. Ainda que conscientes do livre-arbítrio, jamais subira ao coração de qualquer criatura o desejo de se afastar do Criador. Assim foi por muito tempo, até que tal problema irrompeu na vida daquele que era o mais íntimo do Eterno.

Lúcifer, que dedicara sua vida ao conhecimento dos mistérios da luz, sentiu-se aos poucos atraído pelas trevas. O Rei do Universo, aos olhos de quem nada pode ser encoberto, acompanhou com tristeza os seus passos no caminho descendente que leva à morte. A princípio, uma pequena curiosidade levou Lúcifer a se aproximar daquele abismo profundo. Contemplando-o, ele começou a indagar o porquê de não poder compreender o seu enigma.

Retornando a seu lugar de honra, junto ao trono, prostrou-se ante o divino Rei, suplicando-Lhe:

– Pai, dá-me a conhecer os segredos das trevas, assim como me revelas a luz.

Ante o pedido do formoso anjo, o Eterno, com voz expressiva de tristeza, disse-lhe:

– Meu filho, você foi criado para a luz, que é vida.

Convencendo-se de que o Criador não lhe revelaria os tesouros das trevas, Lúcifer decidiu compreender por si mesmo o enigma. Julgava-se capacitado para tanto.

Deus sabia o que se passava no coração de Lúcifer. O anjo, que fora criado para ser o portador da luz, estava divorciando-se em pensamentos do bondoso Criador que, num esforço de impedir o desastre, rogava-lhe permanecer a Seu lado.

Uma tremenda luta passou a travar-se em seu íntimo. O desejo de conhecer o sentido das trevas era imenso, contudo, os rogos daquele amoroso Pai, a quem não queria também perder, o torturavam. Vendo o sofrimento que sua atitude causava ao Criador, às vezes demonstrava arrependimento, mas voltava a cair.

Antes de criar o Universo, Deus já previra a possibilidade de uma rebelião. O risco de conceder liberdade às criaturas era imenso, mas, sem este dom, a vida não teria sentido.

 Ele queria que a obediência fosse fruto de reconhecimento e amor, por isso decidiu correr o grande risco.

Ainda que prosseguisse na busca do sentido das trevas, Lúcifer não pretendia abandonar a luz. Esforçava-se para chegar a uma combinação entre essas partes que, no reino do Eterno, coexistiam separadas. Finalmente, com um sentimento de exaltação, concebeu uma teoria enganosa, que pretendia apresentar ao Universo como um novo sistema de governo, superior ao governar do Eterno. Denominou sua Lei “a ciência do bem e do mal”.

Estruturada na lógica, a ciência do bem e do mal revelou-se atraente aos olhos de Lúcifer, parecendo descerrar um sentido de vida superior àquele oferecido pelo Criador, cujo reino possibilitava unicamente o conhecimento experimental do bem. No novo sistema, haveria equilíbrio entre o bem e o mal, entre o amor e o egoísmo, entre a luz e as trevas.

Ao  longo do tempo em que amadurecera em sua mente a ciência do bem e do mal, Lúcifer soube guardar segredo diante do Universo. Continuava em seu posto de honra, cumprindo a função de Portador da Luz. Contudo, por mais que procurasse fingir, seu semblante já não revelava alegria em servir ao Eterno.

O divino Rei, que sofria em silêncio, procurava, por meio de Suas revelações de amor, preparar as criaturas racionais para a grande prova que se aproximava. Sabia que muitos dariam ouvido à tentação, voltando-Lhe as costas. A noite da provação faria sobressair, contudo, os verdadeiros fiéis – aqueles que serviam ao Criador não por interesse, mas por amor.

Ao ver que a hora da prova chegara, e que Lúcifer estava pronto para traí-Lo diante do Universo, o Eterno, que jamais cessara de revelar os tesouros de Sua sabedoria, tornou-se silencioso e contemplativo. O silêncio fez reviver no coração das hostes a lembrança daquela primeira excursão sideral, quando, depois de lhes mostrar as riquezas do reino da luz, Deus tornou-se silencioso ante aquele abismo. Lembram-se de Suas palavras: “Todos os tesouros da luz estarão abertos ao vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois livres para me servirem ou não. Amando a luz estareis ligados à Fonte da Vida”.

Lúcifer, que passara a cobiçar o trono de Deus, indagou-Lhe o motivo de Seu silêncio. O Criador, contemplando-o com infinita tristeza, disse-lhe: “É chegada a hora das trevas. Você é livre para realizar seus propósitos”.

Vendo que o momento propício para a propagação de sua teoria havia chegado, Lúcifer convocou os anjos para uma reunião especial. As hostes, desejosas de conhecer o significado do silêncio do Pai, tomaram seus lugares junto ao magnífico anjo, que sempre lhes revelara os tesouros do reino da luz.

Lúcifer começou seu discurso exaltando, como de costume, o governo do Eterno. Num amplo retrospecto, lembrou-lhes as grandiosas revelações que os enriquecera em toda aquela eternidade.

O silêncio divino, apresentou-o como sendo a indicação de que o Universo alcançara a plenitude do conhecimento oriundo da luz. Silenciando, o Eterno abria-lhes caminho para o entendimento de mistérios ainda não sondados, mantidos até então além dos limites de Seu governo.

Surpresas, as hostes tomaram conhecimento da experiência de Lúcifer sobre as trevas. Com eloqüência, ele falou-lhes da ciência do bem e do mal, indicando-a como o caminho das maiores realizações.

O efeito de suas palavras logo se fez sentir em todo o Universo. A questão era decisiva e explosiva, gerando pela primeira vê discórdia. Os seres racionais, em sua prova, tinham de optar por permanecer somente com o conhecimento da luz, o qual

Lúcifer afirmava haver chegado ao seu limite, ou se aventurar no conhecimento da ciência do bem e do mal. No começo, os anjos debateram-se diante da questão, sendo logo depois todo o Universo posto à prova. Dir-se-ia que a ciência do bem e do mal haveria de arrebanhar a maior parte das criaturas, mas, aos poucos, muitos que a princípio se empolgaram com a teoria, despertaram para a ilusão da mesma, reafirmando sua fidelidade ao reino da luz. Ao fim desse conflito, que se arrastou por

longo tempo, revelou-se um terço das estrelas do céu ao lado de Lúcifer, e as restantes, ainda que abaladas pela prova ao lado do Eterno.

A ciência do bem e do mal fora apregoada por Lúcifer como um novo sistema de governo. Mas como exercê-lo, se o Eterno continuava reinando em Sião?   O conselho, formado pelos anjos rebeldes, passou a tratar disso. Decidiram, finalmente, solicitar-Lhe o trono por um tempo determinado, no qual poderiam demonstrar a excelência do novo sistema de governo. Caso fosse aprovado pelo Universo, o novo sistema se estabeleceria para sempre; caso contrário, o domínio retornaria ao Criador.

Foi assim que Lúcifer, acompanhado por suas hostes, aproximou-se d’Aquele Pai sofredor, fazendo-Lhe tal pedido.

O Eterno não era ambicioso, apenas queria bem às Suas criaturas. Se a ciência do bem e do mal consistisse realmente num bem maior, não Se oporia à sua implantação, cedendo o trono a seus defensores. Mas Ele sabia que aquele caminho conduziria à infelicidade e à morte.

Movido por Seu amor protetor, o Criador desatendeu o pedido das hostes rebeldes, que se afastaram enfurecidas.

Lúcifer e suas hostes passaram a acusar o divino Rei, proclamando ser o seu governo de tirania.

Afirmavam ser sua permanência no trono a mais patente demonstração de Sua arbitrariedade. Não lhes concedera liberdade de escolha? Por que neutralizá-la agora, impedindo-os de pôr em prática um sistema de governo superior?

As acusações das hostes rebeldes repercutiram por todo o Universo, fazendo parecer que o governo do Eterno era injusto.

Isto trouxe profunda angústia àqueles que permaneciam fiéis ao reino da luz. Não sabendo como refutar tais acusações, essas criaturas, emudecidas pela dor moral, ansiavam pelo momento em que novas revelações procedentes do Criador pudessem aclarar-lhes os mistérios desse grande conflito.

As acusações e blasfêmias das hostes rebeldes alcançavam o ponto culminante quando o Eterno, num gesto surpreendente, ergueu-se de Seu trono, como que pronto a deixá-lo. Os infiéis, na expectativa de uma conquista, aquietaram-se, enquanto um sentimento de temor penetrava no coração dos súditos da luz. Entregaria Ele o domínio de toda a criação, para livrar-Se das vis acusações? De acordo com a lógica a partir da qual Lúcifer fundamentava seus ensinamentos, não restava outra alternativa ao Criador. Nesta tremenda expectativa, o Universo acompanhava os passos de Deus.

Num gesto de humildade, o Criador despojou-Se de Sua coroa e de Seu manto real, depondo-os sobre o alvo trono. Em Seu semblante não havia expressão de ressentimento ou ira, mas de infinito amor e tristeza.

Com solenidade, o Eterno proclamou que o momento decisivo chegara, quando cada criatura deveria selar sua decisão ao lado da luz ou das trevas. Numa ampla revelação, alertou para as conseqüências de um rompimento com a Fonte da Vida.

Lúcifer e seus seguidores estavam conscientes da seriedade daquele momento.

 Vendo que o Trono permanecia vazio, Lúcifer e suas hostes, dominados pela cobiça, romperam definitivamente com o Criador

Ao ver um terço dos súditos transpor as divisas da eterna separação, Deus deixou extravasar a dor angustiante que por tanto tempo martirizava Seu coração, curvando-Se em inconsolável pranto. Contemplando Seus filhos rebeldes, ergueu a voz numa lamentação dolorosa: “Meus filhos, meus filhos! Já não posso chamá-los assim! Queria tanto tê-los nos braços meus!

Lembro-Me quando os formei com carinho! Vocês surgiram felizes e perfeitos, em acordes de esperança em eterna harmonia!

Vivi para vocês, cobrindo-os de glória e poder! Vocês foram a minha alegria! Por que seus corações mudaram tanto? O que mais poderia eu ter feito para fazê-los permanecer comigo? Hoje minh’alma sangra em dor pela separação eterna! Como olharei para os lugares vazios onde tantas vezes rejubilantes ergueram as vozes em hosanas festivas, sem me vir à mente um misto da felicidade e dor?! Saudade infinita já invade o meu ser, e sei que será eterna!

Hoje o meu coração rompeu e quebrou-se; as cicatrizes carregarei para sempre!

Depois de proclamar em pranto tão dolorosa lamentação, o Eterno, dirigindo-Se a Lúcifer, o causador de todo o mal, disse:

“Você recebeu um nome de honra ao ser criado. Agora não mais o chamarão Lúcifer, mas Satã, O Senhor das Trevas”.

Depois de lamentar a perdição das hostes rebeldes, o Eterno, em lentos passos, ausentou-se do jardim do Éden, lugar do trono Universal.. Onde seria agora a Sua morada….

As hostes fiéis acompanharam reverentes os Seus misteriosos passos de abandono, que pareciam descerrar um futuro difícil, de sofrimentos e humilhações. Ocupariam os rebeldes o divino trono, profanando-o como domínio do pecado? Esta indagação torturava o coração dos súditos do Eterno.

Deixando Sua amada Cidade, o Senhor da luz conduziu-Se, em meio às glórias do Universo, em direção do abismo imenso, a respeito do qual silenciara até então. Ali deteve-Se mais uma vez, emudecido, enquanto parecia ler nas trevas um futuro de grandes lutas. Ante o sofrimento do Eterno, expresso na tristeza de Seu semblante, os fiéis puderam finalmente compreender o significado daquele misterioso abismo: consistia numa representação simbólica do reino da rebeldia.

Na face entristecida de Deus manifestou-se, por fim, um brilho que aos fiéis animou. Erguendo os poderosos braços ante as trevas, ordenou em alta voz: “Haja luz.”

Imediatamente, a luz de Sua presença inundou o profundo abismo e, triunfando sobre as trevas, revelou um mundo inacabado, coberto por cristalinas águas. Com esse gesto, iniciava o Eterno uma grande batalha pela reivindicação de Seu governo de luz; batalha do amor contra o egoísmo; da justiça contra a injustiça; da humildade contra o orgulho; da liberdade contra a escravidão; da vida contra a morte. Batalha que, sem trégua, se estenderia até que, no alvorecer almejado, pudesse o divino

Rei retornar vitorioso ao santo monte Sião, onde, entronizado em meio aos louvores dos remidos, reinaria para sempre em perfeita paz. As trevas, em sua fuga, apontavam para o aniquilamento final da rebeldia.

As águas abundantes que cobriam aquele mundo, até então oculto, simbolizavam a vida eterna que para os fiéis seria conquistada pelo amor que tudo sacrifica.

O mundo revelado era a Terra. Visitada pelas trevas e pela luz, ela seria o palco da grande luta.

Rejubilavam-se os fiéis ante o triunfo da luz naquele primeiro dia, quando as trevas em sua fúria rolaram sobre o planeta, sucumbindo-o em densa escuridão. A luz, que parecia vencida, renasceu vitoriosa num lindo alvorecer.

Ao raiar a luz do segundo dia, o Eterno ordenou: “Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre água e águas.”

Imediatamente, o calor de Sua luz fez com que imensa quantidade de vapor se elevasse das águas, envolvendo o planeta num manto de transparência anil. Surgiu assim a atmosfera, com sua mistura perfeita de gases que seriam essenciais à vida que em breve coroaria o planeta. O Criador, contemplando a expansão, denominou-a “céus”.

