Wicca e bruxaria

Portal a&eWicca e bruxaria

 

Quando a cristianização aconteceu na Europa, a palavra Bruxaria (do inglêsWitchcraft  ), que era anteriormente aplicada somente às práticas religiosas Pagãs  européias de culto à Deusa, foi largamente utilizada para descrever qualquer prática religiosa nativa de uma localidade existente antes do Cristianismo.Com isso, todas as vezes que os inquisidores cristãos se deparavam com novas práticas religiosas que não sabiam como denominar davam a ela o nome de Bruxaria. Muitas e muitas pessoas de outros subgrupos como judeus, ciganos, curandeiros, cientistas foram condenadas à fogueira pelo crime de Bruxaria. Isso trouxe uma confusão sobre quando a terminologia Bruxaria deve ou não ser utilizada que perdura até os tempos atuais. O grande problema nos países de língua latina em relação ao correto entendimento dos dois termos é a semântica. A palavra em inglês para Bruxaria é Witchcraft, que tem as mesmas raízes (Wicce, Wit, Wird, Wych e muitas outras) que a palavra Wicca. Logo, para americanos e europeus tais palavras estão intimamente relacionadas entre si, são consideradas sinônimas para representar a mesma coisa. Quando esta terminologia é traduzida para o Português, muitas são as palavras aceitas para traduzi-la, o que faz com que alguns levantem hipóteses sobre determinadas e possíveis diferenças, de forma que a Wicca não pareça ser a mesma coisa que Witchcraft (Bruxaria, em português).Atualmente há uma confusão de termos e muitos afirmam que Wicca e Bruxaria seriam coisas distintas. Quem nunca ouviu o famoso ditado:

“Todos os Wiccanianos são Bruxos, mas nem todos Bruxos são Wiccanianos”?

Para compreendermos o porque desta confusão de uso de termos, precisamos pensar um pouco no cenário Pagão da década de 50 e sua evolução a longo da história de nossa religião. Lá, em meados da década de 50, falar sobre Bruxaria era considerado uma heresia e crime. Isso é compreensível em uma sociedade que era ainda influenciada por fortes preconceitos e conotações negativas atribuídas ao longo de processos de perseguições àquilo que se acreditava ser Bruxaria. Hoje, sabemos que na realidade muito disso era pura fantasia e invenção e que provavelmente a maioria das pessoas que morreram durante a Inquisição eram bons cristãos que incomodavam o pensamento da Igreja Católica (a religião dominante e a lei da época) por algum motivo e que por isso precisavam ser banidas da sociedade. Então elas eram nomeadas de hereges e consequentemente Bruxas e condenadas à execução. Isso foi criando uma verdadeira programação social e assim surgiu o uso comum da palavra Bruxa para denominar os praticantes de todos os tipos de práticas espirituais, religiosas ou mágicas diferentes e estranhas às convencionais e aceitas: as Cristãs. Quando a última das leis contra a Bruxaria foi banida na Inglaterra em 1951Gerald Gardner apareceu na cena afirmando que as Bruxas pré-medievais e medievais perseguidas, na realidade, eram praticantes da Antiga Religião da Europa. Segundo ele, esta religião teria sobrevivido clandestina através destas pessoas, que se encontravam nas florestas para celebrar seus Antigos Deuses Pagãos e que as muitas retratações e relatos atribuídos aos encontros de Bruxas, feitos na época da Inquisição ligando-as a um culto demoníaco era, na realidade, uma deturpação promovida por motivos religiosos e políticos para denegrir a imagem da Bruxaria, a verdadeira religião dos antigos europeus. Afirmou, ainda, que esta prática teria sobrevivido com um novo nome, cuja raiz chegaria até apalavra Bruxaria (em inglês Witchcraft) e que o nome moderno para esta antiga Religião era Wicca. Deixando as controvérsias sobre a veracidade das alegações de Gardner de lado, mas nos focando na história da evolução do uso comum das palavras Wicca e Bruxaria, pois é isto que nos interessa, no início, estas duas palavras eram vistas como sinônimas, usadas intercaladamente, representando um sistema mágico-religioso promovido por Gardner e muitos dos Bruxos que se tornaram populares na época. Janet Farrar, iniciada de Alex Sanders, disse em uma entrevista concedida exclusivamente à 3ª Conferência de Wicca & Espiritualidade da Deusa realizada em 2007, que o que o Alex Sanders fazia estava longe de ser o que hoje consideraríamos Wicca. Alex Sanders estudou Magia Cerimonial muito tempo antes de conhecer a Wicca e nela ser iniciado e encontramos várias incongruências em suas práticas. Quem já não viu suas famosas fotos dentro de um círculo de magia cerimonial com inscrições de nomes como Adonai, El Shaday e muitos outros dizendo que estava realizando um ritual Wiccaniano?! Pura contradição! Ela afirma ainda que ele, como muitos outros, no alvorecer da Wicca, estavam praticando um mix entre folclore Pagão europeu e Magia cerimonial cabalística fortemente influenciada por ordens como a Golden Dawn, que eram ainda muito influentes na época. Isso está distante dos caminhos da Wicca propostos por Gardner e aqueles caminhos que a Arte acabou por percorrer, se afastando cada vez mais de elementos judaico-cristãos para beber em fontes mais apropriadas ao espírito da Wicca: O Paganismo europeu autêntico, de bases puramente xamanísticas.