A atmosfera, que cheia de brilho envolvia a Terra, sombreou-se ao sobrevir o crepúsculo de um outro entardecer.

A Criação do Universo 3

 Ao serem vencidas as trevas no terceiro dia, o Criador prosseguiu Sua obra, fazendo surgir os imensos continentes que ainda estavam sob a superfície das águas. Com as mãos erguidas ordenou: “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar e apareça a porção seca.”

Em pronta obediência, as cristalinas águas cederam sua posição superior à porção seca que se ergueu, sobrepondo-se a elas.

Nas regiões baixas da Terra, as águas continuariam refletindo o brilho celeste, sendo um refrigério para as criaturas sedentas.

Nesse gesto de humildade, as águas prefiguravam o Criador, que na grande luta desceria ao mais profundo abismo para fazer renascer nas almas sedentas a vida eterna.

Contemplando a face daquele novo mundo, o Eterno denominou a parte seca “terra”, e ao ajuntamento das águas chamou “mares”.

Com Sua poderosa voz prosseguiu, ordenando: “Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra.”

Em obediência ao mando divino, a superfície sólida do planeta revestiu-se de toda sorte de vegetação: lindos prados a florir, campos verdejantes entrecortados por rios cristalinos, florestas sem fim.

Enquanto com admiração as hostes contemplavam as belezas daquela criação, surpreenderam-se ao reconhecer sobre o novo planeta o jardim do Éden, lugar do trono divino. O Eterno, pelo poder de Sua palavra, o havia transferido para o seio daquele mundo especial, onde em justiça seria confirmado o governo do Universo.

Contemplando Sua obra, o Criador com felicidade exclamou: “Eis que tudo é muito bom.”

As hostes fiéis agora podiam compreender melhor a importância da luz divinal. Sua ausência havia ofuscado, naquela noite, as belezas de Sião.

Nesse novo dia, o Criador expressaria o Seu grande poder, dando à Terra luminares que a encheriam de luz e calor. Esses luminares permaneceriam para sempre como símbolos da presença espiritual do Eterno, que é a fonte de toda a luz.

Contemplando o espaço escuro e vazio que se estendia ao redor da Terra, com potente voz ordenou: “Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para tempos determinados, para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus para alumiarem a Terra.”

Imediatamente, o espaço tornou-se radiante pelo brilho do sol e pelo reflexo de planetas e estrelas. Ante esta demonstração de poder, as hostes fiéis curvaram-se em reverente adoração.

No quarto dia, o Eterno criou os mundos de nosso sistema solar não para serem habitados como a Terra, mas para o equilíbrio do sistema. Encheriam também o céu de fulgor, abrandando as trevas das noites terrenas.

Volvendo os olhos para a Terra, as hostes alegraram-se por vê-la radiante em cores. Bem próximo dela podia-se ver a Lua que, com seu reflexo prateado, afugentaria as profundas sombras noturnas.

Envolvidos por esse cenário encantador, os filhos da luz, rejubilantes, saudaram o alvorecer do quinto dia, que seria de muitas surpresas. O Eterno tornaria a Terra festiva pela presença de infindáveis espécies de animais irracionais que habitariam toda a superfície do planeta. Essa criação teria continuidade no sexto dia. Erguendo as poderosas mãos, o Criador, olhando primeiramente para as cristalinas águas, ordenou: “Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente.”

De imediato, as águas tornaram-se ondulantes pela presença de incontáveis espécies de répteis . Desde os seres microscópicos até as grandes baleias, todos surgiram em completa harmonia, refletindo em sua natureza o amor do Criador.

Pousando os olhos sobre a atmosfera anil que repousava sobre as verdejantes florestas, o Eterno continuou: “Voem as aves sobre a face da expansão dos céus”.

Mediante Sua ordem, os Céus encheram-se de pássaros coloridos que, voando em todas as direções, tinham no coração um cântico de gratidão pela vida. Esse cântico encheu o ar, misturando-se com o perfume das matas floridas.

Contemplando com prazer Suas criaturas terrenais, o Eterno abençoou-as dizendo: “Frutificai e multiplicai-vos e enchei as águas nos mares, e as aves se multipliquem na Terra.”

Alvorecer do sexto dia. Erguendo os potentes braços, o Eterno ordenou: “Produza a Terra alma vivente conforme a sua espécie: gado, répteis e bestas-feras da terra, conforme a sua espécie.”

Sua voz poderosa foi prontamente ouvida e, nas florestas e campos, pôde-se ver o resultado de Seu poder criador. Animais de todas as espécies despertaram numa existência feliz, em meio a um paraíso de perfeita paz.

Movendo-Se com majestade, o Eterno baixou às glórias do novo mundo, dirigindo-Se ao jardim do Éden, lugar do divino trono. Os anjos da luz acompanharam-nO reverentes, detendo-se qual nuvem sobre os céus do paraíso. Todo Universo observava com profundo interesse o desdobramento dos atos do Criador, em resposta às acusações de seus inimigos.

O momento era decisivo. Tudo indicava que o Eterno demonstraria não ser tirano nem egoísta, coroando alguém sobre o monte Sião. Satã e seus seguidores não duvidavam de que o reino lhes seria entregue e reinariam vitoriosos no seio daquele antigo abismo, onde as trevas e a luz agora se entrelaçavam. Os súditos da luz estremeceram ante essa perspectiva.

Junto à fonte do rio da vida, o Eterno curvou-Se solenemente e, com os elementos naturais da Terra, começou a moldar, com muito carinho, uma criatura especial. Depois de alguns instantes, estava estendido diante do Criador o corpo, ainda sem vida, do primeiro homem. O Eterno contemplou-o e, após acariciar-lhe a face fria e descorada, soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida e o homem começou a viver.

Como que despertando de um sono, o homem abriu os olhos e contemplou a face meiga de Seu Criador que, sorrindo, beijou-lhe a face agora corada e cheia de vida. Emocionou-se ao ouvir o Eterno dizer-lhe com voz suave e cheia de afeição:

“Meu filho, meu querido filho!” Por ter nascido do solo, o primeiro homem recebeu o nome de Adão.

As hostes fiéis que admiradas testemunhavam a grandiosa realização divina, emocionadas ante o gesto humano, prostraram-se também em reverente adoração. Uniram então as vozes num cântico de júbilo em saudação àquela criatura especial, que despertava para a vida num momento tão decisivo para o Universo.

Com o coração cheio de felicidade, Adão uniu-se aos anjos em seu cântico de louvor. Sua voz, ao ecoar pelos arredores floridos, misturou-se ao canto das aves e ao mugir de animais que se aproximavam em festa.

Num passeio de surpresas inesquecíveis, Adão foi conscientizado das belezas de seu lar. Com admiração, contemplou o monte Sião, donde jorrava o rio da vida, numa cascata de luz.

Com intensa alegria, Adão tomava conhecimento das infindáveis espécies de animais que povoavam o jardim. Todos eram mansos e submissos e viviam em perfeita harmonia e felicidade.

Observando os animais, Adão percebeu que eles desfrutavam de um companheirismo especial. Via por toda parte casais felizes que viviam um para o outro. Seus pensamentos voltaram-se para o Seu Companheiro. Olhou ao derredor e ficou surpreso por não vê-Lo. O Eterno havia Se ocultado propositalmente, tornando-Se invisível.

Adão sentia-se solitário em meio àquele paraíso. Com quem partilharia sua felicidade e seu amor? Havia ali os animais, mas eles eram irracionais, não podendo compartilhar de seus ideais. Nascia em seu coração, ao caminhar solitário naquele entardecer, um desejo ardente de encontrar alguém que pudesse estar sempre a seu lado.

Enquanto Adão olhava para as distantes colinas na esperança de ver alguém, o Eterno apresentou-Se ao seu lado e disse-lhe:

“Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma companheira.”

Adão ficou feliz ao ouvir do Criador essa promessa, justamente no momento em que tanto ansiava ter alguém para estar sempre visível a seu lado.

Tomado por um profundo sono, Adão reclinou-se no peito de seu amoroso Criador que, com carícias, o fez adormecer. Em seu subconsciente surgiram os primeiros sonhos :

Contempla o olhar meigo do Eterno; ouve o som harmonioso da música angelical; descobre as maravilhas ao derredor: o monte Sião com seu arco-íris; o rio da vida; os prados em flor; os animais que o saúdam em festa. Repetem-se em seus sonhos as cenas que o envolveram em seu anseio; olha ao derredor na esperança de encontrar seu companheiro, mas não o vê. Sente-se solitário em seu sonho, e isso o faz procurar alguém com quem possa compartilhar sua existência. Seu olhar estende-se por campinas verdejantes, divisando ao longe colinas floridas. Enquanto caminha esperançoso, sente a brisa mansa a afagar-lhe os cabelos macios. Conversa com a brisa: “Brisa, você parece ser quem tanto procuro; você me afaga os cabelos; beija minha face; você tem o perfume das verdes matas. Se eu pudesse ver sua face, beija-la-ia; se eu pudesse tocar os seus cabelos, faria longas tranças e as enfeitaria com as flores do nosso jardim!”

Após caminhar em sonho pelos prados do paraíso, Adão deteve-se enquanto contemplava a paisagem ao redor. Admirou-se por não ver o efeito da brisa nos ramos floridos. Mas como, se a sentia calidamente no rosto? Começou então a despertar de seu sonho. Ainda com os olhos fechados lembrou-se do momento em que, sonolento, recostara-se no peito do Eterno. Seria a brisa o afago de Suas mãos? Com esta indagação abriu os olhos e emocionou-se ao contemplar uma linda mulher que, com as mãos perfumadas, acariciava-lhe a face com amor. Era a brisa de seu sonho; a promessa de um Criador que só queria fazê-lo feliz.

Agora Adão era completo, pois tinha Eva, que era carne de sua carne e ossos de seus ossos.

Tomando-a pela mão, Adão convidou-a para um passeio de surpresas inesquecíveis. Mostraria à sua companheira as belezas de seu lar.

Sensibilizada Eva detinha-se a cada passo, atraída pelas flores que exalavam suaves perfumes; pelos pássaros que gorjeavam alegres cantos; pelos animais que os seguiam submissos; pela vegetação de ricos matizes; pelas águas cristalinas do rio da vida que jorravam em cascata do monte Sião. Tudo no paraíso era perfeito e belo, mas nada se igualava ao ser humano, criado à imagem de Deus. Voltaram-se um para o outro em admiração e carícias. Embalados por esse amor, permaneceram até o entardecer.

Com deleite, o jovem casal passou a contemplar o sol poente que, através de rosados raios, coloria o céu em lindo arrebol.

Era o sexto dia que chegava ao seu final, dando lugar às horas de um dia especial: o sábado. Esse dia, em seu significado, seria solene para todos os súditos do Eterno, pois seu alvorecer traria a vitória para o reino da luz.

Indagavam o sentido das trevas quando, por entre as ramagens, viram um lindo luar, cujos raios prateados banhavam a natureza em suave luminosidade. Todo o céu estava iluminado pelo fulgor das estrelas. Admirados, descobriram que a noite somente era trevas quando se olhava para baixo.

Adão e Eva em sua inocência não sabiam que aquela noite simbolizava o futuro sombrio da humanidade. Quando o compreendessem, ficariam confortados ao contemplar o fulgor dos céus: o luar falaria de esperança e as estrelas cintilantes testemunhariam o interesse das hostes da luz em aclarar-lhes as trevas morais, dando alento aos pecadores. Mas seriam iluminados apenas aqueles que, desviando os olhos da Terra, contemplassem os altos céus.

Após contemplar por algum tempo o céu em sua luminosidade, o casal, lembrando-se das belezas do paraíso, volveu os olhos, buscando divisá-las. Estavam, porém, ocultas em meio às sombras. Quanto almejavam o alvorecer, pois somente ele traria consigo o paraíso!

Ante o anseio do coração humano, o Eterno surgiu em meio às trevas, devolvendo ao casal a alegria de se encontrar novamente num jardim colorido.

Banhados em suave luz, caminhavam agora por prados verdejantes e floridos. o brilho do Criador despertava a natureza por onde passavam, colorindo e alegrando tudo em derredor. O casal, admirado, aprendeu que ao lado do Eterno poderiam ter um paraíso em plena noite.

Sentindo-se sonolentos, Adão e Eva recostaram-se no colo do amoroso Pai, que os faz adormecer docemente, esperançosos de um despertar feliz. Deitando-os sobre a relva macia, o Eterno elevou-Se indo para junto das hostes contemplativas. Voltaria a manifestar-Se ao alvorecer, fazendo o casal despertar para o mais solene acontecimento, que reduziria a pó as vis acusações dos inimigos.

A noite escura e fria, através de suas longas horas, parecia zombar da luz. Ofuscaria para sempre as belezas da criação? Oh, jamais! O sol não recuaria ante a imponência das trevas; surgiria em breve como um libertador, arrebatando com seus cálidos raios a natureza das frias garras, dando-lhe vida e cor.

Num último desafio, as trevas tornaram-se densas nas horas que antecederam o alvorecer. A noite arregimentava suas forças para lutar pelo domínio usurpado.

Finalmente, surgiu no leste um lampejo que parecia falar de esperança em um novo dia. O céu aos poucos tornou-se colorido de um vermelho vivo. As trevas impotentes recuaram ante a força crescente da luz e foram consumidas em sua fuga. A natureza começou a despertar da longa noite, refletindo em seu seio os saudosos raios. Flores abriram-se, exalando perfumes de alegria; animais e aves, silenciados pela noite, uniram as vozes num cântico triunfal em saudação ao alvorecer daquele dia grandioso.

A negra noite chegara ao fim, dando lugar à luz do dia sonhado – dia que para Deus tinha um sentido especial, pois prefigurava a final vitória de Seu reino sobre o domínio da rebeldia.

O Eterno agora despertaria Seus filhos humanos que, banhados pela luz de Sua presença, haviam adormecido na esperança de um alvorecer feliz. Numa marcha festiva, todas as hostes santas, com cânticos de vitória, acompanharam-nO rumo ao paraíso banhado em luz. Quando já estavam próximos, o Criador deteve-Se contemplando o casal adormecido, e exclamou suavemente: “Acordem meus filhos.” Sua voz penetrou nos ouvidos de Adão e Eva, despertando-os para a mais feliz comunhão. Quão depressa raiara a acalentada manhã, trazendo em sua luz o doce paraíso, perdido naquela noite! Com alegria o casal saudou o divino Criador, unindo-se aos anjos em antífonas triunfais.

O Universo vivia um momento deveras solene. Naquela manhã festiva, o Eterno haveria de revelar a grandeza de Seu caráter, que é justiça e amor. As acusações de que Seu governo era de egoísmo e tirania seriam refutadas.

Aos olhos de todas as criaturas racionais do vasto Universo, Deus conduziu o jovem casal ao monte Sião, lugar do divino trono. Ali, ante o estremecimento das hostes emudecidas, o Criador, num gesto surpreendente, cobriu o homem com o manto real, colocando sobre sua cabeça a coroa que fora cobiçada por Lúcifer.

Movidos por profunda gratidão pela suprema honra conferida, Adão e Eva prostraram-se reverentes, depondo aos pés do

Criador sua coroa preciosa, em sinal de submissão. Seguiu-se a esse gesto humano um brado de vitória que sacudiu toda a Criação. Os filhos da luz, que por tanto tempo haviam sofrido afrontas e humilhações ante as constantes acusações das hostes rebeldes, exaltaram em retumbante louvor o Deus bendito, que em Sua obra de justiça desmentira os inimigos, revelando Seu caráter de humildade, desprendimento e amor.

Tendo constituído o homem como o senhor de toda a criação, o Eterno, com voz solene, passou a conscientizá-lo da grandiosidade de sua missão. Como um guardião, deveria cuidar do paraíso, mantendo límpida a fonte do rio da vida. As leis da justiça e do amor, fundamentos do reino da luz, deveriam ser honradas. Como um cetro racional, caberia ao homem, em gesto de reconhecimento e gratidão, aceitar livremente o governo d’Aquele que o criou.

As hostes, que maravilhadas testemunhavam a revelação do desprendimento divino, compreenderam que o Senhor da Luz não governaria mais o Universo, a não ser com o consentimento humano. O homem, pela vontade do Eterno, fora feito o árbitro da criação; em seu glorioso ser, feito à imagem do Criador, resplandecia o selo do eterno domínio.

Após revelar ao casal a infinita honra e responsabilidade de sua missão, o Criador conscientizou-o do conflito espiritual que se travava pela conquista do domínio universal: Lúcifer, que por incontáveis eras servira ao divino Rei em Sião, havia sido corrompido pelo orgulho e pelo egoísmo, sendo seguido por um terço das hostes racionais; buscavam agora destronar o Eterno, desonrando-O com vis acusações.

Tendo revelado ao ser humano a dolorosa situação em que o Universo se encontrava, o Eterno, num gesto solene, mostrou-lhe

duas altaneiras árvores que, carregadas de grandes frutos, se erguiam em ambas as margens do rio que nascia do trono. A que se elevava à direita revelou o Senhor ser a árvore da vida monumento do reino da luz. A que se erguia à outra margem revelou ser a árvore da ciência do bem e do mal – símbolo da rebeldia.

Comendo do fruto da árvore da vida, o homem manifestaria sua submissão ao Criador, que é Fonte de vida e luz. Comer da outra árvore seria entregar ao inimigo o domínio de Sião. O inevitável resultado desse passo seria a morte eterna, não somente para o ser humano, mas para toda a criação, que se reduziria ao caos sob a fúria da rebeldia.

Após contemplar demoradamente as duas altaneiras árvores, que externavam em seus frutos tão infinita responsabilidade,

Adão prostrou-se ante o Criador, dizendo: “Digno és Senhor de reinar sobre o Universo, pois pela Tua sabedoria, amor e poder todas as coisas foram criadas e subsistem.”

O sábado, emblema do triunfo divino, encheu-se de louvor. Todos os filhos da luz uniram-se ao ser humano no mais harmonioso cântico de exaltação Àquele cuja grandeza é sem par.

Foi com espanto que Satã e seus seguidores testemunharam a grandiosa realização do Eterno. Presenciaram com amargura a alegria dos fiéis ante a coroação do homem- acontecimento que lançara por terra as fortes acusações que eles havia levantado contra o governo divino. Cheios de frustração e ira, consideravam agora sua triste condição. Quão terrível e humilhante era-lhes o pensamento de verem seus planos de rebeldia desfazerem-se diante do Criador, semelhantes às sombras daquela noite. Se pudessem, pensavam, encheriam o sábado de trevas, banindo da mente dos súditos do Eterno qualquer esperança de vitória.

Finalmente, em suas considerações, Satã e seus liderados compreenderam que lhes restava uma oportunidade: no meio do jardim do Éden, nas alturas de Sião, elevava-se, junto ao rio da vida, a árvore da ciência do bem e do mal. Bastaria um gesto humano, nada mais, e teriam sob seu poder, para sempre, o domínio cobiçado. Mas como seduzi-lo?

Animado ante a perspectiva de uma conquista, Satã procurou, com engenhosidade, arquitetar um plano de abordagem. Sabia que, se falhasse em sua tentativa, todas as esperanças de triunfo ter-se-iam diluído, desfazendo-se todos os seus sonhos de aventura. Concluiu que o engano haveria de ser sua poderosa arma. Não fora através dele que conseguira dominar um terço das hostes celestes?! Aguardaria, portanto, um momento propício para armar sua cilada.

A Criação do Universo 4

        O Éden pairava uma perfeita paz. Por todos os lados os  passarinhos faziam ouvir seus alegres trinos em louvor constante ao Criador. Toda a natureza a florir parecia proclamar um reino de eterna alegria. Os animais

 sempre submissos ao homem, o senhor daquele paraíso encantador.

Tudo era felicidade para o casal; mas esta tornava-se mais intensa na viração daqueles dias primaveris. O arrebol, que com sua beleza coloria o céu prenunciando as escuras noites, anunciava-lhes também o momento da visita diária do Eterno. Juntos, sob a luz de Sua presença, passavam longo tempo em  conversação. Com ânimo, o casal contava ao Senhor as surpreendentes maravilhas que iam descobrindo a cada dia na natureza. Deus, com carinho, descerrava-lhes o significado de cada ser.

Como Ele fora bom, trazendo-os à existência e concedendo-lhes um lar tão cheio de delícias! Ao despertarem para as alegrias de cada dia, vinham-lhes à lembrança as carícias e o doce canto do Eterno, que os fazia adormecer todas as noites.

A vida de Adão e Eva no Éden não era de ociosidade. A eles foi recomendado o cuidado do jardim. Sua ocupação não era cansativa, ao contrário, era agradável e revigorante. O Criador indicara o trabalho como uma fonte de benefícios para o homem, a fim de ocupar-lhe a mente e fortalecer-lhe o corpo, desenvolvendo-lhe todas as faculdades. Na atividade mental e física, o homem encontrava um elevado prazer.

Era comum ao jovem casal receber visitas de seres celestes. Aos visitantes sempre tinham novidades a relatar e perguntas a fazer. Passavam longo tempo ouvindo deles sobre as maravilhas do reino de luz. Através desses visitantes, Adão e Eva passaram a ter amplo conhecimento da rebelião de Lúcifer e de suas eternas conseqüências. Aos visitantes, Adão e Eva sempre pediam que lhes ensinassem os harmoniosos cânticos celestiais. Como se deleitavam ao unirem as vozes ao coro angelical!

Em Sua onisciência, Deus tinha conhecimento do terrível intento do inimigo. Convocando as Suas hostes principais, revelou-lhes com pesar o iminente perigo que pairava sobre o Universo. Satã haveria de armar uma cilada, a fim de levar o homem a comer da árvore da ciência do bem e do mal. Ante essa revelação, os filhos da luz ficaram temerosos, pois conheciam a tremenda facilidade de Satã em enlaçar criaturas inocentes e atirá-las em suas malhas de morte.

No solene concílio, sem a autorização de Deus, decidiram enviar, com urgência, mensageiros para advertirem o homem do grande perigo. Dois poderosos anjos foram encarregados dessa decisiva missão.

Imediatamente, os mensageiros comissionados irromperam pelos portais de Jerusalém, alcançando o seio do espaço infinito.

Em instantes, transpuseram imensidões, cruzando todo o  universo.

 Podiam agora divisar a pouca distância o Jardim do Éden, onde o destino do Universo estava para ser decidido.

Adão e Eva viram então no límpido céu o sinal da aproximação dos visitantes celestes e a eles ergueram os braços numa alegre saudação. Adão e Eva admiraram-se, porém, por não verem no semblante deles a mesma alegria. Os visitantes traziam na face uma expressão de anseio que eles não podiam entender. Tentaram mudar-lhes a triste feição, contando-lhes as novas descobertas feitas no paraíso. Os mensageiros, todavia, não tendo tempo disponível como outrora, interromperam-nos com palavras de advertência. Satã haveria de armar-lhes uma cilada, a fim de levá-los a comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Se dessem ouvi dos à tentação, fariam sucumbir toda a criação no abismo de um eterno caos.

Os anjos lembraram-lhes que o reino lhes fora confiado como um sagrado depósito, devendo, em uma vida de fidelidade, honrar Aquele que por amor esvaziou-Se, colocando-Se numa posição de hóspede do ser humano. Adão e Eva deveriam ser firmes ante as insinuações do inimigo, pois assim selariam a eterna vitória do reino da luz.

Falando-lhes da feliz recompensa que se seguiria ao seu triunfo, os anjos revelaram que era plano de Deus a transferência de

Jerusalém Celeste para a Terra. Ali, novamente acoplada ao paraíso, permaneceria para sempre. E o homem, submisso ao

Criador, reinaria pelos séculos sem fim sobre o monte Sião, em meio aos louvores das hostes universais.

Mas tudo isso dependia inteiramente do posicionamento humano frente às tentações do inimigo, que faria de tudo para arrebatar-lhe o reino.

Adão e Eva ficaram temerosos ao conhecerem os planos de Satã, mas foram consolados ao saber e que ele não poderia fazer-lhes nenhum mal, forçando-os a comer do fruto proibido. Se, porventura, procurasse intimidá-los com seu poder, todas as hostes do Eterno viriam em seu socorro.

Os mensageiros da luz concluíram sua missão recomendando ao casal permanecerem vigilantes, tendo sempre em mente a responsabilidade que sobre eles repousava.

Adão e Eva, agradecidos pelas advertências dos anjos, uniram as vozes num cântico de promessa em uma eterna vitória.

Estavam certos de que jamais abandonariam o bendito Criador, ouvindo a voz do tentador.

Animados ante a promessa humana, os dois mensageiros retornaram ao seio da Jerusalém Celeste onde, junto às hostes santas,  aguardariam com anseio o anelado triunfo.

Satã viu aproximarem-se do paraíso os mensageiros e ouviu o canto do homem prometendo uma eterna vitória. Esse cântico fez com que sua inveja e ódio aumentassem de tal maneira que não os pôde conter. Disse então a seus seguidores que em breve faria silenciar aquela voz.

As hostes rebeldes ficaram curiosas para conhecer os planos de seu chefe, mas foram por ele advertidas de que deveriam aguardar até que tudo ficasse para sempre decidido. Se o homem ouvisse sua voz, comendo do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, seria vitorioso, possuindo para sempre o domínio do Universo. Caso o homem resistisse, permanecendo fiel ao

Criador, já não haveria qualquer esperança para eles.

O paraíso parecia estar envolvido por uma eterna segurança, mas no semblante do homem podia ser vista uma expressão de temor. Desde a partida dos anjos, Adão e Eva permaneciam silenciosos, meditando com reverência sobre a tremenda responsabilidade de sua missão. Pensavam na seriedade daquela iminente prova que haveria de selar o seu futuro e o de toda a Criação. Animados, contudo, ante o pensamento da vitória, uniram mais uma vez as vozes num cântico que expressava a certeza do triunfo anelado.

Satã, que observava atentamente o casal, percebeu estar chegando a sua oportunidade. Aproximou-se de forma invisível do paraíso, e ficou esperando o melhor momento.

Inconsciente da presença do inimigo, o casal continuava em sua desprendida alegria.  No semblante transtornado de Satã estampou-se um maldoso sorriso, ao presenciar um descuido do casal: em sua exaltação, haviam  afastando-se um do outro. O astuto inimigo, não perdendo tempo, apossou-se de uma serpente, a mais bela do paraíso, fazendo-a aproximar-se graciosamente de Eva.

Eva, que assentada no gramado brincava com os animais, percebeu a presença da atraente serpente, cujo corpo refletia as cores do arco-íris. Ficou admirada ao vê-la colher flores e frutos do jardim, depositando-os a seus pés. Agradecida, tomou-a nos braços, dedicando-lhe afeto.