 Janet Farrar, que foi uma das primeiras iniciadas de Alex Sanders, disse ainda as seguintes palavras sobre a discussão se Wicca e Bruxaria são a mesma coisa:

“Um santero, um sacerdote do Vodú ou um Xamã são Bruxos? Pela visão Cristã, sim. Qualquer Cristão chamaria um Santero, um praticante do Vodú ou um Xamã pelo termo Bruxo em função do uso comum da palavra. Mas eles não são Wiccanianos e um Wiccaniano seguramente não os chamaria de Bruxos. A palavra Bruxaria aparentemente é um termo especifico para o sistema de magia popular da Europa Antiga dentro da comunidade Neopagã atual”

No livro Progressive Witchcraft, escrito também por Janet Farrar e seu atual marido Gavin Bone, a autora diz:

“Nós, pessoalmente, não acreditamos atualmente que há qualquer diferença entre a palavra Bruxo e Wiccaniano. O significado das palavras, como demonstramos, vêm da mesma raiz. A diferenciação entre Bruxo e Wiccaniano se originou na década de 1960 quando Sanders se deparou com a rejeição por parte dos Gardnerianos e criou seu próprio caminho. Isso surgiu como resultado da não aceitação dos que não eram vistos como ‘corretamente’ iniciados ou tendo uma linhagem. As duas Tradições principais recusam a aceitar todos os de fora de sua Tradição como Wiccanianos e até mesmo como “Bruxos reais”. Por muitos anos isso dividiu a Bruxaria em dois campos e tem confundido o significado da palavra Bruxo e Wiccaniano puramente por motivos políticos. Esta divisão tem sido perpetuada pelo ditado ‘Todos os Wiccanianos são Bruxos, mas nem todos os Bruxos são Wiccanianos’. Alguns de nós que estiveram no centro dos acontecimentos achamos isto descabido, pois lembramos que o ditado era ‘Todos os Bruxos são Pagãos, mas nem todos os Pagãos são Bruxos’. Nós, como muitos outros, vimos a natureza divisiva desta situação desde o seu princípio e sempre nos recusamos a aceitar esta divisão artificialmente criada”.