Tendo conquistado a afeição da mulher, Satã, em sua astúcia, começou a atraí-la para junto da árvore da ciência do bem e do mal. Sem se dar conta do perigo, Eva acompanhou a serpente até a árvore da prova. Ali, tendo nos braços o inimigo velado, acariciou-o e disse-lhe palavras de carinho. Tendo nos olhos o brilho da sedução, a serpente pôs-se a falar. Suas palavras eram cheias de sabedoria e ternura e sua voz como a de um anjo. Eva mal pôde crer no que via. Sua alegria tornou-se imensa por ter nos braços uma criatura tão fantástica. Passaram a conversar sobre muitas coisas: o amor; as belezas do jardim; o poder do Criador. Eva ficou admirada ante o conhecimento tão vasto da serpente, que discorria com maestria sobre qualquer assunto. Envolvida por essa experiência, Eva esqueceu-se completamente de seu companheiro. Nem sequer passavam pela sua mente as advertências dos anjos.

Subitamente o coração de Adão pulsou forte por não ver Eva a seu lado. Ergueu então a voz num grito ansioso. Sua voz, ecoou pelo  paraíso, contudo, não trouxe consigo uma resposta. O silêncio quase o sufocou. Em sua aflição pôs-se a correr de um lado para outro, procurando-a, em vão. Nessa ansiosa busca, sentiu a brisa afagar-lhe os cabelos e recordou seu primeiro sonho. Essa lembrança, no entanto, desfez-se ante o pensamento do perigo que os ameaçava.

Com a mente tomada por um grande senso de culpa, Adão apressou o passo na aflitiva procura. Onde estaria a sua amada?  Mais uma vez ergueu a voz num grito ansioso que repercutiu por todo jardim: “Eva, onde você está?” Aguardou uma resposta, mas ouviu somente um eco vazio que o desesperou.

Lembrou-se da árvore da ciência do bem e do mal; ali era o único lugar que não fora procurado.

Com a serpente em seus braços, Eva interrogou-a a respeito de muita coisa. Maravilhou-se ao perceber que a serpente a sobrepujava grandemente em conhecimento. Cheia de curiosidade, perguntou à serpente:

– Onde está a fonte de seu tão grande saber? Responda-me, pois quero também possuí-la.

Sem perder tempo, Satã, apontando para a árvore da ciência do bem e do mal, respondeu:

– Ali está a fonte de todo meu saber.

Ele conta então uma mentirosa história: disse que era uma serpente como as demais, comendo dos frutos do paraíso. Provando certo dia daquele fruto especial, recebeu, como que por encanto, todas as virtudes.

Olhando para a árvore da ciência do bem e do mal, Eva ficou surpresa e confusa. Privaria o Criador em seu amor algo tão bom às suas criaturas?! Vendo-a surpresa, Satã perguntou:

– É assim que Deus disse: Não comereis de todas as árvores do jardim?

Eva, inquieta, respondeu:

– Dos frutos das árvores do jardim comemos, mas do fruto dessa árvore que você diz ser fonte de sabedoria, disse Deus: “Não comereis dele, para que não morrais.”

A serpente em tom de desdém disse:

– Isso é falso. Se fosse assim, eu teria morrido. Certamente o Eterno os proibiu de comer dessa árvore para impedir que o homem venha a se tomar como Ele, conhecendo todas as coisas.

As palavras sedutoras da serpente causaram confusão na mente de Eva. Em quem confiaria? Tinha em mente a lembrança da ordem do Criador e de sua sentença, mas ao mesmo tempo tinha diante de si uma prova palpável que O contradizia.

Num desafio, a serpente colheu frutos da árvore proibida e passou a saboreá-los. Colocando um fruto nas mãos da mulher, incentivou-a a comer, dizendo:

– Não disse o Eterno que se alguém tocasse nesse fruto morreria?

Em Jerusalém havia grande comoção. Poderosos anjos apresentaram-se diante do Criador, solicitando permissão para esmagarem o covarde inimigo, oculto naquela serpente. O Eterno, contudo, impediu-lhes tal ação.  Deviam respeitar o livre-arbítrio concedido ao homem, podendo ele manifestar sua escolha sob a tentação do inimigo.

Os filhos da luz sofriam imensamente ao verem a mulher duvidando dAquele que tão bondosamente lhes dera a vida e a oportunidade de reinarem naquele paraíso. Como poderia duvidar de quem lhes dedicava tanto amor?!

Eva vacilava em sua convicção ao contemplar o fruto em suas mãos. Seu brilho, seu encanto, uma forte magia atraia aquele fruto a sua boca. Por alguns momentos o futuro pareceu-lhe sombrio e aterrador, mas venceu esse sentimento, pensando nas glórias que haveria de conquistar ao comer aquele fruto. Ainda um tanto indecisa, ergueu vagarosamente as mãos até tocar o fruto com os lábios.

Os súditos do reino da luz, estremecidos, inclinaram-se tomados por grande espanto. Parecia quase impossível, àquela altura, a mulher voltar atrás.

Enquanto pálidos os fiéis indagavam sobre uma possível esperança, presenciaram com horror a terrível decisão de Eva: resolvera romper para sempre com o Criador, tornando-se cativa da morte.

O Eterno, que em silêncio e dor contemplava aquela cena de rebelião, curvou a fronte.

Os fiéis, que em pânico julgavam-se vencidos, foram conscientizados de que nem tudo estava perdido. Se Adão resistisse à tentação, permanecendo fiel ao Eterno, ele selaria a grande vitória. Eva, que fora vítima de um engano, poderia ser conscientizada de seu erro, sendo favorecida com o perdão divino.

Quando Adão em sua angustiosa corrida alcançou o lugar da árvore, já era tarde demais. Assentada junto ao rio, Eva saboreava despreocupadamente o fruto proibido. Adão estremeceu. Seria mesmo o fruto da prova? Num gesto de esperança olhou para a árvore da ciência do bem e do mal, mas em pranto reconheceu a triste condenação. Cheio de tristeza contemplou sua esposa, mas não encontrou palavras para despertá-la para tão amarga realidade. Em completo desespero, ergueu a voz numa dolorosa exclamação:

“Eva, Eva, o que você está fazendo!”

Ao comer do fruto proibido, a mulher foi tomada por emoções que a fizeram imaginar haver alcançado uma esfera superior de vida. Ao ouvir a voz de seu esposo, ainda tomada pelas ilusórias emoções, ergueu a fronte estampando um sorriso, mas surpreendeu-se ao vê-lo chorando.

Com profunda amargura, Adão procurou saber a razão que a levara a rebelar-se contra o Eterno. Eva, prontamente, passou a contar-lhe a fantástica história da sábia serpente.

Satã sabia que essa história de serpente jamais convenceria o homem a comer do fruto da árvore proibida. Precisava encontrar uma maneira sutil de levá-lo a selar sua sorte seguindo os passos de sua esposa. Tendo Eva sob seu poder, resolveu fazer dela o objeto tentador. Aguardaria o momento oportuno para enlaçá-lo.

No dia em que dela comerdes, certamente morrereis. A lembrança desta sentença deixava Adão muito aflito. A expectativa de ver sua amada perecendo em seus braços, era demais para suportar. Esta aflição, contudo, foi diminuindo, ao ver que ela continuava feliz e carinhosa ao seu lado, como se nenhum mal lhe houvesse acontecido. Aliviado, Adão voltou a sorrir, correspondendo aos afetos de sua companheira. Rendia-se às mais doces emoções, longe de saber que era o inimigo quem o envolvia naqueles abraços.

Nesse momento de enlevo, Eva começou a falar-lhe de sua experiência com a ciência do bem e do mal. Falou-lhe dos tesouros da sabedoria que lhe haviam sido abertos. Em seu novo reino, viveria muito feliz. Entretanto, essa felicidade seria incompleta sem a participação de seu esposo. Falou-lhe da impossibilidade de retroceder em seus passos, e insistiu para que ele a seguisse.

Depois de falar-lhe de sua decisão, Eva, com um doce sorriso, estendeu-lhe as mãos contendo um fruto, pedindo-lhe que o comesse numa demonstração de seu amor por ela.

Com a voz tentadora em seus ouvidos, Adão assentou-se no gramado em profunda reflexão. Sua face tornou-se novamente pálida e suas mãos trêmulas. Temia rebelar-se contra o Criador, mas ao mesmo tempo compreendia que não conseguiria viver separado de sua companheira, a quem amava com infinito amor. Eva era carne de sua carne, a extensão de seu ser.

Sentia-se angustiado ao ter de tomar uma decisão tão séria.

A palidez do rosto de Adão refletiu-se no semblante de todos os fiéis ao Eterno. Ouviram a insinuação do inimigo e perceberam com horror a vacilação do homem. A indecisão de Adão deixava-os desesperados. Obedecesse ele àquela proposta de Satã, toda felicidade seria eternamente banida. Nas decisões do ser humano estava o destino de todo o Universo.

Depois de intensa luta íntima, Adão olhou para sua companheira; a ela unira-se em promessas de uma eterna entrega. Não a deixaria só agora. Partilharia com ela os resultados da rebelião. Tomou então das mãos de Eva um fruto e, num gesto apressado, levou-o à boca.

Procurando abafar a voz de sua consciência, que lhe falava de uma eterna perdição, Adão lançou-se nos braços de sua esposa, desfrutando o alto preço de sua rebelião.

Satã, com brados de triunfo, deixou o paraíso, voando rapidamente para junto de suas inumeráveis hostes, que aguardavam ansiosas o resultado de tão arriscada tentativa. Ao saberem da desgraça humana, uniram-se numa estrondosa festa. Sentiam-se seguros. Sião agora lhes pertencia por direito, podendo lá estabelecer um reino eterno, jamais sendo molestados pelas leis do Eterno.

Em todo o Universo os filhos da luz sofriam e pranteavam a derrota. Nunca houvera tanta tristeza e horror ante o futuro. As vozes que viviam a entoar louvores ao Criador proferiam agora lamentações.

O Eterno, antes mesmo de criar o Universo já havia previsto esse triunfo da rebeldia e, em Sua sabedoria e amor, idealizara um plano de resgate. Ordenou que Seus mais poderosos anjos circundassem imediatamente o jardim do Éden, impedindo que Satã tomasse posse do monte Sião. Consoladas ante a manifestação divina, as potentes criaturas, em pronta obediência, romperam o espaço infinito, circundando em instantes o paraíso, no seio do qual o ser humano, já transtornado pelo pecado, vivia o negror de uma noite que seria longa e cruel.

Sendo a autoridade do Eterno fundamentada na justiça, de que maneira poderia justificar Suas ações diante dos inimigos? Não entregara por Sua vontade o reino ao homem, e esse por livre escolha não o submetera a Satã? Enquanto surpresas as criaturas racionais consideravam as ações decisivas de Deus, ouviram Sua potente voz que, repercutindo por toda a criação, trazia a revelação do grande mistério – revelação tão maravilhosa que a partir daquele momento, por toda a eternidade, ocuparia a mente dos fiéis, sendo tema para as mais doces meditações.

O Eterno falou primeiramente sobre a terrível condenação que pendia sobre o homem e toda a criação. Disse que, ao se desligar da Fonte da Vida, o homem havia se precipitado em tão profundo abismo que não poderia ser alcançado pelo Seu braço de justiça e poder. Humilhado e torturado pelas garras do inimigo, não restava ao homem outra sorte além da morte – fruto doloroso de sua espontânea rebelião.

Considerando a situação humana, as hostes da luz não viam possibilidades de triunfo. Sabiam que só o homem poderia retomar o domínio do inimigo, devolvendo-o ao Criador. Mas o ser humano, eternamente escravizado em sua natureza, seria incapaz de tal vitória.

Com voz melodiosa e cheia de ternura, Deus revelou o plano da redenção, dizendo: “Na verdade, o homem colherá o fruto de sua rebelião numa terrível morte. Não posso, com o meu poder, mudar-lhe a sorte. Se assim agisse, seria injusto diante de meu decreto. Mas farei cair toda a condenação sobre um Substituto que surgirá na descendência humana. Esse Homem não trará em suas mãos as algemas da morte, sendo inocente e incontaminado em Sua natureza. Como representante da raça humana, enfrentará Satã e o vencerá. Após triunfar nessa batalha, provando que o amor é mais forte que o egoísmo, que a verdade é mais forte que a mentira, que a humildade é mais poderosa que o orgulho, o fiel Substituto erguerá as mãos vitoriosas não para saudar a grande conquista, mas para tomar das mãos da humanidade escravizada a taça de sua condenação. Sorverá assim, submisso, o cálice da eterna morte. Esse imenso sacrifício abrirá aos seres humanos uma oportunidade de serem redimidos, voltando aos braços do Criador, juntamente com o domínio perdido.”

As hostes, surpresas ante a revelação do Eterno, indagaram a identidade d’Esse Substituto. O Criador, com um sorriso amoroso, disse-lhes:

“Parte de Mim será esse Homem. O Meu Espírito repousará sobre uma virgem, e nela será gerado um Filho Santo. Esse menino será divino e humano. Em sua humanidade, ele será submisso à divindade que n’Ele habitará. Os remidos verão n’Ele o Pai da Eternidade, o Criador e Redentor, o Rei dos reis. O Seu nome será Yoshua (nome hebraico que traduzido significa o Eterno salva).”

Assumindo a natureza humana, Deus poderia pagar o resgate, morrendo em lugar dos pecadores.

As hostes da luz ficaram emudecidas ao conhecer o plano do Criador. O pensamento de verem-nO submeter-Se a tão penoso sacrifício, a fim de redimir o domínio perdido, era demais para suportarem. Não havia, contudo, outra esperança de vitória, a não ser através dessa amorosa entrega.

Após desfrutar o  pecado, o jovem casal sentiu-se mal. Inicialmente sentiram um grande vazio no coração, que logo foi preenchido pelo remorso e pela tristeza. Perceberam que, inspirados pela cobiça, haviam selado sua triste sorte e a de toda a criação. Parecia-lhes ouvir ao longe o gemido de um Universo vencido.

O sol, que os enchera de vida e calor naquele dia, ocultava-se no horizonte, anunciando-lhes uma negra noite. O arrebol, que até ali anunciara-lhes o feliz encontro com o Criador, parecia envolvê-los numa sentença de que jamais despertariam para um novo dia. Com o olhar voltado para o frio solo, vinha-lhes à lembrança a sentença: “No dia em que dela comerdes, certamente morrereis.” Desesperadas lágrimas rolavam em seus rostos ao aguardarem o trágico fim.

Ao considerar o motivo de sua rebelião, Adão começou a recriminar sua esposa por ter dado ouvidos à serpente. Eva, por sua vez, procurando desculpar-se, lançou a culpa sobre o Criador, dizendo: “Por que o Eterno permitiu que a serpente me enganasse?!”

O amor que reinava no coração humano desaparecia, dando lugar ao orgulho e ao egoísmo, que se fundiam em ressentimentos e ódio. Sua natureza já não era pura e santa, mas corrompida e cheia de rebeldia. Tudo estava mudado. Mesmo a brisa mansa que até ali os havia banhado em carícias refrescantes, enregelava agora o culposo par. As árvores e os canteiros floridos, que eram seu deleite, consistiam agora em empecilhos ao caminharem sem rumo naquela noite.

O propósito de Satã em encher o sábado de trevas parecia haver se cumprido. Naquela noite, não existia sequer o reflexo prateado do luar para falar-lhes de esperança. As estrelas cintilantes, suspensas no escuro céu, estavam ofuscadas pela dor.

Baixavam sobre o mundo as trevas de uma longa noite de pecado – sombras sob as quais tantos se arrastariam sem esperança de um alvorecer.

A noite já ia alta e as trevas pareciam envolver o triste casal em eternas sombras quando surgiu repentinamente um brilho no céu, que ia aumentando à medida que se aproximava da Terra. O casal estremeceu, pois sabia que era o Criador que vinha dar-lhes o castigo. Vencidos pelo pânico, puseram-se a correr, distanciando-se do monte Sião, o lugar da vergonhosa queda. Justamente para ali viram o Criador dirigir-Se. Eles, que sempre corriam ao encontro do amoroso Pai, atraídos por Sua luz, fugiam agora desesperados em busca de lugares escuros, de densa floresta.

O Eterno, movido por infinito amor, passou a seguir os passos do casal fugitivo.  Como tudo se transformara! Seus filhos não conseguiam mais ver n’Ele um Pai de amor, mas alguém que, irado, buscava castigá-los.

Movido por forte anseio de abraçar Seus filhos humanos, Deus fez ecoar a voz numa indagação: “Adão, onde vocês se encontram?” Sua voz, ao soar em meio às trevas, trazia consigo somente um eco vazio

Quantos, enganados por Satã, fugiriam de Sua presença no decorrer da longa noite de pecado, julgando-No um Senhor tirano, que vive buscando falhas e fraquezas nos pecadores, a fim de castigá-los! O Criador, todavia, não desistiria de procurá-los pelos vales sombrios do reino da morte, até conquistar um povo arrependido.

Adão e Eva, exaustos pela pressurosa fuga, esconderam-se por entre a folhagem de um pé de figueira. Reconhecendo sua nudez, procuraram fazer aventais cosendo aquelas folhas. Vestidos assim, julgaram poder livrar-se do sentimento de vergonha ante o Criador.

O Eterno, aproximando-Se do local onde o casal se escondia, perguntou:

– Adão, onde estão vocês?

Não podendo mais se ocultar de Deus, Adão ergueu-se juntamente com sua companheira e, cabisbaixos, apresentaram-se ao Criador, prostrando-se trêmulos a Seus pés. Não conseguiram encará-Lo mais, devido ao senso de culpa.

O Criador, carinhosamente, tomou-os pelas mãos, erguendo-os do chão, e, com expressão de tristeza no semblante,

perguntou-lhes:

– Por que vocês fugiram de Mim? Acaso comeram do fruto da árvore da ciência do bem e do mal?

Adão, todo trêmulo, com voz entrecortada  de temor, respondeu:

– A mulher que me deste por companheira, ela deu-me o fruto e eu comi.

Com esta resposta, Adão procurava desculpar-se, lançando a culpa sobre sua companheira.

Voltando-Se para Eva, o Eterno indagou-lhe:

– Por que você fez isso?

Eva prontamente respondeu-Lhe:

– Aquela serpente me enganou e eu comi.

Ambos não queriam reconhecer a culpa, lançando-a sobre outrem. Em suma, atribuíam ao Criador a responsabilidade por todo o mal praticado: “Por que concedera-lhes o livre-arbítrio? Por que criara a mulher? Por que criara a serpente?”

Deus observava Seus filhos que, tímidos e desconcertados, permaneciam diante de Si. Com profunda tristeza, Ele previu que essa seria a experiência de incontáveis seres humanos no decorrer da história. Quantos haveriam de se perder por não reconhecerem a própria culpa! Quantos procurariam justificar-se, lançando seus erros sobre os outros e até mesmo sobre o Criador!

Com palavras brandas, o Eterno procurou fazê-los reconhecer sua culpa. Somente reconhecendo sua necessidade, poderiam ser ajudados.

Olhando para as frágeis vestes tecidas por mãos pecadoras, disse ao casal:

– Filhos, essas vestes são insuficientes, logo secando se desfarão. Vocês precisam de vestes duradouras, que possam cobrir vossa nudez, livrando-vos da condenação. Se vocês quiserem, Eu posso dar-lhes essa veste.

Ante as palavras bondosas do Criador, que traziam esperança, o casal prostrou-se arrependido, despindo-se de suas ilusórias vestes, símbolos de seu fracasso. Almejavam agora as vestes da salvação, prometidas pelo divino Pai.

A Criação do Universo 5

 Depois de contemplar Seus filhos que, arrependidos, jaziam a Seus pés, o Eterno tomou-os carinhosamente pelas mãos e os levantou. Alegrava-Se em poder revelar ao homem caído o plano da redenção.

Deus passou a descerrar-lhes primeiramente os amargos resultados de sua queda, dizendo: “Filhos, vocês selaram o destino de toda a criação nas garras da morte. A desarmonia já permeia a natureza, procurando destruir nela todas as virtudes. O abismo no qual vocês imergiram pela desobediência é por demais profundo para que possam ser alcançados pelo meu poderoso braço. Assim, desligado da Fonte da Vida, não resta mais ao ser humano outra sorte além da morte.”

Depois de proferir estas palavras que revelavam uma triste sorte, o Eterno convidou o casal a segui-Lo. Cabisbaixos, Adão e Eva, em pranto, seguiram o Criador em Seus passos de justiça, que encaminhavam-nos ao lugar da vergonhosa queda, onde supunham encontrar o doloroso fim.

Enquanto caminhavam, contemplavam através das lágrimas as belezas adormecidas banhadas pela luz de Deus. Viam os inocentes animais, que não tinham consciência da grande dor Subitamente, o casal se deteve, vencido por intenso pranto; seus vacilantes passos os haviam levado para junto de um cordeiro, o animalzinho mais querido. Seus olhinhos de meiguice haveriam também de se apagar!

Enxugando-lhes as lágrimas, o Eterno ordenou-lhes tomar nos braços o inocente cordeiro.

Envolvendo-o junto ao peito, acompanharam silenciosamente os passos do Criador, até alcançarem o topo do monte Sião, lugar da vergonhosa queda. Contemplando ali os restos dos rubros frutos, com ímpeto lhes veio à mente a lembrança da sentença divina: “No dia em que dela comerdes, certamente morrereis.”

O terrível momento chegara. O homem culpado deveria sorver o amargo cálice da morte, sucumbindo sem esperança.

Consciente de sua perdição, o casal percebeu, com horror, que as mãos que os trouxeram para a vida empunhavam agora um cutelo pontiagudo de pedra. Trêmulos, prostraram-se e esperaram pelo cumprimento da justa sentença.

Enquanto emudecidos pelo medo, Adão e Eva aguardavam o golpe que os reduziria a pó, sentiram o toque macio das mãos divinas que os erguiam para uma nova vida. A condenação, contudo, haveria de recair sobre um substituto.

Colocando nas mãos de Adão o cutelo, o Criador lhe disse:

– O cordeiro morrerá em lugar de vocês.

Adão deveria sacrificá-lo.

Assustado ante a ordem de Deus, o casal, em pranto, pôs-se a clamar:

– Senhor, o cordeirinho não, ele é inocente! Com expressão de justiça, o Eterno acrescentou:

– Se ele não morrer, vocês não poderão ter as vestes das quais falei.

Ante a insistência do Criador, Adão, todo tremulo, num esforço doloroso, cravou no peito do cordeirinho aquela aguda pedra.

O golpe foi fatal, e o animalzinho, vertendo seu precioso sangue, mergulhou nas trevas de uma noite sem fim.

Contemplando o cordeirinho inerte sobre a relva ensangüentada, o casal ergueu a voz e chorou. Começavam a compreender a enormidade de sua tragédia. Quão terrível era a morte! Ela, em seu poder, apagara toda a luz dos olhos do inocente animal.

Inclinando-Se silenciosamente sobre o corpo inerte do cordeiro, o Eterno tirou-lhe a pele revestida de branca lã e com ela fez túnicas para cobrir a nudez do casal. Após vesti-los perguntou-lhes com carinho:

– Vocês entenderam o sentido de tudo isto?

Em profunda reflexão, por entre soluços de reconhecimento e gratidão, o casal exclamou:

– Ele morreu em nosso lugar, para dar-nos suas vestes!

Adão e Eva, embora compreendessem aquela realidade física, estavam longe de entender o significado daquele acontecimento.

A eles o Criador revelaria o mistério do divino amor.

Com expressão de infinita misericórdia, Deus passou a revelar ao ser humano o sentido daquele doloroso sacrifício, dizendo:

O inocente cordeirinho, que hoje padeceu, simboliza um homem que haverá de nascer. Em seus olhos haverá a mesma meiguice, o mesmo amor. Revestido por uma vida justa, como a branca lã que cobria o cordeiro, esse homem crescerá como um renovo sobre a Terra, não tendo nas mãos as algemas do pecado. Em sua aparência, esse homem não trará a pompa de um rei, por isso será desprezado por muitos. Será um homem de dores, pois cairá sobre si o peso de todas as provações. Em sua fidelidade ao reino da luz, esse homem lutará contra o inimigo usurpador, vencendo-o finalmente. Após triunfar em suas lutas, tomará sobre si o fardo de vossa condenação que lhe causará uma terrível morte. Ele será traspassado por causa da vossa rebelião e moído pelas vossas iniqüidades. Será oprimido e humilhado, mas não abrirá a sua boca, como o cordeirinho que hoje entregou-se pacificamente. Sucumbindo na morte, ele vos concederá os méritos de sua vitória. Envolvidos por suas vestes de justiça, estareis livres da condenação. A vida eterna alcançareis assim, mediante o sacrifício desse homem justo que haverá de nascer.

Adão e Eva, que num misto de gratidão e dor ouviram a revelação de tão grande salvação, indagaram reverentes a respeito desse homem especial que em sua descendência haveria de surgir, a fim de cumprir tão imenso sacrifício.

O Criador, olhando-os ternamente, movido por um amor que supera mesmo a morte, os envolveu num carinhoso abraço e revelou:

– De Meu sofrimento surgirá este Homem!

– Nós somos merecedores da morte Senhor, mas Tu és inocente e não deves sofrer em nosso lugar!

Enxugando-lhes as lágrimas, o Eterno com ternura lhes falou:

– Meus filhos, Eu os amo com um eterno amor.

– Após sorver o cálice da eterna morte, Este Homem  retomará a vida e subirá ao céu. Intercederei ali pelo homem perdido, concedendo a todos aqueles que, arrependidos, aceitarem meu sacrifício, as vestes de minha vitória. Juntos, triunfaremos finalmente sobre o reino do pecado que se desfará em cinzas sob nossos pés. Criarei então um novo Céu e uma nova Terra, onde unicamente a justiça e o amor reinarão. Viveremos assim para sempre, num reino de perfeita harmonia e paz.

O Criador, que acompanhado pelo casal permanecia ainda sobre o monte Sião, concluiu Suas revelações dizendo: “O jardim do Éden ficará agora vazio. O ser humano, durante a longa noite de pecado, vagueará em seu exílio. Não andará, contudo, sozinho: o Eterno, também peregrino, trilhará com o homem toda a estrada espinhosa, até poderem juntos galgar o monte perdido, triunfando gloriosamente sobre o reino da morte. A árvore da ciência do bem e do mal monumento da rebeldia será então desfeita, dando lugar a uma árvore gloriosa que, unindo sua copa à árvore da vida, se tornará no arco comemorativo da grande vitória. Sobre o santo monte redimido, repousará então para sempre o torno universal, que pelos fiéis triunfantes será nomeado: o trono de Deus e do Cordeiro.”