Assim, vemos que esta confusão sobre o emprego do termo Wicca/Bruxaria não é recente. No entanto, a diferença é que na década de 50 a maioria das pessoas queria dizer que estava praticando Wicca/Bruxaria e isso trouxe uma superexposição à Wicca com práticas completamente esquisitas e esdrúxulas, que muitos começaram a criar uma separação artificial para os dois termos quando na realidade o que deveria ter sido combatido eram as práticas estranhas denominadas de Wicca/Bruxaria da época e que estavam distantes da verdadeira Arte. Ao longo desse processo muitas formas diferentes de Wicca surgiram, o que fez com que muitos não considerassem esses caminhos como formas de Wicca, pois eram levemente diferenciados do caminho considerado por muitos o “original”: o Gardneriano. O que precisa ficar claro é que Gardner jamais disse que somente o que ele fazia era Wicca e afirmou repetidamente em seus livros que existiam outras pessoas que praticavam em grupo ou solitariamente esta forma de religião e pontuou diversas vezes que as tradições de fé destas pessoas poderiam ser diferentes da sua, pois a Wicca/Bruxaria ao longo de sua história teria se tornado uma religião fragmentada, com cada pessoa ou grupo tendo acesso a uma parte ou partes dela. O que torna a compreensão do temo Wicca e Bruxaria ainda mais difícil é o fato de haver diferentes “escolas” e sistemas. Não existe uma Wicca/Bruxaria única. Existe, sim, um corpo de conhecimento composto de tradições que comparativamente são tão variadas e diferentes quanto seriam os climas dos diferentes estados ou regiões de um país que compartilham traços em comum para que sejam considerados pertencentes à mesma nação. Na Wicca/Bruxaria esses traços são simples de serem determinados: qualquer Tradição ou prática pessoal e solitária cuja cosmogonia reconheça a Deusa Mãe e o Deus Cornífero como princípios criadores da vida, observe tanto a Rede Wiccaniana quanto a Lei Tríplice, centre sua espiritualidade na Terra tendo como base os 4 elementos e possua um calendário litúrgico que se baseie na mudança dos ciclos sazonais e das fases lunares é Wicca/Bruxaria. Dentro disso, muitos elementos podem variar substancialmente, fazendo com que uma Tradição diferencie-se enormemente de outras. O que precisa ficar claro aqui é a distinção entre uma Tradição ou prática pessoal específica dentro de uma religião maior e uma religião com os seus traços elementares e o que determina que indivíduos possam chamar-se ou considerar asi mesmos como membros e praticantes daquela religião. Assim, Wicca é a religião que engloba a Tradição Gardneriana, Alexandrina ou até mesmo uma prática pessoal e solitária específica e não o contrário. Poderíamos dizer, por exemplo, que o Gardnerianismo é subgrupo dessa religião, assim como o Dianismo, o Alexandrinismo ou o Georgianismo, e nenhuma dessas Tradições expressam a exclusiva identidade da Wicca, pois esta identidade é fragmentada. Os elementos que fazem uma religião incluem um conjunto de crenças relacionadas à forma e natureza da divindade, dias sagrados, símbolos, uma história compartilhada e um conjunto de diretrizes aceitas. Esse critério pode ser descrito como tribal, o laço que liga as pessoas e cria uma comunidade que compartilha valores em comum, tradições, rituais e costumes através dos tempos. Hoje, as muitas Tradições da Arte, apesar de suas diferenças em relação aos nomes das Divindades e variações em cosmologia, compartilham esses critérios. Qualquer Cristão que estiver viajando próximo a data da Páscoa pode esperar encontrar uma igreja em qualquer cidade, onde outros cristãos estarão celebrando a Páscoa. Da mesma forma, um Wiccaniano/Bruxo que esteja viajando para a Europa, Austrália, Espanha ou Brasil próximo à data de um solstício, equinócio ou dos Grandes Sabbats pode, em teoria, buscar por um Coven local e/ou por uma celebração pública onde ele poderá participar da cerimônia e se juntar a outros que acreditam no mesmo que ele. Dentro do ritual, ele poderá perceber que o tema e a estrutura da celebração do ritual será no geral, mas não especificamente, familiar, incluindo o lançamento de um Círculo Mágico, invocação aos quadrantes e Deuses, cânticos, elevação e canalização de energia e confraternização. Apesar das diferenças operacionais poderem ser diferentes das suas