Adão e sua companheira, após ouvirem palavras tão confortadoras e cheias de esperança, ergueram a voz num cântico de gratidão e louvor. Conheciam agora o infinito amor de seu Criador e estavam dispostos a servi-Lo.

Depois de consolar o casal, Deus levou-os para fora do Éden. Não lhes foi fácil se despedir daquele precioso lar; ali haviam despertado para a vida nos braços do Eterno; ali desfrutaram momentos de pura felicidade, em companhia do Criador, dos anjos e dos dóceis animais. Uma saudade infinita parecia envolver o casal em seus passos de abandono.

Foi com espanto que Satã e seus súditos presenciaram a intervenção do Eterno. Ficaram abalados ante a surpreendente revelação do plano de resgate. Com raivosa frustração, compreenderam que, se de fato a promessa divina se concretizasse, não restaria nenhuma esperança.

Depois de refletir sobre tudo o que acontecera, uma grande ira apossou-se de seu coração. Não estava disposto a reconhecer a redenção do ser humano. Faria todos os esforços para retê-lo, juntamente com o reino que lhe fora entregue.

Quando o casal, acompanhado pelo Criador, alcançou o vale ferido pela morte, amanhecia. Ali Satã os enfrentou com fúria, numa tentativa de se apossar novamente do ser humano. O casal ficou trêmulo em face do inimigo, mas as mãos protetoras de Deus os acalmaram.

Expressando no semblante a firmeza de uma justiça que é eterna, o Eterno silenciou as ameaças do inimigo com as seguintes palavras: “O ser humano Me pertence, pois Eu o comprei com o meu sangue”.

Ao caminharem  junto ao Criador, Adão e Eva observavam com tristeza os sinais da morte estampados naquela natureza antes tão cheia de vida. As belas flores, que haviam desabrochado para exalar aromas eternos, pendiam agora murchas; os passarinhos, que com alegria os saudavam em cada alvorecer com os seus trinos, voavam agora distantes, fazendo soar tão tristes cantos! Tudo estava mudado na natureza. A ciência do bem e do mal não trouxera nenhum bem ao Universo, mas um intenso conflito espiritual e físico.

Ante as conseqüências devastadoras de sua queda, o casal, vencido por uma indizível tristeza, prostrou-se arrependido e chorou amargamente. Deus, que também compungido pela dor contemplava o cenário desolador, procurou, com palavras de esperança, confortá-los. Falou-lhes sobre o novo Céu e a nova Terra que um dia criaria, onde a paz e o amor voltariam a reinar em cada coração. Ali viveriam sempre juntos, não trazendo na fronte as marcas da tristeza, mas coroas de eterna vitória.

Ali enxugaria as lágrimas de suas faces e essas jamais voltariam a umedecer os seus olhos.

Amparando Adão e Eva em seus passos, o Criador conduziu-os através de um vale ferido, até alcançarem o sopé de uma colina. Galgaram-na em lentos passos, enquanto trocavam palavras de ânimo e esperança. Seus pés alcançaram finalmente a relva macia que cobria o topo espaçoso daquela colina. Era sobre aquele lugar que o casal via a cada dia o sol declinar, banhando o céu e os vales de um vermelho vivo, como o sangue que jorrara do peito do cordeiro.

O sol declinava em sua jornada, anunciando a chegada de mais uma triste noite – a primeira fora do paraíso. Num calmo gesto, o Eterno, mostrando-lhes o vale sobranceiro à colina, falou-lhes com carinho: “Aqui será vossa provisória morada. Daqui podereis contemplar o paraíso que por algum tempo permanecerá na Terra, até ser recolhido ao seu lugar de origem, no seio da Jerusalém Celeste. Ali, protegido pela justiça, aguardará o alvorecer da vitória. Quando esse grande dia chegar, retornaremos juntos a Sião, onde seremos coroados em glória, num reino de eterna felicidade e paz”.

Depois de dizer estas palavras, Deus ordenou ao casal que construísse naquele lugar um altar de pedras, sobre o qual a cada semana, na noite que antecede o sábado, deveriam imolar um cordeiro, pela memória de Seu sacrifício. Como sinal de Sua presença, e para a certeza de que seus pecados seriam perdoados, Ele acenderia um fogo sobre o altar, o qual duraria toda a noite, até consumir por completo a oferta do sacrifício.

Para que o ser humano pudesse firmar sua fé sobre as verdades reveladas, e não na manifestação visível da pessoa do Criador,

Ele haveria de permanecer invisível daquele momento em diante. Somente em ocasiões especiais, quando se fizesse necessário

Sua aparição ou a de anjos para novas revelações e advertências, isto ocorreria.

O Eterno disse-lhes com amor: “Filhos, embora vocês tenham de permanecer neste ambiente hostil, não precisam temer, pois Eu permanecerei ao lado de vocês. Serei um companheiro amigo nesta jornada; levarei sobre os meus ombros suas dores, seus anseios, suas lutas. Quando, tentados pelo inimigo, estiverem a ponto de ceder, poderão encontrar abrigo em meus braços, que sempre estarão estendidos para salvá-los e, se algum dia vocês não resistirem, e pela fúria do inimigo forem arrastados para as profundezas do abismo, não se desesperem julgando não haver esperança, pois Eu estarei ali para acudi-los com o meu perdão e força. Tenham sempre em mente o significado das vestes recebidas das minhas mãos, pois elas falam da redenção que ao homem pertence. Descansem filhos meus, nos meus braços de amor.”

O Criador deixou o casal adormecido sobre a relva, depois de beijar-lhes as faces já marcadas pelo sofrimento. Sua luz dissipou-se ao tornar-Se invisível, dando lugar às trevas daquela primeira noite fora do paraíso.

Deus, ainda que invisível, permanecia ao lado de Adão e Eva ali na colina. O sofrimento deles era o Seu sofrimento, como também a esperança de um dia retornarem vitoriosos a Sião.

Longa seria a noite do pecado, e renhida a batalha pela reconquista do reino perdido. O triunfo da luz requereria da parte de Deus um sacrifício imenso. Na pessoa do Messias, a seu tempo, ele nasceria entre os homens, com a missão de pagar o preço do resgate. Por meio dEle muitos seriam libertos das garras do inimigo: todos aqueles que O aceitassem como Salvador e Rei.

Contra esses escolhidos, o inimigo arregimentaria todas as forças procurando fazê-los cair.

Em sua visão do futuro, o Criador contemplou com alegria o triunfo final dos redimidos. Haviam sido extremamente provados, mas em tudo foram mais do que vencedores por meio dAquele que os redimiu das trevas para o reino da luz.

Depois de antever os sofrimentos que adviriam da grande luta, o Eterno estendeu o olhar pelas planícies cativas, contemplando ali as hostes rebeldes dispostas para a luta. O objetivo desses exércitos, era apossar-se novamente do ser humano, no qual estava selado o direito de domínio sobre o Universo.

Contrária à natureza do Criador é a guerra, mas para defesa de Seus filhos, estava disposto a empregar o Seu poder. Sua força, contudo, somente seria empregada com justiça. Se o ser humano recusasse essa proteção oferecida mediante o sacrifício do Messias, Deus nada poderia fazer para impedir que o mesmo perecesse nas garras do inimigo. Adão e Eva, contudo, haviam se arrependido de seu grande pecado, recebendo pela misericórdia de Deus vestes de salvação, simbolizadas pelas peles do cordeiro sacrificado.

Justificado pela entrega do casal, o Eterno convocou Seus poderosos exércitos para a peleja. Em pronta obediência as hostes da luz irromperam pelo espaço sideral em direção à Terra, circundando qual forte muralha a colina, portadora daquele tesouro redimido pelo sangue do divino Rei.

Ao ser humano fora conferido no Éden o dever de cuidar da natureza : preparavam canteiros para as flores; colhiam frutos para mantimento; dirigiam os animais em seu inocente viver, adestrando-os para que lhes fossem úteis. Essas ocupações tinham sido para eles fontes de desenvolvimento e prazer. Agora, apesar das adversidades, deveriam continuar realizando esse dever. O trabalho em si, realizado segundo as ordens do Criador, já anularia muitos ataques do inimigo.

As primeiras ocupações do casal naquela manhã, trouxeram-lhes revelações do grande amor de Deus, até então desconhecidas. Ao reunirem as pedras para construção do altar, experimentaram a dor de feridas que jorram sangue, como também a fadiga que faz minar suor. Sentindo e contemplando tudo na própria carne, amaram mais o Salvador, para quem o altar construído prefigurava feridas maiores, que verteriam todo o Seu sangue, como também fadigas que minariam toda a seiva de Sua vida.

O olhar de saudade e de esperança do casal de agora em diante, jamais pousaria no Éden distante, sem discernir primeiro o altar dos sacrifícios. Esse altar, com suas manchas de suor e sangue, permaneceria como uma lembrança da dor e do sofrimento que, depois de umedecer os lábios dos seres humanos, transbordaria na taça do Criador.

Após contemplar por longo tempo o paraíso da eterna vida que estendia-se muito além daquele altar escuro de morte, o casal experimentou o doce alívio do descanso.

Desejosos de conhecer as paisagens de seu novo lar, Adão e Eva, animados pela esperança, saíram a passear. Seus passos conduziram-nos por caminhos de sorrisos e de lágrimas; de encantos e desilusões; de flores que desabrochavam delicadas, banhadas em perfume, e de flores despetaladas, tombadas murchas e sem cheiro; de animais ainda dóceis e submissos e de animais inimigos, ferozes e ameaçadores. O casal discernia em seu passeio as divisas de dois mundos: o da luz e o das trevas; do amor e do egoísmo; da esperança e do desespero; da harmonia e da desarmonia; da vida e da morte. Essa visão encheu-lhes de tristeza e choraram longamente. Essa tristeza aumentaria ainda mais no futuro, quando descobrissem o aprofundamento dessas divisas no seio de sua descendência.

Seis arrebóis já haviam colorido os céus anunciando ao casal as noites escuras e frias que com seu manto de trevas desfazia todas as imagens vivas, menos a esperança de revê-las coloridas no alvorecer de luz.

Aproximava-se agora a hora do sacrifício, quando o rude altar, abrasado em sua justiça clamaria pôr sangue. Se não lhe oferecessem a oferta, explodiria com certeza, envolvendo todo o mundo com suas chamas; Já não haveria então alvorecer, nem esperança de Éden a florir.

Quão precioso é o sangue! Sangue é vida; vida é luz! Para um ser aquela noite tornar-se-ia eterna, sem alvorecer! Esse ser deveria assumir a culpa de todo o mundo, dando o seu sangue ao rude altar.

Adão e Eva depois de refletirem por longo tempo, contemplando o berço da morte construído pôr suas mãos, entreolharam-se inquietos com essa questão decisiva: Quem se oferecerá? Essa indagação nascida de sua culpa, fez vibrar no profundo de suas lembranças a voz do bendito Criador em Sua revelação de infinita bondade: – Eu os amo com um eterno amor; Eu morrerei em vosso lugar”.

Agradecido, o casal prostrou-se reverentemente ante o sedento altar, vendo-o pela fé, saciado pelo dom do eterno amor.

Naquela tarde de sexta-feira, Deus submetia o ser humano a uma tremenda prova de fé. Eles tinham diante de si o altar de pedras, construído conforme a ordem divina, mas não havia nenhuma ovelha para o sacrifício. Em seu anseio, lembravam-se do Éden, onde havia muitos rebanhos.

Ao verem o sol tombar no horizonte, Adão e Eva passaram a clamar a Deus por socorro, pois sabiam que somente um milagre poderia providenciar-lhes, naquele derradeiro momento, um cordeiro para o sacrifício.

Quando as sombras do anoitecer começaram a envolver a colina, o casal que vivia tão dura prova de fé, discerniu um pontinho branco que saltitava no gramado vindo em direção deles. À medida em que se aproximava, aquele vulto parecia falar de esperança, de vida e calor. Ao verem que o grande milagre acontecera, correram ao encontro do cordeiro, envolvendo-o nos braços. Ele estava fatigado, mas não descansaria: daria descanso. Estava sedento, mas não beberia: daria de beber ao altar que clamava por sangue. Aquele cordeiro tinha vontade de viver nos braços do homem, mas morreria, para que esse pudesse viver nos braços de Deus. Era um perfeito simbolismo do Redentor que deixaria Sua glória, vindo em busca do pecador.

As trevas de mais uma noite baixaram lentamente envolvendo toda a natureza em sua prisão. Sua força, porém, seria quebrada diante do ser humano, pelo brilho de um fogo especial, aceso pelas mãos do divino perdão sobre o corpo sem vida do inocente cordeiro.

Em meio à  noite o altar clama; o homem triste exclama, enquanto o cordeiro, mudo, não reclama ao ser estendido para a morte.

As mãos que construíram o altar erguem-se agora, não para acariciar como outrora, mas para ferir, sangrando o preço do perdão. Só um gesto, nada mais, e a estrela se apagará para sempre dos olhos inocentes, fazendo brilhar na face culpada a luz da salvação.

Adão, trêmulo hesita em compaixão. No cordeirinho manso e submisso, pronto a morrer em seu lugar, vê o Salvador prometido. Com o coração arrependido, num esforço doloroso, crava o cutelo de pedra no peito do animalzinho que perece em suas mãos sem sequer dar um gemido.