próprias, ou daquelas praticadas em seu grupo, Coven, Grove ou Círculo, a estrutura geral da cerimônia será a mesma. É precisamente e exatamente porque a Wicca/Bruxaria é uma religião que estes temas comuns podem ser reconhecidos e são familiares a qualquer praticante. Uma Tradição, por sua vez, é um corpo de conhecimentos e práticas que são passados para outros dentro da estrutura da religião. Mesmo que haja similaridade entre todas as demais Tradições, cada uma delas possui elementos de prática peculiares inerentes somente àquele caminho, com uma específica linhagem de iniciadores, instrumentos, práticas, cosmologia, conjunto de diretrizes e uma liturgia consistente que distingue aquela Tradição de todas as outras. Qual a real diferença entre Wicca e Bruxaria (Witchcraft)?Basicamente nenhuma! Porém encontramos muitas pessoas que preferem dizer que praticam Witchcraft (Bruxaria) em vez de Wicca. Isso se dá pelo fato delas afirmarem que as práticas da Witchcraft compõem a Bruxaria Tradicional e são mais antigas que a Wicca. Outros, no entanto, preferem dizer que são Wiccanianos por que não querem ver seus nomes associados à Bruxaria, por causa das inúmeras conotações estigmatizadas e negativas a ela atribuídas através dos tempos. Quando alguns desejam fazer diferença entre Wicca e Bruxaria estão apontando, na realidade, as diferenças existentes entre Paganismo e Wicca/Bruxaria. Ao contrário de Wicca/Bruxaria, Paganismo sim é um termo amplo que inclui muitas tradições de fé baseadas na Terra ou Natureza. Assim, o termo Wicca, Bruxaria e Paganismo estão inter-relacionados. Isto demonstra que Wicca e Bruxaria são consideradas palavras sinônimas por muitos, mas que nem toda forma de Paganismo é Wicca. Os traços que muitos apontam para classificar sua prática pessoal simplesmente de Bruxaria e não de Wicca, como por exemplo celebrar a natureza livremente sem uma estrutura forma ritualística ou não ter nenhuma relação devocional com a Deusa é o que eu chamaria de Paganismo. O Paganismo estaria muito mais de acordo com a visão de uma espiritualidade intuitiva de relação com a natureza e seus ciclos. Inclusive etimologicamente, se pegarmos a palavra Paganismo, veremos que ela vem de “paganus’, aquele que mora nos “pagus”, resumidamente significando “povo ou morador do campo”. É compreensível que um morador do campo que viva em conexão com a natureza livre também pratique uma forma de espiritualidade mais solta, menos rígida, dogmática e sacerdotal, buscando na natureza a inspiração para seu modo de vida e espiritualidade sem que para isso haja uma relação devocional com a Deusa ou com Deuses específicos. A palavra Bruxaria, por outro lado, tem uma etimologia diferente. Se pegarmos a mesma palavra em inglês, que é Witchcraft, veremos que sua etimologia se estende ao radical que forma a palavra Wicca (que vem de Wicce) onde encontramos outras palavras com radicais como wit, wise, wizard todas elas significando sábio ou sabedoria. Assim, a Bruxaria é a Arte dos Sábios, ou seja uma forma de espiritualidade com um conhecimento restrito e mantido por umgrupo específico de pessoas ou casta: os “sábios”. Assim, a Wicca/Bruxaria é uma forma de Paganismo por manter os traços apontados acima (conexão com a natureza, buscar inspiração na forma de espiritualidade do povo do campo e etc), mas muitas formas de Paganismo não são Bruxaria. Aliás, existem muitas formas de Paganismo que assimilaram traços da religião cristã e é o que hoje se chama de Cristo paganismo. As rezadeiras e benzedeiras, que muitos insistem dizer que praticam Bruxaria, por compreenderem equivocadamente o significado desta palavra, estariam na realidade praticando uma forma de Cristo paganismo e não Bruxaria em si. O que muitas pessoas hoje afirmam ser Bruxaria (Witchcraft) parece ter começado a tomar forma somente a partir da década de 70 ou 80, numa tentativa de separar determinadas formas de práticas da Wicca massacrada e superexposta da época. O mesmo fenômeno está acontecendo atualmente entre os Wiccanianos Tradicionais que estão passando a usar o termo Wica, com apenas um C, para distinguir suas práticas daquelas expostas pelas muitas Tradições contemporâneas de Wicca. Naquela época, o uso da palavra Bruxaria (Witchcraft) foi adotado por muitas Tradições e pessoas que não queriam ser confundidas como sendo Wiccanianas ou não queriam ser acusadas de praticar Wicca sem terem recebido uma Iniciação formal em uma tradição “válida”. Muitos em meados da década de 70 e 80 começaram a se dizer praticantes de Witchcraft, pois não se encaixavam nos padrões esperados a um Wiccaniano. Desta forma, começaram a praticar uma espiritualidade intuitiva, mesclando isso com muitas formas de espiritualidade e sistemas de magia nada europeus. Parece que o termo Bruxaria passa a ser empregado para denominar qualquer sistema individual ou de um grupo que seja muito mais flexível e eclético no conjunto de práticas, cujo único ponto de ligação entre ele e a Wicca seja a prática da magia, a observação dos fluxos da natureza e a reverência a ela. Os Wiccanianos e os Bruxos Tradicionais Britânicos nunca aceitaram que o que estas pessoas praticam seja Bruxaria e até hoje há uma briga política para encontrar uma verdadeira classificação para as práticas individuais destas pessoas. Talvez esse seja o maior obstáculo a ser transposto em nossa religião na atualidade! Os Wiccanianos e Bruxos Tradicionais Britânicos estão certos quando afirmam que essas práticas pessoais não são Bruxaria, assim como os que praticam uma forma de espiritualidade intuitiva, sem qualquer ligação com a Wicca, estão certos quando dizem que o que eles fazem é Bruxaria. A Bruxaria que cada um deles se refere são dois sistemas diferentes entre si. Poderíamos dizer que a Bruxaria que muitos praticam e dizem ser diferente de Wicca ganhou notoriedade depois da década de 70/80 e trata-se de um conjunto e práticas individuais cujo pilar central indiscutivelmente se baseia na Wicca, acrescidos alguns adornos pessoais para arrematar o sistema. É nisso que reside seu grande fascínio. Enquanto muitas Tradições de Wicca são fechadas, engessadas e inacessíveis, essa forma de prática é acessível, universal e abrange todos os sistemas. Talvez Feitiçaria (do inglês Sorcery)fosse um termo melhor para descrever estas práticas individuais e intuitivas. A palavra feiticeiro(a), do inglês warlock , vem doanglo-saxão waerlog  que significa “aquele que rompe o juramento”. Muitos do que afirmam que praticam “Bruxaria” e não Wicca estão, na realidade, apontando que suas práticas não se vinculam mais ao conjunto ético e estrutural inerentes a Wicca (por onde muitos entraram no Paganismo). Logo, estão rompendo com ela e muitas vezes com os seus juramentos se um dia tiveram passado por uma Iniciação. Desta forma, etimologicamente, Feiticeiro(a) é um termo muito melhor apropriado para nomear tais pessoas do que Bruxo(a), que indica um Sacerdócio e vínculo à uma estrutura religiosa específica. Isso torna o que cada um faz melhor ou pior? Não!!! São apenas formas diferentes de Paganismo. Há um movimento em curso que deseja nomear de Bruxaria toda e qualquer coisa ligada à magia e isso é uma incoerência terminológica e histórica sem tamanho. O que os haitianos praticam não pode ser considerado Bruxaria, por exemplo. A religião deles tem um nome e é Vodu. Uma benzedeira pratica um misto de Cristianismo e magia popular folclórica e ela não é Bruxa por isso. O mesmo exemplo pode ser aplicado às muitas outras formas de espiritualidade Pagãs que não são Wicca/Bruxaria. O que uma Stregga pratica, é Stregheria; o que um reconstrucionista egípcio pratica é Kemetismo; o que um reconstrucionista grego pratica é Helenismo; o que um Druida pratica é Druidismo. Tudo o que foi citado acima é Bruxaria? Um Cristão diria que sim, em função do uso comum da palavra, mas na essência sabemos que cada um desses caminhos pratica coisas completamente distintas. Estamos unidos porque somos todos Pagãos, mas o que praticamos é completamente diferente a ponto de não ser a mesma religião e seguramente nenhum dos caminhos supracitados é Bruxaria.

Creio que o primeiro passo para que as brigas ideológicas internas deixem de acontecer dentro do Paganismo é começarmos a usar termos corretos para distinguir nossas práticas. A Wicca é ainda muito jovem se comparada às outras formas de religião e ainda precisa de muito para crescer. Estamos apenas aprendendo como nos chamamos e o que verdadeiramente praticamos.

 (Fonte: Wicca para todos, de Claudiney Prieto)

 

Portal a&e«« Voltar ao tema: Wicca |

Partilhe, recomende e vote neste artigo