O poder da noite imediatamente é quebrado pelo brilho do fogo da aceitação. Sua luz revela ao ser humano sua trágica condição: Vendo as mãos manchadas pelo sangue inocente, o casal sente-se culpado por aquela morte. Em pranto ajoelham-se ante o altar que já não lhes reclama sangue, mas oferece luz, aceitando o imerecido perdão.

Erguendo-se, o casal contempla demoradamente o corpo ferido do pobre cordeirinho, sem poder agradecer-lhe pela riqueza concedida em troca de seu tão rude golpe.

Banhados pela suave luz do sacrifício, Adão e sua companheira permanecem  a meditar, até serem vencidos por um profundo sono. Recostando-se ao solo coberto de relva macia, adormecem docemente sob os cálidos raios do perdão, certos de que seu brilho e calor perdurariam até serem as trevas daquele sábado desvanecidas completamente pelo fulgurante sol.

A luz do cordeiro, desde que fora acesa sobre o altar naquela noite, permanecia em constante guerra com as trevas. Por várias vezes crescia em brilho, afugentando para distante a fria escuridão, banhando a natureza com os seus raios de vida. Por vezes, as trevas trazendo o seu vento frio, quase bania por completo a chama. Essa, todavia, num grande esforço alimentava-se do sangue do cordeiro, lançando ao alto sua ardente chama, inundando de luz e calor tudo aquilo que havia ao redor.

O conflito entre a luz nascida do sacrifício e as trevas naquela noite, descerravam aos fiéis do Universo muitas lições importantes – verdades que ocupariam suas mentes por toda a eternidade. Naquela chama, ora ardente em seu brilho, ora fustigada pelos ventos da noite, os fiéis viam uma representação do conflito milenar entre o bem e o mal; conflito que sem trégua se estenderia até o alvorecer . O Eterno, no penhor de Seu futuro sacrifício, acendera em meio das trevas, a luz da verdade, e essa seria mantida acesa no coração do ser humano, em virtude de Seu sangue que seria derramado para remissão da culpa. Contra essa luz, o inimigo arremessaria todos os ventos frios da maldade, banindo do coração de muitos o seu doce brilho. Quantos jazeriam perdidos por recusarem a luz do perdão divino, ficando envoltos pelas trevas da escura noite!

Depois de longas horas de combate, surge no céu os sinais do amanhecer. A escuridão que com ira havia lançado seus ventos sobre a imorredoura chama procurando bani-la, torna-se confusa ante os sinais do amanhecer. O céu tingido de um vermelho vivo, faz lembrar o sangue que jorrara do peito do cordeiro para que a chama do perdão pudesse iluminar a noite humana. Em meio ao colorido de sangue, surge no horizonte o fulgurante sol, trazendo em seus aquecidos raios o sabor da vitória, envolvendo tudo com sua vida. O alvorecer em seu saudoso afeto, acaricia o distante paraíso, levando de seu amado seio em sua brisa matinal o aroma da saudade, numa mensagem de consolo e esperança às criaturas sofredoras do vale da morte.

Banhados pelos cálidos raios e pela brisa da esperança, o casal desperta em mais um sábado, cujo simbolismo aponta para o descanso no reino de Deus, ao culminar o grande conflito entre a luz e as trevas.

Para além daquele altar coberto de cinzas, Adão e Eva contemplam demoradamente o saudoso paraíso. Ainda que distantes em seu exílio, alegram-se com a certeza de que o sacrifício do Messias fará raiar para eles o sábado dos sábados: aquele de lágrimas para sempre banidas; de sol sempre a brilhar num límpido céu; de cordeiros sempre vivos a brincar pelo gramado; dia sem anoitecer, quando não haverá mais altar coberto de sangue e cinzas. Suspiram por esse dia de glória, quando Dês Se fará eternamente visível, levando nas mãos as marcas de Seu infinito amor pelos Seus filhos.

Adão e Eva que estavam acostumados às flores eternas no paraíso, aquelas que não as viram desabrochar, viam-nas agora surgirem em tenros botões, em meio às ameaças de espinhos prontos a ferirem. Essas tenras flores, sem importarem-se com os espinhos, exalavam perfumes suaves de louvor e gratidão, jamais se cansando de agradar o ambiente. Quando fustigada pelos ventos frios da noite, essas flores não se ressentiam, mas ofereciam seu aroma, que transformava a fúria dos ventos em brisas perfumadas de um alvorecer.

Movidos por profunda gratidão, o casal acompanhava atentamente o ministério de amor daquelas flores que, jamais se cansavam de abençoar, oferecendo sua beleza e perfume como alívio para aqueles que eram feridos pelos rudes espinhos.

Aquelas flores singelas e puras, depois de mostrar em sua curta vida que o perdão e o amor são mais fortes que todos os ventos e espinhos, num último esforço de comunicar alegria, exalavam seu perfume, tombando murchas e sem vida sobre o solo frio. Ali, esquecidas, transformavam-se em insignificante pó que era espalhado pelo vento.

A morte das flores, ainda que parecesse fracasso, revelou ao casal o mistério do renascimento da vida: Morrendo, as flores davam vida aos frutos que, por sua vez, depois de servirem de alimento, doavam suas sementes cheias de vida. Na morte dessas sementes, renascia o milagre da vida, multiplicando as árvores com suas flores prontas a repetir o ensinamento do amor e do sacrifício.

A natureza, portanto, embora maculada pelo pecado, revelava o mistério oculto do plano da redenção. Cada flor a desabrochar em meio aos espinhos, em sua curta vida de amor, era um símbolo do Salvador que nasceria entre os espinhos da maldade, para com o seu perfume consolar o coração dos aflitos. Semelhante à flor, o Messias depois de provar que o amor e o perdão são mais fortes que todos os ventos do ódio; que a verdade e a justiça do reino de Deus são maiores que todos os enganos e injustiças do reino do inimigo, verteria a seiva de sua vida, morrendo para redimir os culpados.

A Criação do Universo 6

 Consolados pelas revelações da natureza, Adão e sua companheira,  aprendiam a cada dia a amar mais o Salvador. Cresciam em sabedoria, humildade e santidade. Todas as virtudes destruídas pelo pecado, renasciam no coração.

A colina, sob a proteção dos anjos da luz, tornou-se numa  miniatura do Éden distante. Entre os animais reunidos e domados com amor, haviam muitas ovelhas.  Na noite que antecedia cada sábado, Adão tinha, por ordem do Criador, de repetir o doloroso ato. Quanta amargura e arrependimento sobrevinham ao casal ao baixarem as trevas da noite do sacrifício! Quanto consolo lhes trazia a chama do perdão que jamais deixara de brilhar sobre o altar.

O decisivo valor do sacrifício, para que a vida pudesse florescer sob a proteção divina, levou o casal a valorizar imensamente o seu pequeno rebanho. Cada sexta-feira, contudo, passou a trazer consigo, além da dor, uma inquietação: – Quem doará seu sangue ao altar quando a última ovelha perecer?

Aos olhos do casal maravilhado, aconteceu enfim o milagre do amor, renovando-lhes a esperança de viverem outras semanas sob o brilho da chama do perdão: uma ovelha, a mais gorda delas, passou a sangrar como em sacrifício; De sua dor, nasceram-lhes quatro cordeirinhos.

Cheios de alegria e gratidão, Adão e Eva prostraram-se ante o Salvador invisível, tendo nas mãos aquelas novas criaturinhas que traziam em seus olhos a mesma meiguice e disposição para o sacrifício.

Seguros de que novos milagres multiplicariam seus dias, o casal uniu sua voz como outrora, num cântico de gratidão e adoração ao Criador que, como os cordeirinhos nasceria também da dor para cumprir em sua vida o maior de todos os sacrifícios, para salvação da humanidade.

O Eterno, embora invisível aos olhos de Seus filhos humanos, permanecia bem próximo, acompanhado por um exército de anjos, em incansável ministério de cuidado e proteção. O casal estava inconsciente de que a doce calma e paz reinantes naquela colina, bem como toda a sua prosperidade, eram frutos de tão intensa luta. Se os seus olhos fossem abertos para as cenas que ocorriam invisíveis, ficariam tomados de espanto; Quão terrível era o inimigo e suas hostes em suas constantes investidas com o propósito de arruinar o ser humano, arrebatando-o das mãos do Criador.

Depois de contemplar os de cordeiro, Deus fitou o casal com ternura, revelando-lhes algo que os surpreendeu e alegrou:

– Quando desses cordeiros trinta e seis houverem subido ao altar, os vossos braços envolverão o primeiro filho que, como eles surgirá também da dor. Esse filho em sua infância lhes trará alegria saltando como os cordeirinhos em vosso lar. Devereis instruí-lo com dedicação nas leis da harmonia, mostrando-lhes o caminho da redenção. Como vocês, ele será livre para escolher o rumo a seguir. Aceitando o ensinamento, sua vida será vitoriosa; rejeitando-o, caminhará para a derrota.

Adão e Eva ouviram com alegria a promessa divina, mas ao mesmo tempo experimentaram no profundo do ser um temor ao conscientizar-se da responsabilidade que teriam. Sabiam que Satã faria todos os esforços para levar a criança prometida à perdição.

Era noite alta quando o Criador, depois de acariciar seus filhos, os deixou adormecidos sobre o gramado macio.

Depois da promessa, cada cordeirinho levado ao altar fazia pulsar mais forte no ventre materno a esperança da alegria que em breve alcançariam. Trinta e seis finalmente baixaram às trevas cumprindo o tempo determinado pelo Criador em que a primeira criança receberia a luz.

Com as mãos ainda manchadas pelo sangue do sacrifício, Adão amparou sua esposa que, aos pés do altar prostrou-se vencida pela dor que lhe trouxe o primeiro filho. A pequena criança não trazia na face a alegria da liberdade, mas o choro de sua prisão; Esse pranto duraria a noite inteira, não fosse o brilho daquela chama aquecida de esperança que, logo atraiu a atenção de seus olhinhos atentos. Envolvendo-o com alegria, Eva consolada de seu sofrimento, disse: “Alcancei do Senhor a promessa”. Deu-lhe então o nome de Caim.

Depois de envolver o filhinho com as peles macias de um cordeiro, o casal permaneceu acordado a meditar. Muitos eram os pensamentos que ocupavam suas mentes: pensamentos de alegria, de gratidão, de esperança e de anseio pelo senso da responsabilidade que agora pesava sobre seus ombros.

Acariciando com ternura a pequena criança, o casal amadureceu em sua experiência, compreendendo melhor o misterioso amor de Deus que, para salvar Seus filhos, dispôs-Se a morrer em lugar deles.

Adão e Eva não estavam sozinhos em suas reflexões: todos os seres inteligentes do Universo consideravam com interesse sobre o futuro daquele indefeso bebê que no íntimo trazia um reino de dimensões infinitas, a ser disputado pelos dois poderes em luta.

Vendo a criança esboçar o seu primeiro sorriso, o casal subitamente lembrou-se da promessa do Criador que era confirmada em cada sacrifício : Ele nasceria da mulher como criança, com a missão de redimir a humanidade. Não seria Caim já o cumprimento da promessa? O infante com seus olhinhos brilhantes de alegria se parecia tanto com os cordeirinhos que nasciam e cresciam com a missão de serem sacrificados! Considerando assim, o casal apertando o filhinho junto ao peito começou a chorar sem consolo. Quão terrível, seria oferecer seu filhinho inocente ao rude altar!

Para o casal compungido pela dor, surgiu em fim o brilhante sol fazendo reviver com seus cálidos raios as promessas que apontavam para um Salvador que, ainda no futuro, nasceria também da dor para cumprir o eterno plano de redenção.

Abençoada pelo Criador e envolvida pelo amor e cuidado dos pais, a criança se desenvolvia em sua natureza física e mental, tornando-se a cada dia alvo maior de uma incansável batalha entre as hostes espirituais.

Adão e Eva, ansiosos por fazê-lo compreender as verdades da salvação, tomavam-no nos braços a cada alvorecer e, à beira do altar lhe apontavam o Éden distante, contando aquelas histórias de emoção as quais o pequeno Caim ainda não conseguia compreender. Qual foi a alegria daqueles pais, ao vê-lo numa manhã de sol, apontar com a mãozinha para o lar da saudade, pronunciando o nome sagrado do Criador. Emocionados tomaram-no nos braços, pedindo-o para repetir esse sublime nome que, qual chave de felicidade, sempre descerrava-lhes um paraíso de eterno amor.

Todas as hostes da luz inclinaram-se com alegria ao ouvir a pequena criança pronunciar o nome do divino Rei.

As semanas iam se passando trazendo consigo novas vítimas para o altar, e o pequeno Caim, alvo da atenção e cuidado de Deus, das hostes da luz e daqueles amantes pais incansáveis na missão de instruí-lo, agrupando suas poucas palavras, sempre curiosos com tudo passou a interrogar.

O dia declinava quando o menino, que jazia ao colo de sua mãe, perguntou-lhe:

– Mamãe, por que o sol sempre vai-se embora, deixando a gente no frio da escuridão?”

Eva, surpresa contemplou seu filho, sem encontrar palavras para responder-lhe a indagação que trouxe-lhe à lembrança o passado de felicidade destruído por sua culpa. Após um momento de silêncio, beijando a face do pequeno Caim, disse-lhe:

– Filhinho, um dia o sol virá para ficar, trazendo em seus raios um mundo só de harmonia; já não haverá animaizinhos a brigar, nem cordeirinhos a morrerem sobre o altar”

Caim, insatisfeito com as palavras da mãe, demonstrou não ter paciência para aguardar esse dia que jazia em distante futuro. Repetia em pranto: – “Eu quero o sol hoje , amanhã não!”

Eva, pacientemente, procurou acalmar seu filho, falando sobre a luz de Deus, que pode tornar a noite em dia. Ele o amava e poderia encher seu coraçãozinho de brilho, de alegria e paciência. Poderia assim, aguardar feliz o dia de seus sonhos.

Balançando a cabecinha em rejeição ao consolo da mãe, Caim proferiu entre soluços: -“Eu quero o sol porque eu posso vê-lo, ao Eterno não”.

Como uma seta dolorosa as palavras de rebeldia de Caim penetraram no coração de Eva, fazendo-a chorar amargamente.  Uma tristeza infinita pairava sobre o coração do Criador rejeitado. Esboçavam-se nos gestos de Caim os primeiros passos pelo caminho descendente da rebeldia. Quantos o seguiriam rumo à morte!

Inconsciente da tristeza que abatera-se sobre o reino da luz, Adão, ao ver o sol declinar no horizonte, deixou seu trabalho no campo rumando-se para casa. Tinha um cântico no coração ao caminhar para mais um encontro com os seus.

Ao aproximar-se do altar, viu junto dele sua companheira prostrada em pranto. O pequeno Caim jazia também ali a chorar. Tomando-o nos braços, Adão perguntou-lhe com anseio: -“O que aconteceu meu filho?” Caim tristemente respondeu: -“Mamãe deixou o sol ir embora”

Amparando o filho com seu braço esquerdo, Adão pousou sua mão direita sobre o ombro de Eva, mas não encontrou palavras para consolá-la. A frase dita por seu filhinho, pareceu rasgar-lhe o coração, fazendo-o reviver a queda.

Depois de refletir, Adão sentindo-se culpado respondeu para Caim: -“Foi o papai quem deixou o sol ir embora meu filho!”.

Com soluços de grande tristeza, Adão uniu-se a eles no pranto. A lembrança do Salvador, contudo, o consolou. Enxugando suas lágrimas e as de seu filhinho, disse-lhe com ternura: -“Podemos nos alegrar filhinho ,pois Deus prometeu fazer o sol para sempre brilhar no céu; ele será como o fogo que surge no altar, banindo as trevas da noite”.

Com os olhinhos voltados para o último clarão do arrebol, Caim permaneceu sem consolo.

Naquele entardecer, não houve como de costume um alegre jantar. A pequena família, entristecida, permaneceu  a meditar por longas horas, até sonolentos adormecerem sob a luz das estrelas.

O inimigo e suas hostes, em sarcasmo de maldade zombaram naquela noite do sofrimento de Deus e Seus fiéis. Repetindo as palavras de rebeldia do pequeno Caim, ufanava-se como vencedor. Num desafio ao Criador pronunciou : – Veja como esse meu pequeno escravo te rejeita! O mesmo se dará com todos aqueles que hão de nascer. Estou certo de que o direito de domínio jamais sairá de minhas mãos.

Todas as hostes rebeldes repetiram em eco as afrontas do enganador, humilhando os súditos da luz que sofriam do lado do Eterno.

Com suas afrontas, o inimigo procurava fazer Deus desistir de Seu plano de redenção. Se isso acontecesse, seu reino de trevas se estenderia por toda a eternidade, suplantando o domínio da luz.

Em resposta ao desafio do inimigo, o Eterno afirmou solenemente : – Ainda que todos me rejeitem , Eu cumprirei a promessa.

 O Criador não suportava o pensamento de ver o pequeno Caim caminhar para a perdição. Por ele intercedia a cada dia, oferecendo ante a justiça o Seu sangue que verteria. Anjos poderosos guardavam-no a cada momento, espancando as trevas espirituais que o acercavam procurando torná-lo insensível aos benefícios da salvação , que eram ilustrados pelos símbolos.

Adão e Eva em seu incansável ministério de amor, todos os dias ensinavam a Caim as lições espirituais ilustradas na natureza. Em cada sábado procuravam firmar em sua mente juvenil a esperança de uma vida eterna, que seria fruto do sacrifício do Salvador. Ele depois de viver uma vida sem pecado, morreria como um cordeiro , para poder expulsar para sempre as trevas.

A contemplação do Éden distante banhado em sol fez nascer no coração juvenil de Caim pensamentos de aventura. Ele começou a pensar : “Este paraíso não está tão longe como afirmam papai e mamãe. Por que esperar e sofrer tanto tempo?! Ele é tão belo! É dele que surge todos os dias o sol! Se o conquistarmos, será fácil deter a luz em sua nascente; Assim viveremos num paraíso de eterno sol.

As idéias de aventura de Caim, enchiam o coração de Adão e Eva de tristeza. Viam que seu interesse era somente pelo tempo presente; ele sonhava com um paraíso de felicidade e luz conquistado por sua força. Em seus planos, não sentia necessidade de um Salvador; – Para que, se era tão jovem, inteligente , cheio de vida e ideais?- dizia.

Os dias de lutas, intercessões e sacrifícios pelo destino de Caim foram se passando. Oportunidades preciosas surgiam em cada dia diante dele para se apegar ao Salvador, mas a todas rejeitava, uma por uma. Em sua incredulidade chegou a duvidar da existência desse Deus, o qual jamais vira.

Aos pais que, aflitos mas sempre com paciência, procuravam livrá-lo da perdição para a qual estava caminhando, prometeu um dia , após sorrir com ar de incredulidade, crer no Criador e em Seu plano de salvação, caso Ele se tornasse visível na hora do sacrifício.

Com ardente fé, aqueles pais passaram a clamar ao Eterno. Sua presença visível poderia, quem sabe, salvar aquele filho querido que a cada dia tornava-se mais rebelde.

O Criador ouviu o clamor dos pais aflitos. Embora soubesse que Sua aparição dificilmente quebraria no coração do jovem Caim seu espírito rebelde, estava disposto a cumprir o pedido. Estenderia os braços amigos a Caim, procurando com amor conquistar-lhe o coração. Como conhecia os seus anseios e sonhos de aventura, facilmente poderia identificar-Se com ele, cativando-o, pois era também Alguém que sempre carregara no peito sonhos de aventura; Não fora a criação do Universo uma grande aventura?! Não fora o Seu sonho vê-lo cravejado de sóis fulgurantes, iluminando bilhões de mundos com o seu brilho?! Não era também o Seu maior atravessar o vale da morte, em busca da conquista do Éden distante, prendendo para sempre o Sol em seu céu?! Tinham muita coisa em comum!

Caim estava curioso naquela sexta-feira. Na face dos pais, via ânimo e alegria, frutos de uma fé grandiosa. Incentivado por essa expressão de confiança, o jovem passou a ajudá-los nos preparativos para o santo sábado.

O Sol finalmente esquivou-se rolando para o poente, deixando como de costume seu rastro de saudade que anunciava medo. Em meio às trevas, Caim discerniu o vulto branco do cordeiro sendo erguido para o altar pelas mãos do pai – esse incansável sacerdote que sempre estava implorando ao Criador pela salvação de seu amado filho.

Com a mão erguida, Adão preparava-se para o golpe que poderia, quem sabe, quebrar no coração de Caim sua incredulidade, fazendo nascer num só momento a crença na salvação. De seus lábios escapa-se então a prece da fé: – Pai Eterno, ouve o meu pedido; Meu filho precisa de Ti! Somente um olhar Teu poderá conquistá-lo. Venha Senhor!!

Esta oração sincera caiu nos ouvidos daquele filho comovendo-o. Somente a prece já seria suficiente para convencê-lo da existência real de um Salvador.

Um forte brilho envolveu logo toda a colina banhando também o vale oriental .Os olhos arregalados de Caim pousaram então nos olhos amáveis do Criador, que trazia na face um brilho superior ao do sol, mas não ofuscante. Contemplando-O com admiração, Caim exclamou: – Ele é jovem como eu, e se parece com o Sol!

Adão e Eva, comovidos pela grande saudade tinham vontade de saltar ao peito do Salvador e beijá-Lo, mas deixaram que Ele Se encontrasse primeiro com Caim. Com alegria , viram o precioso filho envolvido nos braços do grande amigo, que era parecido com o seu astro.

Depois de longo abraço, Deus abraçou e beijou também o querido casal, companheiros no sofrimento

Caim, conquistado pela afeição do Pai Eterno, mostrou-Lhe seus animais de estimação e seu pequeno jardim carregado de lindas flores. Como estava encantado por vê-los coloridos naquela noite desfeita pelo brilho do Criador, como sob a luz do dia! Parecia até mesmo que o Sol baixara a eles.

Ao pensar no Sol, Caim como o amava muito, passou a falar sobre ele dizendo:

– Como ele é belo e bom! Quando ele vai-se embora, deixa em suas lágrimas de sangue um sentimento de tristeza e temor. Tudo desaparece em sua ausência : os animais, o jardim; até os passarinhos silenciam os seus cantos! …Mas basta ele dizer que vai aparecer, tudo se enche de encanto; A natureza se desperta de mansinho, parecendo ainda temer as trevas, mas quando as vê fugir , fica alerta e canta; Os animais, os passarinhos, o jardim,… tudo volta a viver feliz! Mas, esta felicidade sempre acaba!!!

Após falar estas palavras, Caim fitando o Criador indagou curioso:

– Papai sempre diz que foi você quem criou o Sol. É verdade?

Com um sorriso de sinceridade Deus respondeu-lhe que sim.

– Quando Você o fez no princípio, continuou Caim, ele já fugia para o poente?

– Ele nunca foge, respondeu o Eterno, é o mundo quem foge dele. Ele fica triste com essa ingratidão!

-Mas como? Perguntou Caim, contemplando curioso Sua face de luz .

Com palavras carinhosas, Deus passou a contar-lhe a história de Lúcifer que, em sua ingratidão baniu de seus olhos e dos olhos de uma multidão de criaturas, o brilho de Sua face – o Verdadeiro Sol. Depois de assim agir, iludiu a muitos dizendo que foi o Sol quem fugiu deles. Com sua astúcia, continuou o Criador, o anjo rebelde procurou arrastar o ser humano para as trevas, e conseguiu. O Sol naquele dia, chorou tantas lágrimas de sangue, que banhou todo o céu. Em seu último suspiro de luz, porém, ele prometeu ao mundo já tomado pelas trevas, voltar um dia a brilhar para sempre, enchendo todo o seu seio de vida.

Após falar-lhe estas palavras, o Eterno fitando aquele jovem, com expressão de tristeza nos olhos concluiu dizendo: – Hoje, o anjo rebelde promete a seus seguidores que irá com sua força deter o sol, mas ele jamais conseguirá realizar esse plano, pois não possui o laço que poderá detê-lo : o amor.

Cabisbaixo, Caim ouviu dos lábios do Criador essa história de promessas, a qual já se cansara de ouvir de seus pais. Essa história não lhe dava prazer, pois mostrava uma noite longa de sacrifícios sobre o altar, e de um Salvador a perecer em dor. Em realidade, Caim não via razões para tudo isso. Por que não banir logo o sofrimento colorindo as trevas de luz?!

Num esforço para conquistá-lo, o Eterno com muito amor fitou aquele jovem insatisfeito, e disse-lhe que, somente o sangue de Seu sacrifício poderia fazer o Sol para sempre brilhar, num reino de eterna felicidade e paz. Não havia outro caminho para essa conquista. Por isso, deveria ser paciente, descansando-se sob o Seu cuidado.

Após conversar por longo tempo com Caim, na tentativa de fazê-lo reconhecer sua necessidade de salvação, Jeová voltando-Se para o casal, passou a consolá-los com a promessa do nascimento de outro filho. Mais trinta e seis sacrifícios seriam contados, e seus braços envolveriam o segundo filho. Nasceria também da dor, mas traria nos olhos o brilho e o consolo da salvação. O seu testemunho de fidelidade ficaria perpetuado por todas as gerações, no símbolo de um altar coberto de sangue.

As semanas iam se passando, trazendo ao casal novas de alegrias e tristezas : de um coração cheio de vida a pulsar no ventre de Eva, e de um vazio com cheiro de morte a crescer no coração do jovem Caim. Ainda que ele tenha ficado deslumbrado ante a manifestação de Deus, em nada essa aparição mudou-lhe sua maneira arrogante de pensar sobre o sentido da vida. Ele não via sentido nos sacrifícios oferecidos no altar. Nos dias que seguiram o seu encontro com o Criador, ele argumentava com os seus pais dizendo: – Se eu fosse poderoso como o Eterno, eu jamais me submeteria ao sacrifício para reconquistar o reino perdido. Ele é forte, e brilha como o sol. Ele poderia com uma só palavra expulsar todas as trevas, devolvendo-nos o paraíso. Para que tanto sofrimento?! Com essa argumentação, Caim supunha-se mais sábio que o Criador. Quem sabe, num próximo encontro teria oportunidade de aconselhá-Lo.

Dessa forma, o jovem Caim aprofundava-se cada vez mais no abismo do orgulho e do egoísmo – lugar de ilusões para onde se ia, pensando estar caminhando para a vitória. Não fora Lúcifer juntamente com um terço das hostes celestes atraídos por essa mesma ilusão?! O bondoso Deus , todavia, não selaria o destino de Caim sem antes procurar de todas as formas salvá-lo da ruína eterna. Essa graça imerecida, fruto do divino amor, seria concedida a todo o ser humano que viesse a nascer neste mundo. Fim

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